
Todo castigo pra corno é pouco │ Júlio César Vilagran
Histriônica, sempre se comportou assim: rivalizando com as mulheres, flertando com os homens. E não raro, não ficava apenas no flerte; às escâncaras ela o traía. Ele fingia que não sabia — melhor assim. Na evitação do conflito, uma analgesia; no benefício da dúvida, o artificial paliativo e a íntima desculpa para sua mansidão ovina. A verdade é que a venerava em uma paixão doentia e subserviente. Ela gostava. Aproveitava-se dele, de seu temperamento flácido, de sua força de vontade pífia. E sádica, debochada, deixava rastros, fazendo questão de dar a entender a ele, ou a quem quisesse saber, que lhe agradava ser a mais rameira das meretrizes, tanto aos olhos, quanto nas mãos de qualquer outro.
Trabalhando, almoçando, em cada momento do seu dia, era assaltado pela dúvida: Onde estaria ela? O que andaria fazendo àquelas horas? Apesar de se dizer seu namorado, as visitas dele eram agendadas, com dia e hora certos para vê-la, tendo muitas vezes sido advertido a jamais aparecer em seu apartamento sem prévio aviso. Resignado, sem muito perguntar, obedecia. Não foram poucas as ocasiões em que saiu de lá cedo da noite e a viu se perfumando, separando roupas como quem se apronta para um encontro. Quando questionada a respeito, seus lábios sensuais lhe diziam que estaria escolhendo as vestes para ir trabalhar no dia seguinte, ainda que seus olhos zombeteiros o flagelassem com uma verdade à qual preferia não dar ouvidos.
Certa feita, da rua pôde vê-la num bar, sentada no colo de um homem enorme. Ela ria de maneira exagerada e jogava os cabelos de um lado pro outro, com o braço ao redor do pescoço do sujeito e batendo de leve com a mão espalmada em seu peito. Já as mãos dele, uma lhe repousava no final das costas, quase na anca, a outra na perna, onde volta e meia apertava-lhe a parte de dentro da coxa, experimentando sua firmeza morena como quem antecipa um prazer obscuro. Ela era assim mesmo, dada a espalhafatos, esse era o seu jogo, e falando sempre alto, fazia caras e bocas a fim de ser o centro das atenções. As outras mulheres repudiavam esse tipo de comportamento e lhe torciam o nariz; já os homens, mesmo os das outras mesas, todos, sem exceção, notavam a presença dela.
Naquela noite ele vacilou; uma, duas, três vezes, quase não entrou. Mas eis que após perturbada relutância, finalmente se decidiu. Resolveu fingir estar passando por ali ao acaso, dizendo ter chegado só para comprar cigarros, e que nisso a teria visto. E ao contrário de demonstrar qualquer traço de constrangimento ou surpresa, quando ele se aproximou hesitante com seu olhar canídeo, ela apenas sorriu de maneira maliciosa. Disse-lhe que aquele era seu irmão, e que os outros dois homens à mesa eram também seus familiares. E franzindo o cenho, o advertiu ainda que não era hora de ele andar na rua, assim, desprotegido, “à mercê de qualquer uma”. E para gargalhada geral, o puxou pela gola da camisa e lhe deu um beijinho quase sem encostar os lábios, ordenando-lhe que fosse direto para casa e a deixasse ali, em sua reunião de família. E lá foi ele, mas não sem antes olhar nos olhos do “cunhado”, que também o olhava com certo escárnio e até com uma pontinha de pena, mesmo, sem em momento algum, ter demovido a mão da coxa dela.
Em casa não conseguiu dormir. Cabeça no travesseiro, olhos abertos no escuro, não era capaz de se desgarrar daquela cena. Se perguntava: como podia ela ser tão pérfida? E ele, como não conseguia agir diante daquilo como deveria? Afinal de contas, que homem se conformaria em presenciar uma cena daquelas? E o beijinho; o que mais aviltante do que aquele beijo dado em sua boca com a mão de outro homem entre as pernas? Por onde teria andado aquela boca antes de tocar a dele? Teve nojo; dela, deles, de si mesmo, da vida.
“Vagabunda!” — pensou alto, ainda que nem assim tão alto, feito se algo em si mesmo lhe servisse de reprimenda. Temia perdê-la. Pensava que muito pior do que deixá-la naquele lugar com aquele homem, seria fechar a porta para que jamais voltasse. Sabia que se ele a rejeitasse ela simplesmente arranjaria outro — ou outros, tantos quantos desejasse. E então os desfilaria à sua frente apenas para provocá-lo. Ela era linda; um anjo tão perverso quanto fascinante. E ele tinha a mais plena certeza de que qualquer homem em sã consciência desejaria possuir uma mulher como ela.
Nunca havia dito que o amava, nem uma única vez. Ele, depois de algumas tentativas não correspondidas, também deixou de dizer. Parecia determinada a fazê-lo perceber que aquela era uma relação apenas carnal. Ainda assim, mesmo aparentemente sem uma gota de qualquer sentimento mais nobre da parte dela, cabe dizer que o sexo era incrível. Os gatilhos dela eram rápidos, ele já havia se tornado hábil em acioná-los. E sabia muito bem que uma vez provocada, ela era voraz e irrefreável. Viçosa, fresca, cheirosa, macia; servia-lhe de suas carnes até que se consumisse cada gota do suco dele. Lanhava-lhe também as costas com as unhas compridas como se marcasse gado, se lhe impondo o jugo feito se sua proprietária fosse. No começo era maravilhoso, mas com o tempo ele foi sendo tomado pela frustrante sensação de que por mais que fizesse, por muito o que se empenhasse, ela jamais se satisfazia. E de novo e outra vez, dada a hora dele ir embora, já estava ela a se banhar e aprontar, como se tivesse sido aquele apenas o aperitivo de mais um longo turno promíscuo de delírio e de loucura.
Naquela fatídica noite pôde notar algo ao entrar no banheiro logo depois do banho dela; escrito dentro de um grande coração feito com o dedo no embaçado do espelho, lá estava: “Eu te amo, Marcelo”. Ao ler aquilo, empalideceu, teve vertigens, visão de túnel, quase desmaiou. Mas quem diabos era Marcelo? Lembrou-se então outra vez do olhar afrontoso e escarnecedor daquele brutamontes com a mão escalando as coxas da mulher que ele amava. Quis morrer. Sabia que ela o havia feito de propósito para que ele visse. Não se conformava em apenas fazer das suas, tinha de esfregar sua traição na cara dele a fim de que soubesse. Amor — o sentimento que ela lhe negou por toda a vida, assim, entregue agora de graça para qualquer outro. Era como se o seu sofrimento fosse para ela um requinte, a perversa coroa daquele ato insultuoso. Quando o homem saiu do banheiro ela o esperava sentada na cama, fumava um cigarro e olhava pra ele mais uma vez com aquela mesma expressão, devassa e zombeteira, como que na expectativa de uma irrupção qualquer da parte dele. Por um momento ele sonhou que a esganava. Teve vontade de pagá-la pelos cabelos e esbofetear o seu rosto desaforado até que ela se arrependesse, até que pedisse perdão e jurasse jamais tornar a fazê-lo. Mas apenas sonhou. Então simplesmente deixou que ela outra vez o enxotasse com outro beijinho daqueles distantes, mediante desculpa do adiantado da hora.
Cansado demais daquilo tudo, daquela maldita montanha-russa emocional, resolveu espreitá-la sentado no banco do carro, lugar de onde podia avistar a porta do prédio. Foi então que ele a viu saindo. Naquela noite; naquela fatídica noite. E entrando na caminhonete de um homem, cumprimentou-o com um beijo na boca. Não uma bitoquinha das que ele estava acostumado a receber, nem tampouco um beijo esperado em padrões normais de comportamento, mas o mais tórrido e úmido dos beijos que uma mulher já deu em um homem. Abria sua boca, fazendo dançar sua língua dentro da boca dele, e o puxava para si como se quisesse mesmo devorá-lo, feito se o convidando a possuí-la ali mesmo, no carro, na rua, naquele instante, à vista de todos. O homem teve até certa dificuldade para se desvencilhar dela e poder dirigir. Então partiu levando-a consigo, rápido, com a urgência de quem tem pressa de saciar uma sede inumana. E foi só naquele exato momento, em choque diante daquela cena, que seu coração, enfim, foi capaz de aceitar que ela o enganava.
Dados os fatos, sem mais ter muito o que perder, dessa vez ele não vacilou e os seguiu. Mantinha uma distância respeitosa no trânsito, mas, ainda assim, era capaz de notar o balanço anormal daquele carro grande, daquele enorme símbolo fálico dirigido pelo outro. Parando em um sinal quase ao seu lado, notou que a cabeça da mulher, com sua vasta cabeleira cacheada cobrindo o rosto, movia-se num vai-e-vem compassado na altura da cintura dele. O homem mexia o quadril pra cima e pra baixo, a segurando firmemente pela nuca, forçava-lhe a ir mais e mais fundo, até não suportar a pressão de seu corpo, o deixando explodir febril para fora da boca. Só para então segurá-lo entre suas mãos pequeninas e, como se faminta, sem se dar por vencida, submetê-lo mais uma vez à intimidade de sua úvula.
Quando chegaram naquele motel barato ele entrou logo atrás. E a passos titubeantes tentou encontrar rastro dos dois. Não foi difícil; podia sentir pelos corredores mal iluminados daquele lugar nauseabundo a doçura do perfume dela. No final do corredor havia uma porta entreaberta: só podia ser coisa dela, sempre exibida, vulgar, provocativa. Achou que enfartaria. Com o coração batendo na garganta ele andou devagar até lá, então ouviu arquejos e gemidos — sim, era sua voz. Ele conhecia muito bem aquele som, tantas e tantas vezes o havia escutado bem assim, ao pé do ouvido; era a mulher que ele amava, em sua doce sinfonia de lascívia e desespero, de gozo e agonia. Pôde vê-los. Ela era montada por ele, aquele mesmo homem enorme do outro dia, que a devorava por trás, com força, com violência selvagem e desmedida, fazendo trepidar o corpo dela como se quisesse atravessá-la com seu próprio corpo. Feito quem domasse um bicho, ele a puxava pelos cabelos, segurando-a também pelo pescoço, apertando-o a ponto de quase a fazer desfalecer. Ela grunhia, choramingava, fazendo cara de dor e suplicando qualquer coisa baixinho como quem se confessa. Era inútil, seus apelos só o incitavam mais. E foi desse jeito, de quatro naquela cama de motel, dominada e sodomizada por aquele homem pavoroso, que ela ergueu seus olhos e o viu, desolado a espiando por aquela fresta de porta. E finalmente então lhe disse, feito se já o esperasse:
“Entra, meu amor! Vem, por que sem ti pra presenciar, não tem graça nenhuma!”
FIM
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* Domínio da escrita
Ótimo domínio da escrita. Pouquíssimas passagens necessitando de revisão. Estilo coerente. Nota 3,0
* Domínio narrativo
Ótima ambientação. A construção das personagens ficou prejudicada pelo exagero, tanto da ninfomaníaca quanto do namorado subserviente. Não me pareceram pessoas reais, principalmente o sujeito que aceita passivamente tantas situações vexatórias.
Outro ponto desfavorável é a extensão do texto, que o torna um pouco cansativo. Nota 1,5
* Abordagem do tema
Bom aproveitamento da temática do certame. Nota 2,0
* Impacto
A linguagem é agradável, seja pela fluência, seja pela correção. O que permanece após a leitura é a certeza de que nenhum homem real suportaria todas as situações descritas. Carece de credibilidade essa narrativa. Nota 1,0
*** Totalidade das notas: 7,5 ***
Olá. Este seu conto poderia ser chamado de “Manual do corno”.
Domínio da Escrita
Genial em todos os sentidos. Bem escrito, fluído, agarra o leitor de forma definitiva.
Domínio narrativo
O conto narra a história do corno mais corno da história. Assistimos à sua queda, sempre mantendo o amor vivo como um fósforo no meio da chuva. O desenlace é dramático e faz com que o leitor imagine o que vem a seguir.
Abordagem do tema
Não conhecia o ditado. Uma pesquisa no google mostra que é uma música de forró, que fala do drama do marido de uma prostituta, o que dá outra visão sobre o texto.
Impacto
Conto surpreendente, profundamente erótico.
Avaliação
Domínio da Escrita (0 a 3): 3
Domínio narrativo (0 a 3): 3
Abordagem do tema (0 a 2): 2
Impacto (0 a 2): 2
Nota final: 10
Domínio da escrita: Nota 2,5
Conto bem escrito, revelando vocabulário robusto e bem empregado. Escrita apresenta coesão e clareza na abordagem do tema escolhido. Estilo do autor parece já estar consolidado. Acertaria alguns detalhes de pontuação e o pequeno erro de digitação:
Teve vontade de pagá-la pelos cabelos > Teve vontade de PEGÁ-LA pelos cabelos
Domínio narrativo: Nota 3,0
Boa caracterização dos personagens, assim como ambientação e desenvolvimento dos demais elementos da narrativa. Parágrafos bem delimitados e fluência de ideias que convida o leitor a adentrar a trama.
Abordagem do tema: Nota 2,0
Pleno aproveitamento da temática do certame no texto. Todo castigo pra corno é pouco= presente na música interpretada por Falcão e nos textos de Nelson Rodrigues.
Impacto: Nota 1,5
Um bom conto que traz uma boa pitada de erotismo e mais um pouco de humor/sacarsmo. O final acabou por me surpreender pela forma abrupta de conclusão e reação da personagem, mas achei o desfecho muito repentino.
Nota total: 9,0
Domínio da escrita: No geral, bem escrito, dominando um bom vocabulário. Não obstante pequenos percalços na duração de frases e parágrafos, além de algumas vírgulas enviesadas ou ausentes, fez tudo muito bem. Uma melhor revisão daria conta de tudo. Nota: 2,0.
Domínio narrativo: Que narração! O ambiente noir dos sofrimentos do traído, seu coração flagelado pela certeza que renega, provocado pela lascívia incontrolável da infiel que desfila absurdamente diante de seus olhos e do leitor, foi bem construído. Domínio impecável da arte de contar uma história pelas letras, meus sinceros parabéns. Nota: 3,0.
Abordagem do tema: Mandou muito bem, acertou em cheio neste cruel ditado, pois que castigo pior ao traído que consente sofrendo senão a malícia impiedosa de quem trai? Nota: 2,0.
Impacto: Comecei meu comentário neste quesito, porque, uau, que conto sufocante! Sensual e provocativo sem baixar à vulgaridade barata, um primor de conto erótico. Conto muito bem contado, o li com a voz mental de Antônio Abujamra, como se o estivesse narrando no saudoso “Contos da Meia-Noite” da TV Cultura de São Paulo. Maravilhoso, parabéns! Nota: 2,0.
Mantenho o meu comentário anterior
Domínio da escrita: o autor (a) demonstra domínio da escrita, texto coeso e coerente. Nota 3
Domínio Narrativo: O texto se adequa ao estilo de conto, boa ambientação e personagens interessantes, estória bem amarrada. Nota 3
Abordagem do tema: A autor (a) aborda o tema, adequando-se a proposta, boa desenvoltura do ditado, o que envolve o leitor na estória contada. Nota 2
Impacto: Texto bem elaborado, de extrema qualidade, parabéns. Nota 2
1) Domínio da escrita (nota de 0 a 3)
NOTA: 2,5
[Em Domínio da escrita devem ser abordadas questões referentes à escrita, como revisão, coesão e estilo]
O autor escreve muitíssimo bem. A leitura flui, sem muitos ruídos. Apenas um ou outro errinho me surgiram: em “Quando chegaram naquele motel barato ele entrou logo atrás”, faltou uma vírgula antes do pronome. E ACHO que a vírgula em “Histriônica, sempre se comportou assim” está sobrando.
Quanto ao estilo, é muito gostoso de ler, desde o início, esse tipo de texto, elegante. A primeira frase é ótima. O uso da pontuação é primoroso (os dois primeiros períodos do texto deixam isso claro, com o uso de vírgulas, ponto final, dois pontos, ponto e vírgula. Uma diversidade muito bem aproveitada).
Eu teria algum problema com o excesso de adjetivação no texto. Outras questões que tenho com o estilo do autor, acho melhor pontuar na última seção deste comentário.
2) Domínio narrativo (nota de 0 a 3):
NOTA: 2,5
[Em Domínio narrativo devem ser tratados aspectos do enredo, da ambientação, construção de personagens, e demais elementos da narrativa]
De novo, muitos méritos aqui. Os personagens são muito bem delineados desde o início. Há dois tipos, estereótipos narrativos muitíssimo bem trabalhados pelo autor – esse cara bundão, e essa moça vagabunda. O próprio relacionamento entre os dois é um estereótipo narrativo que o autor desenvolveu com maestria.
Eu tiro meio ponto aqui pelo desfecho. Quase uma questão pessoal, mas que eu tento tornar mais ou menos objetiva ao dizer que o conto criou uma expectativa de algo maior do que o que se apresentou na última frase.
3) Abordagem do tema (nota de 0 a 2)
NOTA: 2
[Em Abordagem do tema deve-se discorrer sobre a adequação e o aproveitamento da temática do certame no texto]
Não há muito o que se falar da abordagem. Assim como os melhores contos que li deste desafio, o autor se valeu de um conhecido ditado para, a partir dele, criar uma história coesa que até mesmo dispensaria o título; isto é: a trama em si dá conta de nos apresentar qual o ditado popular em questão. Este eu creio ser um dos grandes méritos dos autores neste desafio.
4) Impacto (nota de 0 a 2)
NOTA: 0,5
[E em Impacto o participante pode fazer observações pessoais]
Eu já citei os problemas com o excesso de adjetivações e a minha impressão do desfecho.
Somo a isso uma opinião certamente polêmica, mas que quero, ainda assim, tentar apresentar da forma mais justa possível: não gostei de como o texto descambou da mencionada elegância inicial para a explicitude (essa palavra existe mesmo, né?!) erótica quase despropositada. Eu diria despropositada, mas preciso confessar que o que tudo que está ali é coerente com o enredo. Eu confesso também que o gênero erótico não é dos que mais me agrada “per se”. Mas não se trata de preconceito. Ou não se trata SOMENTE disso. O ponto é simplesmente que, assim como séries e filmes que saem da insinuação para explicitar uma cena erótica não me cativam, um texto como esse perde minha atenção. E me parece que ele se torna menos universal quando sai justamente da apresentação de um tipo (como essa mulher sensual, insinuante e sem qualquer vergonha) para particularizar minúcias a seu respeito.
É só um gosto pessoal. Os méritos do autor são patentes, e a questão de gosto se diluirá, se for o caso, em outros leitores que apreciam o gênero
NOTA FINAL: 7,5
Domínio da escrita:
O autor tem domínio da escrita. Escreve muito bem, aliás. Frases muito bem estruturadas, jogos de palavras inteligentes, tiradas sarcásticas. Sabe trabalhar e lapidar um texto para extrair o máximo dele.
nota: 3
Domínio narrativo:
O enredo está fluido e explícito. O autor sabe contar uma história, mais pelo impacto que causa, positivo ou negativo, aguça a curiosidade do leitor que quer saber como termina a história, mesmo que não tenha gostado muito da trama. Eu não entendi algumas coisas… O final, por exemplo, ela fez tudo de propósito para levar o corno para pegá-la em flagrante? Por que? Puro sadismo? Ou foi um acaso e ela aproveitou pra soltar uma frase de efeito? E o outro cara? Não se importava com nada?
São coisinhas que deixaram fios soltos na história.
nota: 2
Abordagem do tema:
Nunca entendi esse ditado que dá nome ao conto.. pra mim tinha que ser: todo castigo para corno manso é pouco. Só quem deveria merecer castigo são aqueles que não fazem nada mesmo sabendo que são cornos… Mas enfim, abordou o tema, com certeza.
nota: 2
Impacto: Sinceramente, não gostei.
Reconheço que é um ótimo conto, levando em conta a escrita, mas a história não me agradou. Ele tem uma qualidade literária muito boa, e provavelmente agradou a muitos, mas pra mim é muito explícito, falta sutileza. Nenhum dos personagens parecem reais, estão ambos caricatos e forçados ao máximo.
nota: 0,5
Total: 7,5
Domínio da escrita: texto curioso. Não faz meu estilo, mas é inegável a habilidade do escritor. Bastante gráfico, saliente e emocional. Nota 3,0
Domínio narrativo: consegue prender até o fim, embora o final não ficasse tão bom quanto o restante. Teve seu contexto explicado, mas o ápice pedia algo mais drástico. Não necessariamente clichê, mas um pouco mais acima da média. Nota 2,0
Abordagem do tema: bem, temos as entrelinhas, os entres e as linhas. Tudo se encaixa (bem, quase tudo). A expressão permeia todo o texto e faz sentido desde o início. Nota 2,0
Impacto: tirando o fim, o restante está excelente. Tem um clima Noir muito interessante, quase não se faz necessário descrever o cenário, o que é uma habilidade pra poucos. Nota 2,0
Nota final: 9,0
Domínio da escrita 3,0
Muito bom, escrita muito correta e bonita. O texto é fluido, gostoso de ler.
Domínio narrativo 2,5
Os personagens principais são bem construídos, dá para entender bem quem são. A história é bem estruturada e bem contada. Único porém é que senti falta de um ápice, ou de uma reviravolta. O texto começa descrevendo a incapacidade do homem de se resolver diante das traições da mulher e termina do mesmo jeito
Abordagem do tema 2,0
Texto dentro do tema. Só fico na dúvida do que seria o castigo pois, ao ler o conto, fiquei quase com a impressão de que ele gosta da situação (sei lá, o mundo tá doido e tem gosto pra tudo…).
Impacto 1,0
A história é muito bem contada, mas como disse em domínio narrativo, senti falta de um acontecimento marcante. O enredo é o mesmo do início ao fim. O coitado começa corno e corno termina. Fiquei imaginando que ele a abandonaria e, ou daria a volta por cima, ou sentiria saudades da vida que tinha com ela. Ou que ela faria algo que o empurraria para além do limite. Mas não. Para mim, faltou algo.
Nota: 8,5
1. Domínio da escrita ……… Nota: (1,0 ).
Comentário: Texto com estilo fluente.
2. Domínio narrativo ………..Nota: (1,0 ).
Comentário: Texto muito pobre, mesmo para conto pornô…
3. Abordagem do tema………Nota: ( 1,0 ).
Comentário: Aforismo desconhecido (pelo menos, por mim).
4. Impacto…….. Nota: (1,5 ).
Comentário: Ah!!! Que falta nos faz o Nelson Rodrigues…
O texto possui coesão e coerência, estilo refinado que se contrapõe ao enredo vulgar. Nota 2,5.
Concernente ao domínio narrativo, há sequência dos fatos e descrição pormenorizada. Nota 3,0.
Abordagem do tema está de acordo com o ditado popular. Nota 2,0.
Impacto: o texto possui todos os atributo, suspense, conflito e clímax, porém não há elemento novo e criativo, a temática é comum. Nota 1,0
Domínio da escrita: coesão e estilo satisfatórios. Há abundância de palavras para definir as situações. Necessita apenas substituir algumas frases clichês que empobrece a narração. Nota 2,5.
Domínio narrativo: bom enredo ao ir criando um clímax; ambientação em detalhes; a construção psicológica das personagens é bem definida. Nota 2,5.
Abordagem do tema: ficou claro o aproveitamento da temática no texto. Nota: 2.
Impacto: o autor descreve bem as situações, e o leitor vai acompanhando a narrativa, de olho no desfecho imprevisível. Nota 2.