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A teia da aranha │ Antonio Stegues Batista

Por acaso olho para cima e vejo uma teia de aranha no forro do vestíbulo. Fico estarrecido. Se alguém ver vai dizer que os criados são desleixados e incompetentes. Essa semana mandei as criadas limparem a casa do piso ao teto para a festa de aniversário do patrão. Eu fiz a supervisão e achei tudo perfeito. Não devo culpa-las, a aranha pode ter se instalado ali durante a noite. Não posso mandar limpar agora, sem chamar atenção. O jeito é rezar para que ninguém veja aquilo.

Trabalhar nessa casa não é fácil, ainda mais hoje que é a festa de aniversário do patrão. Não sei se ele faz quarenta e seis ou quarenta e nove anos. Trabalho há quase doze anos para a família e nunca ultrapassei a linha que separa patrão e empregado por decisão própria. Só falo quando autorizado, inquirido. Já me disseram que eu sou parte da família, mas sei bem que é apenas no sentido figurado. Dizem apenas para serem gentis. Sou um profissional que não se mete na vida alheia. Me inspirei em James Stevens, de Darlington Hall. Vejo pelo vidro da porta que está chegando um carro. O motorista estaciona, desce e corre quando começa a chover. Abro a porta antes que ele chegue na entrada. É o doutor Victor, gerente na empresa da família. O Doutor Alaor vem recebê-lo. Eles trocam um forte aperto de mão. Victor pega algo no bolso do paletó, o doutor Alaor diz alguma coisa enquanto coça a palma da mão direita. Victor dá a ele uma caixinha de veludo azul que o patrão abre. É um relógio Rolex. Um sorri para o outro e tenho a impressão que eles têm mais do que simples amizade. Eles seguem para o salão, conversando animadamente.

Minha bexiga está cheia, preciso ir ao banheiro antes que eu mije nas calças. A idade avança e os nervos ficam fracos. Não tem como segurar por muito tempo. Vou rápido e furtivo, faço o serviço, lavo as mãos, saio, dou uma volta por entre os convidados para ver se está tudo nos conformes. Volto à posição de estátua ao lado da porta.

                                                                                                                           ***

Da copa, ouço eles cantarem o Parabéns a Você. Enquanto encho as taças com champanhe, penso se devo ou não, dar o presente para o patrão. É uma camisa que me custou o salário de um mês. Agora, pensando bem, não vou dar nada, não sou obrigada, além do mais, o patrão é rico, tem centenas de camisas. Uma camisa a mais ou a menos, não vai fazer falta. Vou dar para o meu namorado, que deve estar precisando.  Vou para o salão segurando firme a bandeja, a cabeça erguida, o braço para trás, e um sorriso falso no rosto bem cuidado. Não conheço a maioria dos convidados, são parentes, amigos, funcionários da empresa e colaboradores, como dizem. Sou nova aqui e não conheço todos. Parecem gente boa, se não são, fingem muito bem. Aliás, dá a impressão de que cada um esconde um segredo. Dou um giro pelo salão e a bandeja fica vazia. Retorno à copa, encho as taças e retorno. Não tem bolo, não tem doce, apenas salgadinhos, chips, como dizem. A Tonha é quem serve os salgados. Festa de rico é outro nível.

                                                                                                                             ***

 Entrego meu presente para Alaor, um livro da Agatha Christie, A Mansão Hollow e imagino ele num caixão de madeira nobre, lustroso, laqueado com alças douradas. No cemitério, todos de preto e óculos escuros, a viúva, enxugando os olhos, fingindo que chora. Com certeza sua morte será um alívio para algumas pessoas, principalmente para mim. Betina dará graças a Deus por se livrar do marido. Alaor agradece, dá um aperto de mão frouxo e diz que vai colocar na caixa. Não temos assunto para conversar. Ele se afasta. Afrouxo minha gravata e me arrependo de ter vindo de terno nessa festa fajuta.

                                                                                                                              ***

 Aproveito que a Vera passa por mim e pego uma taça. Bebo o champanhe e devolvo a taça vazia à bandeja antes que a empregada se afaste. A vontade que tenho é ficar bêbada, mas preciso estar atenta. Preciso descobrir quem é o amante da Betina. Deixei minha bolsa não sei onde. Vejo Alex desconfortável mexendo naquela gravata horrível. Eu soube que ele se divorciou. Parece que isso é moda agora. Deixei meus cigarros na bolsa. Acho que ficou no quarto da Cíntia. Preciso filar um cigarro de alguém.                    

                                                                                                                               ***

Há horas que estou tentando falar com o Wladimir, mas não consigo. Ele deve ter desligado o celular. Pilantra! Ficou de vir à festa e não veio. Noêmia deixou a bolsa dela aqui. Tenho curiosidade para saber o que ela carrega de tão precioso. Pego a bolsa pra olhar. Fico espantada. Além de toda bugiganga que toda mulher carrega, tem um revólver! É uma daquelas armas pequenas para carregar na bolsa, ou no bolso. Já tive uma dessas. É pequena, mas o tiro bem dado é fatal, sem dúvidas. Lembro que Noêmia foi assaltada semana retrasada. Agora ela anda armada. Será que ela tem coragem de atirar em alguém? Mesmo sendo bandido?

                                                                                                                                ***

Alex me olha, mas não tem coragem de vir falar comigo. Eu o ignoro. Aproveito que Alaor está sozinho e me dirijo a ele com o meu presente, uma carteira de couro Louis Vuitton. Alaor tira do embrulho, olha, sorri, agradece, age como se a gente não se conhecesse. Pergunta o que eu estou bebendo. Respondo que é Martini. Sei que ele adora Martini. Pega o copo e bebe um longo gole. Me devolve o copo. Olha para minha mão e vê que eu estou sem a aliança, mas não diz nada e se afasta. Canalha! Pilantra!

                                                                                                                                 ***

Vejo Cintia pendurar a bolsa no encosto de uma cadeira. Parece que andou chorando. Ela acena para Serena, cumprimentando-a. As duas fingem ser amigas. Cintia é mais amiga da Noêmia do que dela. Preciso de mais um drinque.

                                                                                                                                 ***       

Chego atrasado. Decidi vir na última hora. Minha irmã, Betina, é minha tábua de salvação. Ela me prometeu emprestar dinheiro para tapar o rombo que eu causei na empresa. Se Alaor descobrir o desfalque antes de eu tapar o buraco, estou ralado. Tiro a capa de chuva molhada e entrego para o Jarbas. Levo para Alaor o presente que comprei para ele, um quadro de Zdzislaw Beksinski, para que ele tenha pesadelos à noite. Vou dar um abraço, fingir um afeto que não existe.

                                                                                                                                 ***

Resolvo tirar a gravata e colocar no bolso do paletó. Bebo mais uma taça de champanhe. Vejo que Alaor está irritado, ele e Betina estão discutindo, apesar de fingirem que não. Ela oferece uma taça de champanha para ele, mas Alaor recusa. Sussurram um para o outro. Agora Alaor e Betina disfarçam, sorriem para os convidados como se tudo estivesse correndo bem. Alaor se dirige para a toalete masculina.

                                                                                                                                 ***

Encontro minha bolsa no encosto de uma cadeira. Meto a mão dentro, pego o maço de cigarros e acendo um. Alaor não aceita o divórcio. Aconselhei Betina a dizer que ela não quer mais viver com ele. Que gosta de outro homem. Ela não aceitou a ideia. Parece mesmo que ela tem um amante! Vi os dois discutindo. Será que ela falou? Logo hoje no aniversário do Alaor?  Alaor se afasta, Betina fica no mesmo lugar, indecisa. Olho para Marcos que chega, ele tira a capa de chuva e entrega para um dos criados na porta. Quando volto a olhar para Betina, ela não está mais lá.

                                                                                                                                  ***

 As luzes se apagaram. Há um pequeno tumulto no salão. Alex tranquiliza a todos, pede para que fiquem em seus lugares e diz que eu vou providenciar a luz. Ele não se dirige a mim, mas sabe que ao ouvi-lo, farei o que diz porque sou competente. Não temos lanternas, lampiões, nem mesmo velas. Nunca imaginei uma situação dessas. Falha minha. A única coisa que posso fazer é examinar os disjuntores para ver se não desligaram por causa da tempestade. Sigo tateando a parede para o corredor. Chego a um ponto em que está claro, iluminado pela claridade pálida das luzes que vem de fora e a dos relâmpagos. Chego ao fim do corredor e me surpreendo com o quadro com a pintura de Caravaggio no chão, encostado na parede. Ouço um estampido, mas não sei de onde vem. Soam passos apressados que se afastam. Olho para trás, mas mais adiante a escuridão é total. Abro a tampa da caixa de força. Os disjuntores estão desligados. Volto a ligar. As luzes se acendem. Fecho a tampa e coloco o quadro no lugar.

                                                                                                                                     ***

 As luzes se apagam. Soam exclamações. Faltou energia, talvez por causa da tempestade. Permaneço de pé no mesmo lugar, segurando a bandeja vazia. Não enxergo nada. As pessoas murmuram, outras dão risadas. No salão a escuridão é total, mas vejo claridade no corredor. A luz deve vir de fora. Alguém passa roçando por mim. Sinto o cheiro de um perfume. É a Cintia que usa. Onde será que ela vai? Vejo a claridade dos relâmpagos atrás das cortinas. Uma voz se eleva e avisa que o Jarbas foi ver os disjuntores, que é para todos ficarem no mesmo lugar, a luz já vai voltar. Ouço um estalo. Parece o som de um tiro. As vozes se calam. Alguém tropeça numa cadeira ao meu lado. Não vejo nada. Fico parada. Espero. As luzes voltam, o salão se ilumina, as pessoas soltam exclamações de alívio, mas voltam a se calar quando um grito estremece a casa. Betina aparece transtornada com as mãos sujas de sangue. Ela não consegue falar, faz gestos para a toalete. Coloco a bandeja sobre a mesa e penso em ajudá-la, mas me contenho, melhor não, não tenho intimidade com ela. Alex e Marcos correm para o banheiro. Cintia vai atrás. Serena ampara Betina. Alex volta tenso, assustado, diz que Alaor está morto, que alguém deu um tiro nele. Cintia retorna, também está abalada. Diz que a arma que está no chão pertence a Noêmia e a acusa de ter matado o irmão dela. Todos olham para Noêmia. Ela fica assustada, mas não diz nada. Alguém fala que a Polícia está a caminho. Me sento numa cadeira. Vai ser uma longa noite.

                                                                                                                                          ***

Logo que chego na delegacia, começo a examinar os rascunhos que fiz dos depoimentos das testemunhas do caso Alaor Cardinali Bonetti. Apesar da arma do crime pertencer a Noêmia, não se tem certeza de que ela matou Alaor. A pistola derringer 22 estava limpa, sem digitais. Se não foi Noêmia quem atirou, o verdadeiro atirador limpou a arma para que ela não fosse incriminada? Pode ser, ou pode ter sido a própria Noêmia, mas por que deixou a arma na cena do crime? Talvez tenha escondido a pistola no vestido, segurando com a mão, para que ninguém no salão visse e depois que atirou, simplesmente deixou a pistola cair no chão. É uma possibilidade.

Algumas pessoas têm motivos para querer ver Alaor morto. Alex, pelo desprezo que Alaor tinha por ele e o desfalque na empresa, que só veio à tona agora. Cintia pelo suicídio do marido, depois que Alaor o acusou de incompetente. Marcos, pelas transações fraudulentas, que o próprio Alaor praticou e colocou a culpa nele.  Não vejo motivos para Serena, ex mulher de Alex, querer matar Alaor. Noêmia disse que esqueceu a bolsa no quarto de Cintia. Cintia confessou que deixou a bolsa na cadeira de Noêmia. As duas pessoas que sabiam que havia uma arma na bolsa de Noêmia, era ela mesma, e Cintia. Talvez alguém mais sabia que Noêmia andava armada, que tinha porte de arma de fogo em razão daquele assalto traumático que sofreu. Fazer os outros saberem é um modo de criar uma barreira de proteção e se mostrar intimidadora.

Chegou uma ordem do juiz para soltar Noêmia, ela vai responder ao processo em liberdade. Ou até que eu encontre outras evidências acusatórias. As provas que tenho são frágeis. Preciso saber exatamente onde estavam os suspeitos quando as luzes se apagaram. Se apagaram por causa da tempestade, ou porque alguém desligou os disjuntores? Será que o criminoso tinha um cúmplice?

Chega agora o resultado da autópsia. Pego o documento e leio. Começa com os termos protocolares, data, hora, identificação do cadáver, etc. etc. O que me interessa está no fim da página: Alaor recebeu um tiro no flanco direito, a bala passou a 8 cm do fígado, fixou-se na gordura do ventre. O projétil não atingiu nenhum órgão vital. Não foi o disparo que matou Alaor. Há resquícios de uma substância venenosa no organismo da vítima. Não no estômago, mas nas artérias 

Veneno de uso tópico que alguém, de alguma forma, injetou na pele do Alaor.

Conclusão: Alaor morreu envenenado e não pelo tiro. Quem verdadeiramente matou Alaor? Preciso reler os depoimentos desse caso que parece uma teia de aranha. Preciso encontrar a aranha.

23 comentários em “A teia da aranha │ Antonio Stegues Batista”

  1. Andreas Chamorro

    Esse foi meu texto favorito, não tem jeito, venho deixar meu último comentário nele. Amo literatura caótica e o tema do desafio abria terreno para o caótico e o verborrágico, já que palavras seriam bom recurso para delimitar um ponto de vista de outro, mas você, Peter, trouxe uma recriação com complexidade, fazendo desse o texto que melhor fez uso dos “olhares cruzados”. Li, reli e achei as suas transições profissionais. Se você escrevesse uma história de fôlego com essa maestria de troca de pontos de vista eu leria com prazer. Muita boa sorte!

  2. JádiziaoBatman: “Grandes poderes trazem Grandes responsabilidades” ! O senhor Parker pisou no terreno dos Grandes ! Li comentários lembrando de E. A. Põe, a gata Christie, Corben … É essa chama que o seu conto traz; mistério, teia de aranha e afinal- quem matou Salomao Ayala? Quem não gosta de uma boa história de crime e suspense? No caso desta, creio que cumpre sua premissa, ainda que a narrativa necessite de mais de uma leitura para compreender o enredo. Tivéssemos imagens, fosse um filme seria mais fácil. Mas em sendo literatura, considero este seu maior pecado. Parabéns e boa sorte!

  3. A este texto eu dirijo a mesma crítica que dei ao anterior, ainda que neste eu acho que o problema é menor e causado por outro motivo. Quase não se configura como um conto. Há com certeza uma história sendo contada aqui, mas o excesso de perspectivas confunde quem lê, dilui a possibilidade de nos envolvermos e nos acompanharmos o desenrolar dos fatos. São muitos nomes, muitas ações e expectativas, num espaço pequeno para realmente se entender quem são os personagens. A única forma seria escrever num bloco ou tecer uma teia num quadro de suspeitos, que parece ser a intenção do autor. E se fosse uma novela, com mais espaço para um desenvolvimento apropriado das personagens, um leitor investido faria isso. Não é o caso aqui. Então se perde como conto, é porque perde o controle do recurso proposto pelo desafio.

  4. Ana Maria Monteiro

    Olá, Peter Parker
    Você recriou o típico ambiente dos clássicos policiais de Agatha Christie e outros cujos nomes não recordo, até porque nunca foi o meu tipo de leitura, muito embora aprecie ler, de vez em quando, são ótimos para espairecer.
    O leque de personagens é grande, de acordo com a receita e todos têm algo a ganhar com a morte de Alaor, sejam ganhos materiais ou simples satisfação vingativa ou recomposição de autoestima; pistas vão sendo largadas ao longo do texto, pistas para despistar, uma ou outra a apontar. Só quebra o guião ao não desvendar o mistério, calculo que também não tenha decidido sobre isso – o leitor que decida. Isso é batota, sabe? Também já usei e é possível que o faça mais vezes, por isso é que sei que é batota.
    Mas como eu leio policiais para me entreter, nunca procuro adivinhar o assassino, quero mesmo é enredar-me naquilo e, no fim, o autor lá me irá desmontar o puzzle todo que montou para me oferecer esse momento. Então, não procurei o assassino enquanto lia e muito menos iria procura-lo depois, quando acredito que ele nem sequer está definido.
    Concluindo, gostei.
    Parabéns e boa sorte no desafio

  5. Anna Carolina Gomes Toledo

    O único pecado da história é não revelar o desfecho de quem assassinou, pensei em reler como um livro jogo e encontrar o assassino, mas não consegui(suspeito de Cíntia porque tem motivo, oportunidade e acesso às armas do crime). De todo modo, a história não prometeu revelar um crime, apresentar uma teia minuciosa de relações que compõe uma história e isso fez com excelência! Gosto como os primeiros olhares são dos empregados e isso, da uma camada social para a história e mostra olhares que nem sempre recebem a devida atenção.
    De um modo geral, o tema foi muito bem aproveitado e a história cumpriu o prometido.

  6. Olá, PP. Este seu conto trouxe-me de volta aos meus tempos de juventude, quando devorava Agata Christie e os livros de Sherlock Holmes. É complexo, cheio de mistérios e do olhar cruzado das personagens, o que confirma a adequação ao tema. Sabemos minimamente quem é o narrador, mas creio que essa identificação deveria ter sido mais vincada. São muitas as personagens e o constante salto chega a ser monótono. Mesmo assim, é fácil seguir a trama. O final fica em aberto, o que é um convite para reler o texto à procura de pistas. Em termos linguísticos achei alguns problemas, nomeadamente o excesso de utilização de pronomes. Numa eventual revisão do texto, experimente tirar todos aqueles que não tiram sentido ao texto. Uma amiga minha chama “gordura literária” a todas as palavras e construções frásicas que estão a mais e que não adicionam qualidade ao texto. Já agora: também cometo esse erro, mas creio estar a corrigir essa falha.

  7. Claudia Roberta Angst

    Olá, Peter Parker, tudo bem?
    A princípio, analiso a adequação (ou não) ao tema proposto pelo desafio: “A proposta é escrever um conto cujo enredo transite entre as perspectivas de dois ou mais personagens.” E sim, você conseguiu apresentar vários olhares cruzados, até fiquei confusa com tantos personagens, mas entendi que eram necessários para criar o clima de suspense – quem matou o Alaor. O conto me fez lembrar do jogo Detetive e dos livros da Agatha Christie.
    Poucas falhas de revisão:
    culpa-las > culpá-las
    Retorno à copa, encho as taças e retorno > repetição de “retorno”
    Além de toda bugiganga que toda mulher carrega > repetição de “toda”
    ex mulher > ex-mulher
    Um bom conto que deixa uma pergunta no ar, mas talvez “Veneno de uso tópico que alguém, de alguma forma, injetou na pele do Alaor.” seja uma ista. Terá sido a aranha?

    Parabéns pela sua participação no desafio e boa sorte!

  8. Fernando Dias Cyrino

    Ei, Peter Parker, legal essa sua brincadeira com o homem aranha e a teia de aranha na sala… Que conto policial gostoso de ler. Ficou muito bacana. Você é um bom narrador de histórias e cá fiquei eu curioso para saber quem é o assassino de Alaor… Um conto rico, uma história que prende a atenção do leitor e que deixa um gosto de querer saber mais, eis que se tratando de uma história policial a gente sempre fica sabendo lá pela última página, quem é o assassino. Parabéns pela sua narrativa. Muito sucesso no desafio.

  9. BRUNO HENRIQUE DA CUNHA

    As relações de poder são bem descascadas com base nas relações interpessoais, como se uma câmera flutuasse no cenário do conto. A captação de seus vários personagens é fluida, divertida e sabe usar os clichês do gênero a seu favor – com destaque para a trama emaranhada.
    Nota: 7,0

  10. Excelente conto policial, me pareceu que estava lendo algum livro de Harlan Coben ( que adoro por sinal), mas deveria ter dado uma pista mais clara de quem matou Alaor, queria muito saber o desfecho desse assassinato. Uma verdadeira e ótima teia de aranha. Parabéns.

  11. Antonius Poppelaars

    O conto é um bom exemplo de “fan fiction”; uma narrativa escrita por fãs, usando personagens de filmes, livros, etc. Há no conto, por exemplo, Agatha Christie e o mordomo de “Os vestígios do Dia”. O pseudônimo “Peter Parker” é o nome real do Homem-Aranha. Um “whodunnit” bem divertido!

  12. JOWILTON AMARAL DA COSTA

    Bom cinto. Os olhares aqui se cruzam a contento. O escritor mostra habilidade narrativa. As personagens são boas. Mesmo não dando para aprofundar muito, porque eram muitas personagens, conseguimos ter uma ideia de cada uma delas. O que me deixou um pouco frustrado foi não saber que matou o Aliar. Foi criada uma ótima expectativa que se torna broxante no fim. Acho que deveria ser mais longo, um romance policia a lá Agatha Cristine, para que ocorra um fim mais adequado a boa trama. Boa sorte no desafio.

  13. Ótimo conto. Não consigo imaginar quem o matou. Será que foi melhor assim? Acho que foi pior, toda vida merece viver por mais canalha que seja. Essa história tem muito o que continuar …..

  14. Ana Luísa Manfrin Teixeira

    Muito bom o tema e a forma como foi escrita! A única coisa que eu faria diferente seria talvez colocar menos personagens e menos pontos de vistas para que cada um deles fosse um pouco mais explorado, mas da maneira como está escrito está muito bom também!
    Atendeu bem ao desafio e está muito bem escrito!

  15. Excelente conto de suspense policial, gostei bastante, principalmente das formas como os personagens se interligam e se observam, de forma a irem dizendo quem são/acreditam que sejam e assim vão se descobrindo, ainda que, claro, aqui eles mais se tornem complexos do que claros, a referência a Agatha Christie que é a mentora do gênero não passa despercebida, inclusive porque, me parece que ela foi dada pelo cúmplice da assassina, mas só acho, aqui não há certezas,rs. Parabéns pelo trabalho, abs.

  16. Gostei do conto. Durante a leitura me lembrei de Knives Out, o último contato que tive com o estilo de narrativa policial apresentada, que lembra também um pouco o assassinato ter acontecido em um contexto de festa de aniversário. Se a história fosse estendida para uma novela/romance, seria interessante um trabalho mais detalhado da perspectiva de cada personagem.

  17. Apesar do excesso de repetições, diria, desnecessárias, um ótimo mistério extremamente cru e bem bolado. No caso dos mistérios, é importante dar um pouco e manter a surpresa e sinto que é bem o que acontece aqui. Não conheço o trabalho no qual foi adaptado, mas, acho que funciona bem, mesmo que as vezes pouco fluído, com suas próprias pernas.
    Nota: 7

  18. Um assassinato no meio de uma festa de aniversário e os vários olhares sobre o evento. É um conto muito interessante, com muitos detalhes e que atende totalmente ao tema. É uma história que me lembrou Agatha Christie, um bom whodunnit. Gostei muito.
    Eu entendi que foi Betina a assassina, com seu martini (“Betina-no salão-com veneno”, como no jogo Detetive). Mas, fiquei na duvida logo depois, pois Alex vê Betina oferecer uma taça de champanhe a Alaor e ele a recusa. Foi isso mesmo? Primeiro Alaor bebeu o martini de Betina e depois, em outro momento, eles discutiram, ela ofereceu champanhe e ele recusou? Ou confundi os personagens e suas vozes narrativas?
    E talvez fique aí minhas poucas pequenas observações a este conto muito bom. Acho importante colocar mais detalhes (trejeitos, manias, etc) em cada voz narrativa, para que a gente não tenha dúvidas de quem está falando. A cena do martini, por sua importância, deveria ter sido vista e comentada pelos outros personagens, mas os outros só comentaram o champanhe recusado. E algumas coisas também ficaram soltas, como o Caravaggio no chão, não entendi a razão deste detalhe.
    Gostei do investigador mudando a visão no último parágrafo e expondo que a causa mortis foi envenenamento. Isso mostra que havia dois planos de assassinato em curso. Ou três, afinal a arma de Noêmia estava limpa. O final ficou aberto.
    Parabéns e boa sorte no desafio.

  19. Segundo Anton Tchékov, “se você coloca um revólver na primeira cena, terá até a última para atirar” (mais ou menos isso). A teia da aranha, Mr.Cabeça de Teia, é totalmente dispensável. Muitos pronomes espalhados pelas frases poderiam ser suprimidos para dar mais fluência ao texto. No mais, toda “adaptação” é um tanto ruim, pois o original acaba por imprimir um “padrão”, principalmente para quem o leu.

  20. antonio stegues batista

    Uma trama muito bem bolada, conduzida e narrada pelos próprios personagens. Estrutura diferenciada, cada narrativa é os pensamentos do personagem. Cada um descreve o que vê naquele momento, com tempo frasal presente. Tudo acontece numa festa de aniversário onde ocorre um crime. As pistas do autor do homicídio estão na narrativa dos personagens. E nelas também se descobre a identidade de cada um. Achei um pouco confusa, é preciso atenção para saber quem é quem e o que cada um faz no evento. Confuso, mas divertido. Temos que voltar a reler algumas partes para saber o que realmente cada um fez. Tenho cá o meu palpite de quem é o assassino, mas não vou dar spoiler. rsrs

  21. No começo, li uma frase instigante do “disseram que eu sou parte da família”. Achei interessante porque essa frase foi usada recentemente, pela patroa de Madalena Santiago da Silva, que trabalhou 54 anos sem receber salário. Ela disse que não pagava porque considerava a doméstica como “da família”. Para Creuza Oliveira, presidente do sindicato dos trabalhadores domésticos, a afirmação “é uma forma que a pessoa usa para poder não garantir os direitos da empregada doméstica. E essa trabalhadora não é da família, ela está vendendo a sua mão de obra para uma pessoa que precisa do serviço. Se ela fosse da família, teria direito a herança, teria direito a usar o elevador social, piscina, fazer faculdade e estudar, como a família faz.”

    O conto demonstra os vários pontos de vista dos convidados em uma “festa de rico”. A ideia me parece ser boa, pois há uma multidão, ficou parecendo um filme, onde o ponto de vista é de todo mundo.
    Assim eu entendi, não sei se está certo:
    O conto é inspirado na “Mansão Hollow” de Agatha Christie. Os personagens são:
    1. Jarbas é um criado idoso e antigo.
    2. Vera é empregada e serve as bebidas.
    3. Tonha é outra empregada e serve salgadinhos.
    4. Victor é gerente da empresa de Alaor, e dá a ele um Rolex.
    5. Alaor – A festa é na casa de Alaor, dono da empresa.
    6. Betina é esposa de Alaor e tem um amante.
    7. Cíntia é irmã de Alaor e também mora na casa. Seu marido suicidou-se porque Alaor chamou-o de incompetente.
    8. Noêmia é amiga de Betina tem uma arma na bolsa desde que foi assaltada
    9. Alex, recém-divorciado, é irmão de Betina e deu um desfalque na empresa de Alaor.
    10. Serena é ex-mulher de Alex, e dá a Alaor uma carteira Louis Vuitton.
    11. Marcos é ex-marido de Serena e irmão de Betina. Também deu desfalque na empresa.
    Porém, está confusa a identidade entre Marcos e Alex.
    Os pontos de vista, na ordem em que se apresentam, são:
    1. Jarbas
    2. Vera
    3. Alex
    4. Noêmia
    5. Cíntia
    6. Serena
    7. Alex
    8. Marcos
    9. Alex
    10. Cíntia
    11. Jarbas
    12. Vera
    12. Delegado

    Alaor leva um tiro e morre, mas não do tiro e sim porque foi envenenado. O delegado vai investigar o caso.
    O estilo é aquele dos livros policiais, que mais oculta que mostra. Vamos esperar o resultado da investigação.
    Bem, é isso.

  22. Brabíssima a composição. Parabéns pelo trabalho que tá o fino. Me lembra bastante o estilo do Poe. Primeira pessoa, não entrega tudo de uma vez, um progresso narrativo num
    bom ritmo. Queria ver o resto da história, porque parece que parou na metade com a questão do veneno e do mistério. Nosso Dupin-narrador ainda tem que desenrolar a teia da aranha.
    Ter conseguido combinar a teia com o ocorrido é um ponto mais que positivo. É como um jogo de câmera que começa mostrando a teia e finaliza com ela.
    Num mistério os olhares que se cruzam são os da preocupação, do medo, confusão ou desconfiança que se cria entre os personagens, então veja que mais uma vez apelo para a continuidade do mistério ainda não resolvido e que busca envolver ainda outros personagens.
    Mas para resumir o que tenho a dizer, me parece que a gramática está ok, a composição é ótima e a história excelente, mas que pede por mais para entendermos o mistério dela.

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