
Microcontos – 1ª Edição │ Pedro Paulo
Palavra: Golpe
Silencioso
Uma palavra dela o teria livrado. Ela sabia onde ele estivera naquela noite, que era inocente da acusação. Um casamento por conveniência extremamente inconveniente e ela tinha uma saída. Ela não disse nada. Enquanto o levavam para a prisão, para o cadafalso, ele também silenciou.
Frase: Quando nada acontece, há um milagre que não estamos vendo. – Guimarães Rosa
A borboleta futuro-pretérita
Atropelada, o protesto da tecladista seria ter a borboleta tatuada maculada por cicatriz. Aconteceria: Zé queria mostrar pros amigos que empinava moto, pois Ana lhe dera um fora pelo Fê que empinava. Mas o Fê se mudou, Zé e Ana ficaram, não teve manobra. A borboleta ficou intacta, o teclado soou.
Música:
Amor para Recomeçar – Frejat
Eu te desejo não
parar tão cedo
Pois toda idade tem
prazer e medo
E com os que erram
feio e bastante
Que você consiga
ser tolerante
Quando você ficar
triste, que seja por um dia
E não o ano inteiro
E que você descubra
que rir é bom
Mas que rir de tudo
é desespero
Desejo que você
tenha a quem amar
E quando estiver
bem cansado
Ainda exista amor
pra recomeçar
Pra recomeçar
Eu te desejo muitos
amigos
Mas que em um você
possa confiar
E que tenha até
inimigos
Pra você não deixar
de duvidar
Quando você ficar
triste, que seja por um dia
E não o ano inteiro
E que você descubra
que rir é bom
Mas que rir de tudo
é desespero
Desejo que você
tenha a quem amar
E quando estiver
bem cansado
Ainda exista amor
pra recomeçar
Pra recomeçar
Eu desejo que você
ganhe dinheiro
Pois é preciso
viver também
E que você diga a
ele, pelo menos uma vez
Quem é mesmo o dono
de quem
Desejo que você
tenha a quem amar
E quando estiver
bem cansado
Ainda exista amor
pra recomeçar
Eu desejo que você
tenha a quem amar
E quando estiver
bem cansado
Ainda exista amor
pra recomeçar
Pra recomeçar
Pra recomeçar
32/12
Preso à tela, o barulho dos fogos lá fora chegava aos seus ouvidos como uma dolorosa cacofonia. Engolfado na luz pálida do display, o colorido do céu não o alcançava. Cessou a digitação enérgica. Perdi o ano novo. Não se desesperou. Decidiu que seu ano só começaria quando ele quisesse.
Fotografia:

Tácito e profissional
Para Edgar era incompreensível que o raribu cabeludo e desgrenhado fosse um barbeiro tão cuidadoso. Enquanto alinhava o grisalho e perfumava as bochechas com pós-barba, o barbeiro estava ciente dos julgamentos de seu cliente mais carrancudo. O mesmo se repetiu no mês seguinte, naquele silêncio alto.
Ilustração:

Após o estado de negação
─ Cê não disse que seu pai não aceitava bicho em casa?
─ Sim.
─ Não é ele ali de chapéu em cima do elefante?
─ Quando eu trouxe ele negou no início, mas agora o elefante é tipo meu irmão.
─ Já conversaram sobre?
─ Quê?
─ O elefante na sala.
─ Haha, sério?
─ Não pude perder, ainda tinha caracteres.
1. Tenso. Achei que poderia deixar o plot para mais perto do final (a parte de dizer que ela sabia que ele era inocente)
2. Eu não entendi muito bem >.<
3. Bela mensagem. Um tanto de melancolia no início, eu achei, mas com uma mensagem bacana no fim.
4. Percebo que seus micros têm uma pegada cotidiana. Talvez uma inquietação com a rotina.
5. Eu não entendi direito, de novo. Mas como deixa no final (e já fazendo o apanahado dos micros) talvez você pudesse fazer um deles com menos caracteres. Acredito que um micro “micro” causa mais impacto.
Parabéns pelos micros e boa sorte.
1) 6/10
Bem construído mas sem impacto. Faltou o La creme.
2) 9/10
Confuso , caótico. Esse daqui me impressionou e para mim ele se amarra pelo fato de não se amarrar.
3)7/10
Curioso. Sem muitos detalhes estrondosos , mas me pegou por ser sutil e doce de ler.
4)7/10
Cosntruiu bem a tensão partindo da imagem. Mas , se colocasse o que se passava na mente do barbeiro, fora o fato dele saber oq seu cliente falava, acho que seria mais dramático. Não sei.
5)8/10
Kkkkkkkkkkkkkk. A quarta parede no final me quebrou. foi brilhante, achei ousado.
total: Parabéns pelas obras. Umas foram quase perfeitas, mas deve se ajustar um pouco aqui e ali. Gostei demais.
Micro 1
Começou bem e terminou de um jeito meio frustrante. E não usou a palavra.
Micro 2
Nossa, que confusão. Entendi, não. Mas eu sou meio burra mesmo, pode ter sido culpa minha.
Micro 3
Desse eu gostei! Boa imagem, funcionou muito bem.
Micro 4
Bom também. Mas minha sugestão é que trabalhe melhor as frases – estão meio “truncadas”, excessivamente descritivas…
Micro 5
Surreal e metalinguístico. Meio doido, mas eu gostei.
Foi um crescendo interessante, gostei! Parabéns e boa sorte no desafio!
Pseudônimo remete
1º micro: ꙳꙳ Cadê a palavra do estímulo? Esqueceu-se de usar “golpe”. Excesso dos pronomes “ele” e “ela”. Tenho a impressão que poderia haver algo a mais por trás da história contada. Ou talvez eu esperasse um segredo na trama criada, e não apenas uma mulher querendo se livrar de um marido inconveniente. Faltou impacto.
2º micro: ꙳꙳꙳꙳ Não sei se a intenção do(da) autor(a) fosse se referir ao Efeito Borboleta, uma metáfora para o comportamento de sistemas caóticos. Quem foi atropelada? A tecladista ou a borboleta? Supondo que seja a borboleta atropelada, e a tecladista teria protestado fazendo uma tatuagem do inseto como uma cicatriz. Mas o atropelamento não aconteceu porque o Zé que era namorado de Ana não quis mais mostrar pros amigos que empinava moto, já que o seu rival (que empinava) Fê se mudou, e ele pôde ficar sossegado, sem causar nenhum acidente ou atropelar a borboletinha. Complicado esse entrelaçar de ações e tempos. Mas achei interessante.
3º micro: ꙳꙳꙳꙳ O mocinho preso à tela do celular deixa a vida acontecer lá fora. É virada de ano, mas ele decide que o recomeçar se dará quando ele assim o quiser. Boa reflexão.
4º micro: ꙳꙳꙳꙳꙳ Narciso acha estranho o que não é espelho. O que é bonito? Cada um na sua, e os dois dialogam em alto silêncio. Muito bom!
5º micro: ꙳꙳꙳ Sei lá, a anedota não me pegou. Faltou algo a mais ou sobrou explicação no final. O aproveitamento da ilustração foi difícil, mas aconteceu.
Microcontos que revelam intimidade com as palavras e despreocupação em agradar (o que eu acho ótimo) . Bom trabalho! Parabéns pela participação no desafio e boa sorte!
Ah, esqueci de falar do pseudônimo – remete à peça de teatro. O último espetáculo em dois atos?
1 – entendi a situação de desgraça do marido, mas não enxergo um destaque maior;
2 – este, confesso é bem confuso; EU não entendi.
3 – esse tema esteve presente em vários micros, indício de uma realidade comum à todos;
4 – os oposto sempre julgam o que não é espelho. E o silêncio às vezes , grita.
5 – uma boa anedota. Mas podia ter parado em na sala, né! Tudo bem; a obra é sua!
Parabéns e boa sorte!
1) Parabéns pela coragem. Narrar uma história complexa assim em um microconto exige muito esforço.
2) Novamente, uma história complexa. Você gosta de condensar episódios longos em poucos caracteres. É um risco.
3) Nessa, a história é mais linear. Funcionou bem. Reflexão sensata sobre a vida nos tempos de predomínio das telas. Meu predileto.
4) Cena curta e repleta de tensão. Bom uso da fotografia.
5) Ousadia mais uma vez. Existe quebra da quarta parede na literatura? Boa a brincadeira com a quantidade de caracteres. Soa como perda de fôlego, mas acho que foi um bom encerramento para sua coleção.
Pensando nos textos como um conjunto, gostei bastante de sua coleção de microcontos. Acho você coerente com o que quer produzir. Sugiro, para o futuro, se deter mais no uso de palavras. Cortar o excesso. Mais do que aquilo que contamos, em microcontos pesa demais o modo como contamos.
Boa sorte no desafio!
Oi!🙂
O conto 01: A ideia é bem legal, mas o excesso dos pronomes “ele” e “ela” deixou o texto um pouco confuso. Se ao menos no início os personagens fossem apresentados com mais clareza, facilitaria o entendimento.
O conto 02: Desculpa, mas não entendi nada. Quem é a tecladista? E os outros personagens? Muito confuso 😕
O conto 03: Gostei. Uma situação interessante a partir de um personagem em conflito interno. O título é muito bom.
O conto 04: Gostei desse também. A relação entre os personagens, sem comunicação direta, deu um ar de melancolia. Dos cinco, o que eu mais gostei 👍
O conto 05: Achei legal o uso da metalinguagem, foi bem esperto 😎. Ficou meio nonsense, gostei… E , por incrível que pareça, combinou com a ilustração.
Tirando a confusão dos dois primeiros contos, o conjunto é legal. Quem os escreveu foi melhorando a cada conto, culminando na ousadia do quinto conto. Parabéns 🤓
Microconto 1: O microconto é bom, mas faltou o uso da palavra golpe no microconto.
Microconto 2: Achei um pouco confuso. Não entendi o pros em itálico.
Microconto 3: Muito bom. O vício mais forte do que tudo. Não gostei de dolorosa cacofonia
Microconto 4: Uma ótima reflexão. Gostei do “silêncio alto”.
Microconto 5: kkkkk gostei. Preferiria que tivesse parado em “o elefante na sala”. Se referir ao desafio enfraqueceu a narrativa, na minha opinião.
1) gostei de como você conseguiu criar uma narrativa concisa dentro de tão pouco espaço.
2) um pouco confuso esse vai e volta da história. Se tivesse algo na narrativa que mudasse a linha temporal seria legal, mas não faz muito sentido ficar só na hipótese
3) uma boa ideia. Criou uma boa tensão no protagonista. Acho que é o melhor do conjunto.
4) bem escrito, mas falta impacto. É uma narrativa muito pontual, sem movimentação. Meio que não acontece nada
5) uma piada meio fraquinha, mas a metalinguagem foi boa.
Boa sorte!
Olá, autor!
1° micro: 🤔
Ué, a palavra não era golpe? Tinha que estar no micro, não tinha? Bem, tirando isso… Eu até que gostei da ideia do micro, mas não da execução. Eu até imaginei toda uma história de enemies to love que daria um bom livro de banca. 😅
2° micro: 🤔
Cara… Não entendi foi nada… O atropelamento ia acontecer mais não aconteceu? É isso? E quem é a tecladista?
3° micro: 🙂
Você não levou muito a sério o uso dos estímulos né… Não vi muita ligação com a música… Mas é um bom micro. Enquanto a vida acontece lá fora, a pessoa está presa ao mundo virtual.. isso é tão triste.
4° micro: 🙂
Gostei. Parece um recorte da realidade. Assim como um bom micro deve ser!
5° micro: 😁
Bem legal, a imagem era bem nonsense e você aproveitou bem a deixa. Divertido!
Conjunto da obra: 🙂
Os contos todos são legais, mas estranhos, não sei explicar… De qualquer forma é um bom conjunto. Parabéns!
1º micro: interessante; a corrosão aqui é recíproca;
2º micro: complexo; tive de ler mais de uma vez e, ainda assim, ainda fiquei um pouquinho confuso; não é ruim, ao contrário, o ruim sou eu; o primeiro micro também me exigiu algum esforço;
3º micro: talvez pudesse ser crítico se não contivesse uma dose significativa de aceitação;
4º micro: soou-me apenas descritivo, ou seja, pouco criativo;
5º micro: beeeeeeeem metalinguístico, maaaaas, ao mesmo tempo, quase uma piada ruim; acho que o autor quis meio que brincar com isso.
Oi, vou comentar cada microconto de forma separada ok?
Então, o primeiro micro é bem intrigante, ele demonstra bem as consequências do silêncio da mulher que podia livrar o marido do que seria, provavelmente a morte dele.
O segundo foi bastante complexo. Precisei ler duas vezes pra compreender tudo o que aconteceu e o que não aconteceu, risos. Foi uma ideia inteligente, mas achei um pouco difícil pra entender.
Mas acho que combinou muito bem com o tema da frase.
O terceiro foi bem reflexivo, principalmente no final, quando ele decide que seu ano começará quando ele desejar. Interessante como ele ficou incomodado com a comemoração do ano novo e conseguiu resistir a se juntar aos outros.
Parecia alguém viciado em internet.
O quarto micro traz o julgamento e o contraste dos dois personagens que precisam interagir com frequência, foi uma ideia bem legal, principalmente pelas coisas que não são ditas, mas ambos sabem o que pensam um do outro.
Mostrou bem o desconforto que acontece nessa situação.
O quinto micro foi o meu favorito, gostei muito do estilo dele, todo em diálogos.
Achei bem divertido como tratou o tema e o final dele foi simplesmente genial! Ter um elefante como bichinho não deve ser fácil, risos. Muito bons micros, boa sorte no desafio.
Micro 1
Um micro que poderia ser muito bom, mas ficou meio genérico, parecendo uma narrativa distante.
Micro 2
Achei bem confusa. Ana era a tecladista? Não sei.
Micro 3
Um bom micro. Gostei, mas não levantou a torcida. É um bom começo de conto.
Micro 4
Mais um bom micro. Mas ficou novamente a sensação de que faltou algo.
Micro 5
Meu preferido do conjunto. Humor leve e metalinguístico. Curti.
Um bom conjunto com ótimas ideias. Parabéns pela participação e boa sorte!
Olá!
i) Silencioso – É um microconto ok. Mas, por ser muito pequeno, o espaço para desajustes é nulo. E eu fiquei um pouco incomodado, por exemplo, com o “casamento por conveniência extremamente inconveniente”. Esse artifício “conveniência”/”inconveniente” me soa como empobrecendo o texto. Texto que, aliás, em tão pouco espaço, usa 5 vezes os pronome ele/ela. Uma estorinha com potencial para ser melhor trabalhada.
ii) A borboleta futuro-pretérita – A ideia é legal. Eu gosto dessas circularidades, do texto começar mais ou menos como termina etc. Mas a proliferação de personagens, e, por exemplo, a estrutura da frase “o protesto da tecladista seria ter a borboleta tatuada maculada por cicatriz” tornaram a leitura um pouco truncada.
iii) 32/12 – Gostei do título, gostei da cena, gostei de coisas como os adjetivos “enérgica”, “engolfado”, “dolorosa”, o substantivo “cacofonia”. Meu preferido da coleção!
iv) Tácito e profissional – Ah, que conto ótimo! “O mesmo se repetiu no mês seguinte” tira aquele sorrisinho de canto de boca durante a leitura. Gostoso de ler. Já não sei se gosto mais deste ou do 3º. Ah, uma coisa me faz pender pro 3º conto; algo que lá é ua baita virtude e, aqui, uma ressalva: o título hehe
v) Após o estado de negação – Putz, que conto bom hahaha. Eu ri bastante com ele. Isso não é fácil de se fazer, cara!! Eu sei que tem gente que vai reclamar da metalinguagem quase clichê. Tô nem aí. Eu achei que encaixou bem demais. Divertidíssimo (exceto, de novo, pelo título hahaha)! Trocando e, de forma definitiva: eis o meu preferido!
Um perfeito caso de ascendência no conjunto. Engraçado que os títulos dos dois primeiros são bons; mas prefiro o conteúdo (apesar dos títulos) dos últimos. No meio da coletânea o conto mais equilibrado, o terceiro. Bom e com um ótimo título. E no final da coletânea, a cereja do bolo. Uma pena eu não ter gostado tanto dos dois primeiros. Os três últimos me ganharam. Parabéns! E boa sorte!