Sabrina Dalbelo
O pretérito mais-que-perfeito é chato, estraga o
tempo, é prolixo e enrolado. Tempo é vil, ágil, não
quer saber de promessas, nem se dedica ao que
acontecera antes do que aconteceu. Passou é passado.
O pretérito mais-que-perfeito não é tempo.
Só o tempo é perfeito, calculista.
Egoísta, não dá trégua, não dá colo, o desgraçado.
Cobra preço, sem juros, é verdade. Certeiro.
Perfeito não tem forma de passado.
Passado é papel rasgado, sem tato, brinquedo no lixo,
ficar de braços abertos esperando o abraço que
passou no vácuo. Passado é futuro gaseificado.
Passado é tudo o que ficou para trás.
Ninguém olha mais. Petulante pretérito, ao se achar
mais perfeito do que os outros, deixa o tempo acuado.
O passado já era.
Bochecha rosa, comida quente, água sem gosto,
estrela cadente são perfeições-presentes.
Pretérito é classificação inconsistente.
O mais-que-perfeito é discriminação do passado.
Poema publicado no livro Rasga-ossos, que você pode adquirir clicando aqui.
Adorei!!! Essa Sabrina é danadinha mesmo, viu!?
Bruno, querido,
Muito obrigada pela acolhida e pela escolha de um poema de que gosto muito para compor tua página.
Desejo muito sucesso às ações da Lume. Tenho certeza de que vai longe.
Grande abraço,
Sabrina Dalbelo