
As três Marias │ Fernando Cyrino
O marido de mamãe apareceu. Estava entre o Recreio e a Barra, ao volante do carro estacionado numa praça. Lugar de pouco movimento e os vidros escuros praticamente impediam ver se havia gente dentro. Mamãe me contou que ele parecia vivo, como se a espera de alguém. Mesmo não gostando dele aquilo me abalou. Tanto foi assim que Maria Gabriela adiantou um mês. Apesar de não ter tido nem um pedacinho que fosse da festa de 15 anos, pelo menos, o presente chegou. A enfermeira me entregou o embrulhinho chorando desesperado. “Sua menininha tem fome e é você quem irá alimentá-la. A primeira vez é mais difícil, ainda mais na sua idade. Deixa que te ensino a dar o peito para ela”. Lamentei, mais uma vez, não ter abortado. Mesmo sem sentir emoção, quis sorrir, mas as lágrimas vieram primeiro. Gabi era clarinha. Perguntei se não teria havido alguma troca, mas ela riu muito e falou que filho de preto é igual filhote de urubu, sai do ovo branquinho. Que não me preocupasse, pois que logo ela estaria igualzinha a gente. Amor chega, mas é devagar até tomar conta de tudo e deixar a gente louca pela cria que entregou ao mundo.
Seria mentira se dissesse que não sonhei com a festa de 15 anos. Baile mesmo, em salão chique. O que mamãe, sem nunca ter tido marido, conseguiu me dar, economizando nem sei como nas faxinas, foi o baile viagem num ônibus rosa com vidros pretos, no qual levei quinze amigos para dançar, enquanto percorríamos com muito funk uns bairros de bacanas. Desde os dez anos frequentava as aulas de balé na Associação lá no alto do morro. Mas queria largar aquela dança. Todo mês de dezembro, nas peneiras para buscar talentos para a escola do Municipal, eu nunca passei nem perto de ser escolhida. Ao contrário, estava sempre no grupo das que dançavam no fundo do palco. Por essa época comecei a namorar Dayversonn, o Mc Day, que fazia sucesso nas paradas de funk da comunidade.
O único homem que amei de verdade estava morto diante de mim. Sou a Maria do dedo podre e todo cara que apontei para ele antes, aprontou para cima de mim. Joel, ao contrário, era perfeito: carinhoso, trabalhador, fiel, ajudava nas despesas de casa, só bebia cerveja comigo e nunca ficava bêbado. Sentia orgulho dele. Subiu na vida. Mesmo sendo morador de comunidade, tinha emprego no asfalto e era dono de carro quase novo. Não que a gente não tivesse uns arranca rabos, mas juro que ele jamais levantou a mão para mim. Sabia que se metera nuns negócios meio perigosos. Era segurança da Suzana, viúva do falecido Robério, o grande agiota da região. Depois da morte do marido ela assumiu os negócios. Joel me dizia que o povo aumentava e que nem segurança era, que o seu trabalho era só de motorista dos cobradores de Suzanão, que era assim que, sem ela saber, todos a chamavam. Mas à boca pequena uma amiga tinha me dito que ele era o responsável por apertar os devedores em atraso e isto significava, além das ameaças, agressões, tomada de bens dos endividados e, em casos extremos, quando se via que não haveria como reaver o dinheiro, a eliminação do pobre coitado.
Sabia que, adolescente, seria difícil assumir aquele novo papel. Mamãe até tinha como me ajudar, mas não se animava nem um pouco com Gabriela. Só se lamentava da má sorte com o marido assassinado. Dizia, de forma bem dura, que quem pariu é que tinha que criar. A verdade que não conseguia enxergar é que ela nunca gostou de Gabi. Por conta dessas coisas, até me arrependi de colocar Maria, o nosso nome comum, na minha filhinha. Como foi sofrido abrir mão da escola. Era complicado conciliar maternidade com estudos. Sentia falta das aulas, era aluna aplicada. Gostava muito de português e era a melhor nessa matéria. Tia Marcela dizia que eu tinha potencial e que seria uma grande escritora. Além das aulas, a turma da escola também me trazia saudades.
Mesmo sabendo que Day era o rei do morro e tinha outras meninas, acabei me apaixonando. Sim, havia outras garotas, mas de uma coisa eu tinha certeza, era a primeira, a oficial, as outras só amantes. Ter consciência disto me ajudava a aguentar a raiva e a dor de ter que dividir o amor. Nos bailes ficava sempre do seu lado. Nos poucos momentos em que ia para a pista, era comigo que dançava. O que nunca podia me esquecer era de tomar remédio. Ele detestava camisinha. No começo até que me cuidei, mas depois comecei a pensar que seria bom engravidar. Prenderia Day para sempre. Tendo filho comigo, ele jamais iria se envolver com as putinhas.
Gabriela estava se metendo com o galã da favela, Dayversonn. Mesmo sendo amiga de Conceição, a mãe dele, eu não punha o menor gosto naquele relacionamento. Estava evidente que aquilo não daria coisa boa. Óbvio que ele só desejava o rosto lindo e o corpinho delicado, perfeito, dela. Tinha certeza de que muito em breve a iria deixar e o Senhor ajudasse para que quando isto acontecesse, ela não estivesse com barriga. Não havia criado filha sozinha para passar pelo mesmo pesadelo que vivi. Orava todo dia era para que entrasse no bom caminho, se entregasse para Jesus e frequentasse a Igreja.
Saudades de Joel, queria tê-lo aqui comigo. Já se vão quinze anos da sua passagem e não deixo de lembrar dele. Aquele foi o tempo mais feliz da minha vida. Estou indo a uma mesa espírita para tentar contato com ele. O que acho lamentável é que Maria Cristina o detestava. Tinha sempre um pé atrás com ele. E o único desejo do meu amado era o de se aproximar dela. Deixar de ser padrasto distante para se tornar pai próximo e carinhoso. Mas ela sempre se emburrava quando Jó estava por perto. Fosse diferente, eu diria que seríamos uma família perfeita. Mas Deus tem seus desígnios e aquele dia terrível, o pior da minha existência, no qual estive na praça do Recreio onde encontraram meu marido. O policial que me ligou nem teve o cuidado de me preparar para a notícia. Despejou, como se contasse que tinha chupado um picolé, que meu homem fora assassinado num assalto.
Nunca soube de nada a respeito do meu passado. Queria saber quem era meu pai, mas mamãe nunca disse nada. Uma vez perguntei a vovó e só me contou que nem ela sabia. Que quando descobriu a gravidez de mamãe, menina de pouco mais de catorze anos, perdeu totalmente a cabeça e lhe tacou uma grande surra. Que ela apanhou bastante e sem dizer um ai. Uns anos depois, você já grandinha, Carmélia, vizinha com fama de fofoqueira, me confidenciou que, ainda naquela época, ouvira falar de uma história meio estranha. De que mamãe tinha se engraçado por um homem mais velho que conheceu na escola. Achava que fosse um professor. Só que o homem era casado e logo depois de engravidá-la, por castigo, teve uma doença e acabou morrendo. Como mamãe estudou na mesma escola que eu, levei esse caso para Dona Marilda, mulher que trabalhava na faxina desde aqueles tempos. Ela achou graça dizendo que nunca tinha ouvido falar de algo assim e que nenhum homem, professor, ou não, havia morrido por lá, muito menos de doença. O que houve e que foi lamentado por vários anos foi a mal explicada morte de uma professora. Emagreceu aos pouquinhos, perdendo a cor até que caiu de cama. Uns diziam que por desgosto de descobrir que o marido fora enfeitiçado pela melhor amiga e outros falavam que a morte dela foi matada mesmo, que o marido, para pegar a pensão e o seguro de vida, a assassinou colocando todo dia um pouquinho de chumbinho no café da manhã.
Como podia ser assalto se o assassino estava sentado ao seu lado no carro? Joel não trabalhava de Uber. Será que estava com algum endividado do lado? Alguém que o tenha levado para uma armadilha? “Vamos até o Recreio que lá receberei um dinheiro e saldarei uma parte grande do que devo para Suzanão”. Claro que não, isto seria impossível. Não havia alguém mais esperto e desconfiado do que o meu amor. A possibilidade de rabo de saia que companheiras me sugeriam jamais me passou pela cabeça. Joel sempre foi digno da minha confiança. Meu marido jamais iria me trair. Fato é que nunca acreditei nessa história de ele ter sido assaltado. O que sempre tive desconfiança era daquele time de capangas de Suzana. A vida para aquele povo não valia um centavo. Indício de que isto possa ter acontecido não havia nenhum. Até porque era muito delicado e perigoso investigar essas coisas. Vai que eles ficavam sabendo? Passava dessa para a melhor em dois pulos.
Ninguém sabe quem é o pai de Gabriela. Jurei levar esse nome para o túmulo. Defini ser esse um assunto restrito somente entre Deus e mim. Apanhei muito de mamãe e minhas colegas me cobravam que devia falar para poder receber pensão para a criação de Maria Gabriela. Durante o pré-natal uma médica muito cuidadosa para com as meninas grávidas, insistiu comigo para que denunciasse o pai. Se havia sido por prazer meu e dele, se era também um adolescente, ou até mesmo e ela falava exatamente assim: “Será que você foi estuprada, Maria Cristina?” O principal argumento dela é que a minha bebê tinha o direito de saber sua origem. A cada vez que me falavam disso eu reforçava meu não. Só que de uns tempos para cá foram me aparecendo vontades de botar luz na história toda. Gabi hoje tem mais idade do que naquele tempo em que a gerei. Além do mais, minha filha, não poucas vezes tem me perguntado sobre isto. Quero encontrar coragem para uma conversa de orientação espiritual bem franca com o pastor. Contar tudo e indagar se deveria mesmo guardar o segredo até o final.
Minha neta não veio em uma boa hora. Sempre sonhei com Maria Cristina casada na Igreja enfeitada de flores e com música. Joel entrando de braços dados com ela e eu borrando a maquiagem de tanto chorar na primeira fila do templo. A gente acalenta as coisas de uma forma e a vida nos joga na cara uma outra bem diferente. Por conta disso, nunca consegui ter muita alegria com ela. Sempre achava que iria mimar neto o tempo todo, mas Gabi poucas vezes teve o meu colo. Está claro para mim que minha filha sente grande mágoa por conta disso. Tem uma coisa que nunca tive coragem de contar: quando minha neta tinha três anos, comecei a reparar que ela possuía a mesma covinha que Joel. Antes disso, já havia tomado sustos ao vê-la dormir do jeito que meu marido dormia, os braços jogados para cima. A primeira vez que reparei podia ter sido só cisma. A segunda vez podia ter sido coincidência, mas quando constatei que aquela era a posição natural da minha neta dormir, as minhocas começaram a nascer na minha cabeça.
Quero morrer, tomar veneno de rato, pular na frente do trem. Não quero viver nem mais um minuto, pois a vida não vale nada. Day não me quer mais. Deixou de atender minhas ligações e nem aceita que eu o visite. Já me contaram que está com uma menininha que trouxe de uma comunidade vizinha onde agora também está animando os bailes funk. Pelo menos ainda tenho uma esperança. A menstruação não veio e quem sabe a gente não terá um filhinho. Aí, tenho certeza de que ele voltará correndo, todo feliz, para os meus braços.
O pastor acha que o melhor que tenho a fazer é permanecer calada. Caso eu bote a boca no trombone poderei correr sérios riscos. Melhor que ninguém fique sabendo dessa história, ele encerrou a conversa. Mas orei bastante e resolvi desobedecê-lo. E não quero demorar para fazer isto. Acontecerá o mais rápido possível. Reúno mamãe com Gabriela e, diante das duas, toco a melodia toda por mais trágica que seja. O que elas farão com o que eu disser será problema delas. Estou com Deus e com Ele me sinto poderosa. Sem o menor medo de haver consequências.
Quando as coisas começam a dar errado, elas vêm em fila, igual o bonde da turma do movimento do tráfico. Um problema aparecendo atrás do outro. Pois fui abandonada por Dayversonn e agora a menstruação desceu. A chance que tinha de retomar meu homem foi embora. Está totalmente perdida. E pensar em ter uma última noite de amor com ele é loucura. Algo totalmente fora de cogitações. Day jamais que iria me conceder esse presente. E lá vem novidades: mamãe me disse, toda cheia das seriedades, que está pensando em me contar quem é o papai. Tomara que seja algum político, ou homem rico lá do asfalto para me tirar dessa vidinha desgraçada de neguinha de comunidade.
O mundo desabou na minha cabeça. As minhoquinhas que criava tinham razão. O pai da minha filha é Joel. O filho da puta do meu marido. Eu que me entreguei toda, eu que sempre acreditei nele e o cafajeste abusava da minha filha. E não foi uma nem duas vezes. Acontecia desde que a gente tinha se juntado, quando ela tinha doze anos. O maldito demônio dizia que se contasse, ele iria me matar e ficar só com ela como mulher dele. Eu achando que tinha um homem de bem dentro de casa e o que havia era um pedófilo, um abusador de menores. Mais ainda, abusador da filha da sua mulher.
Estou tonta com tanta coisa. Não bastasse o abandono do Day e eu não estar grávida, soube agora que sou filha do marido de vovó Maria. Mamãe era abusada há muito tempo e para acabar com esta desgraça tomou coragem para agir. Ela se aproximou do amigo de infância, o gerente da boca. Pediu-lhe emprestado um revolver daqueles pequenos, porque precisava resolver uma parada e queria levá-lo na bolsa. Ele lhe ofereceu segurança, mas ela recusou. Então, surpreendeu o homem de vovó Maria dizendo que desejava transar com ele e queria num lugar diferente. Levou-o ao Recreio, escolheu uma praça vazia e bem arborizada, apontou o lugar de estacionar e, com a arma na mão, aguardou seu abraço. Ele levantou os braços e tomou dois tiros debaixo do sovaco. O abraço não se concretizou e ele despencou sobre o volante. Arrumou-o no banco para que, de fora, parecesse que estava sentado esperando alguém e saiu. Com a barriga de oito meses mamãe não podia correr. Para esconder o sangue respingado ela vestiu a jaqueta pelo avesso. Caminhou o mais rápido que conseguia até chegar numa avenida. Então, mamãe apanhou o ônibus.
O conto é de qualidade, tanto na escrita quanto na trama. Assim como muitos leitores, enfrentei certa dificuldade no início. As personagens são eficientes, embora não muito originais. Foi possível deduzir há bastante tempo quem era o pai de Gabriela e, após a revelação, também foi fácil prever quem matou Joel. Apesar disso, o enredo, que descreve o cotidiano de algumas comunidades, chamou minha atenção por retratar de forma cru a dureza da vida.
obrigado pelos seus comentários Goreth.
obrigado, Goreth, que legal que você previu fácil quem matou Joel. Gratidão por ter comentado. abraços.
As Marias tem suas vozes claramente distinguidas, demonstrando uma boa construção das protagonistas. Entretanto, a constante alternância entre pontos de vista a cada parágrafo confunde e distrai da história, além da multiplicidade de personagens que ficam mais como acessórios para as viradas da narrativa, muito dispersos no conto para realmente consolidar um cenário verossimilhante. Consegui compreender o que aconteceu, mas após uma leitura sem muita conexão e já um pouco cansado do texto. Avalio que o conto é bom escrito, mas que a autoria não se utilizou do recurso proposto pelo certame da melhor forma.
Puxa, Pedro, bateu pesado na minha história. Obrigado pelos seus comentários. Sinto que você tem realmente dificuldades com o meu modo de narrar. Normal. Grande abraço.
Olá, Maria
Um dos bons contos que aqui li, sem dúvida. Bem contado, bem escrito, sem deslizes nem tropeços. Sem julgamentos, os factos são o que são, estão na mesa. O olhar das três mulheres atende ao desafio.
Lê-se bem, é triste, mas não piegas, tem a tristeza da verdade, sem rodeios nem floreados.
Ótimo contributo.
Parabéns e boa sorte no desafio
Ei, Ana Maria, seus comentários me alegraram. Obrigado. Grande abraço.
Literatura realista, um retrato frio e potente. Um dos melhores que li até agora. As personagens são bem construídas, há nuances bem divisadas pela narração e uma espécie de alinhavo no enredo que me agradou muito durante a leitura. O leitor é levado a enxergar as três Marias ligadas por uma espinha dorsal, talvez a experiência das três com o mundo patriarcal. O destino repetido é o ponto alto do texto, onde o narrador realça as circunstâncias reais a qual essas mulheres vivem. Excelente texto. Boa sorte no desafio!
ei, Andreas, que legal ler seus comentários ao meu conto. Saiba que eles me alegraram essa manhã. Abraços agradecidos.
O conto parece uma caricatura, mas infelizmente é uma situação realista para muitas mulheres. A composição é cuidadosa, guiando o leitor para um final trágico, mas também de esperança. Parabéns pelo belo conto!
obrigado, Antonius, legal que tenha gostado do conto. abraços.
Tem um documentário chamado Vida Maria que usa essa sensação de ciclos na história das pessoas para refletir coisas como destino, fracasso e determinismo. Foi muito bom lembrar dele enquanto lia a história, como se houvesse algum conforto na sensação de enxergar nas histórias um compadecimento sobre tragédias. Gostei bastante do jeito que contou a história. A necessidade de voltar a ler para entender é necessária, mas também contribui com a história em si, que parece enfatizar essa sensação de repetição. Eu nunca cito os erros de escrita, mas um determinado ponto, houve uma troca do termo neta por filha e eu fiquei perdidinha achando que tinha entendido errado a história… Mas não é nada que prejudique a narrativa. O conto cumpriu a promessa na introdução e, ainda que não surpreenda, se compra pela ideia vendida de uma história que perdura através de gerações.
nossa, Anna Carolina, que furo esse meu. O pai da minha neta, né? Quero te agradecer muito por ter apontado o erro. Prova que avaliou em detalhes o conto. Obrigado pela sua crítica. Ela me alegra e ensina. Grande abraço.
Olá. Gostei da frieza com que o seu conto é narrado, sem grandes devaneios literários. A vida tal como ela infelizmente pode ser. Vemos nas notícias situações semelhantes, crimes passionais, pedofilia, incesto. Vejo no seu texto muita da podridão no mundo, e, ainda assim, uma nota de esperança na forma como a adolescente encara a criação da filha.
Em termos de linguagem, apenas aponto um erro aqui e ali, nada que tire qualidade ao texto. Gostaria apenas de realçar que há clara distinção entre o masculino e o feminino, o primeiro género carrega tudo o que é negativo, enquanto o segundo é uma eterna vítima. Poderia ter havido um equilíbrio. Personagens de ambos os sexos que mostrem que a crueldade não é um exclusivo dos homens e que não só as mulheres são vítimas.
olá, Jorge, seus comentários me ajudam a melhorar a minha forma de escrever. Gostei da sua crítica. Obrigado por ela. Abraços.
Bom conto. Bem escrito e bem tramado. Como aconteceu com a maioria dos leitores tive um pouco de dificuldade no início. As personagens são boas, pouco originais, mas são boas. Deu pra sacar um bom tempo antes quem era o pai da Gabriela, e depois da revelação, também ficou prever quem havia matado Joel. Mesmo assim gostei do enredo cotidiano, quase um clichê de certas comunidades, que mostra a crueza cruel da vida.
obrigado, Jowilton, legal a sua crítica ao meu conto. Gostei. Abraços agradecidos.
Adorei o conto! Temática muito bem empregada dentro do tema proposto pelo desafio. No começo, demorei um ou dois parágrafos para entender a dinâmica do texto, mas nada que atrapalhe a leitura e compreensão. Tema, infelizmente, atual, mas que bom que, pelo menos aparentemente dentro do conto, o ciclo está sendo quebrado.
Ei, Júlia, fiquei feliz que tenha adorado o meu conto. Grande e agradecido abraço.
Uma provável alegoria religiosa para no título deste drama cáustico recheado de realismo brutal. O retrato lacerante de uma família disfuncional se mostra sufocante em um caleidoscópio exemplarmente orquestrado. As protagonistas se mesclam com frequência, no pior sentido para elas próprias e no melhor sentido em termos narrativos. Gigantesco.
Nota: 9,0
Ei, Bruno, cara, gostei da sua crítica à minha história. Grande e agradecido abraço. Ganhar um nove de você, um integrante do pódio mais me alegra ainda.
Que bom que a Maria Gabriela não estava grávida, pensei bem como a Kelly, me deu um alívio, engraçado que desde o começo, quando a Maria Cristina disse que não gostava do padrasto que ele era o abusador e pai da filha dela, pequenas intuições inúteis que a gente tem, né, ou talvez seja a história que se repete, o abuso não é incomum dentro de casa, os jornais todos dias trazem casos do tipo, infelizmente. Só não achei que tivesse sido ela mesma capaz do assassinato, até pelo comentário dela no início sobre o assunto. Já a Maria vó, coitada, podia ter amado mais a neta, ela não tinha culpa de ser estatística. Mas é um texto muito bonito, no fim, as Marias sobrevivem e perseveram. Abs!
ei, Gabriely. Pois é, no final Marias sobrevivem e perseveram… Gostei da sua crítica ao meu conto. Obrigado e um abraço.
Adorei o texto. Tive de prestas bastante atenção para não me perder, mas o texto está lindamente construído. Tema muito bem trabalhado e personagens bem contruídas. Achei verossímil, inteligente e o efeito surpresa no enredo é indefectível.
Lindo conto que cumpriu o tema perfeitamente. A história de três Marias: a avó Marias, Maria Cristina e Maria Gabriela.
Uma crítica que fiz a mais de um participante deste certame, foi que senti falta de ter vozes distintas para cada personagem. No seu caso, o mesmo ocorreu, porém, aqui, isto não é um problema e sim, um mérito. O fato de que tanto avó, quanto mãe e neta soem tão parecidas reforça a ideia de uma sina compartilhada pelas três. O momento em que Maria Gabriela espera estar grávida, reforça essa sensação de que um certo destino parece quase determinado. Confesso o alívio quando a menstruação dela desceu. Aparentemente, ela terá uma chance.
Um conto muito bem escrito e bem conduzido. Foi uma leitura envolvente e prazerosa.
Parabéns e boa sorte.
Kelly, Kelly, uma avaliação dessas da nossa campeã alegra a minha manhã. Até rimou, né? Gratidão pela suas palavras e abraços de parabéns pela sua vitória.
Embora uma história bastante triste, gostei do enredo. Por mais que possa parecer ficção isso é um assunto bem “comum” na atual realidade, infelizmente.
Por infelicidade algumas mães fecham os olhos para o que está acontecendo dentro de casa com suas próprias filhas, e isso resulta num final triste. Felizmente não foi o final de nossa protagonista “Maria.” Parabéns pelo texto!
Ei, Goreth, obrigado pela sua avaliação crítica da minha história. Gostei. Abraços de gratidão.
O conto é muito triste. Mulheres com esperanças quebradas. As mulheres do conto foram obrigadas a serem sempre fortes. Eu prefiro acreditar que todas irão ser felizes no amor no futuro. Arte cruel é um reflexo da crueldade existente no plano concreto. Eu prefiro contos leves e o pesado desse me afundou. O conto de fadas que eu prefiro acreditar desmoronou. Obrigada pelo choque de realidade.
PUxa, Lara, e eu chegando com um conto pesado, né? Mas da outra vez, prometo vir com algo bem leve e gostoso de ler, tá? Agradeço a sua avaliação e crítica ao meu conto. Abraços.
Mesmo demorando para me “fisgar”, depois que tudo se encaixa não pude mais largar até o fim. Muito bem escrito. A principio pode parecer confuso, mas paragrafo a paragrafo as personagens se revelam e começamos a identificá-las facilmente. Os diversos focos e pontos de vista sobre “gravidez” é muito bem trabalhado e impactante, levando a um recorte geracional muito bom. Apesar de muitas vezes as personagens, principalmente Gabriela, me passarem mais a impressão de caricaturas de certas mulheres do mesmo contexto social do que personagens em si, em diversos momentos conseguiram ser muito realistas. Me lembrou certos aspectos do trabalho de Marcello Quintanilha, principalmente suas antologias.
Nota: 9
Ei, Eros, que bom que mesmo tendo demorado o conto haja te fisgado. Obrigado pela sua análise crítica. Gostei dela. Infelizmente, ainda não conheço nada do Marcello Quintanilha. Grande abraço também agradecido pela nota.
Olá, Maria, tudo bem?
A princípio, analiso a adequação (ou não) ao tema proposto pelo desafio: “escrever um conto cujo enredo transite entre as perspectivas de dois ou mais personagens.” No caso do seu conto, há três olhares para a mesma situação: Maria Gabriela (15 anos), a mãe Maria Cristina e a avó Maria. História bem próxima à realidade vivida por muitas mulheres, com um desfecho até sonhado por algumas (matar o desgraçado do pedófilo).
Só achei que a neta trouxe muitos detalhes do assassinato cometido que a menina não iria guardar tão bem assim do relato da mãe. Deveria ser uma narração mais direta – minha mãe foi lá e matou o desgraçado com a arma que pegou emprestada.
– como se a espera de alguém > como se à espera de alguém (crase)
– Uma vez perguntei a vovó > perguntei à vovó (crase)
– entre Deus e mim > entre Deus e eu OU entre mim e Deus
– igual o bonde > igual ao bonde
– O pai da minha filha é Joel. > O pai da minha NETA é Joel.
– um revolver > um revólver
Um conto impactante, leitura que flui facilmente.
Parabéns pela participação e boa sorte no desafio.
Ei, Claudia, primeiro para lhe parabenizar pelo pódio e o seu lindo pasion fruit! Bravíssima! Segundo para te agradecer pelas excelentes e atentas críticas. Como aprendo com elas, amiga. Terceiro por ver que curtiu a minha história. Isto, vindo de você me deixa feliz. Grande abraço de parabéns.
Um conto difícil de ler, pesado, triste, sem muita esperança… Comunidade, mundo cão, bailes funks, sexo, traição, nenhum valor elevado e segue o bonde! Me incomoda o papel de crítico que os desafios provocam… para evitar esse desconforto evitarei as opiniões meramente particulares, resultado do meu gosto pessoal e tentarei abordar somente o que me causou, o que eu chamo de ruído na escrita. aqui, esse ruído vem na impressão que ouço muito a voz da autora na boca das personagens, então sugiro uma avaliação e se considerar válida, uma correção. no mais, boa sorte nesse e no desafio que é escrever.
Ei, Cícero, obrigado. Sua crítica me é muito válida e importante. Irei considerá-la. Abraços agradecidos.
Seria interessante se não se apresentasse confuso. Não enxerguei uma diferença entre as Marias narradoras. Alguns erros de falta de pontuação, mínimos. Um arremate à Cortázar. Talvez se a caracterização da narrativa das protagonistas fosse mais marcante, o texto pudesse ganhar corpo.
Ei, Vladimir, que pena que meu texto lhe foi confuso. Ficarei mais atento da próxima vez. Olha, Vladimir, senti o arremate à Cortazar como um grande elogio. Obrigado.
A história narra os amores cruzados de três Marias, avó, neta e filha, todas três sofridas. Em tom de tragédia, o conto alterna parágrafos sob o ponto de vista de cada uma das Marias, claramente dentro do tema proposto pelo Desafio, na seguinte ordem:
1. Filha;
2. neta;
3. avó;
4. filha;
5. neta;
6. filha;
7. avó;
8. neta;
9. avó;
10. filha;
11. avó;
12. neta;
13. filha;
14. neta;
15. avó (neste parágrafo a avó queria dizer “pai da minha neta” e não “da minha filha”;
16. neta.
Não vi falhas nem de português nem de digitação e a leitura é fluente. A moral da história é clara: “tem muito homem que não presta no mundo e f…. com a vida das mulheres.” Uma verdade insofismável, saia geração e entre geração. Bom conto, bem trabalhado e bem escrito.
ei, Wilson, pois é, fiquei muito feliz com a sua análise, inclusive técnica do meu conto. Que furo, né, cara? Troquei o neta por filha. Legal você ter entendido essa roda da vida, se repetindo em nosso meio com os abusos aos pobres e dentre esses, principalmente, às mulheres. Abraços de gratidão.
Sociogênese na veia. Olhares cruzados? Ok. É um conto realista e cabe a uma visão, discussão ou crítica materialista (bem no viés marxista).
É história bem feita e bem contada, de cunho social e expositivo. Só senti falta de uma separação dos discursos de cada uma — tipo uma indicação de parágrafo ou uns asteriscos, coisa simples.
Particularmente não é o tipo de história que mais me agrada — passo longe do realismo literário –, mas a maneira com que o texto foi feita mostra um cuidado muito grande com cada caracterização, personagem e voz (discurso). Me parece que conseguiu não soar genérico, mesmo lidando com uma situação e personagens bem caricatos, e dos quais já há certa satura. Parabéns pela história.
ei, Gabriel, obrigado pela sua análise sociológica na minha história. Mesmo não sendo do tipo de literatura que curte, você analisou com cuidado e em detalhe a minha narrativa. Gratidão e um abraço.
O conto é uma história do cotidiano que se passa numa comunidade do morro. Me pareceu um melodrama exagerado. O caso que aconteceu com a mãe, é idêntico com o caso da filha, história parecida com a da neta. Achei exagerada a ingenuidade das 3 Marias. Mas como é ficção, tudo vale e vale tudo. É um mundo à parte, talvez uma realidade alternativa, o asfalto preto é a fronteira desse mundo, do lado de cá parece que todo sonho já nasce arruinado e sem esperança. Muito triste mesmo.
Ficção é ficção, ok, mas podemos considerar a cadência e a repetição de situações como elementos importantes também.
Seu comentário me fez lembrar de 3 histórias: Morte e Vida Severina (João Cabral de Melo Neto), Os Sertões (Euclides da Cunha) e Vidas Secas (Graciliano Ramos). Também de produções nacionais, principalmente as “regionalizadas”.
Há na produção brasileira literária e não-literária esse sentimento romântico e ideal de nostalgia e derrotismo. Também não gosto. Infelizmente muitos autores e concursos — para não falar de boa parte do povo — tendem a pensar no Brasil como uma ficção histórica sem fim numa luta por ideais políticos e tópicos de (des)colonialismo. Acabam por marginalizar toda a produção nacional e fazer o contrário do que buscam, desmanchando um senso integral de identidade em caricaturas regionais ou locais.
E olha que essa bandeira que foi levanta, a muitas custas, pelo modernismo e está nos seus manifestos pau-brasil e antropofágico, mas que foi ignorada pela massa. Vá entender.
Gostei dessa noção do “asfalto preto” como a fronteira do mundo dessa narrativa. Dá para discutir sobre o quanto isso pode ser referencial ou limitante mesmo. É uma narrativa realista, mas por isso reproduz bem os aspectos sociais e os olhares cruzados sobre a história que propõe.
Stegues, puxa. feliz aqui com o seu comentário. Nos desafios passados suas avaliações sobre os meus contos sempre foram bem duras e nesse você bateu leve. Minha evolução, né? Sim, vale tudo na ficção. Grande abraço de gratidão, amigo.
Antonio Stegues, puxa. cá estou eu feliz aqui com o seu comentário. Relembro que nos desafios passados suas avaliações sobre os meus contos sempre foram bem duras e nesse você bateu leve. Minha evolução, né? Grande abraço de gratidão, meu amigo.