Clube do Conto
Resultado no ar!
Agradecemos a todos os participantes que completaram o desafio.
Hora de conferir nossos campeões.
🙂
Podcast
Olá, pessoas!
Na segunda edição do nosso Papo de editor temos provocações literárias, filosofia, poesia, ousadias editorias e uma história repleta de superações com Karla Mello, da Confraria do Vento.
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Resenhas
É com essa frase típica dos contos de fadas que Julia Dantas abre seu novo romance, Ela se chama Rodolfo (DBA editora), e com ela anuncia que estamos diante de uma espécie de fábula contemporânea.
Murilo, o homem em questão, começa sua jornada falhando na aparentemente simplória tarefa de abrir a porta do apartamento que acabara de alugar em improváveis e suspeitas condições. Após concluir que caíra numa óbvia arapuca e cogitar fazer moradia ali mesmo no corredor do prédio, decide por uma última tentativa, dessa vez girando a chave com delicadeza. Então, como se estivesse seguindo uma daquelas regras que desfazem encantamentos, a porta se abre. Dentro do imóvel, Murilo encontra o item mágico que o levará a se aventurar pelas ruas de Porto Alegre: Rodolfo, uma minúscula tartaruga, cuja única habilidade especial é a infindável disposição em se locomover para frente, em linha reta, ignorando os obstáculos e abismos que ameaçam sua vagarosa marcha.
E assim começa a epopeia de um homem tentando se livrar de uma tartaruga.
Contos
Laranja como o rio │ Anderson Prado
A pele flácida do braço da velha balança na cadência monótona do ir e vir do rodo. A seus pés, a água densa e barrenta empresta a tudo que toca sua cor ferruginosa. Outrora multicor, tudo o que fora ontem a casa da velha é, agora, de um monocromático laranja-terra.
Impulsionada pelo rodo, a água brinca com os pés, as canelas e as bordas da camisola, e para eles também empresta seu alaranjado. De tempos em tempos, a velha para e, com as costas das mãos, seca o suor que insiste em lhe empapar a testa e o colo, num permanente protesto contra o árduo trabalho de limpar e minimizar as perdas da última enchente.
A incrível saga do negro Maciel e sua avó cuspideira │ Mário Baggio
Era de muita chuva a noite em que Maciel nasceu. A mãe, ainda com sangue entre as pernas, via a água correr pelas paredes do barraco, descendo como cachoeira do teto esburacado. Segurava a criança com os braços erguidos, não se molhasse nem virasse sopa quem tinha acabado de vir ao mundo. A água apagava o fogo que, pouco fosse, ajudava a esquentar aquela noite de agosto. Logo tudo ficou cheio d’água e a chuva passou a chover no já molhado.
Crônicas
Sexy é quem sabe
Até um dia desses, a gente suspeitava que minha enteada estava apaixonada pelo novo colega de turma. Logo no início do ano havia se espalhado o rumor sobre a chegada dele de São Paulo. Um professor deixou escapar o nome e era questão de minutos para acharem uma foto nas redes sociais.
Naufrágio
Quando os arqueólogos do futuro vasculharem o passado, as redes sociais serão a ânfora quebrada ou a ponta de lança a serem estudadas para nos compreender. Só espero que lá e então vejam mais sentido em tudo isso do que eu aqui e agora.
Poemas
A antimenina
Desde antes de ser concebida
sina através de eras:
fingir que não sente dor
não fazer sofrer quem a cerca.
Pretérito mais-que-perfeito não é tempo
O pretérito mais-que-perfeito é chato, estraga o
tempo, é prolixo e enrolado. Tempo é vil, ágil, não
quer saber de promessas, nem se dedica ao que
acontecera antes do que aconteceu. Passou é passado.