
A Fábrica de Ditados │ Jorge Santos

1
Acácio estava desempregado há mais de dois meses quando, depois de correr muito caminho e enfrentar rios de negação, ouviu pela primeira vez o Sim. Durante algum tempo deixou-se cair no limbo da incredibilidade. Depois percebeu que era verdade: tinha arranjado um emprego no armazém de uma fábrica de sapatos que ficava a meia hora de distância da sua casa (se podia chamar de casa a meia dúzia de tijolos e um teto de zinco). O ordenado era uma merda, o horário deixava-o a um passo da escravidão, mas podia deixar o sufoco diário. Quem sabe, poderia até arranjar dinheiro suficiente para uma passagem para ver os filhos na Capital, para onde ela os levara. Desde esse dia, que acontecera dois anos antes, Acácio recusava-se a dizer ou sequer pensar no nome dela. Em tempos amara-a perdidamente, depois ela começou a ver Acácio como homem que era, mulherengo, sem ambição e vicioso. Um dia pegou nos filhos e zarpou sem dizer uma palavra.
Sem nada a perder, Acácio aceitou o emprego com a mesma animosidade de quem sabe ter vendido a alma ao Diabo. Logo no primeiro dia, ao entrar de madrugada no grande edifício de pedra escurecida pelo tempo, teve a certeza de que o trabalho seria um desafio.
Da Silva, o filho do patrão, um homem pequeno, dos seus vinte e muitos anos e com ar de mafioso, apresentou-o a Ernestino, o encarregado do armazém. Era um homem alto e extremamente magro, que parecia ter saído do casting de um filme de vampiros. Da Silva tinha-o descrito como sendo “um bom homem”, “muito reservado”. Acácio teve a certeza de que era conversa de vendedor – enaltecendo as qualidades mas omitindo as falhas. Do género “o carro é uma maravilha (mas a correia de distribuição está a falecer)” ou “a casa tem uma vista prodigiosa (mas quando chove aconselho guarda-chuva)”. Ernestino teria, pois, os seus defeitos, mas Acácio estava disposto a ir à luta.
No primeiro momento em que estiveram sozinhos, Ernestino entregou a Acácio uma lista de material que teria de separar e preparar para expedição. Sem dizer uma única palavra. Talvez fosse esse o seu defeito, pensou Acácio, enquanto procurava as caixas. Podia viver bem com pessoas silenciosas – a experiência ensinara-o que era quando abriam a boca que os problemas começavam. Demorou algum tempo até perceber a organização do armazém, os diferentes produtos, gamas e modelos. Teve de perceber por si, porque Ernestino continuava mudo e quedo no seu gabinete.
À hora do almoço, Acácio foi para o pátio exterior com a sua marmita. Preparava-se para comer a sua sandes de torresmo quando Ernestino chegou e deixou um prato de frango com massa de aspeto minimamente interessante.
“A cavalo dado não se olha o dente”, disse Ernestino numa voz esganiçada. Ainda sem conseguir conter a sua admiração, Acácio viu-o regressar ao interior do armazém no seu passo lento. Depois olhou para o prato de massa e começou a comer. Teve de reconhecer que sempre era melhor do que a sandes de ar repulsivo que tinha trazido – podia até admitir que era a melhor refeição que comia há semanas.
2
Se no início Acácio não ligou à pecularidade de Ernestino, essa mesma pecularidade tornou-se evidente depois de uma semana de silêncios. Na sexta-feira, antes de sair, Ernestino chamou-o com um gesto e entregou-lhe uma nota. Não era o suficiente para ir às putas, mas Acácio agradeceu de qualquer forma. Ernestino disse então a segunda frase que Acácio lhe ouviu dizer durante a sua primeira semana de trabalho: “Grão a grão enche a galinha o papo”.
Riu a bom som durante o caminho. Quem o via rir sozinho provavelmente pensaria que era um louco, mas Ernestino, o homem que só falava por ditados, levava, nesse campo, um avanço considerável. Na semana seguinte, Da Silva questionou-o sobre o andamento do trabalho.
“Estou a gostar. Sempre gostei de ditados populares.”, respondeu Acácio, num tom que tinha tanto de jocoso como de provocador.
Da Silva não levou a mal. Fez mea culpa. “Devia ter dito. É muito raro o funcionário que consiga trabalhar bem com ele. Antes do acidente ainda era pior. Maltratava os outros. Achava-se superior até ao dia em que tem um acidente de carro, tem um traumatismo crânio-encefálico e quando acorda diz ‘Devagar se vai ao longe’. Esse foi o seu primeiro ditado. Depois, nunca mais parou.”
“Compreendo”, disse Acácio, e foi à sua vida. Teria desistido do emprego se soubesse do problema do foro psiquiátrico do seu superior hierárquico? Nada disso, pensou. Afinal, o que mais tinha encontrado desde que começara a trabalhar aos 14 anos eram superiores hierárquicos com problemas do foro psiquiátrico.
3
Olinda entrou para o Departamento de Produção quando Acácio fez seis meses de casa. Era uma mulher baixa, vistosa. Só dizia palavrões e notava-se no seu olhar que a vida não tinha sido simpática com ela. Todos os colegas de trabalho se metiam com ela e Olinda respondia aos piropos com a firmeza de quem já tinha passado por muito. Acácio foi um dos muitos interessados, mas cedo desistiu quando percebeu o interesse de Ernestino por ela. Para Acácio, firmemente decidido a não assentar, seria apenas mais uma conquista. Para Ernestino poderia ser a mulher da sua vida.
Decidiu, portanto, ajudá-lo. Mas, como ser o Cupido entre duas pessoas tão diferentes – sendo que Ernestino estendia o significado de “diferente” bem para lá do razoável? Decidiu falar com ela. Perguntou se lhe podia pagar o café durante o intervalo da manhã. Ela acedeu, algo contrariada. Ele foi à máquina de vending. Quando regressou, entregou-lhe o café entre os olhares famintos dos colegas. Ela agradeceu, toda ela uma contradição, a perfeita bissectriz entre um anjo e um demónio. Falaram. Olinda tinha erguido muros à sua volta, mas Acácio era perseverante. Durante as semanas seguintes, Olinda derrubou as suas barreiras e mostrou-se como era na realidade, uma mulher simples que já tinha passado fome e sofrido nas mãos de vários homens. Era-lhe muito difícil voltar a confiar em alguém. No meio da conversa, Acácio enaltecia as qualidades de Ernestino, mas era difícil vender o peixe quando todos sabiam que o “peixe” não batia bem da cabeça. Mesmo assim, Acácio contava histórias, como quando ele procurava, em vão, uma caixa para fechar a expedição daquele dia, o motorista furioso com o atraso. Ernestino levanta-se então da cadeira, desloca-se a uma prateleira, sobe uma escada e tira a caixa em falta. “Em terra de cegos, quem tem olho é rei”, disse Ernestino, com evidente ar de regozijo. Acácio termina a história, mas Olinda não se mostra impressionada.
Ernestino seguia, ao longe, as suas conversas. Motivado pelo ciúme, muda a sua atitude para com Acácio, mesmo sem saber das reais intenções deste. Isola-se ainda mais, fecha a porta do seu gabinete com estrondo quando Acácio passa. Depois, fica a olhar pela janela que dá para o pátio, à espera que Olinda passe. Ernestino não tirava os olhos dela e Acácio quase podia ver na expressão dela um sorriso. Nem tudo estava perdido, pensou. Entrou de rompante no gabinete dele e deixou-lhe um papel em cima da secretária. Ernestino leu o seu conteúdo.
“Não há rosa sem espinhos”, disse Acácio.
“Um dia é da caça, o outro do caçador”, respondeu Ernestino.
4
Acácio nunca soube como tudo se desenrolou. Soube apenas como começou: num simples papel contendo o endereço da casa de Olinda. Ernestino ainda devia ter alguns atrativos, pois começou a sair com Olinda. Toda a fábrica sabia porque o homem taciturno se transformou num galã de cinema que tresandava a água de colónia barata. Olinda continuava a mesma Olinda, calma e reservada. A mesma Olinda por quem Acácio se tinha apaixonado. Foi preciso vê-la a ir para casa no Ford preto de Ernestino, para que ele se desse conta da tremenda burrada que tinha feito. De noite e de dia, só pensava no corpo e no sorriso malicioso de Olinda. Até a própria palavra “malicioso” descrevia na perfeição a situação: um misto de maldade e delicioso. Tentou esconder o que sentia, mas era complicado quando ela própria se insinuava sempre que o via. Um dia Acácio decidiu que um homem não era de ferro e que mais valia torcer do que quebrar, dois ditados que poderiam ter sido ditos por Ernestino, mas Acácio não perdia tempo com ditados e quando deu por ela possuía Olinda de forma animalesca por cima de um lote de caixas de sapatos defeituosos, num local do armazém onde ninguém ia. Aquele foi, durante algumas semanas, o seu ninho de amor. No final do dia ela saía com Ernestino, mas Acácio nunca teve problemas em partilhar, nem mesmo a cama.
Tinha apenas uma certeza: Olinda não era destinada a nenhum dos dois. Um dia, ela anunciou a Acácio que tinha anunciado a Ernestino que o iria deixar. Acácio ainda acalentou por um segundo a possibilidade de ser ele o homem da vida dela, mas ela fez-lhe o mesmo que já tinha feito ao encarregado do armazém e Olinda voltou a ser a mulher recatada de outrora.
Acácio encontrou Ernestino devastado pela notícia. Depois do trabalho foram para a taberna, beber para afogar as mágoas de Ernestino, sem que este soubesse que, para além de ter partilhado a mesma mulher, partilhava agora as mesmas mágoas.
“Não há bela sem senão mas não vale a pena chorar pelo leite derramado”, disse Ernestino, bebendo a sua cerveja gelada de um trago.
“Amém”, sentenciou Acácio, levantando o seu copo meio cheio e esvaziando-o enquanto o Diabo esfregava os olhos.
5
“Para bom entendedor, meia palavra basta”, disse Ernestino, enquanto observava Olinda a passar no pátio. Tinham passado dois meses desde a separação e Olinda era agora uma mulher diferente, mais sofisticada. Acácio não tinha dúvidas de que tinha arranjado um amante rico, cuja identidade não demoraria a descobrir: Olinda estava noiva do filho do patrão, Da Silva.
Ela própria deu a Acácio a notícia, segredando-lhe ao ouvido: “Mais vale um pássaro na mão do que dois a voar”. Acácio sentiu os lábios dela colados à sua orelha e teve de imediato uma ereção épica que se esforçou por esconder. Quando ela se afastou, Acácio sentiu um nó no coração. Deu-se conta do vazio que tomara conta da sua existência. Zulmira estava certa. Ele não valia nada. Decidiu então comunicar a sua saída da empresa a Ernestino, explicando que queria viver perto dos filhos. Não tocou no tema da traição cometida, porque tinha a certeza de que ele sabia. Ernestino rematou apenas com um abraço e uma frase que Acácio guardaria para o resto da vida: “Deus escreve certo por linhas tortas”.
* Domínio da escrita
Em relação à escrita há poucos reparos a serem feitos. Estilo coeso, boa fluência. Nota 2,5.
* Domínio narrativo
Nada em desabono à ambientação, mas alguns aspectos das personagens me causaram certo desconforto.
O sujeito que só falava por meio de ditados: como é possível desempenhar funções em uma empresa sem utilizar uma boa comunicação? Não é crível.
A mulher é descrita como: (a) “só dizia palavrões” e “respondia aos piropos com a firmeza de quem já tinha passado por muito” ; (b) “uma mulher simples que já tinha passado fome e sofrido nas mãos de vários homens; era-lhe muito dificil voltar a confiar em alguém “. Não obstante, aceita sem hesitações as investidas de Acácio ao mesmo tempo em que relaciona-se publicamente com Ernestino e engendra um noivado com Da Silva. Não é crível. Nota 2,0
* Abordagem do tema
Satisfatório aproveitamento da temática do certame. Nota 2,0
* Impacto
Leitura divertida, apesar dos senões apontados acima. Nota 1,5
*** Totalidade das notas: 8,0
Domínio da escrita: Lusitana, mas consegue “se disfarçar” muito bem. Há algumas trocas temporais de narração para o presente, mas que não chegam a incomodar muito. Nota 3,0
Domínio narrativo: A história é muito boa e criativa. Prende o leitor. Mas senti o capítulo 1 bastante deslocado do restante – de repente podia ser trabalhado como um flashback do protagonista. Pois estende demais o escopo, para depois voltar ao mundinho. Nota 2,0
Abordagem do tema: O início não prometia nada, mas o desenvolvimento foi muito bom. Senti que, na ânsia de entender os jargões brasileiros, você colocou quase todos – ainda bem que a grande maioria faz parte do contexto, não foram jogados por nada. Nota 2,0
Impacto: Confesso que quando comecei a ler pensei “ih, lá vem mais um drama”. Mas, felizmente, o autor preferiu ir para o lado cômico em estilo crônica. Acertou em cheio, caso contrário, seria apenas mais um texto dramático e cansativo. Nota 2,0
Nota final: 9,0
Domínio da escrita: Bom domínio, mas com uns poucos erros, acentuações nas quais se trocam os circunflexos pelos agudos. Também notei a meia risca cumprindo função de travessão. Devido a isso dei um pequeno desconto.
Nota: 2,5
Domínio narrativo: O enredo é bom, a ambientação e descrição dos personagens também. O ponto de virada é bem descrito e funciona bem. A estrutura das frases e a linguagem às vezes é um pouquinho arcaica, mas por isso pode ser creditado ao estilo, e por causa disso não vou dar desconto algum.
Nota: 3
Abordagem do tema: Cumpre perfeitamente com a proposta, costurando os ditos populares à trama de maneira orgânica.
Nota: 2
Impacto: Bom texto, bem descrito, bem executado. Forte concorrente. Parabéns!
Nota: 2
Domínio da escrita: Contém alguns erros de coesão e coerência como “Um dia pegou nos filhos e zarpou sem dizer uma palavra”. Nota 2
Domínio narrativo: A narrativa não foi tão bem explorada, a ambientação e o enredo estão razoáveis. Nota 1,5
Abordagem do tema: É inegável que o texto aborda os ditados populares, inclusive muitos, o que a meu ver não é algo tão positivo, traz uma carga a leitura. Nota 1
Impacto: O texto não me provocou impacto, não sentir emoção ao ler. Nota 0
Domínio da escrita: Para mim, um deleite sentir um sotaque diferente do habitual (do Sudeste brasileiro) na escrita. Tem um quê de melodia que reaviva o interesse pela bela última flor do Lácio. Bem escrito, bem amarrado em questão de estilo, muito bom. Nota: 2,0.
Domínio narrativo: Bem narrado, me senti sentado num bar, entre últimos tragos, ouvindo essa história num melancólico fim de noite. A ambientação foi ótima, a fábrica e suas tensões, encontros e desencontros, foram bem ilustrados. Só senti um pouco de confusão na personalidade da femme fatale Olinda: numa hora, desbocada; noutra, recatada e distante dos homens; noutra, ainda, promíscua. Enfim, só nela senti essa dificuldade e que não me pareceu ser um traço de personalidade. Os jeitos peculiares de Ernestino e de Acácio fizeram deles uma boa dupla. Nota: 2,0.
Abordagem do tema: O autor foi feliz em escolher uma série de ditados e ir trabalhando cada um deles na boca de Ernestino, que vai ilustrando cada trecho com cada um de seu vasto repertório. Divertido. Nota: 2,0.
Impacto: Agradável, li este conto algumas vezes, o achei muito elegante em seu formato de capítulos curtos. Bonito e complexo, com várias personagens de índoles distintas, começo, meio e fim bem circunscritos. Parabéns. Nota: 2,0.
Domínio da escrita:
O autor tem sim domínio da escrita, que é madura e segura, típica de autores veteranos.
nota: 3
Domínio narrativo:
Pleno domínio. O enredo foi bem pensado, os ditados se encaixaram perfeitamente, a história é interessante, os personagens são reais e bem desenvolvidos. O texto é fluido e sem entraves. Gostoso de ler.
nota: 3
Abordagem do tema:
Tema abordado com sucesso! Parabéns! Usou vários ditados de forma interessante e orgânica, sem forçar!
nota: 2
Impacto:
Eu gostei bastante! Mas não amei… Não sei bem porque… É um ótimo conto, com uma qualidade literária inegável, mas não conquistou meu coração, por isso não leva a nota máxima.
nota: 1
Total: 9
Domínio da escrita: Embora não se possa tirar do conto muito que denigra sua nota neste quesito, também não se pode tirar muito alavanque. A linguagem é simples. Ousa pouco, arrisca pouco, brilha pouco. Nota 2 de 3.
Domínio narrativo: Poderia ser melhor. Não é que que seja propriamente ruim, mas faltou requinte, elucubração. Nota 2 de 3.
Abordagem do tema: A inserção do tema me soou óbvia. Ditados populares foram inseridos no texto, às vezes de modo um tanto artificial. Nota 1 de 2.
Impacto: O conto impacta pouco. É uma história de amor e de traição. Nota 1 de 2.
Nota geral: 6.
“A Fábrica de Ditados” aborda muito bem o tema, bem intitulado. Só o impacto poderia ser melhor. Nota 9.
Domínio da escrita: nota de 0 a 3: 3
Domínio narrativo: nota de 0 a 3: 3
Abordagem do tema: nota de 0 a 2: 2
Impacto: nota de 0 a 2: 1
1) Domínio da escrita (nota de 0 a 3)
NOTA: 2,5
[Em Domínio da escrita devem ser abordadas questões referentes à escrita, como revisão, coesão e estilo]
O autor escreve muito bem, o texto flui. Uma revisãozinha daria conta dos pequenos erros aqui e acolá. A divisão de seções ajuda na leitura.
2) Domínio narrativo (nota de 0 a 3):
NOTA: 2,5
[Em Domínio narrativo devem ser tratados aspectos do enredo, da ambientação, construção de personagens, e demais elementos da narrativa]
Os personagens são bem construídos. O ambiente, o background do protagonista, a estrutura da narrativa, tudo está certinho. O conto me lembrou Machado em alguns momentos. Principalmente em caracterizações como “que parecia ter saído do casting de um filme de vampiros”. É aqui, no entanto, onde talvez haja algum exagero, como, por exemplo, em “Até a própria palavra ‘malicioso’ descrevia na perfeição a situação: um misto de maldade e delicioso”. Soa-me meio infantil essa observação.
Apenas uma observação, que será importante abaixo, no “background” do personagem Ernestino. Não colou muito pra mim essa de o acidente fazer o cara falar só por ditados.
3) Abordagem do tema (nota de 0 a 2)
NOTA: 1
[Em Abordagem do tema deve-se discorrer sobre a adequação e o aproveitamento da temática do certame no texto]
Infelizmente, o autor abordou o tema como muitos no Desafio: essa coisa de ficar usando vários ditados, de colocar os personagens falando ditados por falar (ok, aqui a justificativa é que o cara sofreu um acidente, mas, mesmo sendo um texto leve e com uma carga de humor, não me soou muito verossímil). Isso me incomodou em outros textos, e me incomodou mais ainda aqui, talvez porque essa é a história que tinha mais potencial das que se valeram deste expediente. Acho que esse ponto empobreceu um pouco o texto.
4) Impacto (nota de 0 a 2)
NOTA: 1
[E em Impacto o participante pode fazer observações pessoais]
NOTA FINAL: 7
A AVALIAÇÃO DO TEXTO A FÁBRICA DE DITADOS │ ACÁCIO
Domínio da escrita
Quanto a escrita, o autor conseguiu atingir a média
Domínio narrativo
Abordagem do tema: quanto a extensão, o conto traz consigo informações que deviam ser condensadas, ou seja, torná-lo menos extenso.
No que toca a questão que tem a ver com o título, enquadra se no tema proposto, apresenta vários ditos popular como o título em si, diz.
O enredo, onde o narrador enuncia os acontecimentos numa ordenação de ações pouco complexa devido à maneira como apresentou as ações, tendendo para novela.
Impacto
Geralmente o conto carrega uma lição. Quanto a isso, ao nível do conteúdo, possui uma lição de vida.
Avaliação
Domínio da escrita:1
Domínio narrativo:2
Abordagem do tema: 1
Impacto:1
Domínio da escrita: 3 — ótima escrita!
Domínio narrativo: 3 — o autor utilizou muito bem o tempo entre os capítulos, leitura fluida.
Abordagem do tema: 2 — correspondeu ao que se aguarda de uma fábrica de ditados.
Impacto: 1,5 — atenção apenas ao uso de linguagem capacitista.
Domínio da escrita 3,0
Excelente, muito correta e elegante. Impecável.
Domínio narrativo 3,0
Maravilhoso. A história fisga já no primeiro parágrafo. É um daqueles textos que poderia ter o dobro de tamanho e ainda assim seria fácil de ler. Todos os personagens bem construídos e cativantes.
Abordagem do tema 2,0
Um dos poucos contos até agora que realmente usou os ditados como centro da narrativa e fez por merecer a pontuação máxima neste quesito. A ideia de um homem que só fala por ditados depois de um acidente é muito interessante.
Impacto 2,0
Adorei esta história. Bem escrita, bem conduzida, personagens bem desenvolvidos, trama interessante. Por isso mesmo, a gente se pega facilmente torcendo por eles. Parabéns!
Nota: 10
Domínio da escrita: (2,5)
O autor apresenta habilidade com o manejo das palavras. Nota-se um sotaque lusitano na sua narrativa, o que acrescenta charme ao texto. Não há como apontar falhas ortográficas, já que existem diferenças entre as grafias dos países lusófonos. Apenas aponto a repetição de algumas palavras (Olinda, por exemplo) e sons que poderia ser dispensada.
[…] enaltecendo as qualidades mas omitindo as falhas > […] enaltecendo as qualidades, mas omitindo as falhas (inserir vírgula antes do MAS)
Mas, como ser o Cupido entre duas pessoas > Mas como ser o Cupido entre duas pessoas (excluir vírgula após o MAS)
Domínio narrativo: nota 2,5
Enredo bem trabalhado apresentando ambientação e personagens devidamente construídos. Só me soou estranho o fato de Olinda ser apresentada como uma mulher que “só dizia palavrões e notava-se no seu olhar que a vida não tinha sido simpática com ela”, “uma mulher simples que já tinha passado fome e sofrido nas mãos de vários homens”, e logo depois o narrador dizer que “Olinda continuava a mesma Olinda, calma e reservada” e “Olinda voltou a ser a mulher recatada de outrora”. Calma e recatada não parecem ser adjetivos relacionados a este personagem.
Abordagem do tema: 2,0
Vários ditados populares foram abordados no decorrer da narrativa, como recurso para desenvolver o enredo proposto.
Impacto: nota 1,5
A leitura flui de maneira fácil, sem entraves. O final não chega a surpreender, mas também não desagrada. Não há um impacto forte, no entanto, o conto deixa uma boa impressão no geral.
Nota total: 8,5
Parabéns pela participação e boa sorte.
Domínio da escrita: nota de 3
Domínio narrativo: nota de 2
Abordagem do tema: nota de 2
Impacto: nota de 1