
O berço │ Jorge Santos
As pessoas dizem que não temos sentimentos, mas nunca se deram ao trabalho de ouvir o nosso riso quando o vento nos perturba as folhas. Nós, árvores, sabemos. Podemos não entender a sua linguagem, mas percebemos o que sentem. Acham que os ramos se agitam com o ar, ignorando a dança que fazemos, presas pelas raízes a uma terra generosa. Assim era a minha existência, uma liberdade incontida, a sentir o calor do sol e o frio do inverno. Na primavera os pássaros usavam os meus ramos para fazer os ninhos. Depois partiam, para voltar no ano seguinte. Já não eram os mesmos pássaros. A vida é um ciclo infinito e parecia ser um lugar feliz, que duraria para sempre – mas o meu “sempre” não aconteceu.
Já tinha tido contacto com o homem. Costumavam passar por mim, ficavam algum tempo, depois iam às suas vidas. Sentia-lhe as vozes e o palpitar dos seus pequenos corações. Por vezes ficavam algum tempo, quando o amor falava mais alto e pedia uma pausa à minha sombra. Aninhavam-se um no outro, falavam palavras doces. Trocavam beijos e abraços. Eu assistia a tudo, imóvel e meditativa. São criaturas frágeis quando comparadas com outros animais que percorrem o bosque durante a noite, mas é uma falsa fragilidade. Um dia chegaram e concentraram-se à minha volta. Senti-me o centro das atenções e por um momento a vaidade tomou conta de mim. Era a maior árvore do bosque. Tão grandiosa como estúpida, como constatei no momento em que senti as lâminas das moto-serras. Fui separada à força das minhas raízes e transportada para uma fábrica onde me dividiram em tábuas, e das tábuas fizeram, entre outras coisas, um berço. Tudo foi muito rápido, na minha perceção do tempo, porque assim são os homens. Criaturas nervosas, ávidas de transformar tudo menos a eles próprios.
Fui lacada de branco e colocada na montra de uma loja da cidade. Sentia outras como eu na mesma loja, transformadas em móveis de todas as formas e feitios. Inconformadas com a sua sorte, e, tal como eu, incapazes de resistir ao destino. Seria o homem capaz de alterar o nosso fado se soubesse como nos sentíamos? Não somos criaturas insensíveis como eles. Somos madeira, somos vida. Sofremos como eles, mas não tentamos mudar o mundo. Somos vida e damos vida.
Encostada a um canto, esperei até que fui vendida e transportada por duas pessoas para um quarto que cheirava ainda a tinta cor-de-rosa pintada de fresco. Sinto dois corações. Não: dois corações e um coração pequeno com uma grande vontade de viver. Fui colocada junto à janela. Sinto o sol, e essa ligação traz-me uma felicidade contida (saudades do meu bosque, das minhas raízes, de sentir o vento a agitar-me as folhas).
Num ápice, as duas pessoas passaram a três. Senti a emoção com que colocavam o novo ser para dormir no meu abraço, como se de um ninho se tratasse: descobri naquele momento um novo propósito. A minha madeira não seria usada para um motivo irrelevante: o que é mais importante do que ajudar uma criança a sonhar? Durante algum tempo, que pensei ser para sempre, fui feliz. Era o ninho de um bebé brincalhão, tranquilizava-lhe o sonho, guardava-o à noite e regozijava-me com o som do seu riso quando brincava. Ele crescia e, tal como acontece com os pássaros que abandonam o ninho quando aprendem a voar, também o bebé aprendeu a andar. E passou a não ter espaço em mim, e veio uma cama grande, em cuja madeira senti a mesma desorientação e inconformidade que já tinham tomado conta de mim. Reconfortei-a como pude. Disse-lhe, na nossa forma de comunicar, tão única como incompreendida pelo homem, que teria a satisfação de trazer a felicidade a uma boa pessoa, o meu tesouro, de quem fui arrancada num ímpeto, desmontada e guardada no escuro da garagem. Não sei quando fui mais infeliz: se foi o momento em que me separaram das minhas raízes, se foi o momento em que me separaram da minha cria humana.
E ali fiquei, triste, só e abandonada. No escuro, sem vermos o ciclo do dia e da noite, não sabemos o passar do tempo. Estive ali anos, talvez. Por vezes abriam a porta. Colocavam ou tiravam algum objeto. Muito raramente era ela, a criança a quem guardara o sono e os sonhos. Já não era criança e eu esperava ansiosamente que, tal como as várias gerações de pássaros tinham feito os ninhos abrigados nos meus ramos, também tivesse oportunidade de abrigar as crias dela e das gerações seguintes.
Mas não foi isso que aconteceu. Quando menos se espera, tudo muda, essa é a grande habilidade do homem, a forma como molda o destino das coisas que o rodeiam. Num fim de tarde senti a porta da garagem abrir-se com violência. Mãos ávidas pegaram nas várias partes que me compunham e seguiram pela rua em passo apressado, numa autêntica procissão patética de ladrões. Assim mudei de mãos. Fui montada e encostada a um canto, com brusquidão e desinteresse. Senti várias crianças no quarto. Percebi a presença de uma, mais pequena, e mesmo sem sentir a harmonia da minha antiga casa, conformei-me com a minha nova tarefa, a de guardar o sono e os sonhos de outra criança. Sempre era melhor destino do que ficar esquecida numa garagem escura – mas sentia falta da paz, da harmonia e da paixão, substituída por gritos, choro e violência. Sentia a ansiedade, o frio e o medo. Era usada como brinquedo, partida, chutada e arranhada. Pintavam e escreviam na minha madeira. Já não era um ser vivo, que ocupava orgulhosamente a sua parte do bosque – agora mais não era do que um simples objeto, danificada. Esperava que me guardassem na garagem quando deixasse de servir, porque já sabia que as crianças crescem e deixamos de ter utilidade, mas o homem nunca nos cansa de surpreender. Arrastou-me para fora de casa e desfez-me com um machado. Depois, atirou-me para a fogueira.
Foi num rápido bailado com as chamas que me desfiz em cinza. Mas não encontrei a morte, no sentido fatalista que os humanos lhe dão. Apenas mais uma transformação. Já fui semente, depois cresci, ganhei raízes, tornei-me árvore, depois cortaram-me em tábuas, fui berço, novamente tábuas e agora sou apenas cinzas, deitadas de forma abrupta para a terra, onde fertilizei os solos e voltarei a viver com a lição aprendida: o orgulho de ser árvore não é nada comparado com a recordação de ter guardado o sono e os sonhos de uma criança.
Adequação ao tema: Aqui minha vontade é pontuar a mais, mas o arranjo discricionário deste desafio me impede. Em geral, minha pontuação por adequação ao tema é sempre superior às demais e aqui acho que a exploração do tema foi bastante inventiva.
Enredo: Lê-se a jornada de uma árvore indo do seu derrubamento à transformação em berço. O fio condutor do conto é o desenraizamento (haha) de sua condição natural para passar pela adaptação a uma nova condição, em que o fator humano em sua fase mais inocente, vulnerável e potencial – a infância, condiciona esse novo formato da árvore, não mais tão estranha aos humanos. Ler esse processo foi instigante e devastador, pois, como logo a ex-árvore aprende, a infância passa e não é igual em todos os lugares. A ternura da primeira infância não é o sentimento presente na segunda que acompanha e depois as chamas, as cinzas, mas a esperança e a compreensão de que a morte não é a mesma entre todos os seres.
Escrita: Atenciosa, precisa. Não notei erros de revisão e o autor investe cada linha em uma informação pertinente e importante.
Impacto: Pela construção bem-sucedida do texto, a leitura me teve linha à linha e a conclusão me fascinou, pois percebi que, de todas as leituras que fiz e, incluo o meu próprio texto, este foi até então aquele que menos se distanciou do ponto de vista da narradora. Veja, a maioria dos textos e, de novo, não em excluo como autor, apresenta os sentimentos e angústias de uma personagem humana a partir da perspectiva de algum objeto, quando muito, apresentando ambos os sentimentos: do inanimado e do animado. Mas aqui, é inteiramente passado a partir do que sente e de como pensa a ex-árvore. Por isso, acompanha-se com atenção e preocupação o seu destino e, ao fim, saber que morrer não é morrer é alegre e singelo.
Olá, Kast. A. Nheiro, tudo bem?
A sua descrição no começo me lembrou algo que gosto muito de fazer. Observar o vento balançar as folhas nas copas das árvores. Para mim, essa é a definição de serenidade. Parabéns pelo começo do conto!
Aproveitamento: A árvore narra a sua transformação e o que acontece depois que vira um berço. Muits criativa a escolha da árvore porque é versátil.
Enredo: Eu gosto e desgosto do enredo do conto. Gosto porque o acho sublime em algumas partes e trivial no que tange a segunda família. Particularmente, lugares comuns na literatura não costumam me agradar, principalmente essa dualidade de família boa/família ruim. Mas é algo pessoal. Entendo a escolha e a sua necessidade na narrativa.
Escrita: Se há erros, não percebi. Você escreve muito bem!
Impacto: O seu conto é bom. Há boas passagens, mas tenho as minhas ressalvas quanto ao ponto que comentei na parte enredo. Mas isso não tira a qualidade do texto.
Parabéns!
Olá, Kastanheiro, tudo bem?
Aproveitamento do tema:
Tema muito bem aproveitado. A árvore transformada em berço é a narradora.
Enredo: O ciclo de vida de uma árvore: semente, depois árvore, depois cortaram-lhe em tábuas, foi berço, novamente tábuas e virou cinzas, fertlizando a terra. A história de uma parte da madeira, já que o seu resto foi transformado em outros móveis. Interessante a narração ser construída a partir do ponto de vista de uma árvore.
Escrita: Pela linguagem empregada, nota-se um sotaque lusitano, pois as palavras e a acentuação são grafadas de forma diferenciada. Escrita madura, capaz de transmitir ideias com sensibilidade e clareza. Narradora/protagonista bem construída.
Impacto: Foi uma leitura agradável, sem causar tristeza ou felicidade, mas entendimento do ciclo que é o destino de todos nós: tudo muda o tempo todo.
Boa sorte!
Adorei o recorte de tempo da história. A 3 etapas são mais que suficientes para contar a história e ainda que eu goste mais de contos com “falas”, o conto inteiramente montada dentro da mente da madeira ficou excelente!
Aproveitamento do tema:
A ideia de tratar da um objeto que muda sua natureza e permanece consciente é fantástico! É minha forma preferida de interpretar o tema e o seu é o que melhor aproveitou até o momento.
Enredo:
Já comentei sobre o recorte, mas também vale a pena elogiar o tom lírico das descrições. O comentários sagazes contra os humanos me lembraram os entes de Senhor dos Aneis e me deixaram curiosa sobre o que os móveis de madeira teriam para contar.
Escrita:
Eu gosto de diálogos (admiro quem consegue intercalar discursos diretos e indiretos enquanto contam uma história), então em parte gostaria de ter visto algo assim entre os objetos feitos de madeira, mas não acho correto avaliar uma obra pelo que eu queria, não pelo que ela ofereceu. Aqui, o que foi oferecido foi delicioso de se ler! Sem exageros e com bons floreios, todas as frases de efeito repercutiram de modo positivo.
Impacto
Sinto que vou olhar para certos objetos de madeira de modo diferente agora, imagino como eles seriam antes de chegarem aqui e par aonde irão. Uma boa história sempre deixa rastro para futuros consumos.
Olá!
Aproveitamento do tema:
Perfeito. A árvore que virá berço que virá cinza narra e protagoniza sua história
Enredo:
Bom, mas com algumas coisas meio estranhas. Por que alguém roubaria um berço, ainda mais desse jeito? Estranho. Mas deu pra entender que seu objetivo maior não é a trama em si, mas a mensagem simbólica que o texto passa. Também achei que a segunda família foi muito pouco trabalhada, não dando tempo de assimilação ao leitor.
Escrita:
Ótima. Habilidosa e descritiva, quase poética. Linda!
Impacto:
O impacto reside na ideia apresentada e na metáfora que se constrói, comparando a perpetuidade de uma árvore centenária em um bosque com a efemeridade da vida humana. E isso é muito bem feito. Mas os problemas que eu citei no enredo minam o impacto estético que poderia existir.
Boa sorte!
Olá Felipe, por mais estranho que possa parecer, a parte do roubo do berço aconteceu mesmo. Ainda hoje não sei quem foi o fdp que me levou o berço da minha filha.
É muito engraçado que inverossimilhança na vida real não precise ser cível. Na literatura atrapalha. Li alguma coisa sobre isso uma vez
*crível
Olá, Kast A Nheiro!
Aproveitamento do tema:
Excelente. Traz não apenas o narrador inanimado, é uma história completamente sobre ele e seu ciclo.
Enredo:
Muito bom. Gostei muito. Quando pensamos em árvores, há infinitas possibilidades de histórias a serem contadas. A ideia de uma árvore que se transforma em berço é muito sensível. É a parte que mais gostei do conto, e, sobretudo, quando você escreve “O que é mais importante do que ajudar uma criança a sonhar?”
Escrita:
Para mim é o ponto alto do conto. A escrita está excelente. A esrita transforma qualquer história e aqui você arrasou. Há muita sensibilidade em sua escrita, cheia de metáforas e ideias bem construídas
Impacto
É o tipo de texto que dá um quentinho no coração. Apesar de eu ter sentido falta de alguma coisa a mais no fim do conto, a ideia do ciclo está muito bem passada e é um texto realmente muito bonito!
Parabéns e boa sorte!
Olá!
Aproveitamento do tema: Adequado e, devo dizer, criativo.
Enredo: É interessante, não é ruim. Mas senti que falta vida. Todo o universo que envolve a narrativa, à exceção do narrador personagem, é simplista. A conclusão me parece estranha e não orgânica. Por que o personagem chegaria àquela conclusão? Em contraste com isso, temos uma frase excelente: “Tudo foi muito rápido, na minha perceção do tempo, porque assim são os homens. Criaturas nervosas, ávidas de transformar tudo menos a eles próprios.” Achei orgânica e de notável sensibilidade. Outra coisa: Como o berço teve tempo de falar com a cama e como essa comunicação funcionaria, de modo que as pessoas não percebessem?
Escrita: Falta revisão. Esse trecho me incomodou bastante: “mais pequena”.
Impacto: Mediano. O conto se esforça por fazer do narrador uma verdadeira “pessoa”. No entanto, na minha opinião, peca ao apresentar um universo não muito rico e um narrador que, na minha opinião, passa do ponto em suas colocações. Apesar disso, percebe-se o esforço em construir uma narrativa poética, que em alguns momentos funciona.
Peço desculpas, caso tenha parecido rude em algum momento, pois não é a minha intenção. A história é boa, percebe-se habilidade por parte do(a) autor(a).
Parabéns pela participação! Boa sorte na competição e fora dela também!
Olá, Gabriel. O termo “mais pequena” é comum aqui em Portugal e, tanto quanto sei, correto no Brasil.
Olá! Obrigado pelo esclarecimento. Aqui só é correto em uma situação, diferente da utilizada no texto. Mas obrigado pela resposta!
Apenas para completar. Agora que compreendi o contexto da escolha da expressão. Não removerei pontos por isso e vou revisar o texto, novamente, para uma pontuação mais justa.
Oi, Kast!
Sua história é suave. A gente vai se rendendo à passividade da árvore. Eu imaginei que ela poderia ter sentimentos de rebeldia, odiar aquele destino de embalar criança dos outros enquanto seus filhos-sementes ficam abandonados no bosque, mas ela vai aceitando e gostando dos moldes e destinos que os humanos dão pra ela. Aí a gente acaba se conformando também.
Aproveitamento do tema:
O objeto inanimado é o protagonista. Acho que o primeiro conto aqui que mergulhou de vez na doideira de um narrador inanimado. Deu a ele tudo, narração, protagonismo e até o título. Parabéns!
Enredo:
Eu li esse conto ontem a noite antes de dormir e só agora a tarde vou comentá-lo.
Nós, humanos, temos uma pretensão de que nossos bebês são a coisa mais importante e nobre do universo. Os bilhões de ano do universo, as centenas de milhares de estrelas e galáxias, tudo é minúsculo diante do sorrido de um bebê. A natureza nos colocou esse instinto e a razão inventou um monte de artifícios poéticos e religiosos para justificá-lo.
Não sei se o restante da natureza nos percebe – perceberia desse modo. A gente faz tão bem assim pra eles?
Mas a árvore aceita com orgulho e submissão o destino nobre dos outros. Acho que é a condição das árvores, né?
Esse comentário longo é só pra dizer que sua narrativa simples me fez refletir. O bom dessas histórias mais singelas, quase previsíveis, é que a gente pode ir parando para dialogar com o narrador, sem a obrigação de ficar avançado para cada nova frase de efeito ou reviravolta que o narrador lança.
Escrita:
Suave e tranquila, o que é bom. A opção por frases curtas, sem muita inversão sintática dialoga bem com a história apresentada.
A escrita é um ponto forte. Nos desafios, os autores comumente não conseguem revisar o texto a tempo, isso pega alguns leitores mais puristas.
Impacto:
Quando avalio impacto, não quero saber se o texto me causou uma grande surpresa, se teve uma virada incrível, se me fez rir ou chorar. Isso é bom, mas em geral é mal-feito. Por isso, em impacto estou observando o quanto me faz ou não refletir sobre o que acabei de ler.
E sua história me fez pensar bastante. Divaguei até sobre o processo de colonização que fazemos da natureza. Eu admito que fiquei esperando o empoderamento do berço-árvore. Não veio. Frustrar é uma forma eficiente de impactar.
Olá. Vou também meditar sobre esta sua última frase, Rangel. “Frustrar é uma forma eficiente de impactar.” Obrigado.
Olá, Kast A. Nheiro! Como vai?
Que texto lindo!
Aproveitamento do tema:
Não poderia ter sido melhor. Do começo ao fim acreditei se tratar de uma árvore que me contava a história e, como, apesar de ser um ser inanimado, como narrador passou a se transformar também com suas próprias transformações! Lindamente feito.
Enredo:
Muito bem desenvolvido, inteligente e criativo.
Escrita:
Sem erros de escrita, escrita fluída e condizente com a história.
Impacto:
Maravilhoso! Eu amei o texto em todas as perspectivas possíveis. O pseudônimo também foi genial. Parabéns mesmo!
Parabéns pela participação e boa sorte!
Olá, Kast A. Nheiro!
Gostei bastante do seu conto, é um dos meus favoritos! 🙂
Aproveitamento do tema:
Total. Gostei da escolha e concordo com a colega que disse que trata-se de um narrador personagem (e protagonista!) que sofre diretamente as ações do desenrolar da narrativa, o que não vimos muito aqui nos textos do desafio.
Enredo:
Criativo, a perspectiva e sentimentos de uma árvore que vê sua vida, literalmente, transformada. No início, sofre com seu destino de tornar-se berço para, depois, resignar-se e abraçar aquela nova vida que repousa nela. E, infelizmente (ou felizmente, seguindo o ciclo da vida), sendo incendiada ao fim da narrativa e tornando-se cinzas.
Escrita:
Muito boa. Poética e descritiva na medida certa. Não creio ter achado muitos erros de revisão.
Impacto:
Gostei muito! Acho lindo metáforas com elementos da natureza <3
Boa sorte!
Buenas, Kast!
Vixi, conto difícil de avaliar, pra mim.
APROVEITAMENTO DO TEMA: Mediano. Quase forte. Ousou em pegar uma árvore, um ser vivo, e revelar o caminho de suas transformações em objetos inanimados. Essa é a parte interessante. Tudo muda. Tudo. É uma lei natural, praticamente. Admito que, refletindo agora, acho que preferia que este fosse o foco da história. Transformação.
ENREDO: Incomodou um pouco. O começo é belíssimo. Mas o tom muda rapidamente. Torna-se agressivo e focado em criticar o ser humano. Uma raiva constante que, depois que assume o propósito de guardar os sonhos da criança, perde um pouco de força. Por um momento, pensei que o foco seria as transformações da vida, como influencia na existência humana e vegetal, mas o conto fica num vai-e-vem desconcertante. Ora agressivo, ora sensível.
ESCRITA: Boa. Não posso falar nada sobre a parte gramatical, mas o início revelou que se trata de um autor habilidoso. O final também é bonito. Meu problema foi com o fluxo de ideia, nada a reclamar sobre a escrita. Só elogiar.
IMPACTO: Não sei definir, ainda. Preciso pensar mais. O conto está bem escrito, possui trechos interessantes, mas senti um tom pessoal nele. Posso estar errado, claro. E não é um problema, em si. Mas, pessoalmente, gosto de histórias que saem do escopo do autor. Histórias com tom pessoal geralmente seguem um fluxo de ideias bem contundentes, afirmativos, afins. Fiquei com essa sensação. Isso me afasta um pouco da leitura. Mas não se engane. O conto é bom. Só não sei ainda se gostei ou não. Depois leio novamente e tento descobrir, hehe.
Boa sorte no desafio!
Aproveitamento do tema
Perfeito. Não é uma história apenas narrada pela madeira e sim a história dela mesma.
Enredo
Bem conduzido e bonito. A madeira narra sua história desde quando era árvore até se tornar cinzas.
Escrita
Correta, clara e precisa. Se houve erros, não encontrei.
Impacto
Um conto que prova que é possível ser, a um só tempo, simples e impactante. Não há aqui reviravoltas ou mirabolâncias narrativas. A história não poderia ser mais simples. E, ao mesmo tempo, é rica em significados, simbolismos, filosofia. É simples e, ao mesmo tempo, profundo. O texto inteiro é permeado, não por poesia, mas por uma amorosidade que parece transbordar da árvore/madeira em sua visão da humanidade. E como é difícil escrever com tanta delicadeza…
Meu favorito até agora.
Parabéns e boa sorte no desafio.
Olá, sr. Nheiro. Tudo bem por aí?!
Que alegria ler este conto. O melhor até agora. De longe. Fácil fácil fazer observações sobre ele:
APROVEITAMENTE DO TEMA: muito adequado. Uma árvore narrando sua história, de “rainha” na floresta até cinzas nostálgicas no “fim” da vida. Destaque para o fato de que este é o primeiro conto do certame (não li Clonazepan ainda, destes primeiros) cujo narrador inanimado é também protagonista.
ENREDO: singelo, mas profundo. A passagem da árvore do início ao “fim” da vida, passando pelo prazer de se transformar em berço de criança. Por momentos, pensei que o texto seria tal como uma prosa poética, com enredo bem reduzido. Mas a trama, super simples, até convencional, funciona muito bem, creio que principalmente pela tonalidade poética que o texto assume.
ESCRITA: irretocável. Eu nem me importaria em, numa segunda leitura, achar um ou outro erro. Se existirem, devem ser tão imperceptíveis ante à qualidade do texto que isso pouco importa. Quanto ao estilo: poética e sensível. Claro que ora ou outra passa pela cabeça: “isso aqui eu não diria”, “essa frase eu não poria deste modo”, “essa repetição soou demais”. Mas nada que tenha sobressaído. Reitero: é muito bem escrito.
IMPACTO: aquela leitura que você fica feliz de fazer. É o tipo de texto que, pela sensibilidade e poesia em cima de uma trama linear, simples, singela, mas bem montada, me agrada muito.
Parabéns, boa sorte e obrigado, meu caro!
Olá, Castanheiro😉! Tudo bem?
Aproveitamento do tema:
Tema muito bem aproveitado, até agora, o que mais narrou sua própria vida e jornada, mesmo que inanimado, do que o que viu e presenciou. A madeira é o protagonista da história e não mero narrador.
Enredo:
Simples e bem feito. A vida e o sentimento, pensamentos e conclusões de uma árvore.
Escrita:
Muito boa. Me parece que o autor (a) é estrangeiro, então o que para mim parece estranho ou errado, é só a forma correta no seu português. A escrita tem beleza e leveza.
Impacto:
Gostei do conto. Tem um tom filosófico que me agrada bastante. Não exagerou no drama, nem na fatalidade do ser destruído, mas na esperança de reviver sob outro especto.
Total:
Parabéns pela participação e boa sorte!
Até mais!
O conto é singelo, suave, desperta boas emoções no leitor, trazendo a imagem de uma criança dormindo num berço construído com madeira de uma árvore (Castanheira do Brasil?) frondosa em um bosque algures. A narrativa feita pela própria árvore, critica a ganância do Homem em destruir a natureza, a dor dela de ser cortada, tirada de seu lugar, ao mesmo tempo descreve sentimentos ternos ao ser transformada em um berço para ser o leito de uma criança
O tema foi bem aproveitado, uma árvore narrando sua história.
O enredo não é ruim, mas também não é espetacular porque tudo é previsível.
A escrita é normal, correta, sem grandes divagações.
O impacto foi fraco, já que não trouxe grandes surpresas, apenas emoções obvias, aquelas que eram a finalidade do mote. De qualquer forma, um conto que merece uma boa nota.