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A xícara quebrada e o círculo perfeito │ Kelly Hatanaka

Por que ela tem o rosto tão enrugado? Mamãe disse que ela é muito velhinha, e que gente velhinha fica assim, mas não sei. É que tem dias em que ela é quieta, fica sentada na varanda olhando o prédio vizinho por um tempão. E tem dias em que ela fala sem parar. Nesses dias, ela parece a Catarina, minha amiga da escola, que fala muito e sempre inventa alguma brincadeira legal. É como se vovó fosse uma criança, que se escondeu debaixo de um cobertor de gente velha. Hoje ela está assim. Ela me olha, do meio de suas rugas, como se quisesse fazer uma pergunta, que, até que enfim, sai da sua boca:

— Vamos brincar?

*

De onde eu conheço esta menina? Caramba, não lembro. Mas ela parece legal.

— Vamos brincar? — pergunto.

— De quê? — A menina responde, parece surpresa. Será que ninguém brinca com ela, coitada?

— Você tem lápis de cor?

Ela responde abrindo sua mochila rosa e tirando um estojo enorme. Quarenta e oito cores. Tem até cores metálicas!

— Nossa, que lindo! Sempre quis um desses.

Lembro de um estojo grande, de madeira, que ficou na vitrine da loja do seu Helio. Eu ficava admirando o estojo todos os dias, sonhando que um dia ele seria meu. Até que ele sumiu da vitrine. Alguém tinha comprado.

— Ué, e por que não pediu para os seus pais?

— Pedi, mas não deu.

— E pro Papai Noel? Você pediu?

— Pedi. Mas não ganhei.

No lugar, eu ganhei um saco de balas para dividir com minha irmã. Vai ver, não fui uma garota tão boa assim. Dou de ombros e a menina deixa essa pergunta chata de lado. Ela tira da mochila um bloco de papel e me dá uma folha. Tento me deitar no chão, mas alguma coisa incomoda. Minhas costas parecem duras, que estranho. Sento à mesa e ela também puxa uma cadeira.

*

Entro na sala para ver se está tudo bem e me deparo com a cena. As duas brincando de desenhar. Essa é nova. Estão sentadas frente à frente, cada uma com uma folha diante de si, concentradas em sua arte e, ao mesmo tempo, conversando sem parar.

Falam sobre casas, folhas e montanhas. Sobre cores, sobre linhas retas e círculos. Enquanto falam, as folhas de papel vão deixando de ser meros aglomerados de celulose e se transformam em coloridos reinos encantados.

Enquanto observo, não posso deixar de me sentir supérflua. É como se eu existisse somente para que elas pudessem se encontrar, um elo que, ao mesmo tempo em que une, separa. Eu me sinto feliz em ser este elo, mas não é fácil. Nada tem sido fácil.

Engulo o ressentimento que tem ameaçado me engolir desde que a doença de minha mãe levou embora suas memórias de mim e vou fazer bolo e suco de laranja para as duas meninas. Minha mãe. Minha filha.

*

— Puxa, você sabe fazer um círculo bem certinho. Como faz?

Vejo a mão enrugadinha segurar o lápis bem firme, “firme, mas leve, sem calcar” e fazer mais um círculo perfeito. Tento de novo e, mais uma vez, o final não se junta com o começo.

— Tenta fazer do contrário — ela diz. — Você faz de um lado pro outro. Faz do outro jeito.

Tento. Ainda não ficou como eu queria, mas melhorou muito.

— O seu fica sempre perfeito. Como você aprendeu?

— Minha mãe me ensinou. Eu também não conseguia, no começo. Foi a prática.

— Sua mãe era legal.

— Era a melhor.

— Minha mãe é uma chata. — Ainda estou brava. Minha mãe anda sem paciência, como diz meu pai. Hoje ela me deu a maior bronca só porque derrubei uma xícara no chão.

— A sua mãe não é chata. Não fala assim dela. Ela está cansada por minha causa.

*

“Foi a prática.”

De repente, me sinto muito velha. Por quanto tempo pratiquei mesmo? Não lembro. Tenho desenhado círculos todos os dias? Será? Que estranho. O mundo anda tão estranho. Não acho que eu esteja no lugar certo.

Lembro de minha mãe me ensinando a traçar círculos perfeitos, sua mão fina, sua voz de professora. Lembro da luz do sol batendo na mesa da cozinha enquanto fazia minhas lições, da voz de minha irmã, do cheiro de alecrim. Mas não lembro dos dias que vieram depois.

Tento ensinar a menina a desenhar círculos. Ela falha, como eu falhava, como a mãe dela falhava. A mãe dela. Lembro de minha filha, muito brava, aquela personalidade colérica e, ao mesmo tempo, afetuosa, amassando o papel e decretando que nunca mais ia desenhar nada e pronto. E não desenhou mesmo, sempre foi mulher de uma palavra só. Virou física e, quando precisava desenhar círculos, recorria a uma régua geométrica.

“Minha mãe é uma chata”.

— A sua mãe não é chata. Não fala assim dela. Ela está cansada por minha causa.

— Ela me deu uma bronca só porque eu quebrei, sem querer, uma xícara.

— Uma xícara branca com florzinhas azuis?

— É.

— Essa xícara é importante para ela.

— Por quê?

— Porque era minha e ela sempre quis, quando era pequenininha. E, quando ela casou e foi embora, dei para ela.

A menina ficou triste.

— Mas não tem importância — tento consolá-la. — Sua mãe não sabe, mas eu também quebrei a xícara há muitos anos e a consertei. Tenho certeza de que sua mãe vai resolver isso e vai ficar tudo bem.

— Ela sente sua falta.

— É, eu sei. Você me ajuda com uma coisa?

*

Enquanto o bolo assa, cuido da xícara. Bate um arrependimento pela bronca descabida que dei na Carol. Tadinha. Falo com ela depois, penso, enquanto passo cola instantânea no caco e o posiciono com cuidado na xícara. Pronto. Nem se vê a rachadura. Não sei se isso é bom. Talvez a gente devesse deixar as rachaduras visíveis, como um sinal de nossas lutas e de que tudo na vida tem conserto. Acho que os japoneses têm uma técnica para isso. Kintsugi.

Tiro o bolo do forno, arrumo a mesa.

— Meninas! Venham comer bolo na cozinha.

Depois de um tempo, Carol vem, muito quietinha.

— Que foi, filha?

— Vovó pediu para te dizer que ela nunca esqueceu você, de verdade. É que você era um pedaço dela e ela colocou este pedaço para dentro.

Minha garganta aperta. Compreendo. Vendo minha filha, tão séria, entendo perfeitamente bem. Se eu soubesse que alguma força externa poderia me fazer esquecer dela, também escolheria guardá-la dentro de mim, bem segura.

— E, onde está sua avó?

— Eu disse a ela: “vovó, mamãe está chamando”. E ela respondeu que a mãe dela também estava chamando e que ela precisava ir embora, porque já estava tarde.

Deixo a xícara cair no chão e se espatifar em pedaços que serão colados depois e corro até a sala, que cheira a alecrim.

26 comentários em “A xícara quebrada e o círculo perfeito │ Kelly Hatanaka”

  1. Talvez eu ande mais sensível, mas tenho topado com muitas histórias que me emocionam e o seu conto foi um com aquela característica de leitura que as primeiras linhas já nos dizem: ah, essa vai me tocar! A condução do texto é ágil ao alternar seus pontos de vista e, sobretudo, sutil ao caracterizar as personagens e aprofundar suas personalidades e histórias. Deixa tudo mais vivo e envolvente, há melancolia, mas doçura nos elos de maternidade e cuidado entre as personagens. Parabéns!

  2. Ana Maria Monteiro

    Olá, Elo Perdido
    Muito bom! Não consigo ser tão fria a ponto de esquecer preferências pessoais e este foi o conto que mais gostei do desafio, pois está muito bem escrito, muito bem trabalhado e é profundamente feminino e intimista.
    O título foi muito bem escolhido, aplica-se aos muitos contextos e leituras do texto que se lhe segue.
    Deliciei-me.
    Parabéns e boa sorte no desafio.

  3. Texto muito bonito, um retrato delicado e reconfortante. Como acentuaram por aqui, gostei do fato de ser um texto cíclico que abrange gerações. Há tanta poesia na metáfora da xícara e as interpretações podem ser inúmeras. Também ressalto a qualidade literária, os diálogos naturais e uma narração precisa apesar de intimista. Ótimo conto!

  4. Anna Carolina Gomes Toledo

    É o segundo texto que trata de uma idosa e aqui, tratando especificamente de alguém com Alzheimer, não consigo explicar como me emocionei (mandei o link do texto para minha mãe, inclusive, porque imaginei que a ajudaria a lembrar que esses pedacinhos estão sempre colados em nós) . Os olhares escolhidos foram muito perspicazes. A ideia das crianças contratam com a mãe, assim como duas mulheres experientes constratam com a infância imatura e por último duas personagens que sentem os efeitos colaterais da doença enquanto uma apenas a vive. Tudo no conto é fascinante e o tempo de cada olhar está na medida certa.

  5. Olá. Senti profundamente este texto. O meu avô tinha alzheimer e o meu falecido pai também, embora nunca tenha sido diagnosticado como tal. A perturbação que causa na família é grande, especialmente quando acompanhada por problemas físicos. O seu texto lembrou-me daquilo que senti. A ideia de círculo é especialmente bem conseguida. A família é um círculo, uma renovação constante. A forma como é contada pelos diferentes olhares é também muito bem trabalhada. Nunca nos perdemos e seguimos o fio da narrativa sem confusão, guiados por mão que sabe usar corretamente as palavras e as ideias.

  6. Claudia Roberta Angst

    Olá, Elo Perdido, tudo bem?
    A princípio, analiso a adequação (ou não) ao tema proposto pelo desafio: “A proposta é escrever um conto cujo enredo transite entre as perspectivas de dois ou mais personagens.” O seu conto abordou o tema com sucesso – três olhares se cruzaram: da menina, da mãe e da avó.
    Há pequenos lapsos na sua revisão:
    frente à frente > frente a frente (como lado a lado)
    Lembro de minha mãe > Lembro-me de minha mãe (Os verbos LEMBRAR e ESQUECER só devem vir acompanhados da preposição DE quando forem empregados na sua forma pronominal)
    Lembro da luz do sol > Lembro-me da luz do sol
    Mas não lembro dos dias > Mas não me lembro dos dias
    Bom uso da metáfora do círculo, que mesmo imperfeito representa o ciclo da vida, um começo que se une a um fim e ambos desaparecem na memória. Assim como a xícara quebrada representando que tudo se deteriora com o tempo, às vezes por acidente, e que apesar de se tentar juntar os cacos, nada permanece o que já foi um dia.
    Bonito conto, narrado com sensibilidade e maestria.
    Parabéns pela sua participação no desafio e boa sorte!

  7. Fernando Dias Cyrino

    Olá, Elo Perdido. Seu conto me emocionou. Já não sou jovem e sei como essa doença insidiosa vai comendo as memórias. todos temos medo dela. Você narra a sua história de uma maneira delicada e envolvente. A metáfora do círculo que nunca fica perfeito, apesar de que com muito treino parece quase juntar as pontas é muito boa. Da mesma forma que a xícara que se quebra. O final é comovente e cheio de mil significados a partir de cada leitor. Parabéns pela sua história. Acho, não li ainda os demais comentários, que se trata de um conto que estará compondo o pódio.

  8. BRUNO HENRIQUE DA CUNHA

    As vozes são tão bem definidas que dispensariam alguns conectivos. A crueldade infligida pela passagem do tempo é tecida com a paciência que o tema exige (e principalmente sem precisar cair em caricaturas). A narrativa cíclica resvala no sentimentalismo, mas o autor é competente o bastante para dispensar tais mecanismos.
    Nota: 8,0

  9. Gostei do título; gostei do modo como as perspectivas foram transmitidas e gostei do tema do conto. É bem escrito e tem uma fluidez poética natural. Parabéns!

  10. Mais um conto lindo, gente que real quando se trata do Alzheimer, isso mexeu bastante com minha psique (perdi minha mãe recentemente e ela tinha a doença) ler o conto foi como reviver aquele último dia com minha mãe no hospital. É de uma sensibilidade imensurável, só que passa pela situação pode compreender e se emocionar com a temática desse texto. 🙁

  11. JOWILTON AMARAL DA COSTA

    Bom conto. O tema foi bem utilizado, a narrativa é muito boa, as personagens são boas e o tema é legal. Não é muito original mas foi bem executado. O final também foi bom indicando que a senhora doente morreu. Boa sorte no desafio.

  12. Tão lindo esse conto …… Quando as memórias escapam o que sobra é o amor ….. Se o coração bate algo acontece no presente e não é preciso lembrar do passado. Se eu fosse a mãe me faria tornar filha todo dia ou o que desse para ser, amiga, confidente ou quem sabe a fada que tornaria tudo possível em seus sonhos de criança. Xícaras quebradas são um símbolo de tudo que ainda tem conserto depois de quebrar? Ou dos pedaços pequenos que nunca serão notados?

  13. Ana Luísa Manfrin Teixeira

    Um texto perfeito. De verdade. Que conto! Inteligente, bem escrito, fiquei muito emocionada.
    Os diálogos foram super bem construídos, as personagens são super bem compostas e a cena bem contada e curta, como deve ser um conto é de arrepiar a espinha!
    Eu consigo ver essa cena acontecendo na vida real e vejo esses personagens como verdadeiros. Fantástico! Tenho uma invejinha boa de quem consegue escrever assim e construir diálogos tão claros! De tirar o chapéu! Parabéns!

  14. Antonius Poppelaars

    Um conto lindíssimo sobre Alzheimer. Muito interessante é que A avó pode resgatar lembranças da sua vida pelas conversas com a neta. Muito bonita é a comparação cíclica da “mão enrugadinha” e as rachaduras da xícara quebrada “como um sinal de nossas lutas e de que tudo na vida tem conserto”. Muitos parabéns pelo excelente conto!

  15. Ish, acho que tenho um novo favorito – engraçado, nos dois que mais gostei figuram avós, a que se locomove mal pela casa, mas se lembra de tudo e essa senhora do conto aqui que se move bem, com as limitações do Alzheimer. Sei como é difícil saber do esquecimento dos nossos, apesar de que, o passado eles não esquecem com a doença, eles se perdem é do presente, linda a forma como avó e neta interagem, é, de fato, um elo perfeito, a vida é cíclica como o texto, a mãe aprendeu com a vó e ensinou a filha – a avó poderia, inclusive, em algum momento, confundir a neta com a filha até, minha vó faz isso com o meu irmão que ela, as vezes, chama como o meu pai que já se foi. É uma doença ingrata e sem cura, mas que, as vezes, trás seus consolos. Muito bonito e poético e bem trabalhado. Parabéns, é um daqueles contos que animam a gente de finalizar o desafio, abs.

  16. Antonius Poppelaars

    Um conto lindíssimo sobre Alzheimer. Muito interessante é que a avó consegue resgatar lembranças da sua vida pelas conversas com a neta. Muito bonita é a comparação cíclica da “mão enrugadinha” e as rachaduras da xícara quebrada “como um sinal de nossas lutas e de que tudo na vida tem conserto”. Muitos parabéns pelo excelente conto!

  17. “O mundo anda tão estranho.” Não haveria melhor descrição para a sensação da doença em questão. O uso do ponto de vista infantil – achar que a neta é outra garotinha – é uma sacada genial que queria ver mais explorada. Acho que a diversas sacadas ótimas que são apenas pontuadas e que podiam, por si só, estruturarem narrativas inteiras. O uso de três personagens sem marcação poderia ser algo confuso, mas se mostrou simples de identificar suas vozes, talvez apenas a da mãe fosse mais “apagada.” No geral, ótima narrativa que poderia ter acabado sem a última frase, que achei meio enrolada e pouco natural, sendo que o último paragrafo fecha com um soco no estomago.
    Nota: 8

  18. Muito bom!

    Gostei da temática intimista e do formato cíclico da história.
    Também gostei do diálogo sem montes de “ela disse”, “ela perguntou”, etc. Se só tem duas pessoas em cena, o diálogo é um bate bola, oras.
    Uma história cheia de sentimento e com final agridoce. E que atende perfeitamente ao tema, mostrando a visão de avó, mãe e filha sobre a vida. A visão da avó, nublada pela doença, a visão da mãe deturpada pelo cansaço, a visão da filha, ofuscada pela inocência.

    Parabéns e boa sorte.

  19. Muito bom. O Alzheimer pairando sobre a avó, a ânsia pela paciência na filha e as descobertas da neta num pano de fundo do cotidiano. Está muito bem estruturado. Pouquíssimas arestas, se o perfeccionismo atingir o autor de modo a incomodar (em caso negativo, está excelente e pode-se manter assim)

  20. Os ciclos. Um círculo que aprendemos a dominar ou não! As coisas e as relações que se quebram e se restauram. Um texto delicado e belo. Com poucas palavras o autor construiu uma pequena joia. Não achei rachaduras, também não procurei. Parabéns e boa sorte nesse desafio.

  21. antonio stegues batista

    Ao ler o primeiro parágrafo, eu não tinha ideia do que se tratava. No segundo parágrafo tive a impressão de ser duas meninas brincando e que nada tinhan a ver com o primeiro. Mas no terceiro parágrafo tudo se elucida, a história se completa com os pedaços das outras duas partes. Fica claro que são mãe, filha e avó. Um conto que mostra o ciclo feminino que compões a estrutura da família. Infância, vida adulta e velhice, o círculo e os percalços que surgem nesse ciclo eterno. Um conto com simbolismo, sentimentos, emoções. Um olhar sobre a infância, velhice e o fim inevitável de cada um sobre a face da terra. Tudo que quebra e pode ser colado, nunca mais será o mesmo, ainda mais quando falta um pedaço, o elo perdido.

    1. Olá Antonio.

      Pois é verdade que tudo pode ser consertado, mas é também verdade que nada permanece igual, não é mesmo?
      Muito obrigado por sua leitura e por seu comentário.

      Elo Perdido.

  22. Essa história tá com um potencial incrível. Já digo para continuar trabalhando nela.
    Sinto os diálogos sem identificações que seriam necessárias, e se acrescentar as ações dos personagens nesse espaço (após o discurso direto) deve dar mais fluidez para a narrativa enriquecendo tudo com detalhes.
    Conforme prosseguimos na leitura podemos ver que há algo de cíclico nela. E isso é de arrepiar, pois, conforme trabalhar no texto pode fazer com que as narrativas das lembranças se misture ainda mais com o presente dos personagens.
    É realmente um “círculo perfeito” essa sua apresentação do círculo da vida. Um texto com narrativa cíclica é dificílimo de ser feito, mas tá bem encaminhado aqui.

    1. Saudações Gabriel.

      Obrigado por seus comentários. Só que eu não pretendo continuar trabalhando neste texto. Eu o considero acabado. Sabe como é; às vezes a gente termina de escrever e é isso mesmo. Acabou. Não vejo um desenrolar nessa história, o que eu queria retratar era apenas este pequeno momento.
      Novamente, muito obrigado pela leitura e pelo gentil comentário.

      Elo Perdido.

  23. O conto inicia com olhares cruzados entre a neta e a avó, cada uma com suas idiossincrasias, muito interessante. O paralelismo entre a primeira e a segunda infância foi muito bem captado. Então surge a mãe surge então, em uma filosofia muito profunda, ”enquanto as folhas de papel vão deixando de ser meros aglomerados de celulose e se transformam em coloridos reinos encantados”.
    Os olhares cruzados entre avó, filha e neta, são magníficos, uma grande ideia que resume perfeitamente o tema do desafio. O final, que apenas sugere, tem um tom trágico, como uma xícara que se quebra, mas ao mesmo tempo de esperança. Tudo é poético, literário e bem encaixado, nesse miniconto, muito denso, com muita essência, a começar pelo título. Digno de figurar em qualquer antologia, uma lufada revigorante, reconfortante na eterna luta da vida.

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