
Reflexos │Ana Luísa M. Teixeira
Era um dia como outro qualquer. A luz entrava por uma frestinha da janela coberta com um pobre pano de chita que um dia exercera função de saia e hoje estava lá servindo de cortina. A casa onde agora me alojaram era paupérrima. Paredes sem o reboco, o chão de terra batida.
Lembro-me o entusiasmo com que fui recebido. Chamaram toda a vizinhança para ver o garboso e reluzente objeto que Mariazinha trouxera da casa da onde estava fazendo limpeza. A patroa se mudou e não tinha mais espaço para colocar aquele troço enorme adquirido na França. Com as bordas lascadas, tinha de admitir, modéstia a parte, que ainda inspirava uma certa imponência. Com quase um metro de altura e as laterais cuidadosamente entalhadas e pintadas de dourado, destoava de todo o resto que habitava naquela casa e fazia brilhar os olhos de qualquer um que passasse por mim.
Por um milagre conseguia ainda ficar pendurado na frágil parede sem reboco e todas as noites assistia aos donos da casa se levantando ao nascer do sol para trabalhar e se deitando depois de um jantar ralo. Nada parecido com meu lar anterior onde haviam grandes festas, convidados de todos os lugares do mundo e limpeza diária do meu longo corpanzil fazendo meus reflexos ainda mais nítidos.
Sempre fui o mais perfeito conselheiro. Sem emitir minhas opiniões, trazendo apenas fatos, sempre fui coerente com aqueles que me procuravam em busca de conselhos. Sou sempre associado à vaidade e, há de fato, muito que só me encontram com a iniciativa de se admirar a si próprio, procurando muitas vezes imperfeições externas e esquecendo-se que há também imperfeições internas. Há ainda aqueles que se mostram com medo de mim. Que fogem. Como se fossem se decepcionar com quem os encara.
Há cinco mil anos ando por essa terra em busca de significado sem muito sucesso. Já fui tema de contos, superstições e culpado pelo azar daqueles que andam sem perspectiva de vida. E agora cá estou. Sozinho em uma casa que não tenho muita serventia. Já refleti mulheres usando joias espetaculares, vestidos de seda pura e compartilhei momentos de selfie com os jovens filhos da alta sociedade paulistana. Em minha nova residência presenciei brigas domésticas, a barriga de Mariazinha crescendo e ela me evitando cada vez mais com medo de ver a barriga crescendo em vergonha. Junto pó e muitas partes de mim já foram arranhadas pelas tentativas frustradas de me limpar usando uma vassoura. E assim vivia minha pacata vida. Ou melhor, passava por ela sem viver.
Só que naquele dia normal algo estava para acontecer. Invadiram nossa casa. Levaram Mariazinha com o menino nos braços em pura aflição. Foi tudo o que pude acompanhar antes do impacto da bala vir sobre mim e me estilhaçar em milhões de pedacinhos. Chegara o meu fim.
Não é uma reclamação. Acredito poder ser feliz como quer que esteja. Feliz não. Afinal sou um objeto e, portanto, não carrego o grande fardo de carregar fraquezas como sentimentos. Apenas sou. E isso me basta.
Aproveitamento do tema: O tema foi bem aproveitado, com o narrador sendo um espelho.
Enredo: Este é um ponto que julgo por pouco faltar ao conto. O narrador nos apresenta o seu cotidiano e a sua história, mas sem estabelecer uma sequência de eventos ou algo em torno do que se possa construir alguma expectativa. A princípio parece que nos dará uma história a partir de seus novos proprietários, mas então o espelho se espelha sobre si mesmo e no fim é um salto, com meras menções ao que possa ter se passado com os personagens.
Escrita: A escrita é sóbria, introspectiva e retrospectiva, como alguém que exercita a memória, então é sequencial, pequenos fragmentos de uma vida, sem passar da superfície refletida. Poderia ser uma característica do narrador, mas acredito que foi apenas uma abdicação da autoria mesmo. Preferiu o texto mais curto.
Impacto: Sem estabelecimento de uma trama e de personagens pelos quais possamos realmente acompanhar e conhecer, o final pareceu mais abrupto do que conclusivo.
Olá!!
Adequação ao tema
História contada a partir do ponto de vista de um espelho. Talvez um dos contos que mais se adequou ao tema pedido.
Enredo
O enredo é simples e profundamente irónico. Talvez pudesse ser mais desenvolvido. Achei o fim precipitado. Faltou criar ligação aos personagens.
Escrita
Encontrei erros básicos que são de evitar em qualquer tipo de desafio literário. Revisão.
Impacto
Faltou desenvolvimento e os erros não ajudaram.
Olá, Almirante Prismático, tudo bem?
Aproveitamento do tema:
O narrador é um espelho que já viu e refletiu dias melhores.
Enredo:
O conto é curto, o que me agrada, mas resumiu muito em poucas linhas. O que aconteceu com Mariazinha? Foi uma bala perdida. Faltou desenvolver melhor essa questão, não deixar pontas soltas. Tem potencial para muito mais.
Escrita:
Uma revisão mais atenta pode acertar alguns pontos e contribuir para que a leitura ganhe mais fluidez. A linguagem é simples, clara e um tanto apressada.
Impacto:
Fiquei com a sensação de incompletude, um vazio, sabe? Embora estilhaçado, o espelho ainda se sente satisfeito por ainda ser algo, mas não me passou essa perspectiva.
Boa sorte!
Saudações, Almirante!
Aproveitamento do tema: Gosto da ideia do espelho porque é um objeto com uma gama de aplicações numa história. Aqui, em particular, ele acompanha uma mudança de ambiente no ponto de vista social e ainda cita sua longevidade. Gosto do que ele conta ser, mas não exatamente do que ele faz ou vê. Faz sentido isso? É como se houvesse uma história mais interessante que ele escolhe não compartilhar. A história do roubo poderia despertar mais atenção se houvesse mais mecanismos para prender nossa atenção, seja por empatia, choque ou curiosidade.
Enredo:
É um recorte de tempo adequado, mas como disse antes, parece faltar identidade no que ele conta. Por exemplo, alguém que viveu tanto tempo, porque escolheu esse momento para contar? Mas gosto, independente disso, do que é oferecido na perspectiva dele.
Escrita:
Achei elegante a forma com que o espelho se apresenta e, mesmo se abusar de palavras rebuscadas, dá para entender logo o contraste do espelho com sua nova vida. A história não possui diálogos, mas há boas observações sobre as situações que já dão uma boa noção do que está acontecendo naquele momento.
Impacto:
Poderia ser melhor, no sentido de valorizar mais o que o narrador tinha a contar, mas ao que se propôs, não dá para negar: foi interessante até o final! O narrador foi a melhor parte da história, com certeza. Gosto do som da palavra almirante e deu um charme a mais à história.
Olá, Almirante!
Aproveitamento do tema:
Total, um espelho narrando sobre seus últimos dias.
Enredo:
Gostei muito da premissa do conto, um espelho que antes estava em um ambiente majestoso, terminar seus dias em um lugar totalmente contrastante. No entanto, fiquei um pouco confusa sobre quem era realmente essa história, se era sobre Maria ou sobre o espelho em si.
Escrita:
Tem construções e frases muito boas em seu texto! Encontrei alguns pequenos erros na revisão
Impacto:
Gostei bastante da ideia e sobretudo das questões filosóficas abordadas. Só senti falta de saber mais da história de Mariazinha. O que acontecera com sua família? Por que a estavam levando?
Parabéns e boa sorte!
Olá,
Aproveitamento do tema:
Adequado, com um porém: em certos momentos, há uma confusão se a história se trata de um espelho ou dos espelhos em geral, por algumas falas do dito cujo.
Enredo: muito simples. Infelizmente, não há detalhes suficientes sobre a história e o background dos personagens. Não se sabe, por exemplo, o porquê dos acontecimentos do final, nem exatamente o que aconteceu.
Escrita:
Simples, despretensiosa, com alguns poucos erros que poderiam ser revisados. Não há muito o que comentar aqui
Impacto:
A falta de detalhes não possibilita um impacto estético com intensidade. Como falado em um outro comentário, não dá tempo de pegar empatia com os personagens, então não ficamos apreensivos o suficiente com o final, que nem sequer sabemos o motivo.
Boa sorte!
Olá, Almirante!
Aproveitamento do tema:
Total.
Enredo:
A personalidade do espelho ficou bem construída, embora os “reflexos” que ele mostra e compara dos dois lares em que já residiu poderiam — principalmente o da casa da empregada de sua antiga dona — ter sido mais aprofundados. Além disso, fiquei com a impressão de que, como os colegas já disseram, a partir do penúltimo parágrafo, os eventos são narrados de forma muito apressada, sem maiores detalhes. Acredito que isso teve um impacto negativo no conto.
Escrita:
Normal, com poucos erros de revisão.
Impacto:
É um conto com uma premissa que poderia ter sido melhor aproveitada. Ao fim da leitura, senti que ficou faltando algo. Não senti que o texto ficou “fechadinho”, sabe?
Boa sorte!
Aproveitamento do tema
Total. A história é narrada por um espelho e, da maneira como a narrativa foi conduzida, não poderia ser de nenhum outro objeto. O fato dele ser um espelho permeia toda a história e impacta em seu ponto de vista.
Enredo
Simples. Um espelho caro é doado para uma família pobre, e compara suas condições de vida atual com as da anterior, até que é despedaçado por uma bala perdida.
Escrita
Clara e boa, porém faltou uma revisão mais detalhada. Em um texto tão curtinho, os erros, que nem são tantos assim, chamam atenção demais. Exemplos: “…trouxera da casa da onde estava fazendo limpeza…”, “anterior onde haviam grandes festas”
Impacto
É um bom conto, mas que poderia ser mais bem desenvolvido. O espelho poderia mostrar mais a família, desenvolver mais a história, de forma a gerar mais empatia e interesse por Mariazinha e sua família. No final, tudo foi muito abrupto. Mariazinha foi levada com o menino e não sabemos por quem e nem por quê. Tudo é muito trágico, mas não há impacto emocional, pois não tivemos tempo de conhecer ninguém e nem de torcer por ninguém. Acho que foi Cortázar que dizia que um romance ganha por pontos, enquanto um conto ganha por nocaute. Só que aqui o nocaute foi um socão de direita logo no primeiro minuto. Não deu nem tempo de curtir.
Parabéns e boa sorte no desafio.
Olá, Almirante.
APROVEITAMENTO DO TEMA: adequado. Não há que se tirar pontos aqui. A premissa é simples, mas pode funcionar.
ENREDO: aqui, se me permite, vejo o início de alguns problemas. Veja, o primeiro parágrafo é muito bom. O vocabulário, a criação da cena. O restante do texto configura-se, acho, uma prosa poética, pela ausência de enredo. Não há problemas nisso. Eu gosto. Mas acho que não funcionou. A prosa é pouco poética, a reflexão é rasa. Aí no final o autor parece se desculpar por ter escolhido um “enredo não enredo”, e soltou, abruptamente, uma trama muito veloz e sem muita conexão com o que vinha sendo dito, sem muito clímax… é tudo muito rápido. O desfecho soa filosófico, mas, de novo, não acho que funcione para fechar a “história”. Pareceu, com todo respeito, aquele artifício: quando você não sabe o que fazer com um personagem, mate-o.
ESCRITA: o texto também carece de alguma revisão textual. Anotei os seguintes exemplos:
i) “onde haviam grandes festas” – o correto é HAVIA
ii) “convidados de todos os lugares do mundo e limpeza diária do meu longo corpanzil fazendo meus reflexos ainda mais nítidos” – acho que é necessária uma vírgula após “corpanzil”
iii) “e, há de fato, muito que só me encontram” – tenho dúvidas sobre a correção da primeira vírgula. A segunda está errada. Acredito que o correto seja: “e há, de fato, muito…”
iv) “iniciativa de se admirar a si próprio” – não sei se está errado, mas é feia essa dupla (ou tripla) autorreferência. Acredito que o ideal seja algo como “admirar a si próprio” ou “a si mesmo”
v) “Sozinho em uma casa que não tenho muita serventia” – faltou a preposição: “Sozinho em uma casa EM que não tenho muita serventia”.
Mais duas observações sobre estilo:
No trecho “procurando muitas vezes imperfeições externas e esquecendo-se que há também imperfeições internas”, fica muito escancarada essa observação moral do autor. Poderia ser mais sutil, na minha opinião. Em “a barriga de Mariazinha crescendo e ela me evitando cada vez mais com medo de ver a barriga crescendo em vergonha”, achei estranha a repetição de “barriga (…) crescendo” tão próxima; acho que poderia ter substituído a expressão na segunda aparição.
IMPACTO: as críticas feitas acima obviamente influenciam no impacto final do texto. Acaba que a indecisão quanto à forma e trama do autor e as incorreções textuais, além de algumas opções de estilo, causaram um impacto final inferior ao que se poderia esperar.
Peço desculpas por qualquer rudeza na fala, desejo que continue escrevendo, claro… e uma boa sorte no desafio!
Oi, primeiro é importante dizer que amei o seu pseudônimo. Poderia até escrever alguns contos com o Almirante narrador.
Aproveitamento do tema:
A proposta do desafio foi atingida. Um espelho narrando as histórias refletidas. Um único detalhe é que demorei a ter certeza (ainda não tenho) de que se trate da história do espelho e não de Mariazinha. Nesse sentido, algumas pessoas podem se frustrar por parecer que a possível empregada protagonista não foi desenvolvida. Independente disso o narrador é um objeto inanimado/
Enredo:
A história é simples. O que é bastante positivo nesse tipo de desafio em que há quantidade de palavras bem delimitadas.
Outro ponto positivo é que a história parece ter sido pensada para esse desafio e não o reaproveitamento e adequação de algum outro texto engavetado na tela do windows.
O que me pegou é que até o penúltimo parágrafo, a narrativa parece ter um ar introdutório.
A frase “Afinal sou um objeto e, portanto, não carrego o grande fardo de carregar fraquezas como sentimentos” não me convenceu, pois em alguns momentos, ele parece sim carregar sentimentos como vaidade, frustração e arrogância. Mas como é um narrador em primeira pessoa cheio de presunção, acredito que ele só não queria dar o braço a torcer.
Escrita:
Alguns trechos precisam da leitura de uma terceira pessoa e, talvez, serem reescritos. O problema desses desafios é justamente esse ineditismo em que os feedbacks já vêm na avaliação.
Apesar disso, o uso de palavras quase arcaicas como “paupérrima”, “garboso”, “corpanzil” ajudam MUITO a compor o ar meio decadente e presunçoso do espelho, além de contrastar com a sua nova realidade. É um acerto.
Algumas personagens não me pareceram coerentes. A empregada doméstica de uma família rica não sabia que não se pode limpar um espelho tão raro com uma vassoura? Não ficou claro pra mim se os 5 mil anos são da criação do espelho na antiguidade ou daquele em específico. Se for a primeira hipótese, talvez usar aquele parágrafo no plural ajudasse a dar clareza (se esse for o seu objetivo). Se a idade for a do espelho de Mariazinha, sugiro tirar a parte que afirma que ele foi culpado por azar de algumas pessoas, uma vez que imagino estar se referindo a superstição de quebrar espelhos.
Impacto:
Achei ótimo que o espelho tenha sido espatifado por uma bala. Aí fiquei desejando uma continuação, o atirador acabou azarado? Cada pedaço do espelho refletiria uma nova história? Ou Mariazinha viria depois seu reflexo fragmentado?
Desafiar o leitor a preencher as lacunas da história é algo muitíssimo bom. Porém, acho que só faltou a algum personagem mais interessante para me desejar fazer isso.
De qualquer modo, senti o impacto daquele objeto aristocrático e vaidoso espatifado no chão. O último parágrafo pra mim é só sentimento de negação do espelho. Eu nunca acredito piamente em narradores em primeira pessoa rs.
Olá, Almirante. Tudo bem?
Aproveitamento do tema: Adequado.
Enredo: Considero um pouco raso e confuso. Se entendi bem, a referência aos 5 mil anos diz respeito ao primeiro espelho, então ele mesmo não andou pela Terra por tanto tempo e também não foi responsável pelo azar de ninguém, a não ser que houvesse sido quebrado antes. Outro ponto, se ele afirma que a sua existência acabou quando foi quebrado, como pode o último parágrafo, sequer, existir?
Escrita: Boa, mas acredito que mereça uma revisão.
Impacto: Não gostei do texto. Acredito que, se ele for desenvolvido com mais espaço, as questões mais profundas que são levantadas podem ficar mais orgânicas e possuir um maior impacto narrativo.
Buenas, Almirante!
Não sei se nos conhecemos ou não, (ainda) não sou ativo na Lume, mas era bastante na finada EntreContos, mas, caso algum comentário machuque, saiba que não é minha intenção. Quero apenas passar minhas impressões como leitor e escritor. Se me conhece, sabe como sou, entonces, vamos que vamos, hehe.
Aproveitamento do tema: Mediano. Reflexões de um espelho. Um narrador inanimado óbvio com uma abordagem mais óbvia ainda. Isso não é necessariamente ruim. Mas, quando reflito sobre as possibilidades narrativas deste objeto dentro do tema proposto, parece que sua chance foi desperdiçada com algo simples demais.
Enredo: Inconstante. É basicamente o monólogo final de um espelho. Algumas partes, como a descrição da rotina de Mariazinha ou da patroa rica, destoaram de outros trechos que buscam um aprofundamento maior do narrador. Não sei se gosto disso, até porque, nas partes que buscam profundidade, a narrativa permanece superficial. Uma trama mais profunda, focada nos reflexos do mundo e dos personagens, parece mais atraente. Adoraria uma cena onde Mariazinha esconde a barriga com uma camisa larga, cabisbaixa e pensativa, demonstrando sua vergonha. Acho mais poderoso do que o narrador simplesmente contar que ela tinha vergonha.
Escrita: Interessante. Existe a tentativa de deixar a narrativa bela, que, às vezes, é bem sucedida, mas, em outros momentos, acaba tropeçando. Não sei o porquê disso, porém. Fiquei com essa impressão, como leitor. Diria que o “contar” da narrativa é um pouco superficial, também. Quando contamos a história ao invés de mostrá-la, é interessante deixar a narrativa mais profunda, até poética, pra “compensar” a falta de proximidade do leitor com os personagens. Assim, o leitor se envolve com a leitura, ao invés de se envolver com a história e os personagens.
Impacto: Fraco. O conto aborda o tema de forma mediana, tendo uma narrativa inconstante. Não sei dizer que o autor é novato ou estava num dia ruim. Mas, todo o aproveitamento do objeto, assim como o enredo, parecem vir de um momento de pouca inspiração.
Entonces, boa sorte no desafio!
Olá, Almirante Prismático, como está?
Antes de começar a escrever sobre o conto, gostaria de te parabenizar por optar em não revelar, ao decorrer do texto, de qual objeto se trata. Se eu fosse escrever um texto para este desafio, também optaria por descrever ao máximo o meu objeto sem utilizar a palavra que lhe dá nome. E o modo em que fez isso ficou muito bom!
Uma dica que lhe daria é sempre revisar o seu texto antes de enviá-lo. Percebe-se que há um lapso de revisão só por comparar o corpo do texto e o último parágrafo, que possuem diferenças quanto à fonte.
Dito isso, irei aos comentários específicos sobre o conto:
Aproveitamento do tema: O tema proposto pelo desafio foi cumprido na elaboração do texto. Tem-se como narrador-personagem um espelho. Acredito que quanto a isso não há dúvidas.
Enredo/Escrita: Gostaria de começar já falando que o conto tem um potencial que não foi muito explorado. Acredito que se o conto fosse estendido, talvez optando por inserir algumas cenas do espelho tanto na casa da patroa quanto na casa de Mariazinha, cenas com maior detalhamento, esse potencial teria sido melhor trabalhado. Gosto, como já dito antes, da descrição do objeto em si e suas diversas funções, sejam sociais ou históricas.
Ressaltarei agora alguns trechos que, para mim, precisam de uma revisão:
A luz entrava por uma frestinha da janela coberta com um pobre pano de chita que um dia exercera função de saia e hoje estava lá servindo de cortina. → Acho essa frase muito longa. Talvez uma quebra com vírgulas ou utilização de outros termos.
Paredes sem o reboco, o chão de terra batida. → Essa frase não precisa de revisão. Só queria destacar porque gostei dessa construção sem verbo.
Lembro-me o entusiasmo → Lembrei do (?) entusiasmo.
que Mariazinha trouxera da casa da ______ (falta uma palavra aqui? patroa? mulher?) onde estava fazendo limpeza.
A patroa se mudou e não tinha mais espaço para colocar aquele troço enorme adquirido na França. → A patroa se mudou e não tinha mais espaço para colocar aquele troço enorme, adquirido na França.
limpeza diária do meu longo corpanzil fazendo meus reflexos ainda mais nítidos. → limpeza diária do meu longo corpanzil, fazendo meus reflexos ainda mais nítidos.
muito que só me encontram com a iniciativa de se admirar a si próprio, → muitos
imperfeições externas e esquecendo-se que há também imperfeições internas. → eu optaria por omitir o segundo emprego do “imperfeições”
Só que naquele dia normal algo estava para acontecer. → Só que, naquele dia normal, algo estava para acontecer.
Invadiram nossa casa. → Gosto da mudança sutil com que o narrador emprega aqui “nossa”
Não é uma reclamação. Acredito poder ser feliz como quer que esteja. Feliz não. Afinal sou um objeto e, portanto, não carrego o grande fardo de carregar fraquezas como sentimentos. Apenas sou. E isso me basta. → Não sei se teria um impacto maior se as duas últimas frases do conto fossem escritas no passado, afinal, o espelho já não é mais um espelho.
Impacto: Gosto quanto são apresentados opostos dentro de um texto. Mas aqui me pareceu que o espelho em si também é um tanto quanto vaidoso e preferia o luxo da casa da patroa, do que a simplicidade da casa sem reboco de Mariazinha. Como disse antes, gostei da escolha do tema, mas ele tem potencial para ser melhor trabalhado.
Até mais e boa sorte!
REFLEXOS- A narrativa de um Espelho que, de uma mansão em um bairro nobre, vai parar numa casa pobre da periferia numa zona dominada por gangues, é o que se presume pelo final. Em alguns trechos o conto tem um tom filosófico, se não, talvez por questionamentos morais, estéticos, narcisista. Os 5 mil anos do Espelho, provavelmente se refere ao tempo em que o vidro foi criado pelos fenícios, seria 5000ac, provavelmente. A história de Mariazinha e o filho fica incompleta quando o espelho se quebra e não consegue contar o final.
Aproveitamento do tema= Bem aproveitado.
Enredo= Não achei ruim, mas poderia ser melhor finalizado.
Escrita= Boa escrita, frases com bom conteúdo estético e sonoro, além de sentido claro e lógico. Porém, algumas poderiam ter sido melhor elaboradas, perderam o brilho em face das outras. Não sou professor de literatura, tampouco de gramática, é apenas uma opinião de escritor amador, rsrs.
Impacto= O conto anterior que li, uma Travessa se quebra no chão, aqui é o Espelho. Eles contam a história antes de sua destruição. Lá presumimos que tudo tenha terminado bem, aqui a incógnita sobre o destino de Mariazinha e o filho deixa um sentimento de decepção, um impacto não de todo definido. Boa sorte.
Olá, Almirante, tudo bem?
Aproveitamento do tema:
Você usou o tema corretamente. Contou tanto o que viu e refletiu 😁, como o que pensou e sentiu.
Enredo:
Achei meio fraquinho… Tinha potencial para aprofundar mais, tanto contando mais histórias de onde veio, como da casa nova e seus habitantes. Ficou um texto curto e sem profundidade, só arranhou a superfície do tema. Ainda deixou dúvidas sobre o final… Afinal, o que aconteceu com a Mariazinha? E mais, não consegui entender direito em que época se passa a história…
Escrita:
Olha, ainda pode melhorar bastante. Tem alguns lapsos de revisão e achei a leitura meio empacada. Podia também ter aproveitado que o espelho era francês pra colocar algum sotaque ou expressões em francês. Mas isso é só pitaco sem importância 🤭
Impacto:
Então, pelas coisas que já expliquei acima, não gostei muito do conto… Não é ruim, só podia ser melhor aproveitado. A parte das reflexões 😎 do espelho sobre si mesmo foram interessantes , mas exageradas, generalizaram o texto, seria melhor que as reflexões fossem só daquele espelho em questão e não de toda a classe…
Total:
Parabéns pela participação e boa sorte!
Até mais!