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Golfinho que nada em maré baixa │ Pedro Paulo

Do jeito que me jogou, virei e revirei algumas vezes antes de parar. Estava bem na beirada do colchão. Essa safada quase me derrubou no chão. A audácia! Ela caminhava de um lado para o outro ao pé da cama, celular na mão, o alto-falante acionado deixando ouvir os toques intervalados que, repetidos, pareciam cada vez mais longos, como também ficavam mais acelerados os seus passos. A voz tipicamente abafada da ligação soou do outro lado.

— Fala, Bê!

— Não funcionou!

Ouviu-se um suspiro do outro lado da chamada

— Não funcionou o quê?

— O negócio, mulher! Você sabe do que tô falando.

— Ai, menina, fala vibrador logo, se acanhe não.

Mais do que acanhada, desesperada, ela se curvou sobre o celular, unindo as mãos em concha como se pudesse reter as palavras da prima ali na segurança de suas mãos. Rijo, o maxilar mal permitiu que abrisse a boca. Forçadas para fora dentre seus lábios colados, as palavras saíram abafadas.

— Você por acaso quer que a minha mãe ouça?

Sua interlocutora não perdeu a jovialidade. Até riu.

— Relaxe, Bê. Tia tá mais é precisando aprender também, essas neuras que você tem vieram de berço!

— É, mas não sou eu que vou ensinar à velha. Aliás, com minha vó vindo passar o tempo aqui por causa da quarentena, imagine só o que aconteceria se soubessem.

— É, mana, é barril mesmo.

— Mas enfim, acho que veio com problema, viu?

— Descreva sua situação, senhora. Avaliaremos enviar uma equipe técnica para cuidado!

Em toda a minha vida desde a retirada de minha embalagem parda, a vi relaxar. Soltou uma risadinha, sentou-se na cama de um jeito que o colchão me fez pular. Beirei uma queda feia. Quebrado é que eu não vou funcionar, minha filha.

— Olhe: primeiro… eu sei lá, é estranho, é borrachudo. Dei uma pesquisadinha e… vai ver que o material me dá alergia, eu não consegui… ah… sabe? Pôr, de jeito nenhum!

— O material?

— Isso! É ABS. Pere! — deslizou o dedo pela tela até achar a pesquisa recém-realizada – olha o nome da criatura! Acrilonitrila… butade… butadieno… estireno…. Então. Vai que não me dou com isso?

— Mulher, pelo amor de deus, isso é plástico! Você por acaso tem alergia aos legos do seu irmão?

A outra pelo menos é sensata. Vai que eu é que não me dou bem com você.

— Ô, prima, mas… eu estava pensando naquilo da equipe técnica…

— Hm?

— E sabe, mais fácil do que ficar mexendo com plástico seria… sabe? Basta eu ligar pro Kaíque e…

— Ahn? Ahn? Mas de modo algum! Primeiro: ele não presta. Segundo: mulher, é pandemia. Você é negacionista, é? Quer matar a sua vó?

— Não, né, porra! — e diminuiu ao sussurro — eu quero é dar, quero matar ninguém não.

— É, mulher, dar todo mundo quer, inclusive quem não sabe ainda. A questão é: pandemia, mãos à obra. Eu te comprei o instrumento. Use!

— Mas eu acho que não presta comigo, sei lá.

— Meu amor, isso é normal, ninguém nasce sabendo não. Eu também não peguei de primeira, agora vamos por partes. Como foi que você usou?

Vá, agora conte pra ela do teatro de vergonha em que você literalmente me meteu! Seca, rija, contraída, mais parecia uma cabeça de agulha. Toda sem jeito, mão tremendo, mais me sufocando do que me manuseando, o aperto foi tanto que me ligou mais de uma vez… E do jeito dela era isso mesmo o que relatava para a prima, não disse tudo de uma vez, pausou, revirou o celular na mão, andou de uma ponta à outra do quarto… Frustração e vergonha. Mesmo quando ousou me chamar de “peixe torto”, eu percebi que estive sendo mesquinho.

Se eu pudesse, diria a ela. Diria que macacos também se masturbam. Diria que o prazer sexual é natural de muitas espécies, mas que o ser humano foi aquela a complexificar essa gama de sensações a um nível que nós jamais teríamos previsto. A prima me chamou de “instrumento”, mas eu prefiro artefato. O que sou? Mecanismo vibratório, envolto em plástico com uma fina camada aveludada, moldado à forma de um golfinho, da árvore genealógica de múltiplos brinquedos. Mas nós, tesouros do prazer, estamos aqui há muito tempo. Temos várias formas, às vezes forma alguma, somos uma sensação quase universal cuja fluidez, em paradoxo, nos abstrai nas mais particulares manifestações. Somos o último suspiro de prazer, quando o corpo para de vibrar para se tornar um lugar seguro a acomodar uma respiração rítmica, mais afastada daqueles arquejos ligeiramente desesperados. Somos tanto que nos chamaram de morte. Pequena morte, sim, mas ora, eu acho isso grandioso.

Eu não sou um golfinho. Ou um vibrador. O que eu sou só pode ser quando ela deixar que eu seja. Não foi naquela noite. Lamentou-se com a prima, desligou-se da chamada, pegou-me e revirou em suas mãos, senti sobre mim um olhar mais compreensivo, paciente. Retribui-lhe. Porque nós, que incorporamos essa sensação tão antiga, assistimos ao lamentável processo em que sexo e prazer abandonaram o campo da natureza para serem restritos nos ditames do pudor. Tivemos nossas eras de ouro, aqui e ali, onde o prazer era um assunto mais acessível a todos. Mas essas duraram pouco, são quase lendas entre nós. O êxtase é também vulnerabilidade e não querem que essa se propague.

O bom de estar incorporado em um objeto é que o tempo não passa. A escuridão de meu involucro de papel pardo me pareceu a mesma de meu “nascimento”. Ela me tirou dali algumas vezes, estudou-me, vi sua vergonha se esvair a cada espiada. É só você e eu. Mas é tudo você. Tudo você. Outras olhadelas traziam curiosidade, as últimas tinham, explícito e escancarado, o desejo. Até a noite em que me tirou pela primeira de todas as outras vezes verdadeiras. Tocava música, havia ligado a luz do banheiro e deixado a do quarto desligada, imergindo o recinto numa sugestiva meia-luz. Tinha uma taça meio preenchida e uma garrafa meio esvaziada de vinho. Estava nua, seu rosto ruborizava, suas partes também. Antecipara-me com as mãos. Muito bem. Não me envolveu de forma estéril, como na outra vez, untou-me em um líquido morno, pastoso, foi como um banho. Senti-me fresco, deslizei em suas mãos não por descuido, mas porque ela brincava comigo, sentia meu movimento, meu ritmo.

Eu não sou um “peixe torto”. Esculpiram-me como um golfinho, meu corpo é longo, minha cabeça é sinuosa, ligeiramente mais fina do que o restante de minha extensão, pois assim me encaixo melhor quando sou levado aonde devo ser levado, adentro do mar em que nado, ali onde ela está me colocando agora. Tudo flui, sou acolhido, os músculos tensionam para me impelir, é macio, úmido, seu movimento é tímido, mas ela não precisa me empurrar, avanço suavemente, é quase como realmente nadar. Envolvido por ela, aceito por ela, sinto que o sangue está em todo lugar, irrigando, sensibilizando, sinto-a crescer dentro de si mesma, me empurra e eu a empurro e é tudo um grande abraço e se faz ouvir o seu primeiro gemido que de forma alguma é de protesto e pra mim o tempo não passa, então o que sei é que quando ela me pressiona com o indicador em meu botão, é a hora perfeita, a hora precisa. Eu estremeço por inteiro, ela estremece por inteiro e

— E?

— Funcionou, prima… ai, como funcionou!

16 comentários em “Golfinho que nada em maré baixa │ Pedro Paulo”

  1. Olá,
    Aproveitamento do tema:
    Bom. A história é narrada por um brinquedo sexual
    Enredo:
    Simples, mas funcional. Nada de especial, mas uma dose de descontração. Se fosse mais escrachado (tipo a larissinha) seria mais divertido
    Escrita:
    Nada de especial. Os diálogos são um pouco chatos. Como eu disse, as vezes parece que se leva a sério demais.
    Impacto:
    Poderia ser melhor. Tem potencial, mas precisa aparar as rebarbas (rebarba de plástico machuca, toma cuidado)

    Boa sorte!

  2. Olá, Peixe Torto, tudo bem?

    Tenho algo a confessar: normalmente textos ligados a temas sexuais não me agradam. Mas tudo é uma caixinha surpresa, não é? Essa leva de contos do desafio está me surpreendendo. Os melhores contos são com essa temática.

    Aproveitamento do tema: Depois que o golfinho pega no tranco, não dá pra dar marcha-ré. Tema mais que aproveitado.

    Enredo: É simples, mas criativo. Parabéns!

    Escrita: Eu adorei algumas expressões que utiliza no texto, usando palavras utilizadas para o sexo, só que em outros contextos. São sacadas geniais!

    Impacto: Eu gostei muito do conto e gostei de como você narrou a história. Tiro o chapéu pra quem consegue escrever um texto neste estilo porque, para mim, é muito difícil escrever um humorr inteligente como esse.

    Parabéns!

  3. Olá!

    Aproveitamento do tema:

    O aproveitamento do tema é o melhor que li até agora neste desafio. Só peca pelo fato do conceito de narrador inanimado, porque no caso deste golfinho isso é motivo para intervenção técnica (mudança de pilhas, etc).

    Enredo:

    O conto avança lentamente, sem mostrar todos os seus sentidos. Isso agrada ao leitor, que é transportado pelo autor através da narrativa. Em cada curva do caminho são encontrados motivos de interesse, como num caminho real.

    Escrita:

    Simples e eficaz. Sem grandes devaneios, conta a história com fluidez.

    Impacto:

    Mesmo depois de sabermos a natureza do narrador, queremos continuar a leitura, o que é sinal de estarmos perante um texto impactante.

  4. Priscila Pereira

    Olá, Peixe torto! Tudo bem?

    Aproveitamento do tema:
    Sim, o narrador é um objeto inanimado, mas bem filosófico.

    Enredo:
    Simples e direto. Sem grandes emoções…

    Escrita:
    Boa, eficiente e condizente com o clima do conto.

    Impacto:
    O conto é bem humorado, meio filosófico, mas não me impactou em nada, não é o estilo que eu gosto.
    Sei que existe, mas pra mim, parece muito estranho mesmo uma mulher que diga que “quer dar”… Confesso que torci o nariz nesse parte…

    Total:
    Parabéns pela participação e boa sorte no desafio!

  5. Anna Carolina Gomes Toledo

    Olá, Peixe Morto.
    Confesso que ri sozinha com a ideia do peixe morto ser um vibrador no formato de um mamífero. Nem foi para ser engraçado, mas se importar com isso num enredo sobre corpo feminino me fez rir pela bobona que sou.

    Aproveitamento do tema: Ideia sensacional. De início me incomodou a sensação do narrador ser muito coadjuvante, mas bastou continuar a leitura para entender a proposta. Ele está, quase de modo pedagógico. Foi um bom aproveitamento da ideia de um narrador inanimado.

    Enredo: Confesso que não gostei muito da divisão meio “rígida” entre o evento e a participação do narrador. Dá para entender, mas não apreciar. Poderia ter encaixado melhor a história e divagações. Gostei das personagens e o entrosamento, principalmente pelo contexto pandêmico. No geral, o enredo é bom.

    Escrita: Nada me incomodou na história, pelo contrário, o jeito coloquial combinou demais com o contexto despretensioso da proposta. Gostei muito dos diálogos. O mesmo se aplica ao jeito meio provocador do vibrador. Os parágrafos mais explicativos ficaram muito densos e longos, não que sejam ruim de se ler, mas poderiam ser mais fluidos, faz sentido?

    Impacto:
    Gostei muito da ideia, provavelmente uma das melhores escolhas de narrador. Me diverti lendo e provavelmente vou me lembrar da história.

  6. Claudia Roberta Angst

    Olá, Peixe Torto, tudo bem?

    Aproveitamento do tema:
    Se não estou enganada, o narrador deste edificante conto é um vibrador em forma de um singelo golfinho. Fique em dúvida porque uma hora você diz “Eu não sou um golfinho. Ou um vibrador.” Então, até pensei que o narrador fosse um orgasmo, mas … ah, deixa pra lá. O importante é que cumpriu com a regra do desafio. Ponnto para você.

    Enredo:
    Uma trama bastante simples, bem humorada, com leve pitada erótica, nada de espantoso ou escabroso. Um texto construído para divertir, brincar com uma situação que deve se repetir, repetir e repetir pelo mundo. A busca do prazer. Seja ele solitário ou acompanhado de um Flipper.

    Escrita:
    Já que se falou de prazer, de se relaxar, então nem vou me apegar a essa coisa de apontar errinho aqui, engano ali. A linguagem utilizada é a coloquial e contribui para a fluidez da leitura. Não é uma maravilha, mas funcionou muito bem.

    Impacto:
    É um texto leve, quase escorregadio, gostosinho de ler.

    Boa sorte!

  7. Olá!
    Aproveitamento do tema: ok.
    Enredo: Superficial e o tema parece passar por cima da história, o que sempre é um problema, em minha opinião. Além disso, os argumentos utilizados pelo narrador para defender sua querela são insipientes e senso comum.
    Escrita: Boa.
    Impacto: Pequeno. Particularmente, não gosto de textos com essa proposta. Ademais, em um momento, parece mais uma espécie de manifesto do que, propriamente, um conto.

  8. Aproveitamento do tema
    Total. Um vibrador relata sua descoberta pela nova proprietária. Um enfoque interessante e bem humorado.

    Enredo
    Bê está em pleno isolamento durante a pandemia, tentado lidar com seus desejos. Sua prima a presenteia com um vibrador e ela sofre a´te conseguir se entender com o novo brinquedo. Foi bem divertido ver a relutância da Bê através dos pensamentos do vibrador.

    Escrita
    Muito boa, leve e fluida. Os personagens foram bem desenvolvidos, cada um com sua voz bem definida. Gostei muito.

    Impacto
    Uma história leve. O impacto foi fraco, pois não há uma crise, uma reviravolta, nada do tipo. Mas foi uma leitura muito gostosa, com um final fofo, divertido e leve. Parabéns!

  9. Olá.

    APROVEITAMENTO DO TEMA: ok. Um narrador inanimado.

    ENREDO: achei um tanto clichê e um bocado superficial.

    ESCRITA: há poucos erros de revisão. O autor escreve bem. Há, aparentemente, uma tentativa de soar engraçado aqui e acolá. Não funcionou comigo. Há uma estranha mudança de tonalidade quando o objeto parece falar sério demais e se levar a sério demais.

    IMPACTO: acho que a principal diferença entre um texto como este e o famigerado conto da Larissinha é que aquele é mais bem humorado, talvez por não se levar a sério demais. Achei que aqui, como já dito, a mensagem é superestimada pelo próprio autor. Claro, é meu gosto pessoal falando, mas há um quê de técnica, espero, na minha abordagem.

    Certamente se minha nota destoar da média, o texto não será injustiçado, dadas as honestas regras deste certame.
    Um abraço.

  10. Olá, Peixe Torto!

    Aproveitamento do tema:
    Total! Achei bem divertida a escolha do vibrador como narrador.

    Enredo
    Enredo simples e potente (rs). A descoberta do prazer sexual. Gostei bastante da cumplicidade entra as primas.

    Escrita
    Há alguns pequenos erros de revisão. Gostaria também que os diálogos tivessem sido mais trabalhados para parecem mais naturais. Gostei da fluidez na escrita e as observações do vibrador trouxeram leveza e um ar descontraído para o texto.

    Impacto
    Gostei muito das observações feitas sobre a naturalidade do prazer sexual, sobretudo de um ponto de vista biológico. O texto me divertiu e gostei muito das falas finais. No entanto, acredito que a personagem central do texto poderia te siso mais bem construída, a fim de torcemos mais por ela durante essa jornada de descoberta. Ainda assim, o texto me agradou bastante.

    Parabéns e boa sorte!

  11. Fabio D'Oliveira

    Buenas, Peixe Torto!

    Por algum motivo, este é o terceiro conto com temática sexual, mesmo num tema tão amplo. Interessante, hehe.

    APROVEITAMENTO DO TEMA: Mediano. Está dentro do tema, mas, por fim, seguiu o caminho comum do desafio. Um objeto é o narrador. Por outro lado, o conto não funcionaria sem ele, logo, o narrador é essencial para a história. Isso garante alguns pontinhos.

    ENREDO: Bom. O foco é a descoberta do autoprazer sexual. O tema é pertinente, pois, de fato, vivemos numa época onde as pessoas não se permitem, mais. Devo admitir, porém, que, em alguns pontos, o enredo se arrastou demais. Por exemplo, depois que a protagonista conta a primeira experiência que teve com o vibrador, temos dois parágrafos grandes falando sobre o prazer sexual. Menos é mais, sempre. Um parágrafo, bem feitinho, passava a mensagem e evitaria cansar alguns leitores.

    ESCRITA: Boa. É uma escrita simples, com um estilo simples, mas que cumpre bem sua tarefa. Os diálogos são naturais e divertidos, um dos pontos mais fortes do texto, e a marcação dos pensamentos do vibrador foi um toque legal. Gosto deste tipo de organização. Talvez, apenas talvez, o alongamento da narrativa tenha relação com seu estilo de escrita. Isso não é um problema, em si, mas pode cansar quando o assunto fica um tanto repetitivo.

    IMPACTO: Mais ou menos. Admito que a leitura cansou, por causa do que já comentei, e, perto do final, já estava me distraindo com facilidade. Isso, com certeza, diminuiu o impacto e o ápice não foi percebido da forma devida. Pode ser culpa minha, claro. Não sei. Mas gostei da mensagem. Ela é boa e importante. Precisamos nos permitir mais. Contanto que não prejudique outras pessoas, claro, hehe.

    Boa sorte no desafio!

  12. Ana Luísa M. Teixeira

    Oi Peixe!
    Aproveitamento do tema:
    Total! Um vibrador contando suas aventuras com uma mocinha em desespero.
    Enredo:
    Uma história super bem contada dentro de um espaço de conto. Verossímil e contada de maneira inteligente.
    Escrita:
    Gostei muito da maneira como foi construída a narrativa e o tom bem humorado impresso em toda história. No entanto os diálogos não me cativaram . Me pareceram talvez um pouco truncado e pouco fluído a maneira como as personagens conversaram entre si. Me pareceu pouco natural.
    Impacto:
    Muito bom! Gostei muito mesmo da história e da maneira como foi contada, apesar da questão abordada no ponto “escrita”. Fora isso achei um texto realmente muito bom!

    Parabéns pelo texto e boa sorte!

  13. Oi, Peixe!

    Uma curiosidade: li uma vez que golfinhos são seres muito sexualizados, fazem sexo oral e transam fora do período fértil. Não é à toa que estão entre os seres mais inteligentes.

    O seu texto me lembrou muito da temática de Manifesto Contrassexual de Beatriz Preciado.

    Diz elu:
    “A contrassexualidade afirma que no princípio era o dildo. O dildo antecede o pênis. É a origem do pênis”.

    A sua história trouxe tanta coisa gostosa dessa descoberta que vamos fazendo do prazer além da penetração “natural” pênis-vagina.

    Aproveitamento do tema:
    TOTAL. Uma das minhas ideias para esse desafio era um dildo-cenoura narrando sua paixão por um jovem e os ciúmes que ele ia tendo ao perceber outros objetos tocarem e beijarem o seu precioso bumbum amante.
    Sorte que fui pra outro enredo, pq você conseguiu fazer isso muito melhor do que eu conseguiria. Parabéns!

    Enredo:
    Achei muito divertido um enredo voltado para essa descoberta do prazer “anti-natural”, não reprodutivo e sem o amor.
    Senti, também, um universo de cumplicidade quase homoerótica entre as primas. História bem desenvolvida.

    Escrita:
    A pessoa que escreveu demonstra domínio da escrita. Sabe jogar com ousadia e humor.

    Impacto:
    Gostei muito do texto. Parece escrito por alguém do universo da psicologia ou biologia. O pudor vai sendo vencido pelo prazer, de forma gradual e bem-humorada.
    E nisso, me peguei pensando, é o terceiro texto aqui que encontro abordando a temática da vagina e do prazer sexual, e todos levam o tema para o humor. Seria a forma que a gente normalmente trata esse tema no cotidiano, né?
    O texto em tudo vai bem, escrita, desenvolvimento e a conclusão me convence. Eu até esperava que a avó – ou a mãe – descobrisse a potencialidade o golfinho antes da neta. Poderia até ser que esse meu final surpreendesse mais, só que aí ficaria inverossímil e, talvez, fosse preciso apelar mais ainda pro humor. Assim preferi o seu desfecho.
    Parabéns!

  14. Ooooooi Flipper!

    A princípio, estranhei essa ideia de golfinho. Mas, sabe que, pensei bem e gostei da ideia… vou pedir para o cérebro plantar esta ideia na cabeça da Lara. Curti mesmo. Eu, Larissinha, gosto muito de brinquedos. Lara não reconhece, mas gosta também. Ela já disse, certa vez, que gosta de brinquedos discretos. Uma bobagem total. Quem tem que ser discreta é bolsa, sapato, cinto, vestido, sei lá, coisas que ficam à vista, aos olhos. Alguém lá vai ver os brinquedinhos “sequissuais” dos outros? Não vai! Ou vai. Mas daí já estamos num nível de intimidade que permite quase tudo. Então, qual o problema em ser um golfinho fúcsia, ou um patinho roxo, ou uma foca vesga? Nenhum! Bora ser feliz que a Larissinha aqui agradece!
    Adorei este conto! Divertido!

    Beijos,
    Larissinha

    1. Lari,

      Falei nos meus comentários: humanos, golfinhos e bonobos são os seres mais voltados para o prazer sexual. Tem até uma história na internet, se está é pq é verdade, de um golfinho que se atraia pela cuidadora.

      Além disso, tem as famosas histórias dos golfinhos-botos se envolvendo com as donzelas amazônicas.

      Acho que não é aleatório não.

  15. Maria Fernanda Borges

    Olá, Peixe Torto!

    Aproveitamento do tema:
    Total. O vibrador é personagem ativo na trama.

    Enredo:
    Nos “fisga” (se me permite o trocadilho) logo no primeiro parágrafo, já que não se deduz imediatamente de que objeto se trataria; é simples, mas funciona, assim como as personagens. O humor que o texto tenta passar, ao meu ver, consegue atingir seu propósito.

    Escrita:
    Muito boa. Pouquíssimo erros de revisão.

    Impacto:
    É um texto curioso — em vários sentidos —, que cativa e faz rir. O segundo texto bem-humorado do desafio!

    Boa sorte!

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