
O Estilista │ Gabriel Loureiro Amorim
Para mim, o mais impressionante em Gaurav é a capacidade que tem em conseguir adicionar mais e contornos às curvas da forma feminina. Nos seus trabalhos lida principalmente com cores e formas — assuntos considerados básicos, mas que, na verdade, requerem uma técnica afiada —, sabe gerar contraste e faz com que cada tipo de realce ganhe proporções únicas, saindo do convencional.
No seu olhar há uma acuidade de quem trata a moda como arte, e a arte como paixão. Seu trabalho é sua musa, ou mesmo, posso dizer que, cada criação dele é uma, e este panteão lhe devolve o olhar.
Isso foi em boa parte o que me atraiu quando decidi por começar a trabalhar aqui, apesar de que a adaptação não foi fácil. Para cada esboço que o apresentava, olhava de relance — ou pelo menos assim achava — e logo o descartava dizendo “a peça é boa, mas onde está a personalidade?” e isso por vezes seguidas.
Como ele poderia querer algo mais finalístico já nos esboços? Uma coisa é ele enviar um esboço direto para a confecção, mas como eu poderia fazer o mesmo? Essa dúvida chegava próxima de se transformar em ansiedade algumas vezes, porque mesmo melhorando continuava obtendo a mesma resposta.
Também me chocou, ao menos nas primeiras vezes, quando o trabalho que num momento inventava noutro já atravessava a mesa dos designers e as máquinas de costura. Entendi por que haviam picos de trabalho que afetavam o ritmo já frenético, que é comum no mundo da moda — não sei se imaginam como é confeccionar entre lançamentos; saber lidar com o estresse é exigência mínima nesse ramo, e saber lidar com os impulsos criativos do nosso estilista é outra, uma exclusiva para se trabalhar neste estúdio e, talvez mais importante que a primeira, se me permite dizer.
Lembro também de quando presenciei o que parecia o princípio de um motim. Como parte do meu trabalho é coordenar as atividades, me assustei, tomei um bom fôlego e fui preparado para o pior. O motim era um movimento rebelde, mas de forma alguma uma revolta.
Entendi porque nem todos suportavam esse ambiente, e porque os que falavam, de alguma forma, mal de Gaurav o faziam com alguma frustração.
Lembro também de um grupo de designers que, apoiando um deles que levava uma impressão, rumou à mesa do estilista. Nela, não trocaram uma palavra, apenas olhares. Era nítido que se tratava de um confronto. Gaurav recebeu e olhou a impressão durante algum tempo, um que pareceu muito por conta dos ares de tensão. Após deliberar consigo enquanto olhava a impressão por diversos ângulos, pegou um lápis e rabiscou algo nela. “Fará parte ainda deste lançamento. O que estão fazendo aqui? Levem isso para a confecção,” disse em tom solene enquanto o grupo comemorava como se tivessem conquistado uma montanha. O clima de euforia só foi diminuindo com o passar da semana — apesar de que o pessoal da costura não teve o mesmo tipo de emoção.
Cheguei a ver o esboço e digo que já havia apresentado muitas peças mais sofisticadas que aquela, mas admito que havia uma coisa que nas minhas definitivamente não se achava — a tal da “personalidade”. Mais do que uma boa peça, Gaurav cobra que elas tenham contornos, formas, um corpo, uma pessoa “própria”, digamos — nada fantasmagórico, mas que a peça desde o início dissesse para quem era.
Os que trabalham com ele são constantemente provocados a apresentar algo que o convença ou que ele mesmo possa admitir como algo que nem ele criaria. É do tipo que não sabe dizer “não” para um bom trabalho, e assim que põe as mãos em algum logo arranja um desfile, conjunto ou amostra para participar e apresentar a todos que pode.
Outra coisa que me impressionou, com o ocorrido, foi a questão de que além desses destemidos colaboradores poderem lançar suas criações sob a marca do estilista também podiam dizer, cheios de orgulho, que venceram o desafio do crítico mais exigente do mundo. Um desafio que não é para todos, mas todos os que o tentaram vencer sabem do quanto é estimulante, apesar de complicado.
Acho que está na hora e, nesse momento, todos devem estar agitadíssimos por conta do evento, então sorte a nossa que dessa vez é algo mais íntimo e de vocês por terem sido os escolhidos para fazerem a cobertura. Vamos para o salão.
“Pois veja bem esta foto e entenda o que quero dizer. A composição é boa, mas que o assunto seja melhor”. — Gaurav, apontando, referencia a linha invisível no corpo da modelo fotografada começando pela cintura indo até a anca e, dali, enfatiza com que suavidade deve ser tratada a curva do glúteo até os joelhos.
Aponta — com os dedos parece pincelar as curvas da modelo — indicando ao assistente o tipo de orientação que gostaria para os olhos de seus consumidores e entusiastas. Com grande sensibilidade estética busca riqueza em detalhes conforme as exigências do seu gênio. Ouvem-se algumas de suas frases mais memoráveis no salão onde acontece o evento, “para todo corpo há uma roupa”; “a fotografia é como um olhar fixo sobre o que há de belo, precisa ser bem feita”; “somos estilistas e artesãos do corpo humano”; “a beleza que nossas beldades aqui se esforçam por manter, tem que ser bem apresentada”.
Observa todo o salão para orientar seus colaboradores, quer apoiar as atividades e fazer do próprio evento algo digno do orgulho de um cerimonialista.
Vejam bem, em primeira mão, esse é ele. Admite bem a crítica e a criatividade, gosta de desafios, não se importa com rivalidades e alguma dose de rebeldia. Sabe que o trabalho da moda é o da reflexão sobre um tema de interesse e que na arte o trabalho das mãos é reflexo do trabalho da mente. O que não admite, ou melhor, que demite, é a falta de interesse e zelo pelo que se cria, tendo na apatia artística a pior das ofensas. Há quem não entenda essa questão, mas tenho certeza que isso já é claro para vocês. Alguém que cobra? Sim, mas um verdadeiro visionário buscando realizar anseios.
No seu estúdio há todo tipo de profissional e atividade relacionada a moda. É possível pensar nele como um laboratório ou uma exposição experimental contínua. Design, pintura, fotografia e costura são as atividades mais comuns.
Por trabalharmos essencialmente com o feminino, tudo dialoga com isso. Um passeio nos leva a um mar de texturas e tons de pele que atravessam nacionalidades indo ao banheiro.
Alguém precisa de algum tipo de seio para usar de tela viva? Precisa tomar notas para entender as perspectivas de um nu? É capaz do que procura esbarrar em você. Não se usam rótulos nesse lugar, o que há são escolhas estéticas e assim a simetria ou a falta dela são a mesma coisa. O macro e o micro são apenas porções — e quem não se interessa por um bom par de mamilos? Comportados ou arrebitados, rosados ou de tons escuros, todos eles chamam atenção.
A distância da separação e a concorrência dos arredondados, são todos bons temas de se trabalhar. E que não menosprezem o delgado que também é objeto de desejo, aliás, cada um deles, e não apenas dos homens. Há gotas o suficiente para uma temporada de chuvas e tantos sinos que deixariam as maiores catedrais do mundo sem ter o que dizer, boquiabertas.
Os glúteos também são obra a ser admirada. Peça que pode ser esculpida assim como outros músculos para nos apresentar uma firme expressão da saúde do corpo. O plano é plano de apresentação para a moda praia, ainda que os mais redondos insistam em roubar os olhares. A paixão de muitos está na marca que deixa claro que há ali um coração. E que ninguém se sinta diferente demais ou sem par, pois para cada tipo de glúteo há também um par de mãos – assunto que pode ser tratado em outro momento.
Não há significante sem significado, forma sem conteúdo ou geometria cuja medida também não seja medida de apreciação e prazer. Que atire a primeira pedra quem for ignorante a estes assuntos, que julgue infrutífera a pesquisa de Euclides e apenas veja lascívia no Édipo que Freud apresentou. Mas lembre de atirar essa pedra para cima, pois talvez caindo em si tenha algum tipo de epifania – ou aprenda com a lição.
Pelo busto se mede o contentamento e isso vai além de uma margem de fartura. Há justiça para o culote que, estando em boa medida — e para os que sabem dele se usar —, proporciona apoio ao equilíbrio geral, rigor às pernas, e um arrepio capaz de gerar brilho no olhar.
Gaurav é daqueles que consegue apalpar a arte sem ser com isso invasivo ou indelicado. Diz que a razão por trás de como faz as coisas vêm das suas experiências, em especial das que não consegue se livrar, apesar de que pode ser verdade que não quer se livrar.
Falando nelas, deve relembrar algumas em mais uma de suas palestras introdutórias. Por aqui, já conhecemos bem as histórias, tanto que, por vezes, nos antecipamos as suas falas. Diante de suas musas e dos artistas com quem trabalha, se sente à vontade para falar de suas inspirações — particularmente adoro esse tipo de momento; não são todos, dentre aqueles que consideramos grandes vultos, que mostram a razão de ser por trás de suas criações. E, muitas vezes, é essa a razão que responde como chegaram naquele resultado em seus trabalhos.
“Lembro sempre de um ou dois momentos que me são importantes,” diz o estilista atravessando um chão de artistas, antes de iniciar a sessão fotográfica da nova exposição. “Acreditam em coincidências? Eu não tenho o menor problema com isso. Podem chamar de destino se quiserem, mas há momentos na vida nos quais o amor e a paixão nos fazem visitas,” e pôs-se entre eles. “Quando ainda bem jovem, entrei despretensioso em uma papelaria, para fazer uma impressão. Fiz o que tinha para fazer, mas não sem conversar com uma menina que lá sentada fez com que eu lhe desse atenção. Num momento era alguém dentro de uma loja e noutro algum tipo de figura de inspiração. Aqueles anéis cristalinos ao redor da pupila me levaram diretamente àquela câmara interior. E lá estava eu, ainda que perdido em seu olhar,” volta a caminhar e então prossegue, “e quem não se lembra do olhar que um dia alguém, muito bem intencionado, lhe fez? Vocês sabem que há quem nos admire, ainda que por alguma infelicidade tenhamos nos desviado desse olhar e dessa pessoa. É daí que vem parte do meu ímpeto; a frustração por não saber aproveitar algo que nem reconheci como sendo algo bom, mas que gostaria de ter. Uma forte contradição, eu sei, mas que representa bem essa questão entre o querer e o ter, além do saber aproveitar”.
“Nas minhas criações, que são moda e arte, me encontrei ainda com outros olhares e musas. A partir disso foi que aprendi que estes meus olhos serviam para admirar de volta aquilo que por si já é belo e me olha. Tudo o que fazemos tem que ser admirável, pois já há essa qualidade nas coisas pelas quais nos interessamos e nos envolvemos, assim como esse evento. Não há nada aqui que seja sem valor. Vamos começar então”.
Se me pergunta o porquê dele ser assim, acredito que seja melhor tratar com o próprio. Sua definição de estética cruza tudo para ele, e ela é marcada por essa quase obsessão, atenção devotada e riqueza em detalhes.
Eu mesmo passei a acreditar que tudo pode ser objeto de arte se for tratado como um. Por isso, seja o que for, desenho, pintura, fotografia ou roupas, tudo o que fazemos aqui, tem que ser algo criado com um olhar próprio e capaz de dizer sua mensagem por si — algo que seja reconhecido por sua personalidade.
Neste texto vejo uma espécie de ensaio em forma de narrativa que não me parece um conto. Embora seja bem escrito, desenvolve-se como uma reflexão, dá parágrafos sequentes dedicados a caracterizar esse personagem que, na verdade, parece-me a descrição de um suposto “artista puro”. O monólogo tenta contemplar o tema, mas de uma maneira que me parece não entender o desafio, que mais consiste num recurso do que num tema. Assim sendo, vejo como um belo texto que na circunstância do certame sai desfavorecido.
Olá, SC Del Fuego
Você tem um excelente domínio da linguagem, que maneja muito bem. Talvez por isso aquele “pincela-se”, em lugar do “pincelasse”, me tenha deixado com os cabelos em pé. Mas depois não houve mais disso – felizmente, pois foi uma escorregadela valente.
Quanto ao texto, não é, definitivamente, um conto. Grande parte dele, poderia figurar em algum trabalho sobre o estilista (que decerto aprovaria tal endeusamento), ou até no catálogo de uma exposição, mas não um conto.
Consegui encontrar a troca de olhares nos diferentes exemplos que o próprio estilista aponta e até (embora se assemelhem) entre o olhar do estilista e do/a autor/a. É um recurso e é válido para o efeito.
Parabéns e boa sorte no desafio.
Del Fuego, que prosa excelente você tem. Cadência, uma bonita economia, frases encaixadas. Um prazer poder ter lido e relido o conto. Sou ligado em moda desde adolescente e sempre que esbarro com a história de um estilista leio com atenção. Gostei do patamar que o narrador – e o próprio também – o coloca, como um gênio, pois acho possível sim, uma genialidade artística surgir da moda e do design. Consegui, em poucos parágrafos, identificar algum contraste no personagem, o que é outro ponto positivo do seu narrador. Se estivesse lendo um romance sobre ele, continuaria a leitura. Lendo os comentários e suas respostas eu consegui entender sua proposta de “olhares cruzados”, realmente, ficou subjetivo, e sem sua explicação talvez fosse mesmo difícil de identificar. Mas, de um todo, é um excelente texto. Quero saber quem é você! Hahaha.
Gosto da sensação de ler uma história cujo o personagem entende profundamente sobre um assunto. Ao escritor, não basta saber um assunto para criar personagens assim, mas também ter um domínio das palavras e da forma com que esse assunto pode ser expresso direta e indiretamente. A sensação que tive é que a história é um grande monólogo (apesar do narrador ter seu espaço, não chega criar qualquer conflito com o protagonista, então soa como um mero expectador) e fala muito bem de um assunto, mas costumo esperar de um conto que haja uma divisão mínima de introdução, desenvolvimento e conclusão. Aqui enxergo uma gigantesca introdução, o que é uma pena, pois foi muito bem escrito e provavelmente estaria entre meus favoritos se não soasse incompleto.
A respeito do tema, enxergo dois olhares com muito esforço considerando a narração, mas é um aproveitamento do tema bem abaixo do que alguém que constrói um personagem tão bem poderia imaginar. De um modo geral, fico satisfeita ao fim da leitura, mas carrego a sensação de que poderia ser melhor.
Mais um conto alusivo ao tema “Olhares cruzados”, sendo que não o consigo categorizar como conto nem encontro ligação ao tema. Em termos simplistas, estamos perante um texto que explora as reflexões de um estilista apaixonado pela sua arte e que encara com normalidade o ato de apalpar os glúteos das modelos. Não consigo tirar mais “sumo” do texto que poderia ter sido mais desenvolvido, com uma estrutura da narrativa mais adequada ao género literário em causa.
No geral, é isso e daria uma boa sinopse não fosse a má interpretação sobre o apalpar.
Fosse assim as comparações sobre “gotas” e “sinos” também seriam estranhas.
É um recorte, um retrato de uma narrativa, um conto ou quase-conto sem conflito central, uma exposição que também considera como olhar que se cruza o do leitor com o texto, ainda que não seja exatamente o que se espera para o desafio. Uma experimentação bem sucedida.
Olá, Del Fuego, tudo bem?
A princípio, analiso a adequação (ou não) ao tema proposto pelo desafio: enredo que transite entre as perspectivas de dois ou mais personagens. No seu texto, identifiquei olhares diferentes: o do narradour que fala sobre o estilista e sua arte, e do próprio estilista na sua fala sobre si mesmo.
Não é um conto que narre uma série de ações, mas sim um retrato de um personagem e o parecer sobre a sua arte. Não há uma história, a não ser a exaltação do estilista. Há intimidade com a linguagem, embora exista também uma repetição de ideias e palavras que me pareceu desnecessária.
Alguns deslizes quanto à revisão:
referência a linha invisível > referência À linha invisível
Apontou como se pincela-se > apontou como se PINCELASSE
zelo > zêlo
os que sabem dele se usar > os que sabem dele usar OU os que sabem dele SE UTILIZAR
pŕoprio > PRÓPRIO
No mais, continue escrevendo e desenvolvendo suas ideias.
Parabéns pela participação no desafio e boa sorte!
Concordo. Por conta dos comentários já revi muitos desses pontos, mas resumiu bem aquilo no que esse texto precisa melhorar. Ótimo feedback.
Ei, Sc, cá estou eu depois de ler, reler e triler seu conto. Caramba, você escreve muito bem. As palavras me pareceram bem medidas, ponderadas e encaixadas no contexto. Realmente alguém que possui o domínio da língua e possui o dom de contar uma história. Parabéns. O que lamentei e aqui coloco o meu porém, é que senti que não houve uma adesão ao tema dos olhares cruzados. Sim, no seu texto você me traz os olhares que se cruzaram com o nosso personagem, a menina da sua juventude com os anéis cristalinos ao redor da sua pupila a conduzi-lo à sua alma. Ficou bonito isto, amiga. Ou seria amigo? Acho que há uma alma feminina por trás desse conto. Só ficou devendo isto. Mais uma vez parabéns pela sua criação artística. Quero ler agora os comentários para ver o impacto da sua escrita na “turma”.
Tudo tranquilo. Tendo oportunidade mostro a minha revisão. Retrabalhei o texto com base nos feedbacks. No geral mantive o que fiz aqui, mas encorpei bastante coisa para dar um peso e um ritmo mais narrativo.
Gaurav cruza os olhos com o trabalho e o nosso narrador (melhor trabalhado na revisão), que o observa, nos explica sobre ele — mas é o que a turma falou, não necessariamente, ele, cruzando o olhar com o protagonista, que creio era o que esperavam em parte. Até em relação a esse ponto acrescentei um momento mais direto, mas deixa quieto por enquanto.
Agradeço o comentário.
Inegavelmente bem escrito, o conto possui um vocabulário rico e uma interessante dosagem entre o lírico e o acadêmico. Entretanto, a aura mitológica do protagonista (o único personagem realmente esmiuçado) torna o texto frio, quase como uma biografia chapa-branca.
Nota: 6,5
Interessante falar “texto frio”, não é algo distante daquilo que este texto é. Parece que acertei na dose de beleza (lírico-prosa), mas também precisava de mais narração.
Essa primeira versão é assim mesmo, bem parcial e biográfica, o que acredito dá essa aura mítica.
Um texto bem escrito, bem construído, porém, não achei que se encaixou no tema “olhares cruzados.” Embora tenha uma certa descrição do personagem, mas pareceu a meu ver, um escultor do que apenas um estilista. Valeu pelo conto, continue a escrever.
Aqui tentei fazer do próprio texto (forma) algo escultural, essa característica é parte do intuito mesmo. É um conto sobre artes e um artista e o próprio texto é para refletir isso. Agradeço.
É um conto legal. Será que o estilista vai ver novamente esse olhar que perdeu? Amei a visão de mundo dele. A moda é para todos e existe beleza em cada detalhe de todos os corpos. O conto fez eu me sentir uma obra de arte, aliás fez eu me perceber assim porque nunca deixei de ser.
Agradeço, esse é o intuito do texto. Na revisão que fiz adicionei ainda outros detalhes ao nosso Estilista e o seu entorno, acredito que tenha ficado mais claro e narrativo, mas á princípio também tive os mesmos sentimentos, de que esse texto, do jeito que está, e como já falaram, parece uma pintura, quase uma metalinguagem sobre a beleza da arte.
Achei o conto de bom para médio. Sem dúvida o que mais chama a atenção é a escrita. O texto é muito bem escrito, não percebi erros e mostra ser de um escritor experiente. Há muitas frases bastante inspiradas,. No entanto, a falta de um clímax foi o que mais me desagradou. A estrutura dele também não lembra muito um conto e achei que o tema do desafio não foi executado. Boa sorte no desafio
Agradeço o comentário. Fico bem por saber que a escrita é algo que, no geral, agradou. Ainda tenho bastante caminho, estou definindo meu estilo texto a texto, mas o resultado desse foi bem satisfatório.
Como já comentei, “não tem clímax”. Esse primeiro escrito é como um retrato, um pequeno relato de um quadro maior. Não diria que tem jeito de crônica lírica, apesar de que também não é uma história aberta. Acho que deixarei as definições desse texto para o futuro eu.
Também revisei os olhares pelo texto, mas como a versão válida para o desafio é essa primeira, vamos com o que temos.
Achei o texto muito bem escrito e estruturado. O tema, tenho que admitir, não é dos meus favoritos, mas a maneira como foi colocado aqui em texto é muito interessante e peculiar (o que é uma característica muito boa a meu ver, já que o conto para mim precisa ser conciso e ter sempre um elemento surpresa seja no enredo ou no modo como é narrado).
Agradeço o comentário. Acredito que um dos nossos grandes trabalhos escrevendo é compor uma perspectiva, construir olhares. Foi o que busquei ao longo desse texto. Ele é prosa, mas é carregado de lirismo, desse tom poético e imaginativo.
Fico feliz de saber que também isso deu bem certo.
Não se preocupe com o tema em si — há temas que gostamos e que não gostamos, normal. Saber reconhecer os atributos de um bom texto mesmo assim é o que muitas vezes torna uma leitura agradável ou possível.
Achei uma bela ode ao feminino, uma reflexão sobre um estilista, mas, também, da profissão de estilista e o mundo da moda, realmente, a roupa faz parte da construção do belo e, acaba sendo, sim, também, uma arte. Bom texto. Abs.
Agradeço o comentário.
A princípio, foram todas essas as reflexões que eu busquei.
Olá, Sc del Fuego!
Normalmente começo meu comentário fazendo um resumo rápido do conto. Desta vez, entretanto, terei que ir por um caminho diferente pois, no meu entender, o que temos aqui não é um conto, e sim um artigo. E aí entra a dúvida: um artigo que versa sobre algo fictício, ainda é um artigo, ou torna-se um conto?
Minha formação é a de jornalista e encontrei neste texto uma quantidade muito grande de similaridades a um texto criado não para entreter, e sim para informar, como os que eu fazia eras atrás na redação de um jornal. E não só despejando dados e estatísticas, mas acrescentando o ponto de vista e a opinião do “técnico”, aquele que escreve, por isso a similaridade com o artigo.
Mas volto naquela dúvida inicial: artigo fictício, é conto? Digamos que sim, e vou analisar dessa forma. Bem escrito, bem arranjado, escolha frasal de quem tem intimidade com a escrita, embora há aqui e ali alguns deslizes gramaticais que não chegam a incomodar (“como se pincela-se”, por exemplo). Escapa da armadilha do tecnicismo e consegue se aproximar ao leitor comum. Tem ritmo interessante e não estende demais.
Por outro lado, a falta de conflito é algo decepcionante. Temos uma narrativa plana, um ponto de vista, que versa sobre o entendimento de outra pessoa, e não vamos além disso. Gaurav é o objeto e, mesmo expondo o seu ponto de vista sobre a fotografia, é parte desse mesmo objeto, fazendo do texto uma grande descrição.
Outro detalhe que aponto aqui é a falta de aderência ao tema. Temos o ponto de vista de Gaurav e as descrições do narrador. Mas elas não são conflitantes, e não são “cruzadas”. Não temos dois pontos de vista, e sim dois pontos com a mesma vista, uma inerente, e a outra descritiva, que nos levam à mesma compreensão.
Entendo que a escolha por essa formatação é um tanto quanto inesperada, e poderia surtir um efeito interessante, levando o conto a um patamar diferenciado na comparação com os outros textos participantes do desafio. Mas, sinceramente, acho que não funcionou.
Bom, é isso. Boa sorte no desafio!
Esse texto, como já disse, concordando com o que falaram, é um “retrato” e também gostaria de deixar ele mais narrativo, mais “conto”, apesar de eu ter gostado bastante do resultado.
Acho que está longe de ser um artigo. Calma que esse é o primeiro texto no Lume, se tivesse visto outros textos mesmos veria o que é “apelo científico”. Acredite quando eu digo que esse daqui está apenas polido, rsrs.
Creio que o texto esteja muito distante de um artigo e não vejo familiaridades com a crônica.
Se escreveu um texto desses e tem o costume de fazer pequenas considerações, fico lisonjeada. Quer dizer que há o que comentar ainda que apontando bastante.
Estou trabalhando nesse estilo mesclado, assim como fazendo outras experimentações; aprendendo e desenvolvendo bastante coisa à medida que eu participo desses desafios.
Agradeço o comentário.
Eu não sei se sou a melhor leitora para comentar algo sobre o texto. Ele é bem escrito, disso não resta dúvidas, mas o achei enfadonho e, para mim, o tema do desafio não está presente. Mas, como disse, talvez eu seja a leitora errada.
Enfadonho? Talvez seja questão de gosto, talvez. Ele é como uma ode à arte, na figura de um artista. O olhar que aponta é o da admiração — por um personagem-narrador que comenta como vê o estilista. Há também os olhares entre arte e artista, que é apresentado como algo místico, se posso dizer assim.
Há algo de abstrato no texto, que leva uma visão simples sobre o assunto.
Ninguém espera que o tema cole para todos, é assim mesmo e vida que segue.
Agradeço o comentário e por dizer que ele está bem escrito.
Depois de uma rápida pesquisa, descobri que Gaurav existe e este trabalho definitivamente me deixou interessado no trabalho dele. Um belamente tecido (perdão o trocadilho) discurso em ode a beleza sob o ponto de vista da moda e da estética. Mesmo o tema sendo uma pessoa, me pareceu muito mais uma elevação da beleza feminina, essa beleza que, como disse, é inerente a toda a humanidade. Contudo, sinto uma dificuldade em relacionar o texto com o tema do desafio. Me fez criar certas expectativas sobre o texto. No geral, sempre é ótima uma leitura que nos ensina algo novo de forma sublime.
Nota: 8,5
Agradeço o comentário. Para falar a verdade O Gaurav do texto não é exatamente o da vida real. A escolha do nome foi feita pelo significado e a personalidade feita com base no que seria um ponto em comum entre os grandes estilistas.
Essa versão do texto é bem lírica e se aproveita da própria estrutura para formar o “quadro” geral, coisa que mudei depois deixando minha revisão mais narrativa.
Bom saber que aqui já é possível ter uma ou outra novidade em novas leituras.
Um belo conto, bastante filosófico. Toda palavra é escolhida com cuidado e elegância. Gostei da referência à obra de Ferdinand de Saussure “Não há significante sem significado”.
Agradeço. Bem no meio do trabalho experimentei algumas referências e como realçam as comparações e olhares na narrativa decidi acrescentá-los por definitivo. Como há muitos autores que fazem esse tipo de enxerto queria ver como isso ficaria no resultado do meu.
Quando passei do terceiro parágrafo e continuei lendo sobre as qualidades do protagonista, fiquei em alerta. Percebi um erro na frase “Apontou como se pincela-se as curvas” (não seria “pincelasse”?). Outro em “um mar de texturas e tons de peles” (não seria “tons de pele”?). Algumas vírgulas mal colocadas e outras (poucas) inexistentes. No maior parágrafo, quase no final, quando Gaurav descreve seu encontro com a menina, por 17 vezes se repete o “que”. Excetuando-se isso, muito bem escrito e elaborado para uma crônica, na minha opinião. Falta um conflito, acho. Algo além daquele cantado pelo protagonista na frase “e quem não se lembra do olhar que um dia alguém, muito bem intencionado, lhe fez?” Se bem que, creio que não se quis dizer “fazer um olhar”. Continue escrevendo.
Essa primeira versão do conto parece um quadro, por isso fim questão de revisá-lo e encorpá-lo, já melhorou bastante nesses pontos que foram comentados — agradeço a todos.
Pincela-se ou pincelasse é problemático, a irregularidade (ou estranheza) dessa palavra é um desafio, mas mantive a primeira opção por ser, acredite, a menos transgressora.
Os que’s são bem naturais ao texto, creio, devem que te saltar aos olhos apenas pela sua atenção mesmo.
Vírgulas, assim como todo sinal, é uma questão estética. Há quem brigue por isso, mas a verdade é que a literatura pouco se importa com uma gramática rígida. Pegue os russos por exemplo, se a vírgula te é uma questão importante não vai gostar de ler nenhum Tchekhov, Todorov ou qualquer deles. Muitos escritores americanos modernos seguem a mesma tendência e falando de traduções não confie em nenhuma. Toda tradução é também uma revisão estilística a gosto do tradutor. Sinais não são tão importantes assim.
Um texto, que tem sabor de crônica, já comentei por aqui ao longo do desafio, não precisa se estabelecer em conflito. Muitas boas histórias, a exemplo da maioria das crônicas, lidam com muitos aspectos indeterminados, apesar de reconhecermos bem suas características (um texto que se faz por seu pretexto). Se tratarmos como um “conto do cotidiano” a premissa permanece, não há necessidade de um conflito.
Um texto, qualquer que seja, pode ou não apresentar conflito, suspense ou tensão como foco narrativo, e, veja, não que não existam em qualquer parte de um texto qualquer, mas podem nem ter ênfase. É aquela história da tia da Flannery O’Connor (relatado no livro do Piglia, Formas Breves, p.100), ela só acreditava que uma história tinha sentido se alguém se casasse ou morresse. E isso não passa de um mal-costume ou uma visão muito particular.
E se o Diabo vestisse Gaurav?
Segundo o “Gugu” – sim; eu tive a pachorra. – Gaurav é de origem Sânscrita e significa; honra, orgulho e ou respeito. Percebam que o nome dado à personagem, não foi por acaso. Enquanto lia o texto do amigo (a) autor (a), não pude deixar de visualizar em minha mente, a terrível e maravilhosa Miranda de “O Diabo veste Prada”. O texto trata muito elaboradamente de conceituar arte, forma e beleza em conexão direta com o feminino. E no meio disso tudo, fosse pouco, encontramos essa pérola magnífica : “Há gotas o suficiente para uma temporada de chuvas e tantos sinos que deixariam as maiores catedrais do mundo sem ter o que dizer, boquiabertos”. Parabéns e boa sorte!
Me diverti bastante com esse texto, especialmente pelas descrições do feminino. Tem algumas palavras que as pessoas deixam passar, mas que bom que captou a ideia. Gaurav é um nome bem proposital, nesse sentido mesmo. Como respondi nos outros comentários tudo foi feito para ser descritivo e impressionista. A retratação dos olhares aqui é dinâmica, mas sutil. Tudo é do jeito que os personagens enxergam, especialmente Gaurav e o narrador. Há uma mescla de muitos elementos e tentei dar a cada um deles uma “carga orgânica” para que também o texto, e a cena como um todo, fosse arte/retrato/quadro. Impressionista e metalinguístico? Talvez. Haha.
Gaurav Gupta existe, é um famoso estilista indiano.
Um texto bem escrito, uma longa elegia à beleza. O autor demonstra conhecimento e domínio da língua, não vi erros.
Porém, infelizmente, não atendeu ao tema proposto, que é trazer um enredo que transite pelo ponto de vista de dois ou mais personagens. A frase no final foi uma tentativa de colocá-lo no tema, mas receio que não tenha sido o suficiente. Na verdade, o texto é como uma lente de aumento sobre Gaurav e sobre suas visões a respeito de beleza e feminilidade. Somos expostos a todas as nuances do pensamento do estilista sobre o belo e sobre a arte.
Senti falta, também de um acontecimento, de uma crise, de alguma ação. O texto resultou muito explicativo, como a descrição de um quadro. E Gaurav é retratado como uma pessoa perfeita, um artista perfeito. É difícil criar empatia por um personagem sem mácula.
Isso dito, em minha opinião, é um ótimo texto, mas faltou alguma coisa.
Boa sorte no certame!
Eu diria como que as mesmas coisas que respondi para o Antônio.
É um texto, que considero, muito sutil. Apelo para o segundo parágrafo no qual os olhares cruzados principais se apresentam, mas eles não são os únicos. O narrador, apesar de não se revelar é alguém que o vê de perto, é alguém que trabalha com ele, que o admira e o exalta. Aqui tudo é bem idealizado e enviesado — impressionista. Mas essa é a proposta mesmo.
É tudo muito artístico, enviesado, estético e descritivo, mas esse foi o objetivo. Não há faltas, penso eu. É como um quadro ou uma cena, bem enviesada, mas de propósito.
Talvez eu possa, revisitando o texto, dar novos contornos e contrates mesmo. Gostei dos feedbacks quanto a isso.
Esse texto passa longe de ser conflituoso, mas muitos bons textos são assim. Nesse sentido gosto de lembrar dos microcontos, mas nos grandes gêneros narrativos, à exemplo da fantasia, do horror, da ficção científica, o que se trabalha é algo mais progressivo e não uma jornada do herói. Acho que o estilo clássico inclusive limita ou enfraquece o que poderia ser uma boa narrativa. Ha momentos para isso, mas não foi realmente o caso aqui.
Achei interessante o texto. É bastante conciso, mas talvez seja essa razão dos comentários. É muito bom e todo estilizado. A narrativa converge para a mesma coisa que é o amor pela arte.
O estilista admira a arte e há quem admire ele. É como se tivéssemos vários olhares, mas eles se voltam para uma mesma coisa, o resultado do trabalho no qual se esforçam.
Bate até uma curiosidade para saber se não tem mais, seja antes ou depois dessa cena, mas quando falo essa palavra, “cena”, é o que vejo que fez aqui.
O meio do texto é recheado de descrição, um estilo de que gosto, então pontos para você por isso. Não diria que foge do assunto, considerando que a arte do protagonista ocorre em volta do feminino, então tranquilo.
Realmente, há explicações no fim do texto, mas não sei dizer se são necessárias ou não. No caso, pode tentar, usando essa sua estilização toda, maquiar para dar tons mais naturais, mas no geral, o texto está ótimo.
É o que venho respondendo também nos outros comentários. Trabalhar com elementos mais sutis não é tarefa fácil, mas é algo a que devo me dedicar. Realmente, pus esse enxerto no final por via das dúvidas, porque o coração da coisa está nos dois primeiros parágrafos, especialmente do segundo que sendo muito romantizado pode parecer sem força, mas não é.
Fico na dúvida se fui muito ou pouco sutil, mas me parece que fui bastante. Também estou pensando sobre o quanto estamos ou não acostumados com esse tipo de texto. Pode não parecer profundo, mas na verdade escrevi quase como que dando pinceladas mesmos, aqui tudo é muito plastico e estético, mas feito com todo cuidado possível.
O conto se destaca por suas frases bem construídas, belas, ricamente estilizadas, engastadas milimetricamente. O que evidentemente combina com o personagem principal do conto, em um efeito de paralelismo bem interessante.
A técnica do autor de alternar descrição, diálogo, dissertação e narração, apesar de ser muito difícil, ficou muito bem elaborada, estilo Hemingway.
Os “olhares cruzados” são explicados no finalzinho “Há esse quê de culto ao feminino e um espírito de veneração que sustenta esse mesmo olhar que cruza com as musas de sua criação”. Bom, o regulamento garantiu “total liberdade” ao modo do autor alternar os olhares, portanto, o conto está claramente dentro do tema.
O português do autor é impecável, salvo um ou dois erros de digitação, já apontados pelo colega Stegues, mas que não comprometem nada.
E como disse Mário de Andrade, “conto é tudo que chamamos de conto”. Parabéns, bela criação. Um conto curto, mas de alto impacto.
Agradeço o comentário. No geral me esforcei para: deixar o texto tão sutil e impressionista quanto possível; enriquecer as descrições para que fossem todas unidades carregadas, de propósito, e cheias de valor ornamental; e tentei a difícil tarefa de mesclar o cenário, a cena e os personagens.
Busquei esse tal de alto impacto enquanto deixava tudo com um tom aparente de ser. Coisa complicada, principalmente a tentativa de transformar a arte dele em um personagem. Creio que cheguei onde queria, principalmente com aquele segundo parágrafo, mas quero melhorar essa questão de personalização do abstrato ou de elementos contextuais.
Não há muitos olhares no texto, apenas o olhar do narrador para o alfaiate, aliás, estilista, e deste para sua própria obra. O narrador anônimo inicia fazendo uma breve descrição do personagem em seu ateliê, mas não do seu passado, qual sua origem, sua história. Seria interessante uma minibiografia. Gustav é um nome de origem sueca, ou alemã, não sei ao certo. Nada mais se sabe sobre seu passado. A narrativa se alonga em divagações sobre moda e arte da alta costura num tom didático. Às vezes, nos autores, ocorremos no erro de escrever, e mostrar, nossos próprios pensamentos e não o do personagem (que seria certo) sem mesmo perceber. Esse fio que liga uma coisa à outra é muito sutil, mas sem relevância significativa. Quando há um diálogo, este é feito do personagem para um grupo de artistas como ele, e o que ele fala é justamente sobre suas criações, para o qual ele olha e todos olham. Cita o encontro com uma jovem e o olhar deles que se cruzam. Me pareceu que a entrada em cena dessa jovem, num enlevo incompreensível do estilista para afirmar algo tão obvio, justamente para se adequar ao tema. Nada contra, claro, ficou bom, uma bela cena. O conto está bem escrito, as frases bem-criadas, elaboradas, mas senti que faltou alguma coisa. Acho que há um erro na frase; “se pincela-se” Como não entendo muito de gramática, fico em dúvida quanto a isso.
Sempre gostei de arte em geral, pintura, escultura, cinema, teatro e também moda. Fiquei fascinado pela história de Gabrielle Bonheur Chanel, mais conhecida como Coco Chanel. Me apaixonei por ela, mas infelizmente Coco já estava comprometida com Demétrio Pavlovich.
Por certo, o estilista aqui é o mais importante e o resto é reflexo do olhar dele. O texto é conciso, mas completo, nesse sentido. A pequenez que sentem no texto é impressão. Como apenas a visão de Gaurav é retrata temos apenas, ou principalmente, a visão dele das coisas e do nosso narrador que o admira. Tudo aqui é enviesado, e isso foi proposital. Diria que fui bastante e conscientemente “impressionista”, haha.
Gostei da ideia da minibiografia, deve ficar melhor do que o enxerto que fiz no final. Busquei tanta sutileza quanto pude. Os dois primeiros parágrafos são de longe os mais importantes e até pego emprestado o que a Kelly apontou, esse texto é também uma pintura, mas foi feito para ser assim.
Realmente é um texto sem conflitos ou divagações, mas creio que bons textos não dependem de uma jornada do herói. O que posso fazer numa revisão ou próxima vez é aumentar os contrastes. Vocês me fizeram pensar em algo interessante: mesmo não havendo conflitos (diretos) seria bom deixar algo aparente, ao menos.
O segundo parágrafo será o meu apelo — quanto aos olhares cruzados. A arte dele também é um personagem e, como personagem, lhe retorna o olhar, mesmo que seja um reflexo enviesado.
Quanto a gramática os “se’s” não são conflitantes nem nada.