
Pipoca com Bacon │ Gabriel Rosa
Muitas pessoas passam por mim. Todos os tipos de gente. Alguns caminham direto e nem sequer inclinam a cabeça em minha direção. Outros, param, aproximam-se da vitrine e olham bem no fundo de meus olhos, mas nunca me notam. De alguma forma, tudo o que enxergam é o seu próprio rosto, imaginando como ficariam numa bela roupa de grife (que a maioria nunca compra. Pois, quem compra, não se dá ao trabalho de imaginar). Eu gosto de reparar. Pra ser sincero, não há muito o que fazer quando se é um manequim, além de concentrar todas as suas forças e energias em não fazer absolutamente nada. Então eu observo o que os outros fazem e, quando presto atenção o suficiente, de alguma forma, mesmo que por um único instante, é como se eu também estivesse fazendo aquilo. Acho que ouvi algo parecido, numa dessas frases de efeito de algum filme dos anos 80, mas não era tão legal quanto a minha.
O dono da loja se chama Tito e ele é um verdadeiro fã de filmes de ação. Toda sexta-feira escolhe um, prepara a “salinha pipoca”, que na realidade é o pátio da loja, e aguarda por seu filho, depois do expediente. Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Jean Claude Van-Damme e todos os outros brucutus do cinema hollywoodiano marcam presença na sua vasta coleção de DVD’s. Isso mesmo, DVD’s! Tito diz que nunca acha nada de bom nesses “sites de filme”, que sempre fica “procurando, procurando e procurando” e que, no final das contas “não se fazem mais filmes como antigamente”. Então ele montou seu próprio acervo, que vai desde: “O Vôo do Dragão”, com Bruce Lee, passando pela coleção completa de “Rocky”, “Con Air”, com Nicolas Cage, até o primeiro “Mad Max”, de George Miller. Mas a verdade é que essa história toda de cinema não passava de uma grande e elaborada desculpa. Tito precisava de algo e não tinha certeza do que era. Precisava de alguma coisa, no pouco tempo que tinha com o filho, que fizesse com que o pequeno se lembrasse de seu velho durante a semana. Precisava de algo em comum e o cinema veio a calhar.
Hoje, escolheu “Highlander – O Guerreiro Imortal”, que era o favorito de seu filho. A trilha sonora do Queen, as lutas de espada até a morte, as frases de efeito de Sean Connery e o épico bem contra o mal! O filme tinha tudo isso e muito mais! Era um épico moderno, “uma obra-prima”, repetia Tito ao ver o sorriso, tão difícil, do filho, que não desgrudava os olhos da telona. Os dois comiam uma boa pipoca com bacon, especialidade do pai, e imitavam as batalhas formidáveis, dizendo: “só pode haver um”.
Até que… o filme acabou. A tela ficou preta e as letras começaram a subir. O sorriso do filho voltou a se esconder e o pai suspirou profundamente.
Naquele instante, percebi que Tito me olhava bem no fundo dos olhos. Não era como os outros! Ele olhava para mim, realmente para mim! E eu devolvia o olhar. Peguei-me imaginando como seria ser humano e talvez ele pensasse o oposto.
Como seria passar uma noite com alguém tão especial e ver essa pessoa sorrindo por algo de bom que eu havia feito? Como seria aproveitar algo de bom que outra pessoa tivesse feito por mim? Qual seria o gosto daquele danada pipoca com bacon, que o garoto teimava em mastigar?
Mas Tito desviou o olhar e entristeceu-se, pois chegava a hora de colocar a criança para dormir, e na manhã seguinte, ele deveria voltar para a mãe. Isso eu não gostaria de sentir. Isso eu não gostaria de saber. Mas será mesmo possível escolher entre um e outro? Ou seria o amor um pacote completo, com mais lágrimas que risos difíceis e mais choros do que pipocas com bacon?
Prefiro ficar aqui, parado, observando as pessoas se observarem e assistindo, de longe, outros assistirem um bom filme.
Aproveitamento do tema:
O tema está muito bem presente. Tudo que se fala remete ao narrador e sua personalidade está bem definida.
Enredo:
Achei demasiado simples, mas não é preciso de mais do que isso para se passar uma boa história. A reflexão combina com o narrador e o pai é um personagem muito identificável, assim como o próprio narrador.
Escrita:
Não encontrei erros gramaticais ou de construção da estética dos parágrafos.
Impacto:
Confesso que não foi tão impactante quanto imaginei que seria quando vi tantas pessoas falando bem dele. Ele cumpre o que promete, mas como não prometeu muito, entrega. Foi uma boa experiência, mas não a melhor possível.
Adequação ao tema: O conto se adequa, tomando o ponto de vista do manequim não só enquanto uma forma de observar o que está acontecendo, mas incorporando no texto reflexões e anseios desse narrador personagem. Há personalidade.
Enredo: Aqui achei que o conto poderia ter sido mais desenvolvido pela autoria. Existe uma tensão em torno da relação de pai e filho e das expectativas do mais velho quanto ao seu visitante, vê-se um drama na tentativa desse pai de tentar se conectar com essa criança, ainda que se apoie na única forma que imagina ser possível, a partir dos filmes que curtia. Mas isso parece mais a premissa do que propriamente um enredo, quase como se fosse uma imagem, recorte dessa relação. Daí temos a troca de olhares entre homem e boneco, a sugestão de que algo transformador vai acontecer, o narrador dá a entender que há um questionamento similar entre os dois, mas não passamos a isso. Argumentar-se-ia que, sim, o conto pode levar um personagem num ciclo, em uma repetição, mas daí, da maneira como foi feita, perde-se o atributo que será comentado mais adiante.
Escrita: A escrita é sincera, exprime e caracteriza seu narrador, embora eu ache que fique um pouco apagado quando nos fala da sessão de filmes entre pai e filho. Não notei erros da revisão.
Impacto: É como eu disse anteriormente. Parece que lemos o ponto de partida de uma história, mas não a história propriamente dita. Dessa maneira, quando se chega no final parece que nem sequer começamos.
Olá, John
Aproveitamento do tema
O aproveitamento do tema é perfeito. A história de um manequim que inveja algo tão simples como o sabor de pipocas.
Enredo
A revelação de que é um manequim surge cedo demais. Se acontecesse no final aumentaria o impacto.
Escrita
Simples, sem arriscar.
Impacto
Poderia ter sido maior. Mesmo assim gostei da imagem do manequim a assistir às pessoas que assistem um filme. Estilo matrioska, aquelas bonecas russas que têm sempre uma boneca mais pequena no interior.
Olá, John McClane, tudo bem?
Eu gostei muito do teu conto. Talvez aqueles mais apegados ao lema de que “o conto tem que ser longo para contar bem algo” também se impressionem com a qualidade narrativa do conto, que breve apresenta todos os detalhes necessários para criar a imagem durante a leitura.
Te ler também me trouxe uma memória boa. Na minha família era uma tradição às sextas-feiras ir a locadora, alugar dois ou três filmes, e passar as noites de sexta e sábado assistindo filme. Inevitavelmente acabávamos dormindo no sofá e no chão, todos espremidos, o que rendia boas dores no dia seguinte.
Mas vamos ao que interessa:
Aproveitamento do tema: um manequim narra um pequeno recorte da vida de Tito e seu filho.
Enredo: É muito bom. O manequim é um narrador que conhece seus limites, o que não o torna onisciente, mas não deixa lacunas quanto ao que é proposto, já que versa ora sobre o que observa ora sobre suas próprias reflexões.
Escrita: Você escreve bem. É um texto curto e muito bem escrito, o que dá prazer ao ler.
Impacto: Eu gostei do teu texto e de como você soube aproveitar bem o tema proposto pelo desafio. Parabéns!
Olá, John, tudo bem?
Aproveitamento do tema:
O tema proposto foi bem aproveitado. Uma vez ouvi uma jornalista falando que muitas lojas usam manequins sem cabeça justamente para que as pessoas possam se imaginar vestindo aquelas roupas, o que não foi o caso no seu conto. Aqui o manequim tem até olhos que enxergam e pedem para ser vistos.
Enredo:
Enredo envolvendo a relação pai e filho, temperada por momentos cinematográficos. Ainda citou um filme que me fazia suspirar na juventude – Highlander – com Chistopher Lambert (vesgo, mas muito sensual) e a frase – Só pode haver um! Um recorte simples que envolve bem mais do que as poucas linhas podem revelar. Trama bem amarrada.
Escrita:
Linguagem simples e sem entraves que atrapalhem a fluidez da leitura. Não encontrei lapsos de revisão, mas também não estava atenta procurando erros. Boa construção do narrador e dos personagens, sem voltas ou reviravoltas. Menos é mais.
Impacto:
Um conto curto que não cansa quem o lê, narrativa simples que traz ternura e um quentinho no coração. Bonito!
Boa sorte!
Olá, John McClane
Aproveitamento do tema:
Tema excelentemente aproveitado. Cumpre a proposta e não se restringe ao um narrador inanimado que apenas narra o que observa.
Enredo:
Enredo muito bom. Mostra o que o conto traz de melhor, o poder de contar uma história em poucas palavras. Em apenas alguns parágrafos você entrega uma história gostosa de ler. Uma única coisa que não entendi direito, é como esse manequim observa os pedestres da rua e ao mesmo tempo o que acontece dentro da loja? Mas pode ser só uma dificuldade minha mesmo de ter projetado isso.
Escrita:
Muito boa. Escrita fluída e não encontrei erros.
Impacto
Muito positivo. O conto é muito bom e traz questionamentos que ressoam, mesmo quando o conto acaba. Senti falta apenas de um pouco mais de emoção no fechamento.
Parabéns e boa sorte!
Olá,
Reconheço que me identifiquei pessoalmente com o conto. Também tive um pai muito fã dos brucutus dos anos 80 e foi uma forma de me aproximar mais dele na minha infância. Confesso que o pseudônimo do duro de matar me deixou curioso. Espero que minha avaliação não te encontre no lugar errado e na hora errada rs
Aproveitamento do tema:
Bem aproveitado. O manequim é não só um observador mas também têm uma relação com os outros personagens
Enredo:
Simples, mas simpático. É um enredo crível e humano. Talvez simples demais no sentido que poderia ter um desenvolvimento a mais, soou curto pra mim
Escrita:
Perfeita. Sem erros gritantes, tem ritmo e estilo.
Impacto:
Aqui é o ponto fraco, talvez. A história mexe bem com o emocional, mas deixa um gosto de que terminou na metade. Parece que vai ter mais coisa e acaba de forma meio abrupta. Não sei se sou eu que não estou muito habituado a textos curtos ou se outros leitores terão a mesma sensação.
Boa sorte!
Ho Ho ho!
Saudações, Felipe.
Muito obrigado por ter lido o texto e por ter comentado suas impressões, tanto positivas quanto negativas. Creio que, para um escritor, não há nada mais gratificante do que pessoas lendo a sua obra.
Sobre a história ter essa sensação de terminar na metade, acredito que isso se deva ao fato de se tratar de um recorte bem pontual da vida de Tito. Além disso, é possível que o próprio Tito tenha sentido algo parecido com o que você sentiu, quando a história (que para ele é uma parte de sua vida), acabou (e acabou tão depressa!). Por que na vida, muitas vezes é assim, as histórias acabam no meio de uma frase, depois de uma vírgula, antes de um ponto final.
Olá John!! como vai?
Aproveitamento do tema:
Muito bom mesmo! Senti do começo ao fim que se tratava do manequim narrando.
Enredo:
Simples, mas poderoso! Contado de maneira inteligente. Acredito que sejam assim as grandes obras literárias dramáticas: um plot simples, mas bem contado para conseguir dar vazão aos sentimentos e pensamentos humanos, que devem ser os verdadeiros protagonistas de um drama.
Escrita:
Muito bem escrito! Não encontrei erros de gramática, coesão ou coerência, além de fluir de maneira natural.
Impacto:
Gigantesco! Achei impactante pela maneira como o ser inanimado começa a se questionar sobre como seria como ser humano e explora um pouco dessa questão sobre como deve ser cada um dos sentidos de ser vivo. Profundo e tocado de maneira delicada.
Gostei muito mesmo!
Parabéns pela participação e boa sorte!
Yippee Ki Yay!
Aproveitamento do tema
Totalmente adequado ao tema. Um manequim de loja relata o que ele vê da vida de Tito, dono da loja e faz questionamentos a respeito de sentimentos.
Enredo
Simples, um recorte do dia de Tito pelos olhos do manequim. Tito recebe o filho para uma sessão de filme e se entristece quando acaba.
Escrita
Correta e limpa, sem erros, ao menos que eu tivesse notado. O personagem narrador é bem definido.
Impacto
Fraco. A história, apesar de boa, é superficial. Mesmo os questionamentos do manequim, são questionamentos superficiais. Havia espaço, tanto no limite de palavras quanto nas possibilidades, para mais, para desenvolver conflito, mostrar mais facetas e conflitos do que é ser humano, para aprofundar a pegada filosófica do texto.
Olá, Kelly!
Muito obrigado por ter lido o texto e por comentar, com sinceridade, suas impressões acerca da narrativa. É de grande importância para meu desenvolvimento como escritor. Cansei dessa vida de herói! É boa, mas não paga muito bem e os remédios são caros…
Sobre sua crítica, permita-me discordar. Havia, indubitavelmente mais espaço e possibilidades, mas não creio que a história pedisse por mais. E, optei por (mantidas as devidas proporções e, com exceções) seguir uma linha “Ernest Hemingway”, mais crua e objetiva, que contrasta com a experiência cinematográfica vivenciada pelos personagens. Desta forma, concordo que a história seja curta e também simples, mas de forma alguma simplista ou superficial.
Gostaria de dizer que sou muito grato por ter lido a história, comentado e mesmo criticado. Para mim é de grande valia.
Olá, John!
Aproveitamento do tema:
Total. O narrador ser quem é tem relevância na narrativa. A voz dele, suas impressões e sentimentos são bem retratados no decorrer do texto.
Enredo:
Gostei bastante! Achei criativo e bem sintetizado. Os personagens tem a profundidade certa dado a limitação de palavras do desafio.
Escrita:
Escrita boa. Mas uma coisa que me incomodou um pouco foram as muitas citações a obras cinematográficas. Acho que ficou um pouco cansativo, mas essa é só a minha opinião. Também não entendi muito bem o propósito do seguinte parágrafo:
“Naquele instante, percebi que Tito me olhava bem no fundo dos olhos. Não era como os outros! Ele olhava para mim, realmente para mim! E eu devolvia o olhar. Peguei-me imaginando como seria ser humano e talvez ele pensasse o oposto”
Não há uma explicação nem sugestão do porquê de Tito ter encarado o manequim neste momento. Na minha perspectiva, este trecho ficou um pouco “solto” no conto.
Impacto:
Gostei do seu conto. Tem bastante qualidade e sensibilidade.
Boa sorte!
Olá, Maria Fernanda!
Que bom que gostou do texto! Percebi que digitar nestes teclados moderninhos dá mais trabalho do que rastejar pelo tubo de ventilação. Que bom que valeu a pena!
Sobre o trecho destacado: ele é importante, porque retoma o início do conto e traz uma reflexão mais profunda à obra. No entanto, você tem toda a razão! Falta algo que conecte/explique melhor a ação, por parte do personagem.
Obrigado pela leitura atenta!
Buenas, McClane!
Gostei, hein!
APROVEITAMENTO DO TEMA: Mediano. O mesmo tipo de aproveitamento que a maioria teve até o momento. Acharia mais interessante, neste caso, a loja ser a narradora. Acredito que abriria espaço pra explorar outras nuances. E até expandir para outros “corpos”, algo como se o manequim fosse os olhos da loja, o rádio fosse a boca dela, etc. Sei lá, matutando aqui. Sua decisão sempre vai ser respeitada, claro.
ENREDO: Humano. Gosto muito deste tipo de trama. Relações humanas narradas dum ponto de vista sensível acabam me agradando bastante. As nuances foram bem trabalhadas, também. Ainda defendo que dava pra expandir a relação pai-filho usando a loja como parâmetro ou base.
ESCRITA: Muito boa. Fluida, natural, com frases bem construídas. Escrita limpa sempre é bem apreciada.
IMPACTO: Fortinho. É um conto simples, mas sensível e narrado sensivelmente, o que dá bastante valor pra ele. Perde um pouco de pontos por causa do aproveitamento do tema. Fora isso, agradou-me bastante.
Boa sorte no desafio!
Olá, Fabio!
Obrigado pela leitura atenta. O objetivo do conto foi retratar uma cena, um recorte simples, mundano, humano. Fico feliz que tenha observado isso.
Só uma coisa… “fortinho”? Fortinho é o Rocky Balboa… John MaClane é duro de matar!
Salve, John. Td certo por aí?
APROVEITAMENTO DO TEMA: Adequado. Achei no início do conto o sr. faria algum suspense sobre quem era o narrador. Não sei se funcionaria nessa trama, mas me pareceu interessante ficar pensando, nas primeiras linhas, em quem seria. Logo o sr. escancarou, mas tudo bem. Achei um pouquinho inverossímil o manequim saber e presenciar tudo aquilo que ocorre na sessão de cinema porque ela se dá no pátio da loja. Os manequins vão para o pátio da loja toda noite? Não é essa a minha experiência. Mas é só um comentário. Não vou tirar pontos aqui.
ENREDO: Eu fiquei confuso sobre em quem o autor queria colocar o foco. No manequim, no pai, no filho? Mas ok, entendi que o foco estaria no pai e haveria uma reflexão entre o pai e o que o manequim sentia ao perceber sua relação com o filho. Mas é que um conto curto não abre tantas oportunidades para tratar de tantos temas. Era um tema familiar? Ou era uma reflexão moderna sobre o desejo de seres inanimados serem humanos? Senti, portanto, que faltou desenvolver a trama. O que, aliás, poderia ser feito substituindo-se algumas das exaustivas menções a filmes que se fizeram.
ESCRITA: Direta, clara, enxuta, fluida. E não anotei nenhum erro – ao menos não houve nenhum que eu tenha percebido – ao longo do conto.
IMPACTO: Como o enredo acaba sendo o que mais toca o leitor, senti que a confusão de focos e a simplicidade do texto minimizaram seu impacto. Acho que talvez tenha faltado um pouco mais de desenvolvimento no miolo, umas 800, 1000 palavras talvez desse conta de desembrulhar o dilema familiar um pouco mais.
De todo modo, é um bom texto. Peço desculpas caso tenha parecido áspero em algum ponto. E desejo boa sorte na escrita LUME afora, e no certame. Abraço!
Olá, Misael!
Agradeço bastante pela leitura atenta, pelos elogios e pelas críticas. Como já disse, estou tentando largar essa vida de herói… minhas costas estão me matando! E olha que pra me matar…
No que tange o enredo do conto, discordo quanto a: “confusão de focos”. A história não tinha por objetivo ser qualquer tipo de reflexão ou filosofia, por mais que haja reflexões e filosofias nela contidas. A história tinha por objetivo ser uma história. Uma história simples, humana, mundana, viva. Coisas vivas não são unidirecionais, são orgânicas e por vezes não fazem sentido, mas são imersivas e passíveis de experiência. Essa foi a minha intenção. Fico triste que não tenha funcionado com sua leitura, mas tudo bem. Continuo a tentar!
Obrigado pelo seu tempo e… se passar por Los Angeles, recomendo que não vá no natal.
Oi, John!
A primeira coisa que fiz ao terminar o seu texto foi jogá-lo no word e ver a quantidade de palavras: 658. Quase um terço do limite do desafio. O seu poder de síntese é incrível. As digressões foram certeiras, sem ficar explicando demais ou com divagações filosóficas simplistas.
O enredo é simples, tão simples que deveria ser chato. Mas surpreendentemente não é. Sabe por quê? Porque tudo é direto, tudo é claro
Aproveitamento do tema:
Nesse desafio, muitos estão optando por contornar a dificuldade de um narrador inanimado colocando um objeto qualquer numa cena e usá-lo para narrar outra história.
Aqui foi feito isso? Sim. Mas de maneira inteligente. Pai e filho assistem pela tela do cinema improvisado simulacros humanos em histórias inventadas. Um manequim tem também a forma humana. E ele assiste à cena de filme entre pai e filho. Ao narrar essa cena, o manequim age próximo a um crítico de cinema, contando o enredo, sem dar muito spoilers.
Enredo:
Simples. No entanto, bem aproveitado. O autor confia no leitor e não fica nos subestimando com informações desnecessárias. A maioria iria cair na tentação de explicar como aconteceu a separação dos pais, o trauma do garoto, e a divisão de bens.
Escrita:
É uma escrita inteligente e que parece procurar pessoas inteligentes. Usa a simplicidade do enredo para trazer um texto poético e conciso.
Impacto:
O impacto não vem da história, mas do cuidado na escrita. Do valor que dá ao conhecimento prévio do leitor. Da preocupação em escrever um texto pensado para esse desafio, mas que poderia bem figurar fora dele.
Gostei do texto. Parabéns!
Yippee Ki Yay!
John McClane, deve se referir ao personagem de Bruce Willis no filme, Duro de Matar, de 1988. Combinou com o argumento.
O conto traz a narrativa de um manequim em uma vitrine de uma loja, que observa o dono, Tito e seu filho assistindo filmes dos anos 80/90. Me pareceu que Tito é divorciado e que o filho o visita nos fins de semana. A princípio o manequim deseja ser como um humano, mas vendo a tristeza daqueles dois, desiste. Acho que Tito deveria também, levar o filho ao circo, ao parque de diversões, no rio pescar, e tantos outros lugares, mas o conto é assim mesmo, curto e direto.
Aproveitamento do tema; bem aproveitado, cumpriu a regra.
Enredo: simples, curto, deveria aproveitar mais, com mais detalhes da família.
Escrita; boa escrita.
Impacto: achei que ficou faltando alguma coisa. Os elementos são escassos para um impacto de grandes emoções, mas tentativas de construção emotivas, são válidas, embora poucas. Boa sorte no Certame.
Olá, Antônio.
Muito obrigado por ter lido o conto e por expressar suas impressões acerca da narrativa.
Não tive o objetivo de dar mais detalhes, mas sim de oferecer um recorte pontual, mundano, simples e humano, da vida de Tito. Creio que obtive o que queria, de certa forma, já que o senhor conjecturou situações possíveis e, pelo que entendi, desejou conhecer mais sobre os personagens, ao que se infere certa conexão estabelecida.
Não tive grandes objetivos além de contar uma boa história, simples, que poderia muito bem ter acontecido com alguém.
Muito obrigado, novamente, pela leitura e pelos comentários! Acho que vou conseguir mudar de carreira!
Olá, John! Tudo bem?
Aproveitamento do tema:
Tema bem aproveitado, um manequim que não só narra o que viu, mas o que sentiu, deseja e pensa.
Enredo:
Enredo bem pensado e bem executado, sem pontas soltas, sem excessos nem faltas. Simples e bem feito.
Escrita:
Escrita limpa, bem executada, texto bem revisado e fluido.
Impacto:
Gostei muito do seu conto! ❤️
Até agora o melhor (pra mim, é claro)! Mas ainda é cedo pra se gabar😆
Gostei bastante das reflexões do manequim, da sensibilidade com que ele percebeu os sentimentos dos personagens, da maneira como ele internalizou e resolveu dentro de si mesmo o dilema de não ser humano e assim não poder sentir nada, nem bom, nem ruim. Gostei de tudo! Até da pipoca com bacon! Amo!
Total:
Parabéns pela participação e boa sorte!
Até mais!
Yippee Ki Yay!