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O Perigo do Dragão │ Wilson Barros

“Ela tinha o teu fantasma quando a conheci”

(Bruna Lombardi, “Ela”)

Uma impiedosa lufada gelou–me o rosto e enrolei–me mais no casaco. O dia escurecia e faltava ainda uma hora para iniciar minha ronda.  Eu voltava de uma visita sem nenhum propósito ao Shopping Acalanto e caminhava para meu apartamento, que ficava a uma quadra dali.

A poucos passos reluzia um neon, cálido e convidativo, em um pub recém–inaugurado. Parei em frente à vitrine e li “Bar Coração Bobo”. Um anúncio prometia coquetéis deliciosos. Por que não? Empurrei a porta e entrei, desfrutando do calor que me envolveu.

Mesas e cadeiras espalhavam–se sob uma luz discreta. O balcão, no entanto, combinava mais com minha natureza simples, e dirigi–me para lá. Acomodada em um dos bancos minuciosamente limpos, notei o barman aproximar–se.

– Boa noite, madame – ele falou com sotaque francês. – O que posso trazer–lhe?

Pedi um mojito e enquanto o barman preparava a bebida concentrei–me em relaxar. A música era espanhola e encantadora. O cenário ideal para um romance impetuoso.

Uma ruiva em um lindo pulôver verde–escuro, rostinho de bebê, fresco, vivaz, sentou–se a meu lado. Com uma voz que combinava com a música, pediu um Cosmopolitan.

– Que acha dos drinks daqui? – perguntei, para puxar conversa.

– Deliciosos. Prefiro o mojito – ela sorriu – Mas hoje assisti a um capítulo do meu seriado favorito.

– Sex and the City? – Sorri também.

O barman trouxe meu drink e começou a preparar o dela.

– Exatamente – a ruivinha linda respondeu. – Justamente o episódio em que Sônia Braga começa o namoro com a Samantha.

Uau. Encaixei o golpe, sentindo–me arrepiar. Não resisti, provei o mojito e passei a língua pelos lábios, sensualmente. Ela sorriu e perguntou:

– E então?

– Maravilhoso!

– Eles usam rum importado aqui.

– Quer experimentar? – Perguntei, num sussurro.

Ela levantou–se e veio até meu banco. Seus dedos tocaram o copo, roçando em minha mão. O corpo pressionou o meu e seus cabelos infiltraram–se atrevidos, enquanto ela bebia. Senti minha calcinha se molhar de prazer.

– Delicioso, delicioso – ela disse.

 A moça não fez nenhuma menção de voltar para seu banco. Senti que se ela se apertasse mais contra mim eu teria um orgasmo. Ela apoiou a mão, invasivamente, em minha coxa e eu não contive um gemido. O barman fingia não ver. Finalmente saiu para o salão, deixando–nos entregues ao nosso desejo.

– Sou Cássia – ela falou, a mão subindo negligente sobre minha coxa, bem devagar, conduzindo–me ao paraíso. Cássia, Cassis, meu licor de groselha…

De repente, ela se afastou um pouco e olhou para a porta.

– Você espera alguém? – Perguntei.

– Bom, sim.

Senti uma ducha mais gelada que o vento lá fora.

Eu acabara de ser absolvida por bater em um assaltante. Um animal, que estava com um revólver colado na cabeça de uma idosa quando eu cheguei.  Ao me ver, tinha disparado na minha direção, diversas vezes, sempre me chamando de “tira imunda” ou de “puta asquerosa”, até eu conseguir tomar–lhe a arma. O braço dele quebrara–se, no processo.

A corregedoria, no entanto, considerou que eu tinha usado “excesso de força”, porque ele deu entrada na delegacia com o braço apresentando fraturas múltiplas. Eu tinha escapado de uma suspensão, mas agora era obrigada a frequentar uma reunião uma vez por semana, onde pessoas como eu relatavam seus atos violentos, de uma maneira expiatória. Só estaria livre disso depois que aprendesse a tratar assassinos com o respeito que merecem.

Enquanto isso, queria me manter o mais longe possível de qualquer coisa minimanente parecida com confusão. Assim, afastei–me um pouco de Cássia. Ela sentiu minha reação e afastou–se também, desconcertada.

Paguei o mojito e sorri para aquele anjo de volúpia, à guisa de despedida. Na porta, cruzei o olhar com uma mulher que suspeitei ser a ansiada companhia. Através da vitrine ainda pude ver, desanimada, que ela se sentava quase colada à ruivinha e sorria.

***

Diário secreto, Lorena Lília, 22/Nov, Sexta–feira.

Encomendo um mojito para mim. Cássia termina de tomar seu Cosmopolitan com os lábios de cranberry sedutor. Peço um mojito para ela também. “Quero misturá–la com hortelã.”, falo. Ela acha graça. Toco seus dedos suavemente, para despertar nela a Afrodite que habita em toda mulher.

Após o segundo drinque a urgência em nossos corpos não deixa espaço para delongas. Saímos para a noite escura.

Sua casa é deliciosa, repleta de aromas e ruídos que me penetram com um prazer doloroso. Enroscamo–nos no sofá, livrando–nos das roupas, arquejantes. “Lorena, Lorena…”, ela sussurra em meu ouvido, enquanto me mordisca a orelha, acariciando meu desejo.

Nuas de corpo e alma, cruzamos nossos olhares por um momento expectante. Então afundamo–nos como dois botes em um lago inevitável.

Flashes espocam loucamente em minha cabeça.

Ao fim, falo:

– Não quero fazer parte de sua lembrança. Quero ser sua ausência.

E enquanto ela me olha estupefata, destruo–a.

***

“Policial Leila: Chamado no número 211 da Rua do Aço. Vizinha reclamando de gritos.”

Olhei o relógio:  10 horas.  Subi na moto rapidamente e rumei, acelerada para a Praça dos Sacrifícios e desci, obedientemente, a Rua do Aço. O portão do número 211 estava aberto, e avancei pelo terraço.

Tudo em silêncio. A porta estava semiaberta. Entrei e acendi a luz.

No chão, jazia Cássia, seu corpo nu coberto de sangue, morta ou inconsciente. Não consegui segurar um grito.

Aproximei–me e notei que ela não respirava. Iniciei a respiração boca a boca e massagens no peito. Nada. Após um minuto, liguei para a emergência. Voltei à massagem. Ela respirou fracamente. Alternei a massagem e a respiração artificial. Eu me sentia quase desligada da realidade, conectada ao universo somente por aquele corpo destroçado.

Entraram na sala, carregando uma maca. Afastaram–me delicadamente e levaram–na, a ambulância gemendo como uma acauã na noite fria.

***

Diário secreto, Lorena Lília, 23/Nov, Sábado.

Então ela está viva. Não pode haver duas Cássias, uma dentro de mim e outra dentro dela.

E não haverá contemplações se aquela policial vingativa me descobrir. O ódio faz vista grossa à razão, e ela não é capaz de perceber através dos astros, como eu, que a vida de Cássia já deveria ter chegado ao fim.

Primeiro é necessária uma visita ao barman.

***

Eu e Alex, um investigador da polícia civil, fomos designados para o caso. Decidimos iniciar pelo Coração Bobo. Quando entramos no bar, senti um estranho aperto no próprio coração. O barman que nos atendeu na noite anterior estava lá. Ao nos ver, notei seu semblante estremecer, entre a dúvida e receio.

– Sou o detetive Alex e essa é a policial Leila. Gostaríamos de fazer–lhe algumas perguntas, senhor… ahn, Louis Durand, não é mesmo? – Alex aportuguesou a pronúncia do nome do barman, que apenas assentiu, olhando para o chão que tinha parado de varrer.

Alex mostrou uma fotografia de Cássia, obtida no Instagram.

– Esta moça esteve aqui ontem, por volta das seis?

Louis assentiu. Alex continuou:

– A que horas ela saiu?

– Mais ou menos às sete.

– Alguém a acompanhou?

Louis hesitou.

– Ela saiu só. A moça que a acompanhava permaneceu até o bar fechar, em torno de meia–noite.

– Tem certeza? Isto é muito importante – desta vez fui eu que perguntei.

O barman hesitou, visivelmente nervoso.

– Tenho – Louis desviou a vista para o lado.

Eu ia insistir, mas Alex me interrompeu.

– Está bem, Louis. Caso seja necessário, voltaremos a procurá–lo.

– Aconteceu algo com ela? – Louis perguntou, em voz baixa.

– Está no hospital, em coma.

Do lado de fora, falei para Alex:

– Ele está mentindo.

– Vou designar alguém para vigiá–lo. Por hora, quero que ele reflita.

Alex consultou suas notas e perguntou–me:

– A que horas você disse que a deixou?

– Passava um pouco das seis. Conversamos no máximo uns dois minutos.

– Leila, você tem certeza que deseja prosseguir nesta investigação? De certa forma, está pessoalmente envolvida.

– Envolvida? Por alguns minutos de conhecimento?

– Conheço sua fama. “La conquistadora”. Não houve nada entre você, nem beijinhos, nem mãos bobas?

– Não! – Enrubesci. Não era mentira, nossa atração não havia tomado forma, para os meus padrões.

Alex suspirou, sem acreditar, e disse:

– Está bem. Agora escute, isso é sério: Quando pegarmos a pessoa que fez isso, quero fazer uma prisão e entregá–la à lei. Com todos os ossos intactos! Prometa que não vai ter ideias.

– Está bem, eu juro.

– Vamos até o hospital. Quero ver como está tudo lá – Alex disse.

***

Ao chegar ao hospital, tenho uma surpresa: puseram um guarda na porta do apartamento de Cássia. Tenho que neutralizá–lo de alguma forma.

Antes que eu pense em algo, chega aquela dupla de paspalhos: Alex e Leila. Está ficando interessante. Os dois entram no quarto, Alguns instantes mais saem, pálidos, parecendo chocados.

Falam alguma coisa para o guarda. O policial sorri, agradecido e afasta–se rapidamente, desaparecendo no elevador. Devem tê–lo substituído por alguns instantes. Sorte dele.

Com uma pancada em cada um, deixo–os estendidos no chão, sem que sequer eles percebam o que os atingiu. Fito os corpos inconscientes. Por que não terminar o serviço de uma vez? A tentação é grande. Finalmente, acho melhor não e entro no apartamento.

Decido que o melhor a fazer é desligar os aparelhos, sem deixar vestígios. O elevador se abra e ouço vozes e passos pelo corredor. Tenho tempo apenas de sair do quarto sem tocar em nada e fugir amargamente pelas escadas.

***

O desbotado, mas sempre pontual relógio na parede da delegacia marcava cinco horas. A tarde se desfazia em cores indecisas. Adaptaram bandagens em mim e em Alex. Minha cabeça doía, meu amor próprio doía.

Sem ter combinado com ninguém, o sorumbático Louis Durand irrompeu vigorosamente pela porta. Procurou Alex com os olhos, encontrou, depois me viu e voltou novamente os olhos para Alex. Veio até a mesa de Alex, onde estávamos junto com Tércio, o Delegado.

– Dr. Alex, quero mudar meu depoimento.

Entreolhamo–nos. Alex perguntou:

– Posso saber por quê?

– Porque tenho uma prova que encerra o caso.

–Por que não a mostrou antes?

– Porque só a obtive hoje.

– Por que meios?

– Foi… esquecida no bar.

– Tem certeza?

Louis olhou para o lado, seu gesto típico.

– Sim.

Alex pensou por um instante.

– Deixe–me entender, então. Você descobriu que estava mentindo após obter essa prova?

Louis enrubesceu:

– Claro que não! Menti porque fui ameaçado!

– Ameaçaram matá–lo?

– Não.

– O quê, então?

– Ameaçaram matar minha filha pequena.

Seguiu–se um instante de silêncio. Finalmente, Alex estendeu a mão:

– A prova.

Alex entregou–lhe um caderno grosso, em uma luxuosa capa de plástico verde-esmeralda.

– Pegue. Minha filha está escondida. Espero que me proteja, Dr. Alex.

Alex folheou o livro:

– Papagaio! Um diário e dezenas de fotos!

Meu parceiro deixou–se cair pesadamente na cadeira.

– Isto sim é uma prova!

***

Declaram–me incapaz de ser julgada. Mesmo assim, estou encerrada nessa instituição com pessoas que vão de alcoólatras a loucos irrecuperáveis. Qualquer prazer ficou enterrado no passado para sempre.

Esse foi meu destino, minha maldição. Presa de corpo e alma. Condenada a dividir com essa tola nosso mesmo corpo, como dividimos os de nossas mulheres.

Da janela da minha cela posso ver quando o sol se oculta, calmo, por trás de uma colina, ao mesmo tempo que surge em outro lugar muito distante. Luz e escuridão, yin–yang. O perigo do dragão.

Quem uniu minha alma à desse monstro, em algum dia que conjurado por demônios?

O que somos, se não podemos acreditar em nós mesmos?

Dedicado à grande escritora, atriz e mulher: Bruna Lombardi! A eterna luz do Brasil!”

22 comentários em “O Perigo do Dragão │ Wilson Barros”

  1. Andreas Chamorro

    Queria ter lido um pouco de Bruna Lombardi para compreender, acabei descobrindo que era inspirado em um livro dela agora, antes de postar o comentário, então o refaço. Acabei estranhando os nomes gringos, mas gostei do texto por ser policial e realmente instigar o leitor a pensar. E gostei da parte do diário, achei que não destoou e, acredito, seja alguma referência ao livro da Bruna. Parabéns e boa sorte no desafio!

  2. jowilton amaral da costa

    Bom conto! O tema foi executado. A narrativa é muito boa, envolvente e experiente. A escrita também é boa, não percebi erros e a leitura fluiu bem. A trama é um pouco confusa. A dupla personalidade me confundiu um pouco e acabei sem saber direito quem era quem. Cássia, Leila, Lorena. O clima de conto noir também é muito boa, me ganhou aí. Tem que ver se algumas ações da dupla personalidade podem realmente acontecer como foi contado, algumas cenas e pensamentos me pareceram inverossímeis. Boa sorte no desafio.

  3. Um bom texto para o certame, mas cuja leitura não me agradou muito. Achei que as caracterizações das personagens ficaram um pouco rasas ou fetichistas, muito no lugar comum e, portanto, sem cativar o interesse especial pelos rumos da história e de seus protagonistas. A princípio, o recurso de alternar perspectivas se inseriu um pouco abruptamente, como tem sido comum na maioria dos textos, mas logo consegui me situar melhor. O problema é que, com os múltiplos personagens e o pouco investimento em suas construções, isso dispersou a leitura, o que acho que é um risco desse tipo de narrativa.

  4. Ana Maria Monteiro

    Olá, Bruna Eterna
    Imagino que o texto tenha algumas referências a Bruna Lombardi, mas dela pouco sei, além de que é uma atriz brasileira muito bonita.
    Quanto ao texto em si mesmo, comecei a ler uma história (de que estava a gostar muito) e, de repente, saltei para outra, com a aparecimento, primeiro de uma agente da polícia, que ela também era, e depois de um desdobramento de personalidade.
    É muito para um texto tão pequeno. Além disso, o registo inicial é demasiado rico, para logo se perder num labirinto pouco claro e algo desorganizado.
    Posso dizer que encontrei o tema, mas o desenvolvimento ficou meio comprometido.
    Mas o saldo final é positivo, acredite.
    Parabéns e boa sorte no desafio

  5. Ao ler o conto, fiquei envolvida pela história e pelos elementos de mistério que o autor conseguiu inserir de forma magnífica no enredo. A trama nos oferece uma oportunidade única de nos juntarmos ao autor e mergulharmos na investigação sobre quem atacou Cassia.
    Além disso, adorei a forma como os acontecimentos se desenrolaram de maneira equilibrada, sem dar pistas que pudessem entregar a identidade do agressor. Isso tornou a leitura ainda mais emocionante e surpreendente.
    A habilidade do autor em criar personagens intrigantes e únicos também é um ponto a ser ressaltado. Cada personagem tem sua história e motivações próprias, o que acrescenta mais camadas à trama e faz com que a gente se sinta mais próximo deles.
    Com isso, posso dizer que este texto é um belo exemplo de uma história bem desenvolvida, com personagens maravilhosos e um mistério que intriga e envolve o leitor do começo ao fim. Certamente, irei recomendar essa leitura a todos que conheço (quando puder, claro).

  6. Eterna Bruna, confesso que tive dificuldades em entender a narrativa do seu conto. Também não fui convencido se algumas das peripécias relatadas poderiam ocorrer num mundo real. No mais a história é palatável e não é cansativa. Só fica a sensação que um retrabalho seja necessário. E a nós homens, você nos ganhou por nos trazer de volta a lembrança da maravilhosa poeta Bruna Lombardi, parabéns e boa sorte!

  7. Estava lendo o conto e pá, achei meio abrupto o modo como muda completamente o tom da narração quando Leila insere na narrativa que é policial. É meio confuso, eu trabalharia melhor o desenvolvimento dos fatos de modo que o leitor possa compreender a história sem precisar reler algumas partes. Eu, por exemplo, só entendi que Leila é Lorena (se é que entendi certo), depois que reli o final, prestando atenção na mudança de itálico para normal. Mas no geral, é um bom conto.

  8. Claudia Roberta Angst

    Olá, Bruna Eterna, tudo bem?
    A princípio, analiso a adequação (ou não) ao tema proposto pelo desafio: “A proposta é escrever um conto cujo enredo transite entre as perspectivas de dois ou mais personagens.” O seu conto apresenta o ponto de vista de Leila e Lorena, que afinal eram a mesma pessoa (um caso de múltiplas personalidades)
    Há pouquíssimos lapsos que escaparam à sua revisão:
    Alguns instantes mais saem > Alguns instantes mais tarde saem
    – repense algumas colocações pronominais para tornar a leitura mais fluida.
    Um bom conto policial, mas que precisa acertar algumas pontas soltas para tornar o enredo mais verossímil e impactante.
    Parabéns pela sua participação no desafio e boa sorte!

  9. Olá. Gostei da ideia do seu conto, o de narrar uma história policial do ponto de vista de vários participantes. No entanto, creio que ficou algo confuso. Sabe-se quem é quem, mas não se sabe ao certo o que faz. Quando temos de ler várias vezes o texto para perceber a narrativa, costuma ser mau sinal. Mas pode ser impressão minha. Bottom line: enquanto leitor, perdi-me no sentido do texto, mas gostei da ideia. Adorei a alusão à Bruna Lombardi. Tinha um fetiche por ela na minha adolescência.

  10. Fernando Dias Cyrino

    Olá, Eterna Bruna, você me traz um conto policial. Sabe narrar a história de maneira que prende o leitor. Sim, me vi preso à sua trama, querendo seguir em frente, saber mais. O tema está evidente na narrativa: os olhares cruzados. Os pronomes somente depois dos verbos quebram um pouco a agilidade da sua contação de história. Reveja as ênclises. Em alguns lugares o uso da próclise é o mais indicado. Parabéns pela sua participação e boa sorte ao seu conto.

  11. Anna Carolina Gomes Toledo

    Adorei o clima de tensão e a promessa de um contexto misturando malícia e investigação. Da para se interessar pelas personagens em pouco tempo, detalhes sutis mostram fraquezas e certa individualidade. Sua escolha de palavras para descrever é bastante convidativa e a certa artificiailidade dos diálogos parece combinar com a ambientação (saí um pouquinho da história na referência a série que meio que pontuou a história numa realidade num curto espaço de tempo). Provavelmente leria muito mais dessa história, apesar de que o conto está redondinho e conclui com uma resolução na medida certa.

  12. Antonius Poppelaars

    Um conto policial como deve ser; o leitor fica interessado no que vai acontecer, não querendo parar a leitura. Mas fiquei com algumas duvidas. Lorena ataca Leila (então a si mesma) e Alex: “com uma pancada em cada um, deixo–os estendidos no chão, sem que sequer eles percebam o que os atingiu. Fito os corpos inconscientes”. Então Lorena não deveria estar inconsciente também? E ainda, Lorena / Leila quer “terminar o serviço de uma vez”, ou seja, matar Cássia e entra na sala onde Cássia está hospitalizada. Não entendi como Lorena / Leila, sendo inconsciente, pode fazer isso?

  13. BRUNO HENRIQUE DA CUNHA

    A trama é ágil mesmo com seus tiques de ”tradução direta do inglês”, sabendo equilibrar bem a sensualidade e o caos – ambos amparados pela deliciosa ambientação. O conto por vezes resvala no novelesco, mas a intercalação de estilos narrativos mantém sempre o interesse.
    Nota: 7,0

  14. Muito bom! Um conto policial, bem feito, com clima noir e dentro do tema, mostrando os pontos de vista de Leila e Lorena.
    Incomodou um pouco o uso de ênclises, que, em alguns momentos, soaram artificiais e atrapalharam a fluidez do texto. Bem como a forma fácil como as provas foram obtidas. De que maneira o barman as conseguiu?
    Fora estes pequenos poréns, gostei muito do texto. É uma história ágil e bem contada, com um final interessante que sugere que que Leila tivesse múltiplas personalidades. Será?
    Parabéns e boa sorte no desafio.

  15. Ana Luísa Manfrin Teixeira

    Muito interessante a história! A premissa e a contrução da narrativa estão muito bons mesmo!
    Conseguiu criar a atmosfera muito muito bem e deixar o leitor super envolvido e curioso. Gostei muito

  16. Teve umas partes que pareceram clichê, mas aí, vieram outras que foram muito originais e criativas. Mas o suspense e a resolução foram, como disseram aqui, arrebatadoras, gostei.

  17. Ótima e bem vinda subversão do tema “olhares cruzados.” O que fazer quando os “olhares” que se “cruzam” são os de nós com nos mesmos? O recurso do diário também se mostrou brilhante, apesar de em partes soar mais como pensamentos em solilóquio do que um real diário. A peça da revelação final – a mudança do bartender – poderia ter tido mais impacto se menos abrupta e mais conectada com a trama que, até o momento, apenas se revelava pelas ações da nossa personagem principal. Penso, sem, claro, pretender dizer o que a autora deve ou não fazer, que a estrutura do mistério poderia ser reapropriada para um bom romance, onde cada uma das partes pudesse ser mais penetrantemente estendidas. Acho que esse é o meio jeito enrolado de dizer que queria mais e por mais tempo rs.
    Nota: 8

  18. Que história interessante, e digo, é um ótimo mistério e se alguém acha que os elementos não dialogam, melhor ler novamente.
    Acho o sexo entre o bar e o diário bem desnecessário. Não gosto dessa onda, mas chega de defender a questão da sutileza! O texto tem trama e subtrama, pontos de virada e muitas boas referências ao longo dele.
    A visão da autora é um elemento bem marcante, apesar de não ser invasivo. Talvez por ser um estilo no qual costume escrever. Quanto a composição o texto está perfeito.
    A referência: “Ela tinha o teu fantasma quando a conheci” (Bruna Lombardi, “Ela”), me lembrou as história do Poe, que podem ter vários títulos, nomes e faces, mas são sobre a mesma pessoa (…), Ligeia, Eleonora, Morella e Berenice — apesar de podermos citar A queda da casa dos Usher e Enterramento Prematuro –, tratam dessa delicada questão do medo (algo recorrente na obra do autor), do querer ver e viver mais, o apego a vida; mas também pode servir de referência para muitas outras mensagens.

  19. antonio stegues batista

    Apesar das expressões repetidas em literatura, gostei da escrita em primeira pessoa, me lembra algo de Dashiell Hammett, o que torna os clichês sem importância. Não li o livro de Bruna Lombardi, portanto não sei as referências. Também não entendi a referência do dragão, que talvez tenha no livro. No presente conto, o dragão não faz nenhuma diferença, fica sem significado no argumento, ou talvez eu é que não captei a mensagem. Achei estranha a força física da policial Leila, até pensei que fosse um androide, já que a ambientação tem algo de stempunk, uma sugestão de ficção científica. Mas se trata de dupla personalidade, que serve como base para um horizonte de possibilidades. Acho que você trocou o nome do personagem Louis pelo de Alex, quando ele entrega o livro. No mais achei um excelente conto.

  20. Muito bom. Há um clima de mistério pairando sobre toda a narrativa e o arremate é digno de aplausos. Dupla personalidade bem delineada no subtexto e o toque do diário é “pulp”. Se o texto tivesse mais três ou quatro metáforas esparsas e aleatórias, poderia classificar como um Chandler autêntico. Parabéns e continue escrevendo.
    Ah, e Bruna é maravilhosa até mesmo se limitar-se a sorrir.

  21. Achei dentro do tema, dois pontos de vista sobre o crime. Para minha eterna vergonha não sabia que a atriz Bruna Lombardi era escritora. Como em outros contos vejo sexo e mais sexo. Não tinha adivinhado quem era o assassino, rsrs. Gostei da ambientação do conto, o bar que eu mudaria o nome para “Perigo do Dragão”. Adoro esses drinks. Boa sorte, gostei da história.

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