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Circo Felicitas │ Fabio D'Oliveira

1

Não era importante.

Não mais.

Apenas para algumas pessoas: como aquele menino.

Anoitecia. O céu de esmeralda, agora, brilhava fracamente, iluminando a rodovia com dificuldade. O garotinho ziguezagueava vagarosamente por entre os carros abandonados e acidentados. Ao fundo, os contornos da grande metrópole ilustravam o ambiente. O que restava dela, pelo menos.

Acompanhava cada passo dele.

Sua solidão e dor.

A palidez de sua pele, o vazio de seus olhos, a secura de sua boca, o caminhar torto de suas pernas e a tremedeira de suas mãos.

Estava perto do fim.

E, mesmo assim, continuava caminhando, procurando-me.

Por fim, encontrou o desvio que buscava, indicado por uma placa com bandeirinhas amarelas e vermelhas: Circo Felicitas.

2

Por entre as árvores secas, além da estradinha de terra, através das últimas luzes esverdeadas do dia, dava pra enxergar a tenda enorme.

O coração do menino batia forte.

Há muito tempo não o via assim: num meio-sorriso esperançoso.

Entretanto, assim que alcançou o gramado amarelado do terreno do circo, deparou-se com um cemitério. Desmanchou-se. Não desista, tentei sussurrar. Mas foi outra voz que o alcançou.

— Quem está aí?

O garotinho não respondeu, primeiramente. Um pouco temeroso.

— Quem está aí? — a pessoa insistiu.

— Apenas uma criança.

— Aproxime-se…

Era uma mulher. Prostrada, apoiando-se num túmulo de pedra improvisado. De collant preto, num belo contraste com a pele alva, mantinha-se bem maquiada.

— O que faz aqui? — ela levantou a cabeça. Tinha os olhos mais vazios que já vira. Quase brancos.

— Queria assistir o show.

— Sinto muito, garoto… Volte pra sua casa.

— Não tenho.

Silêncio.

— Sinto muito por isso também.

Sentou perto dela. Fiz o mesmo.

— Qual seu nome?

— Solus — demorou um pouco pra responder.

— Por que está aqui? — era curioso.

Solus revelou o sorriso mais solitário do mundo.

— Estou com meu amor.

O garotinho não entendeu muito bem.

— Sabe, antigamente, quando o céu ainda era azul, e tudo era bonito, eu e meu querido éramos uma das estrelas deste circo. Os trapezistas especiais: o mudo e a cega. Eu era suas palavras. E ele minha visão. Mas, no fundo, tudo o que queríamos era ter vivido normalmente. Por que não o fizemos?

Não soube responder.

— Desculpe o desabafo. Ignore. Por que não conversa com o mestre do espetáculo? Ele deve estar na tenda. Aquela grandona.

Quando nos afastamos, na direção dos brinquedos, olhei pra trás e vi, de relance, uma sombra abraçando Solus.

3

Carrossel, tiro ao alvo, pescaria, piscina de bolinhas, trenzinho.

Os brinquedos do circo pareciam intocados, quase novos, como se alguém estivesse cuidando do lugar.

Por que alguém faria isso?

Era algo intrigante para mim.

Para o menino, que sentia o coração bater forte mais uma vez, não importava. Apenas o pensamento de que poderia brincar num dos brinquedos bastava para alimentar seu ânimo. Aproximamo-nos do carrossel e, mesmo parado, alguma coisa deslizava por entre os cavalinhos de madeira.

Era um homem num monociclo. Alto, tão alto, que precisava tomar cuidado pra não bater a cabeça em algumas vigas de metal do brinquedo.

— Que surpresa! Um visitante. Depois de tanto tempo! — exclamou ele, num quase-grito rouco, um pouco animado demais.

Desceu do carrossel, ainda no velocípede, e parou diante do garotinho. Sorriso largo no rosto barbudo.

— Qual o motivo de sua visita, pequenino?

Apontou para o circo.

— Ah, que pena… Os shows foram interrompidos. Por tempo indeterminado. Ordem do chefe.

— E os brinquedos? — arriscou.

O gigante gentil ia e vinha no monociclo.

— Temos um gerador, sim, temos. Mas a gasolina está acabando. Depende do chefe. Por que não o visita na tenda principal?

— Estava indo pra lá…

— Entendo! Venha comigo, um pouco, vou levá-lo até a entrada.

Lado a lado, o equilibrista e o menino desfilaram por entre os brinquedos. Permaneci um pouco atrás, observando-os. Tanta grandeza, tanta pequeneza. Tanta força, tanta fragilidade. Tantas diferenças por fora, tantas semelhanças por dentro.

— Chegamos!

A entrada era um tanto decepcionante. Uma tenda menor que funcionava como um túnel até a tenda maior.

— Obrigado, senhor.

— Senhor Mitis — apresentou-se num aceno de despedida. — Preciso retornar, agora, com a surpresa de hoje, posso esperar tudo!

E foi embora, naquele vai-e-vem do velocípede, rindo sozinho.

4

Penumbra.

O menino estancou na entrada da tenda-túnel, tremendo, num misto de medo, cansaço e fome.

Queria animá-lo, como fazia antigamente, mas não precisei. Num momento de coragem, que me surpreendeu, o garotinho mergulhou na escuridão. Acompanhei seus passos vacilantes. E, então, ouvimos algo sinistro naquele túnel: lamentos e pequenos soluços.

Alguém estava chorando.

Ao longe, um homem com sua lamparina de chama pequena e tremulante. Sentado num banquinho, com o corpo inclinado pra frente e escondendo o rosto com as mãos, o cabelo azul e arrepiado denunciava que se tratava de um palhaço.

— Ei…

O homem levantou a cabeça subitamente, deixando um gritinho escapar e assustando o menino, que tropeçou e caiu para trás.

— Ah, não! — lamentou o palhaço. Sua maquiagem estava completamente borrada. — Desculpa, cem desculpas, mil desculpas.

Ajudou o garotinho a levantar.

— Machucou-se?

— Não.

O palhaço voltou para o banquinho, cruzou as pernas, e balbuciou algo.

— Aqui é a entrada do circo?

— Sim, sim… — soluçou.

— Queria encontrar o mestre do espetáculo.

— Ele não sai de perto da sala dele, não, não. Fica na tenda principal. Continue reto. Não tem erro.

O menino hesitou um pouco. Algo o incomodava.

— Você é um palhaço, não é?

— Tristia, o sorridente — apresentou-se, sorrindo falsamente.

— Então por que está chorando?

O homem ficou quieto por um tempo, surpreso com a pergunta.

— Quando estava escolhendo meu nome, queria ser irônico. Sabe o que isso significa? Ironia. Enfim… Eu tinha uma grande família de palhaços. Era o mais alegre de todos. Mas perdi tudo e todos. Quando resta apenas um, numa família de palhaços, o que resta além das lágrimas?

O menino não entendia completamente. Um pouco, talvez. Era muito difícil absorver aquilo tudo. Antes de embarcar naquela longa jornada, sua mãe havia prometido levá-lo até o circo quando tudo melhorasse. Mas ela dormiu. E nunca mais acordou.

A dor que sentira naquele dia era igual à dor que o palhaço sentia naquele momento?

Num impulso, abraçou o homem, que, sem hesitar, retribuiu com carinho.

5

— A sala do mestre fica nos bastidores, bem fácil de encontrar — desenhou o caminho com os dedos. Despediu-se de Tristia. Em passos lentos, o palhaço retornou para o túnel. Não chorava mais. Por enquanto.

Novamente, o pequeno coração do menino disparava, mais forte do que nunca.

E, além das arquibancadas decadentes, após o palco empoeirado, depois das cortinas vermelhas e manchadas, encontramos os bastidores com suas quinquilharias circenses. Perucas, máscaras, cordas, bolas, argolas, triciclos.

O garotinho não conseguia vê-las. As sombras daqueles que viveram ali, outrora, indo e vindo, repetindo o que faziam em vida.

Ecos.

Ignorando tudo, acompanhei o menino até a sala do mestre. Perto da porta, havia uma espécie de escadinha. Três batidas. Nenhuma resposta.

— Oi… — tentou ele. — O mestre está aqui?

— Certamente, não.

A voz vinha dum monte de perucas.

— Ele está aqui, perdido nesse mar de cabelos, procurando por algo desconhecido, mas maravilhoso.

O homem se revelou: um tanto baixinho, um tanto careca, um tanto gordinho. Ofegante, tirando duas perucas ainda presas no colete de pano, caminhou desengonçadamente até a porta da sala. Subiu as escadinhas, em saltos, e girou a maçaneta.

— Antes de qualquer coisa: quantos anos você tem?

— Oito…

Quase tropeçou quando saltou da escadinha.

— Oito anos, oito anos, e maior do que eu. Inacreditável. Estou encolhendo, por acaso? — e completou ao entrar na salinha. — Entre, entre.

Era um ambiente um tanto diferente, com fotos e cartas tampando as paredes e o teto. Reconfortante. Senti-me bem lá. O garotinho também.

— O que uma criança está fazendo aqui, meninão? Onde estão seus pais?

Não respondeu. Aquilo bastou para o mestre.

— Eu sou Saga, o mestre do espetáculo de Circo Felicitas.

— Onde a felicidade mora! — o menino se animou, de súbito.

O homenzinho balançou o corpo todo, contagiando-se.

— Ora, ora, quem diria, então conhece este humilde lugar?

— Não. Mas minha mãe conhecia. Ela contou tantas histórias daqui! Queria me trazer pra conhecer a família de palhaços, os brinquedos, tudo.

Por um breve momento, o semblante de Saga endureceu, numa tristeza instantânea, mas logo afastou qualquer pensamento ruim que tenha aparecido.

— Que honra. E você veio até aqui atrás do nosso espetáculo?

Confirmou com a cabeça.

— Acho que não tem jeito, então — suspirou ele. — Teremos que fazer um último show!

6

Sorriso verdadeiro.

Sentado numa poltrona, no meio da arquibancada, o menino batia palmas antecipadas, animado como nunca. Por detrás das cortinas vermelhas, os circenses se preparavam. As luzes haviam retornado. E os holofotes giravam, criando um memorável jogo de luzes. Primeiramente, Saga apareceu, caminhando lentamente até o centro do palco, onde havia um elevado.

— Senhoras e senhores, e meninos! Faz quanto tempo que não temos um show? Dois anos? Não lembro. O que importa é que hoje trazemos um novo espetáculo para vocês!

E, num gesto, as cortinas se abriram.

Mitis entrou em disparada num monociclo gigante, enquanto Tristia o perseguia, pra lá e pra cá, furioso, jogando bolinhas para derrubá-lo. Mas o equilibrista era habilidoso: capturou todas as esferas e começou a fazer um grande malabarismo. O palhaço ajoelhou-se, boquiaberto, com as mãos na cabeça.

Nas arquibancadas, o garotinho gargalhava sem parar.

Realização.

É o que senti naquela hora.

Depois disso, os tambores rufaram e, num impasse, Solus apareceu no alto de um dos pilares da tenda. Enquanto preparava o trapézio, Tristia subia, desesperadamente, o outro pilar, agarrando o balanço oposto. Mitis se posicionou entre os pilares, criando um grande círculo com seu malabarismo. Houve um momento de silêncio. E Solus pulou. Foi e voltou. Então, quando Tristia soltou o trapézio, como se previsse a exata posição dele, ela se soltou e, passando no meio do globo de bolinhas criado por Mitis, numa pirueta, agarrou-o perfeitamente.

O menino aplaudiu sem parar.

Era sensacional.

Tudo o que ele queria. E eu também. Queria gritar junto dele. Queria sorrir junto dele. Queria chorar junto dele.

Por fim, ele finalmente me encontrou.

A Felicidade.

7

Todos estavam cansados.

Mas satisfeitos.

Observei o caminhar lento e desengonçado do homenzinho enquanto cruzava o palco até as arquibancadas. Havia decidido, naquele momento, que iria acompanhá-lo.

— Gostou do espetáculo, meninão?

Não houve resposta.

Sentiu um aperto no coração. Aproximou-se da poltrona. E lá estava o garotinho, com os olhos fechados e um leve sorriso no rosto, expressando a mais pura felicidade.

— Partiu deste mundo enquanto ria… — sussurrou o mestre.

— Que modo mais solene de morrer — completou Mitis, que subia as arquibancadas. O gigante pegou o corpo do menino gentilmente. — Daremos um enterro digno para ele.

Saga acenou com a cabeça. Sem falar mais nada, voltou para a salinha, trancando-se no interior.

Chorou.

Lágrimas mistas.

De tristeza. E de alegria.

Pois, mesmo no meio de tanta tragédia, aquele circo ainda era capaz de fazer um menino sorrir. Mas era incapaz de salvá-lo.

25 comentários em “Circo Felicitas │ Fabio D’Oliveira”

  1. Adequação ao tema: Este é um ponto em que critico o texto. Até o momento em que a Felicidade aparece, o texto me parece desconectado do proposto pelo desafio. Por outro lado, constrói uma expectativa que se relaciona com o próprio enredo, como se a história fosse uma busca por quem a narra.

    Enredo: O encontro de um menino com a Felicidade em um lugar inesperado: um circo sem espetáculos. Cada encontro pelo qual passa o menino faz o texto crescer, aponta para a expectativa de um momento mágico que se incorpora no espetáculo final, em que o júbilo e o luto se combinam.

    Escrita: O texto é escrito com sobriedade, econômico nas palavras e focando nas ações, guardando para os breves diálogos os trechos mais poéticos. De certo modo, com essa concentração no descritivo, um dos pontos mais fortes do texto aparece, que é consolidar esse ambiente lúgubre, como se algo muito bonito tivesse morrido ali.

    Impacto: Aqui, entretanto, o texto não me surtiu efeito. Li o conto como quem lê um clichê bem realizado. Quando a narradora inanimada aparece, eu já seguia lendo automaticamente, desinteressado. Tudo está nos conformes, é um conto bem redigido, em estrutura, técnica e conteúdo. Mas não achei uma história interessante, encerrou-se sem efeito e me pareceu um beco sem saída. Se o menino tivesse saído sorridente, eu não teria me importado mais do que o final que tivemos.

  2. Anna Carolina Gomes Toledo

    Olá, Dwaal!

    Aproveitamento do tema: Gostei da ideia da Felicidade como narrador, foi inusitado e até natural na história, provavelmente não seria tão interessantes sem essa narradora peculiar.

    Enredo: Adorei a pequena jornada. Me lembrou o estilo meio fábula do Pequeno Príncipe com uma narração intrigante e reflexões bastante figurativas. Tudo parece se encaixar, principalmente pelos subtítulos que funcionam como capítulos com micro contos.

    Escrita: Não gostei da estrutura do parágrafos, como muitos falaram. Não é que está errado, mas passa uma impressão de espaços entre as situações que provavelmente fluiriam melhor se fossem mais “apertados” em trechos rechonchudos cortados pelos diálogos. Não vi erros relevantes de gramática.

    Impacto: Um resultado aconchegante, apesar da melancolia. O estilo pós apocalíptico deu um ar meio vintage punk e contribuiu com o processo de imaginar a história. Realmente dá vontade de ler de novo.

  3. Olá,
    Aproveitamento do tema:
    Adequado, o narrador é a felicidade.
    Enredo:
    Muito bom. Só senti uma falta de alguma explicação para o que aconteceu. Também não percebi que o garoto estava morrendo de primeira, pois há apenas uma frase que indica isso, e é logo no início e a ideia não é retomada até o final.
    Escrita:
    Bonita, poética, prende a atenção. Mas a divisão por partes eu achei um tanto desnecessaria. Foge um pouco da essência do conto.
    Impacto:
    Muito bom. Um texto muito bonito e comovente.
    Boa sorte!

  4. Olá, Dwaal, tudo bem?

    Há duas semanas fui ao circo com o meu pequeno. Confesso que, para ele, foi uma nova experiência, mas para mim, já cicatrizada e crítica pela vida, percebi o quanto triste aquele circo era. Circo de estrada, que atravessou gerações, enfrentou a pandemia e se mantém cambaleando até agora. Com tanto entretenimento, o circo perdeu seu esplendor e é possível afirmar isso na idade dos integrantes. Para mim, pareciam velhos hippies apegados a uma ideologia. Que bom, que mesmo hoje em dia, existem pessoas que vão na contramão de tudo e tentam deixar o sonho vivo, como podem.

    Mas agora vamos à a análise do seu conto:

    Aproveitamento do tema: o narrador é a Felicidade, não personificada em algum objeto, mas em seu estado mais abstrato.

    Enredo: O conto é um dos mais extensos do desafio, mas a curiosidade para saber qual é o objeto/sentimento mantém o leitor preso ao texto, que é bem escrito e apresenta um enredo bem interessante, mas fiquei pensando se a história não ocorre só dentro da cabeça do menino, antes deste vir a falecer.

    Escrita: Se há erros de revisão, me passaram despercebidos. Gostei da sua escrita.

    Impacto: Gostei muito do seu conto. Parabéns!

  5. Priscila Pereira

    Olá, Dwaal! Tudo bem? Conheço esse estilo… 😉

    Aproveitamento do tema:
    Muito bem aproveitado e diferente da maioria aqui! Gostei bastante!

    Enredo:
    Muito interessante, um cenário pós apocalíptico que foi só insinuado, um menino moribundo que procura a felicidade, que ironicamente estava junto dele o tempo todo.

    Escrita:
    Muito bonita e estilosa! Com doses certas de poesia e informação. Muito boa de ler!

    Impacto:
    Olha, sem dúvidas meu preferido! Amei tudo nele, a ambientação melancolia e desesperançosa, os personagens sombrios e misteriosos, o cuidado até com as respostas curtas do menino, demonstrando o quanto ele estava mal… Só achei que a felicidade como narradora não parecia muito feliz. Ironicamente , não sei como você faria diferente para manter o tom do conto, que está perfeito…

    Total:
    Parabéns pela participação e boa sorte no desafio!

  6. Olá!

    Aproveitamento do tema:

    Gostei do conto, mas a adequação ao tema é a sua característica mais fraca.

    Enredo:

    A narrativa desenvolve-se com calma. Um menino percorre um circo em decadência, onde assiste ao último espectáculo.

    Escrita:

    O conto é muito bem escrito e tem frases impactantes. A última é especialmente brutal e deveria ser o mote para a vida de muito boa gente: por mais má que seja a nossa situação, ainda conseguimos melhorar a vida de quem está ainda pior.

    Impacto:

    O conto é impactante, falhando apenas a adequação ao tema.

  7. Claudia Roberta Angst

    Olá, Dwaal, tudo bem?

    Aproveitamento do tema:
    Um sentimento narra a história: a Felicidade. Narrador inanimado, mas que nos anima um bocado para sair em sua busca.

    Enredo:
    Uma história com tom melancólico, mesmo tendo como protagonista uma criança e o ambiente ser um circo, o desfecho é triste. Mesmo que a felicidade tenha abençoado o menino por uns instantes, a vida se foi. Morreu feliz? Pelo menos, distraído foi. Só me cansou um pouco as várias etapas que a criança precisou passar para chegar à sala do mestre. Também achei estranho o garoto responder – Apenas uma criança. – quando alguém perguntou quem estava ali. Ficou artificial.

    Escrita:
    Linguagem simples, clara, com descrição sem excessos. Muitos diálogos, mas achei estranho o garoto responder – Apenas uma criança. – quando alguém perguntou quem estava ali. Ficou artificial.

    Impacto:
    Um misto de sentimentos: ternura, nostalgia e tristeza. Tudo junto e misturado. No céu tem pão? – foi do que me fez lembrar.

    Boa sorte!

  8. Aproveitamento do tema
    Total. Uma história narrada pela felicidade, enquanto acompanha um menino moribundo que procura por ela.

    Enredo
    Muito bom! Um menino que está morrendo busca por um instante de felicidade, na forma de um circo, o Circo Felicitas. Durante o trajeto, vão sendo revelados diferentes personagens, que sofreram, eles próprios, perdas e dores. Por fim, a busca do menino, pela felicidade, acaba por leva-la a outros, juntamente com a esperança.

    Escrita
    Uma escrita bonita, correta e muito agradável. Os diferentes personagens são bem desenhados e a ambientação é excelente. Gosto de textos que têm descrições apenas na medida certa. Foi o caso aqui. Umas pequenas pinceladas de informação aqui e ali e a imaginação do leitor completa o resto.

    Impacto
    Uma fantasia pós-apocalíptica bem feita, bem desenvolvida, com tom de fábula e muito comovente. Gostei muito! Parabéns!

  9. Olá, Dwall.

    Chegando ao final do desafio, mais um ótimo conto, daqueles que ficarão na prateleira de cima.

    APROVEITAMENTO DO TEMA: adequado. O único que se valeu de um sentimento.

    ENREDO: ambientação impecável, personagens cativantes, narração um tanto seca (não é uma crítica) e, mesmo assim, poética. Há somente dois pontos, ainda que importantes, que me deixaram um pouco incomodados.
    1) A “paragrafação”. Não ei se há necessidade de parágrafos tão curtos, de uma frase. Talvez tenha sido a intenção do autor fazer algo meio “em versos”, mas não sei…
    2) A morte do garoto. É uma dor que acho importante certos textos produzirem. Mas me soou muito súbita. Vi uma explicação sua nos comentários sobre isso, mas acredito que uma dica aqui, outra ali, mais fortes sobre a condição de saúde do garoto, teriam ajudado – fiquei pensando no menino tossindo, ou cambaleando sem motivos em algum lugar, sei lá… só falar que estava com fome não gerou, pra mim, um fluxo verossímil pra morte. Talvez com esses problemas sanados esse seria um conto nota 10 (pra mim).
    O texto é tão bom que, apesar dessas críticas, ele continua ótimo.

    ESCRITA: correta, madura, estilosa.

    IMPACTO: muito positivo. Sem dúvida, um dos meus contos preferidos.

    Parabéns, obrigado por nos presentear com um texto tão bom, e boa sorte no desafio!!

    1. Olá, Misael.

      A formatação do texto foi descuido da minha parte, na verdade, no word parecia mais bonitinho, não previ como ficaria por aqui. E a morte do menino foi prenunciada no início, mas não reforcei essa condição no decorrer do conto. Seria o ideal e acabei esquecendo. Outro descuido meu. Fica o aprendizado.

      Muito obrigado pelo comentário tão generoso e apontamentos, vou me atentar aos detalhes com mais cuidado.

  10. Olá, Dwaal!

    Aproveitamento do tema:
    Total. A felicidade narrando a história do menino em busca do circo. Está bem implícito e acho que alguns trechos do conto teriam ficado mais bonitos se isso estivesse mais claro.

    Enredo:
    O conto trata de um tema bem pesado, um menino debilitado, em condições que dão a entender uma situação precária de vida, é preciso tratar isso com sensibilidade e acho que você conseguiu executar bem. No entanto, acredito que há muito informação na narrativa, tanto nos diálogos com os demais personagens, quanto na sua jornada até o circo. Acho que se condensasse mais as informações e trabalhasse mais a história do menino, o enredo estaria perfeito.

    Escrita:
    Há alguns erros de revisão e de uso da vírgula. No mais, está bem escrito e há bastante sensibilidade em alguns trechos

    Impacto:
    Acho que esse conto tem muito potencial. É bem bonito, mas sinto que precisa de uma lapidada nos pontos que citei acima. O final é bem triste e também fiquei com a sensação de que as falas finais poderiam ser mais trabalhadas.

    Parabéns e boa sorte!

    1. Olá, Guerino.

      Não consegui lapidar direito, culpa minha. Fiz tudo em cima da hora. Queria muito participar, mas a ideia surgiu só no último dia.

      Muito obrigado pelo comentário e leitura.

  11. Fabio D'Oliveira

    Buenas, Dwaal!

    Primeiro conto com teor fantástico que vejo aqui.

    APROVEITAMENTO DO TEMA: Forte. Segundo conto que abraçou um narrador abstrato, desta vez, ao invés da rainha das possibilidades, temos um nobre sentimento. Mesmo que o protagonista da história seja o menino moribundo, a Felicidade é relevante na trama, tecendo comentários pertinentes.

    ENREDO: Bonito. Apesar do clichê do final, o clima mórbido que foi criado acabou me agradando bastante. Mas sou suspeito pra falar. Adoro temáticas pós-apocalípticas, sci-fi, fantásticas, etc. O detalhe que chamou a atenção foi o céu verde, de cor esmeralda, que cobre o mundo em ruínas. Como não revelou o motivo do céu estar assim, acabei me perdendo um pouco na imaginação, hehe.

    ESCRITA: Estilosa. Apesar de alguns erros de revisão e de alguns parágrafos pequenos demais, a narrativa tem personalidade e até um teor poético em alguns pontos. Algumas frases bonitas chamaram a atenção, como a sequência final.

    IMPACTO: Mais ou menos. Quase forte. A temática é agradável, pra mim, e a leitura foi tranquila, apesar de ser um dos textos mais longos do desafio. Acho que fiquei um pouco mal acostumado, hehe.

    Boa sorte no desafio!

  12. Oi, Dwaal,

    Como por sorte você parece ser um escritor-leitor, coisa muito rara, e, além disso, responde os comentários, queria saber a inspiração para esses nomes são de jogos e animes?
    Teve horas que me peguei pensando que narrador é esse que sabe tanto, mas aí quando ele se revelou foi uma maravilha porque aí um monte de coisa que era só poética, ficou poética e coerente. Um grande acerto.

    Aproveitamento do tema:
    Total. A saga do menino em busca da felicidade antes da morte. Bonito, né?

    Enredo:
    Uma criança repleta de perdas vai ao circo atrás de um sentimento perdido. Toda a trajetória, os encontros e o espetáculo são bem pensados, concisos, mas sem deixar perder os pontos essenciais que cada figura pode apresentar e acrescentar.

    Escrita:
    Gostei muito. A escolha por uma entidade, permitiu a criação de um narrador onisciente, ou quase.
    Inteligente esses parágrafos de uma única palavra. Na quarta parte começa assim: “Penumbra” – isso é quase uma marcação de roteiro. Belíssimo.

    Impacto:
    Foi o último texto que li. Que sorte poder finalizar com uma escrita tão reflexiva. Algumas pessoas acreditam que felicidade acompanha os afortunados, outros que ela vem quando quer, mas eu imagino também que ele se esconda atrás de coisas tão pequenas e que é preciso encontrá-la.
    Seu texto é uma odisseia da felicidade. Muito bem escrito. Respeita o leitor.
    Parabéns!

    1. Olá, Rangel.

      Escolhi os nomes dos personagens com base no sentimento ou ação que representavam. Solus seria solidão e Mitis seria gentileza, por exemplo. Mas tenho uma grande paixão por games e animes, então, sim, podemos dizer que me inspiro muito nesses meios pra escrever.

      Muito obrigado pela gentileza no comentário.

  13. antonio stegues batista

    Aproveitamento do tema: o narrador é um sentimento guardado para o momento certo, então vale.
    Enredo: num mundo pós apocalíptico, menino solitário sai à procura de um circo acompanhado pela felicidade prenunciada, aguardada, desejada e outras adas. Até chegar ao mestre do circo, ele conhece outros integrantes do espetáculo, que eu achei um modo excelente de apresentar os personagens. O mote é excelente, o enredo propicia uma história mais longa, com início no menino e na mãe antes dela morrer e também uma breve explanação do que aconteceu ao mundo, já que essa parte fica para a imaginação do leitor.
    Escrita: a escrita é boa, só não gostei da estrutura do texto. Os espaços vazios não é uma boa estética.
    Impacto: Achei bem impactante, cheio de emoções e um grande suspense até descobrir o narrador inanimado.

  14. Ana Luísa M. Teixeira

    Oi Dwaal, tudo bem?

    Aproveitamento do tema:
    Não tenho certeza se entendi, mas caso seja o circo o narrador, acredito que esteja dentro do tema sim.
    Enredo:
    É um plot interessante, mas ao final me peguei com mais questionamentos do que respostas (o que na literatura nem sempre é algo ruim). No entanto nesse texto acredito que tenha ficado tudo um pouco confuso. Por que o menino morreu, de onde ele vinha, por que o circo era tão importante para ele e por que eles estavam a tanto tempo sem funcionar. Caso tivesse ficado uma dúvida no ar talvez já fosse o suficiente para que você criasse o clima de suspense que você gostaria.
    Escrita:
    Achei bem escrito de uma maneira geral. No entanto os diálogos são excessivos e me soaram pouco naturais.
    Impacto:
    Médio. Tem potencial como história e é, em linhas gerais, bem escrito.

    Parabéns pela participação e boa sorte!

    1. Olá, Ana!

      O narrador é a Felicidade! Dou uma dica no início de que o menino estava procurando pelo narrador e, quando ele está assistindo ao show, revelo quem é o narrador neste trecho:

      “Por fim, ele finalmente me encontrou. A Felicidade.”

      E não costumo deixar tudo explicadinho no texto. Revelo a história nos detalhes. É uma mania, já. O menino estava morrendo desde o início, como falei pra Maria Fernanda, dois comentários abaixo. Era a vontade de alcançar o circo que o fazia continuar. E, alcançando a felicidade, que tanto procurou, perdeu as forças e partiu em paz. O circo era especial por causa da mãe, como mostrei nessa fala do menino:

      “— Ora, ora, quem diria, então conhece este humilde lugar?
      — Não. Mas minha mãe conhecia. Ela contou tantas histórias daqui! Queria me trazer pra conhecer a família de palhaços, os brinquedos, tudo.”

      O mundo está desolado, em ruínas, e realmente decidi não revelar o motivo disto e nem de onde o menino veio. Criaria mais perguntas que o limite não permitia desenvolver. Mas sem clientes, com tudo destruído, dá pra entender o motivo do circo não funcionar.

      Muito obrigado pelo tempo depositado no meu humilde conto!

  15. Saudações, Dwaal!

    Aproveitamento do tema: Adequado. A Felicidade é a narradora deste conto.

    Enredo: Muito bom. A história é interessante, assim como os personagens. A princípio, imaginei que o narrador fosse a sombra da mãe do garoto, mas não. No entanto, senti falta de um desenvolvimento mais humano e verossímil dos personagens, no que diz respeito, sobretudo, às falas. Senti falta de um discurso mais elaborado do Saga, antes do espetáculo. Os nomes dos personagens também me incomodaram um pouco, apesar da justificativa de se tratar de um circo.

    Escrita: Boa, com poucos erros de revisão.

    Impacto: Forte. A história é envolvente, o narrador é inusitado e o universo é bem criativo.

    Boa sorte!

    1. Olá, Gabriel!

      A intenção foi criar personagens caricatos, mesmo, mas o discurso foi um pouco preguiçoso, admito. Obrigado pelo apontamento.

      E pela leitura bem atenciosa, também!

  16. Maria Fernanda Borges

    Olá, Dwaal!

    Aproveitamento do tema:
    Total. Adorei o suspense quanto à identidade do narrador, não consegui descobrir antes que fosse revelado haha. Enfim, a felicidade é personagem relevante na trama e os comentários que ela tece são muito sensíveis e nos dão detalhes importantes para a história.

    Enredo:
    Muito bom. Uma ambientação interessante e personagens também. Só fiquei um pouco confusa ao final: por que o menino morreu?

    Escrita:
    Habilidosa e com estilo. Muitos diálogos, mas eles fluem com naturalidade na sua escrita.

    Impacto:
    Positivo. É um texto muito interessante, só não entendi muito bem a lógica do final.

    Boa sorte!

    1. Olá, Maria. Ou prefere Fernanda?

      O menino já estava morrendo desde o início, como a Felicidade apontou neste trecho:

      “A palidez de sua pele, o vazio de seus olhos, a secura de sua boca, o caminhar torto de suas pernas e a tremedeira de suas mãos. Estava perto do fim.”

      O motivo? Desnutrição, desidratação, etc. Num mundo desolado, tudo o que ele queria era um pouco de felicidade. E usou suas últimas forças pra encontrá-la. Encontrando-a, perdeu as forças e partiu. Romântico demais? Sim, pode ser.

      Muito obrigado pela leitura.

      1. Maria Fernanda Borges

        Pode ser Fernanda ou Nanda mesmo 🙂
        Faz sentido… Realmente, me escapou na hora da leitura essa percepção sobre o estado de saúde físico do menino.
        Parabéns pelo texto! <3

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