
O casal do apartamento 321 │ Andreas Chamorro
1.
Ana Júlia chegou e eu ainda estou no banho ensaboado. Pensando no que vinha pensando o dia todo, no que quase não me deixou trabalhar, que roubou todos os meus momentos de distração, todas as vezes que hoje olhei algum canto de parede, nas conversas, cheguei a olhar para os caras, para Alberto, e Chaves, e Gustavo, e pensar nisso, pensar nos gestos permitidos num ménage a trois, se gestos é o certo, quais atitudes, pronto, atitudes, qual a ética do ménage? Que porra, eu lá pensar em ética e trepada a três. Se bem que tem e nem falo da ética de casal, que isso está resolvido com a Jane. É que é foda transar com outra mulher depois que você se acostumou com o corpo daquela que você transa há anos, e tem também o fato que traí a Jane tem mais de seis anos, e mais de seis anos que não sei o que é o corpo e a linguagem do corpo de outra mulher. Estou perdido de novo, como um virgem, onde e quando eu ponho a mão, e vão ser quatro mãos, quatro pernas, quatro buracos. Muita coisa. Esfrego esfrego, e já acho é que sou um puta de um frouxão achando que sustentaria duas. Um mané! Quer saber. Onde que é fácil? Mas, agora vou ter que bancar e vou ter que sair do banho e vou ter que olhar para a Ana Júlia e cumprimentar ela com beijinho no rosto como sempre, com carinho e distância, uma distância bem pequena, mas uma distância, porque ela é amiga da Jane, pô! Sempre foi. E cumprimentar a Ana Júlia vai ser estranho, porque hoje tem uma ideia e a ideia estará flutuando invisível sobre as nossas cabeças, então vai ser um beijinho no rosto diferente, ou devo já chegar e beijar a boca dela e dar um empurrão contra a parede e excitar a Jane de uma vez e fazer o machão e a performance de machão de uma vez e acabar com isso? Eu quero acabar rápido? Porra, sempre tive uma queda pela Ana Júlia, sempre que quis apertar aquele corpinho sobre o meu. Desde o colégio, pai. Não quero acabar rápido porra nenhuma. Mas, é que também tem essa outra coisa que está perturbando o meu dia além do que que a gente faz na porra de um ménage, que é um medo, sim, é isso mesmo, é medo que a Jane dê um show, ou se a Jane começar a fazer as caretas delas, e se a Jane também demonstrar que está mais interessada na Ana Júlia, ela vai me atrapalhar? Porra, e eu tenho que sair desse banheiro. Espera, Jane, não precisa bater também. Espera, espera, porra. Eu já saio.
2.
Na época eu não reclamei, o problema é que não lembro do gosto. E se eu repetisse tudo na minha cabeça, lembro do céu bem escuro, já era noite, talvez fosse noite de verão, era fevereiro, é, era sim, a gente tinha vontade de férias não fazia muito tempo e essas férias eram as férias de janeiro, e lá fomos nós na pracinha, sentamos, e quase todo mundo via todo mundo porque nessa praça tinha um banco meio circular, e foi lá que sentei com a Yuri. Bem, é, é isso, a cena é essa. E a Yuri pegou nos meus peitos e eu beijei aquela boquinha pequena, como era costume nos nossos pegas, e ela também colocou a mão na minha xota, e eu coloquei na dela. Foi nessa noite que eu experimentei o lança perfume pela primeira vez? É, foi sim, e foi da mão de Maicon, ele que me estendeu a latinha de coca, e depois que inspirei aquele negócio eu beijei a Yuri, mas não senti muito gosto, e ela experimentou também, e aí o beijo teve gosto, mas por que eu não lembro do gosto de outra boceta mas lembro do gosto amargo do beijo de lança perfume? Acho que estou me esforçando demais por uma coisa boba, porque é, é isso, mesmo que eu tive uma experiência só lésbica nessa época de adolescente, isso não significa que não saberei gosto de algo que eu tenho. Poxa, toda mulher já se experimentou. Não deve ter sido só eu. Acho que a Ana já falou para mim que gosta de sentir seu próprio gosto quando o boy mete e ela se masturba. Ai, que inferno pensar nisso tudo. Preferia que o Leandro não tivesse tomando banho logo agora, tomasse mais cedo, poxa, se tivesse aqui pelo menos a gente conversava e eu me distraía e não pensava nisso. Estou fazendo isso por mim. Já falei e não sei porque fico repetindo isso a mim mesma feito louca. Eu, antes de falar para a terapeuta do meu desejo por outras mulheres, já tinha falado assim, na cabeça, para mim mesma. O problema é. O problema. Viu, não consigo, isso não consigo. Será? Vai. É, inferno, eu acho que a Ana não é o tipo de mulher que me agrada. E será que vou ter que pensar que eu e o Leandro estamos transando com outra? O tipo que eu gosto? Que eu acho que eu gosto. Que eu acho que eu tenho certeza que eu gosto. É, eu gosto sim. Queria sim. Uma. Ai, Leandro, que não sai dessa porra desse banho. Será que ele tá vendo pornô? Vendo pornô de ménage para se inspirar. Ah, eu também fiz isso. Mas fiz isso três dias atrás, um, dois anos atrás. É, eu tenho que admitir para mim mesma que há tempos quero isso, e que já fantasiei com isso. É, fantasiei, sim. Com uma fanchona? Ai, ai, Janaína. Isso, louca, ri de você mesma. Palhaça. Uma fanchona. Que palavra, onde ouvi só Deus sabe. Mas, é isso. E Ana não é isso. Leandro jamais faria um a três com o tipo de mulher que imagino lambendo e enfiando o dedo na minha xota. Se ele soubesse aí que o casamento ia para o ralo mesmo. É, isso que é foda. Não é foda termos que transar a três, é que transar a três demonstra o quão gasto está nosso casamento. Jesus, como mostra! Mas, por que, tem hora, como agora, se eu conseguir forçar vou achar a parte onde sinto isso em mim, a hora em que não penso que isso é salvação de casamento algum, porque eu quis isso, já fantasiei muito, e Leandro, será? Já pensei tanto nisso, se ele já fantasiou também. Será que ele tá assistindo alguma coisa? Banho demorado. Ou é medo? Seria é engraçado se o Leandro brochasse bem na hora. Eu ia ficar só com a Ana, imaginando que ela é a lésbica de cabelo curto loira que eu sempre imaginei me comendo.
Putz, é ela.
Ela é bonita, não tem como dizer que não é. Olha, o cabelo, diferente de semana passada, fez alguma coisa. É a raiz. Fez a raiz. E a unha? Outra cor. A boca, a boca está com gloss, é, até que dá vontade de beijar mesmo. É que beijo de mulher é doce, e o beijo da Yuri não era doce, e nem porque a gente baforou lança naquele dia, mas no dia a dia, ela era um hominho, ah, era. E não tinha o beijo doce.
Leandro? No banho.
Vai ficar demorando, ele, por quê?
Verdade, né. Deixa eu ir lá chamar ele.
3.
Esse foi um dos vídeos que mais assisti e, caralho, olha como meu pau fica duro de pensar nesse. É, moleque, o pai vai realizar aquela vontade. Enquanto uma senta de frente a outra senta na minha boca. Até deixo de lado a minha vontade maior de Ana Júlia só para viver essa cena. Vou copiar, nem acredito. Jane já tá com a mão no meu pau. Não, beleza, ele tá durão, mas durão porque tô com esses peitos da Ana Júlia na mão. Por que, porra, a cabeça da gente não para nem no sexo.
[Um homem de músculos intumescidos e pele queimada segura o rosto e beija com sede uma jovem de cabelos compridos e louros, esguia e mais baixa que a mulher de cabelos escuros às suas costas, massageando um de seus mamilos por baixo da camiseta e seu membro por dentro da calça]
Chega a ser engraçado pensar isso e nem tira o tesão, mas beijar de olho fechado, certa hora parece é a mesma mulher. Vai saber, para o cérebro a parceira é sempre a potencial mesmíssima? Porra, que Jane já quer tirar minha camiseta. Apesar que. É, é, porque agora eu posso fazer isso mesmo, tirar a blusa da Ana Júlia devagar e li-be-rar esses, isso, esses peitos. Poxa, é Deus, se existir Deus, ele é isso aqui. Ou sua cara deve ser próxima da sensação que é isso aqui. Tô olhando ela e ela tá me olhando, olho ela e ela tá olhando a Jane atrás de mim. Porra, olha para mim, vê que eu tô vendo esses peitinhos. Ah, quer saber.
[o homem se desvencilha da mulher loura e a impele a beijar a outra. Então, se posiciona atrás da loura. Levanta sua saia]
Não, eu não aceito. Eu é que vou comandar essa porra.
4.
Fechar o olho é melhor. E faço isso desde pequena. Porque quando eu fecho o olho tudo pode sumir. O problema pode sumir. O papai podia sumir. E Ana some e o Leandro some. Mas, não, o Leandro, não. Abrir o olho e ver que é uma ideia má, porque como vou sentir tesão na Ana se agora não tem? Ficar pegando no Leandro. Eu estar aqui é ruim? Nem sei. Penso nisso agora. Será que a Ana na cabeça dela. Será? O que ela pensa? Talvez julga que eu quero fazer suspense? Ficar pegando no Leandro assim. Já nem gosto como antes. Mas, até que de olho fechado é gostoso. Dá um tesão mas tem a má ideia ali do outro lado se eu abrir o olho.
[Um homem de músculos intumescidos e pele queimada segura o rosto e beija com sede uma jovem de cabelos compridos e louros, esguia e mais baixa que a mulher de cabelos escuros às suas costas, massageando um de seus mamilos por baixo da camiseta e seu membro por dentro da calça]
Eu não tô acreditando que o Leandro tá com o pau duro desse jeito. Ele tinha tesão guardado pela Ana? Eu imaginei. Nem sei por que tô surpresa agora. E por que estou exatamente gostando? É que não tá ruim. Não tá ruim sentir ele assim com a má ideia ali, beijando a boca da má ideia. Ah, é claro, é só abrir o olho para ver que ele já tirou a blusa da má ideia. Ele quer ver os peitos da má ideia como devia estar imaginando há meses. Quantos meses que Ana veio aqui em casa a primeira vez? Devia ter deixado Ana só como amiga de infância mesmo. Mas, foi eu que sugeri ela, não foi? Devia ter pego uma desconhecida como o Leandro sugeriu. E eu poderia ter escolhido uma mulher com mais cara de lésbica, vai saber o Leandro não reclamasse, talvez não desconfiasse de meu gosto como tanto acho que ele faria. Mas, espera aí?
[o homem se desvencilha da mulher loura e a impele a beijar a outra. Então, se posiciona atrás da loura. Levanta sua saia]
Onde ele vai? Ele vai por ela de quatro? Ela me beijar? Agora? Não, eu não quero a Ana.
Não, eu não aceito. Eu não quero beijar a Ana.
5.
Dona Marisa se divorciou de seu José Carlos quando Janaína tinha oito anos. Janaína e Ana Júlia eram colegas de classe e melhores amigas. A dona Marisa depois que se separou reagiu à vida, transformou a aparência, fez amigas, se aproximou da mãe de Ana Júlia, divorciada cinco anos antes, e vendeu a casa. Se mudou com Janaína para um apartamento e lá que a paixão de Ana Júlia pela amiga se aflorou.
O dia mais especial foi um dia claro, o sol vinha forte da janela mas entrava junto com o vento, de modo a balançar as pesadas cortinas e os cabelos escuros de Janaína. Desde o momento em que colocasse o pé na calçada, enquanto caminhasse os cinco metros, entrasse pelo portão após liberada pelo porteiro, cruzasse a recepção e esperasse o elevador, até sumir no apartamento 321, Janaína pensaria no dia mais especial e em seu sol e vento forte e no rosto da amada iluminado como uma máscara e os cabelos esvoaçantes como faixas de voil preto.
A cabeça de Ana Júlia, nos últimos quinze minutos, não estava dentro do carro. A música que saía do console não a atraía, as intromissões do motorista de aplicativo não a distraíram, a cidade vista da janela era um borrão ignorado. Só existia, para si e em si, aquele período da infância quando a mãe da Janaína separou do marido horrível dela, e se aproximou da sua mãe e, consequentemente, ela se aproximou mais do que já tinha sido possível se aproximar de sua melhor amiga. Só existia isso. Como vinha existindo nos jardins de seus desejos há vinte, vinte e dois anos.
Pensava colorido, pensava com doçura. Sorria, e o escuro do carro não denunciava. Porém, nos crespos do pensamento, onde via mas não queria ver, sabia que tinha arquitetado o caminho que culminou no que aconteceria nessa noite. Vinha sendo testemunha auricular da decrepitude do casamento perfeito de Janaína Dantas Lopes, e nem era uma decrepitude recente; testemunhou toda a decrepitude. Desde a primeira rachadura, que ainda não conhecesse o rosto de Leandro mas soubesse pelas palavras, desde o primeiro corisco, Ana Júlia estava lá. E como uma maestrina, ditou à Janaína, disse sim e não, vá e não vá, onde e não ela poderia rebocar. Talvez essa rachadura você passe por cima. Essa outra não, você tem que deixar exposta. Arquitetou sim, ela pensou assim que o carro estacionou na porta do condomínio, arquitetou. Mas, para quê?
Lembrou do dia especial. Andou até o portão preto. O barulho elétrico ao menos a tirou o sorriso escuro. Via com nitidez dentro de si os rostos de Janaína. Janaína aos nove e ao vento, Janaína aos onze sob aplausos no Show de Talentos, Janaína aos treze beijando um menino, Janaína aos quinze beijando uma menina, Janaína aos vinte e um casando com o menino do 3ºC.
Nesse momento, Ana Júlia, sem se olhar no espelho pendurado na parede ao lado, apertou o botão do décimo-quarto andar. Seu coração parecia estar em queda livre. E soube que viu inúmeras Janaínas. Porém, não vira uma Janaína nos seus lábios, ou uma Janaína que a declarara sentimentos amorosos ou esteve nos seus braços como sua mulher. As duas folhas da porta do elevador abriram como uma oportunidade.
À porta do 321, a queda do coração achou o chão. Bateu.
Achei o conto muito bem escrito. Envolvente e interessantemente contado. Tenho que dizer que não é meu tema favorito, e que também não seria o tipo de conto que eu normalmente consumiria como leitora. Mas há seu público. Dentro do tema e bem escrito de uma maneira geral.
Adorei este conto. A nível de trama, envolve desde o princípio quando confronta as expectativas do casal para uma situação que está prestes a acontecer, fazendo a imersão na confusão de pensamentos deles ser algo instigante para o restante da leitura, com uma reviravolta notável ao nos trazer a terceira perspectiva que não dá a volta só no conto, mas também no tempo, redefinindo a relação Janaína-Ana Júlia e aprofundando essa personagem que até então era só vista, mas não via. Ainda no mérito do desenvolvimento da narrativa, o equilíbrio entre pensamento e ação está certeiro, cumprimento a perspectiva de Leandro que é pontuada de inseguranças, primeiramente dando acesso à sua mente pelo leitor, enquanto no segundo momento a narrativa é mais ação e também seus pensamentos são absorvidos pelo ambiente, enquanto com Janaína continuamos em sua mente, agora consumida por um misto de prazer e arrependimento. Sobre o tema, não preciso dizer, adequou-se e mostrou domínio de narrativa. Um ou outro erro de revisão, nada notável.
Olá, Senhora Lurdes
Na verdade, o conto está bem montado e corresponde ao tema, ao apresentar o ponto de vista dos três elementos envolvidos no ménage e expondo as inseguranças de cada um dos elementos do casal que, afinal, está a ser manipulado por um terceiro elemento. É um conto bastante erotizado, sem resvalar para o vulgar.
No geral é uma boa história e tem um belo final.
Parabéns e boa sorte no desafio.
Gosto das perspectivas, de como cada uma delas vai ganhando camadas a medida que o ménage evolui. Apesar de narrar uma cena erótica, o contexto é triste e isso equilibra a emoções durante a leitura e se não houvesse ruma certo abuso das descrições, perderia um certo brilho decorrente dos contrastes. Os três personagens são interessantes e o tema foi muito bem explorado. Alguns trechos soam meio artificiais, mas é provavelmente uma questão de personalidade que me incomoda do que um problema narrativo de verdade. No geral, é um bom conto .
Olá. Este é o primeiro conto que leio neste desafio subordinado ao tema “erótico”. Se o tema não é esse, devia ser, porque o conto se enquadraria da melhor forma. É quase perfeito na forma como narra as indecisões de um trio. Diz-se que a vida não é a preto e branco, mas sim a cores. Não existem apenas dois tipos de decisão, o sim e o não, o hetero e o homo. Existe uma panóplia de diferentes formas de sentir, e este texto aborda precisamente isto. O que é o casamento e a amizade, onde se traça a separação entre o que as pessoas querem e o que a sociedade está disposta a encarar?
Se o conto se dispõe a falar sobre isto, o desenvolvimento é algo confuso, com frases que parecem lançar-nos em sentidos que posteriormente são cancelados. O final fica em aberto e, se não fosse o título, não saberíamos se realmente Ana Júlia se iria juntar à festa.
Que conto triste. A solidão de um final de casamento (não vou escrever decrepitude porque acho que sairia do contexto). Que conto bonito. Escrever sobre a solidão é difícil e você soube fazer isto num fluxo de consciência que gostei bastante. Gostei das frases entre colchetes que entendi eram do filme pornográfico. Seu jeito de escrever é bem leve e o conto traz um erotismo que a vida também nos apresenta. Cuidado com repetições, há algumas por aí. Também chamo a atenção para o “boca dela” um cacófato que não ajuda a narrativa. Gostei dos olhares que se cruzam mas não dialogam. Daí a tremenda solidão, né? A frase que fecha o texto faz isto com maestria. Um final estupendo. Parabéns, sra Lurdes (apesar de que achei que essa fanta é coca-cola, kkkk) pelo belo conto. Não gosto de ler os comentários antes de comentar. Curioso com o que se escreveu a respeito da sua história. Com certeza que foi bem avaliada.
Que conto triste. A solidão de um final de casamento (não vou escrever decrepitude porque acho que sairia do contexto). Que conto bonito. Escrever sobre a solidão é difícil e você soube fazer isto num fluxo de consciência que gostei bastante. Gostei das frases entre colchetes que entendi eram do filme pornográfico. Seu jeito de escrever é bem leve e o conto traz um erotismo que a vida também nos apresenta. Cuidado com repetições, há algumas por aí. Também chamo a atenção para o “boca dela” um cacófato que não ajuda a narrativa. Gostei dos olhares que se cruzam mas não dialogam. Daí a tremenda solidão, né? A frase que fecha o texto faz isto com maestria. Um final estupendo. Parabéns, sra Lurdes (apesar de que achei que essa fanta é coca-cola, kkkk) pelo belo conto. Não gosto de ler os comentários antes de comentar. Curioso com o que se escreveu a respeito da sua história. Com certeza que foi bem avaliada. O final é estupendoNão gosto de ler os comentários antes de comentar e
A fluidez do conto conduz bem os dilemas dos personagens misturados às suas taras. Chama a atenção a abordagem do coletivo em um ato que tradicionalmente se resume a dois, por mais que a abordagem traga certa redundância. Em termos narrativos, o final é sua porção mais encorpada.
Nota: 7,0
O conto é bem intenso, mostra os desejos carnais escondidos por trás de um casamento por conveniência (ao meu ver, claro), se existe na vida real? Claro. Só achei que houve muita repetição de palavras e termos a exemplo de: a má ideia, isso ocorreu no início do texto, mas como um todo, achei o conto legal, acho que não fugiu ao tema. Parabéns!
Bem escrito. Me fez pensar sobre as loucuras da vida adulta. Será que eles queriam mesmo? Será que fez sentido? Será que eles se sentiram bem no momento. Talvez não fosse a melhor forma de resolver a situação ou não se quisesse resolver nada …..
Olá, Sra. Lourdes, tudo bem? Gostei do conto. O tema do desafio está bem explícito. Achei interessante o modo como optou por narrar em primeira pessoa a perspectiva do Leandro e da Janaína; e em terceira pessoa a de Ana Júlia.
É um texto interessante sobre escolhas, amores, sexo, indecisão, a vida é isso, eu, particularmente, não gosto da palavra xoxota, eu prefiro boceta, mas assim, o uso da palavra não me incomoda, gostei do conto. A parte que eu mais gostei foi a da Ana Júlia que esclarece os momentos anteriores do ménage e do fim do casamento e trouxe um pouco de amor mesmo pro texto, o que tava faltando no matrimônio do casal e acabou sendo o fim dele. Pena que Janaína não correspondeu, mas acontece. Abraço, Sra Lourdes.
Olá, Sr. Lurdes.
Conto sobre as expectativas e a realização de um ménage a trois, do casal Leandro e Janaína com a “intrusa” Ana Julia.
Gostei bastante da forma como o conto foi montado, intercalando os pensamentos de Leandro e Janaína, buscando nos pensamentos de cada um as formas e as justificativas para levar aquilo adiante. E o remate, interessante, com a sacada de tudo ter sido orquestrado por aquele terceiro elemento, Ana Julia. O enredo, embora simples, é confeitado por uma linguagem simples, ágil (sobretudo nas partes destinadas a Leandro e Janaína) e que funciona muito bem para o drama que se desenvolve na cabeça do casal. Por outro lado, gostaria que as intercalações entre os dois fossem mais frequentes, para que os fluxos de pensamentos de cada um deles não ficassem tão densos entre cada divisão.
Na parte gramatical peguei poucas coisas que realmente geraram ruído durante a leitura. Um “foi eu” nos pensamentos de Janaína, um “lança perfume” que ficou sem hífen e, talvez, uma divisão maior com vírgulas em alguns trechos (embora, talvez, a ideia fosse mesmo deixar o fluxo de pensamento correr solto, sem amarras).
O tema do desafio está claro e óbvio. E há uma quebra grande entre os dois primeiros personagens e Ana Julia. Temos o ponto de vista dos três, com a variação aí de que no trecho dedicado à Ana Júlia é o narrador em terceira pessoa que assume a história. E o contraste entre os textos é enorme. Saímos de um “ele vai por ela de quatro” para um “testemunha auricular da decrepitude” de forma meio brusca. E percebe-se uma certa frieza nesse narrador em terceira pessoa, aquela frieza óbvia de quem não está envolvido com o evento, mas sim apenas relatando os fatos. E não me pareceu que Ana estava, de fato, sendo fria, o que me faz achar que o tom adotado na última parte não combinou muito bem com o arremate.
Mas, no geral, achei que se trata de um conto agradável e acredito que terá boa aceitação.
É isso, boa sorte no desafio!
Bom conto. O tema do desafio foi bem empregado. O enredo é simples e certeiro, dois olhares de uma mesma história, e depois uma conclusão. Os personagens são bons, tem um lance do pai da Janaína que deixa no ar que ele, talvez, abusasse dela ou agredisse a mãe. Não ficou claro. O erotismo foi bem usado. Também achei que as duas frases que aparecem entre aspas, talvez de algum filme passando na TV, enquanto acontece o ménage, ficaram deslocadas. O conto é narrado em fluxo de consciência e por isso há tantas repetições, achei que foi bem conduzido e não me atrapalhou em nada. Senti somente falta de mais emoção, como já disseram poderia ter mudado a forma narrativa de um dos personagens e dado um pouco mais de sentimento no contar. O conto não me cativou o suficiente para achá-lo muito bom. Boa sorte no desafio.
Interessante, porém telegrafado demais. Os personagens parecem nos contar a história mais do que a história acontece. O trecho entre colchetes parece deslocadíssimo, como se tudo se torna-se um roteiro de cena. O tema e a forma são jovens, mas me parece “cru” demais, acho que poderia ser mais polido para que, principalmente se tratando de uma trama erótica, sentíssemos como se vivenciássemos a cena. Em outras palavras, sinto mais que alguém me contava sobre uma experiência que teve do que, de fato, estivesse vivendo aquela experiência. A narração número 2 é, de longe, a mais interessante, demonstrando bem as dúvidas e nervosismos da personagem. Nota: 6
Olá, Senhora Lurdes, tudo bem?
Antes de mais nada, analiso se o tema proposto pelo desafio foi abordado: olhares cruzados. Sim, o conto apresenta mais de um olhar para a mesma situação – Leandro,Ana Júlia, Jane/Janaína.
– apertar aquele corpinho sobre o meu > apertar aquele corpinho SOB o meu
– lança perfume > lança-perfume
– se agora não tem? > se agora não tenho
– que ainda não conhecesse o rosto > mesmo que ainda não conhecesse o rosto
– ou uma Janaína que a declarara sentimentos amorosos > ou uma Janaína que LHE declarara sentimentos amororos
Há recorrência excessiva de palavras. Por exemplo: “Pensando no que vinha pensando, olhei/cheguei a olhar, pensar nisso/ pensar nos gestos […]” – e por aí vaí, muita repetição mesmo. Pode ser um recurso empregado para chamar a atenção do leitor? Pode, mas achei cansativo.
O final achei muito bonito. “À porta do 321, a queda do coração achou o chão. Bateu.” Ficou perfeito.
Parabéns pela participação e boa sorte!
Nada contra a linguagem, antes que me cancelem. Mas essa história de ir escrevendo sem uma separação, sem uma estrutura, não me cativa. Sou apenas UM leitor, não é? Há olhares e atende ao exposto no edital, ok. Algumas vírgulas e repetições de palavras. Talvez por conta de se tratar de parágrafos longos demais. Continue escrevendo e aproveite a dica do Gabriel: experimente usar o “show, don’t tell”, o “dar a entender” (pra mim foi o melhor “abrasileiramento” da técnica de contos, que vi). VocÊ passa a trabalhar com a imaginação do leitor e isso é a magia da literatura.
Interessante é que no conto não há diálogos, há uma separação clara entre os personagens pelo uso do fluxo de consciência. Assim, o ponto de vista diferente dos personagens fica bem marcado. Gostei da linguagem honesta sem falsa pretensão literária e sem falsa moralidade, o que faz os personagens mais reais e simpáticos. Meus parabéns!
Leandro é homem e ponto.
Janaína não sabe se deixa solta a sua periquita ou se compra uma bicicleta.
Julia sempre desejou a Ana e das três narrativas é, provavelmente, a mais poética, ainda que esbarremos em coisas como “nos crespos do pensamento”; “testemunha auricular” e o excesso de repetição da palavra “decrepitude”, em determinado ponto do texto.
Creio que o conto cumpre a proposta do Desafio, há três narrativas e pontos de vista – a história, que não promete muita expectativa e ou viradas épicas, entrega o que promete.
Um único ruído, foi um trecho que parece um diálogo entre as mulheres e fica uma falsa impressão de que não se conheciam.
Boa sorte Senhora Lurdes
É realmente um conto que busca cruzar olhares, mas não apenas. Há um cruzamento de expectativas também. E isso é rico.
Concordo com a Kelly e, me parece que, se estilizar as vozes para diferenciá-las o nível do texto deve subir bastante.
Falando da carga erótica, acho que nem tudo precisa ser descritivo. Concordo com o que o Wilson disse em relação a isso, você acerta em cheio com a linguagem mais poética. Como tenho visto por aí, narrar sexo é fácil, difícil é excitar o leitor no processo.
Particularmente eu prefiro um estilo mais Machado de Assis, tipo Missa do Galo. Muito do fantástico e do terror funcionam assim – com uma expectativa do que pode ser, e isso constrói a tensão -, o que me lembra um de meus autores prediletos, Edgar Allan Poe. Creio que muita coisa poderia ser trabalhada a partir do “dar a entender”. Ainda assim, também creio que você quis essa crueza na construção da narrativa, então outros tipos de construção devem te parecer apenas abordagens diferentes. Então segue no teu estilo e mostra onde pode chegar a partir disso 😉
Um ótimo começo.
Resumidanente, Leandro amava Ana Júlia, que amava Jane, que amava Leandro. Ou melhor, Leandro desejava Ana Júlia, que desejava Jane, que não desejava ninguém.
Os pensamentos dos três personagens são mostrados num fluxo de pensamento muito bem construído. Muito boa a ideia de deixar o ponto de vista de Ana Júlia por último. Até esse momento, vemos os pontos de vista de Leandro e Jane, alternadamente, e estes pontos de vista dão um vislumbre do desgaste do relacionamento. Uma comunicação inexistente, suposições sobre o outro, de ambas as partes, desejo de controle, um desencontro total.
O ponto de vista de Ana Júlia traz um outro elemento importante, que dá a entender que aquela noite, aquele ménage, não vai terminar bem.
Gostei muito e discordo que seja uma história pornográfica, apesar dos elementos eróticos. Minha modesta opinião.
Meu único porém, é que eu não consegui ver muita diferenças nas vozes narrativas. Eu sabia qual era o personagem que estava falando pelo contexto, não pelo estilo. Difícil de conseguir isso, mas seria o ideal.
Parabéns pelo ótimo texto e boa sorte no desafio.
O conto é bastante erótico, no sentido clássico, estilo D. H. Lawrence, Judith Krantz, Harold Robbins… Mas, também literário, tendendo à literatura em moda no momento, o estilo contemporâneo gongoriano, neobarroco, um tanto quanto evocatório, hermético. Me pareceu uma boa fusão de estilos, que combinou bem.
A linguagem da autora é bastante profunda, muito nítida, repleta de frases poéticas tipo “roubou todos os meus momentos de distração” “você se acostumou com o corpo daquela que você transa há anos” “linguagem do corpo de outra mulher”.
Não vi erros de revisão. Antes que alguém fale, acho que a vírgula depois do “mas”, que a autora usou várias vezes, não é um erro, é uma estilização, uma licença poética.
Para finalizar: entendo que esse conceito de pornografia na arte acabou há muito tempo, desde Ferreira Gullar, Jorge Amado e as peças encenadas no SESC. Hoje quase ninguém liga mais pra isso. Ou seja, não há mais distinção entre arte pornográfica ou não. O que ainda existem são restrições em literatura para menores de idade, e até isso é alvo de questionamentos. Quando eu ainda era criança, todos os livros de Jorge Amado já estavam à disposição em qualquer biblioteca de escola. Os alunos até mesmo decoravam o número das páginas prediletas do “Capitães da Areia” e “Jubiabá”. Por sinal, há pouco tempo, uma tentativa de banir os livros de Rubem Fonseca das bibliotecas de escolas públicas foi crucificada como “censura”. Além disso, não vi nenhuma restrição desse tipo no regulamento do desafio.
É claro, alguns leitores podem não gostar de determinados gêneros, ou mesmo achar que existem “regras” que impedem escrever assim ou assado. Mas aí, paciência. Grato pela atenção.
Peço desculpas a autora/autor por ter considerado seu conto pornográfico, quando a maioria diz que não é, é porque não é. Se fosse, a moderação teria impedido, é claro, não pensei nisso.
Uma curiosidade: qual a especialidade, qual a característica básica, que diferencia o “público leitor” daqui dos outros?
Essa pergunta quem tem que responder é a administração, Wilson.
Adolescentes imberbes, púberes, assistindo vídeo pornográfico e se masturbando no banheiro, garotas tímidas indecisas, com seus desejos incontidos, insatisfeitos, com suas fantasias sexuais, xoxotas ansiosas, jovens ingênuos até certo ponto, mas com suas experiências e conhecimentos sexuais consolidados. Uma história que não fala de encontros românticos em parques ensolarados, gestos carinhosos num café à tarde, guarda-chuvas coloridos e asfalto brilhante refletindo as luzes neon. Cara senhora autora ( ou senhor autor) dona Lurdes, seu conto é daqueles que afasta participantes, leitores que começam a ler e desistem de participar para não ler e comentar seu conto pornográfico, que as regras, infelizmente, permite. Com certeza haverá os corajosos, ou aqueles que ainda não leram, mas o lerão e ponto zero darão. Não sou crítico literário nem defensor da moral e dos bons costumes, li o seu conto e encontrei erros de construção, de estética frasal, palavras repetidas, e palavras obscenas. O seu texto não me ofendeu, apenas não encontrei arte literária nele. Esse tipo de arte é para outro público leitor que deve ter no wattpad. La tem os leitores que gostam da famigerada Hilda Hilst, o cafajeste Nelson Rodrigues, ou o bêbado e fedendo a mijo, Bukowski. Ah! Seu Antonio, o senhor não deveria ter dito isso. Fi-lo porque qui-lo. Se eu vou participar? Não sei. De qualquer forma já li teu conto, né?
Senhor Pudico, se eu quisesse escrever sobre sexo eu só teria escrito sobre sexo, ou palavras chulas te pulam o peito demais? Nesse caso não vai dar para perceber mesmo. Mas, afora a pudicícia, só frases? O senhorito sabe que a gente não pensa com estrutura de clássica, né? Bem, defender estrutura, recurso ou o que seja relacionado à técnica que usei, ah, não vou fazer isso, seu Pudico, deixo a quem for ler, farei igual a ti, vou só reclamar; comentários relevantes deixarei a quem ler e o texto e conseguiu passar da fase onde a palavra “xota” tira a “arte” das coisas. Ah, muito sabão aí, seu Pudico, Hilda, Nelson e Charles eram tão não-arte, tão lascivos, que você está falando deles até hoje. Poxa!
Boa novela!
Desculpas para escrever sobre sexo e palavras xulas dona Lurdos. Vá ler esse seu conto para o público num sarau literário. Tenho contos eroticos melhores que esse na internet. E esse seu sotque é fake, Atée rimou kkkk