
— Você levou o lixo para fora?
— Levei.
Depois de 25 anos de casamento, era fácil para ela perceber as nuances na voz, cada pequena modulação, ênfase, mudança de tom. O “levei” denotava irritação.
— Eu só estou te lembrando porque anteontem você esqueceu.
— Tá. — Lá vinha ela com suas explicações. Na verdade, ele nem sabia dizer se essa mania dela, de sempre se justificar, realmente o irritava.
Por um lado, sim, ele se irritava. E muito. Por outro, ele se comovia com a forma como ela sempre se colocava na defensiva. Em todos aqueles anos de casados, ela nunca havia explodido.
Ela, um tanto aborrecida por aquela resposta lacônica, aquele “tá” meio largado de má vontade, voltou sua atenção para as panelas. Os aromas eram paradisíacos. Bento, trocando a lâmpada da cozinha, não fazia a mínima ideia do que ela estava cozinhando, mas sabia que ia gostar. Ela fazia mágica.
Nem sempre foi assim. Anos atrás, eles costumavam voltar de madrugada de alguma festa, cheios de fome e larica incontrolável e era ele, Bento, quem se encarregava de preparar o prato perfeito para driblar a ressaca: seu famoso rozovorofa. Arroz, ovo e farofa, com qualquer coisa que tivesse na geladeira. Devoravam tudo, de pé na cozinha, direto da panela e terminavam a noite na cama, nus, entrelaçados, um nó intricado.
Marisa sentia o olhar de Bento em suas costas. Sentia falta daquelas noites. Sentia falta de ser tão jovem. Sentia falta de fazer alguma coisa divertida, só porque queria. Sentia vontade de quebrar alguma coisa, de fugir. Este súbito pensamento a aterrorizou. Quebrar? Fugir? Para onde? De quê? Por que?
Bento, por sua vez, do alto da escada, tentava decodificar os cheiros que dominavam a cozinha, numa espécie de enlevo que ia desfazendo sua irritação inicial. Se ele tinha levado o lixo para fora? Ora essa. Ele sempre cumpriu com suas tarefas, mas bastava um único esquecimento e pronto: seria cobrado para sempre. Tomate, manjericão, tomilho, manteiga. Café torrado, carvão.
— Tem alguma coisa queimando!
Ela deu um pulo, voltando a si, e desligou o fogo. As lágrimas corriam.
— Ah, que pena… Ei, você está chorando por causa disso?
Alguma coisa estava errada. Ela não estava achando justificativas, nenhuma explicação. Porém, a necessidade de estar na defensiva estava ali, pulsando. Ela travou, queria dizer algo e não podia, não conseguia. Parecia engasgada. Bento a observou, digladiando consigo mesma. Sofrendo. Não pôde mais.
— Me xinga. — disse ele, sem pensar.
— Por quê? — o pedido esdrúxulo a descongelou.
— Por motivo nenhum. Vai, Marisa, xinga!
— Mas…
— Vai, Marisa!
— Seu… besta!
Bento explodiu numa gargalhada.
— E desde quando isso é xingar? Vai me chamar de feio, bobo e cara de mamão também? Capricha, mulher!
Marisa começou a rir um riso confuso, misturado com as lágrimas, uma cornucópia de sentimentos conflitantes.
— Seu… idiota!
— Melhorou, mas você consegue fazer mais que isso! Vamos!
— Seu, seu, seu….
Bento resolver dar um empurrãozinho.
— Marisa, menti pra você. Eu não levei o lixo pra fora. Estava com preguiça. Está tudo escondido na edícula desde ontem. Aliás, desde anteontem.
— O quê? Puta que o pariu, Bento! Caralho! Que porra você tem na cabeça? Merda! Vai encher de barata! Ah, vai tomar no meio do olho do cu! Se foder! Porra! Porra! Cacete! Sabe o que você é? Um cuzão do caralho! É isso que você é: um cuzão! Cuzão!
Marisa parou de falar, os olhos arregalados, mãos na boca. Em choque. Bento estava maravilhado.
— Isso aí, Marisa! Bota pra fora!
— Mas é que… é porque…
— Não! Sem justificativa! Vai! Manda ver!
Marisa prosseguiu. Usou todos os palavrões que conhecia. Inventou alguns. Combinou outros com referências religiosas que Bento não conseguiu identificar. Ele tem certeza de ter reconhecido algumas palavras em sânscrito. Por fim, terminaram sentados no chão da cozinha, aspirando os vapores de um ex-promissor molho queimado. Estavam exaustos. Marisa, de expurgar camadas de agressividade reprimida. Bento, de tanto rir. Ele havia se esquecido do quanto ela era engraçada.
Bento alcançou a geladeira e abriu uma garrafa do vinho favorito de Marisa. Entregou a ela, que deu um grande gole do gargalo. Ficaram assim, por um tempo, partilhando daquela garrafa e terminaram a tarde na cama, nus, entrelaçados, um nó intricado.
Tema: Amor
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Olá, Júlia! Ou melhor dizendo, Miss Cartland!
Esse conto me deu uma certa nostalgia, lembrei da rotina que tinha com os meus avós, essa cumplicidade, mesmo quando estão enfurecidos um com o outro, sempre por motivo pequeno, é perceptível o amor que eles tem e esse sentimento ficou muito presente no seu texto, me levou para esse lugar que eu presenciei na minha infância. Se falasse de bolo de cenoura com chocolate eu já ia falar que eram meus avós rs. Conto está muito bem escrito, muito leve e bem-humorado, conseguiu me transportar para outro lugar e isso é raro de acontecer, o que demonstra ser um escritor experiente. Adorei a leitura. Parabéns!
Sucesso pra ti!
Boa sorte!
O conto narra um recorte cotidiano de marido e mulher, casados há tempos. O enredo é muito bom. As falas intercaladas deu um ótimo ritmo ao conto. Também é bem humorado e absolutamente verossímil, principalmente para quem já é casado há dezoito anos, como eu. A narrativa também é muito boa, experiente. O texto me lembrou um pouco as crônicas da vida privada, do Luís Fernando Veríssimo. Personagens críveis e bem construídos. O tema foi executado com sucesso. Boa sorte no desafio.
Caro Jowinton.
Ah, que comparação mais feliz! Sou fã das Crônicas e do Veríssimo. Não poderia estar mais satisfeita.
Obrigada por seu comentário.
Miss Cartland.
O amor e modo franco é maravilhoso de se ler. Estou casada a 2 anos e consigo sentir o gostinho do queimado daqui rsrs É bom ver que se trama de uma amor que continua, às vezes tenho a sensação que o amor romântico só aparece nas histórias para falar sobre o começo ou o fim e aqui ele brilha por continuar muito bem, obrigada.
O texto não tem uma poética exagerada, mas é a simplicidade e franqueza dos relatos que faz a história funcionar.
Cara Anna.
Fico feliz que tenha gostado.
Obrigada por seu comentário. Dois anos são o começo do caminho. Desejo-lhe felicidades durante o longo trajeto do amor cotidiano.
Miss Cartland.
Uma coincidência: o tema do conto anterior foi ódio.
Um conto sobre renovação que tem um quê de realidade que o faz sobressair, como se fosse um recorte da vida real tragado à literatura. A troca de perspectivas é conduzida com habilidade e cada personagem ganha um traço e um posicionamento dentro da relação, findamos torcendo por eles, torcendo pelo nó intricado. Muito bom!
Caro Pedro,
Que coisa, eu não tinha notado!
Obrigada por seu comentário.
Miss Cartland
Olá, Julia etcetera! Adorei seu conto. O narrador alterna entre a consciência ora de um, ora de outro. Faltou acento em “Por quê?”. Em “digladiando” vc me ensinou. Jurava que era com e 🙂 Fiquei com a sensação de que poderia ser cortado um pouco da introdução, da insatisfação com o casamento, que soa a uma coisa batida, para ir mais rápido à virada do conto, a entrada dos palavrões, que é o ponto alto. Pra ser in media res, você até poderia começar com impactante “- Marisa, me xinga”, para depois fazer uma viagem pelo psicológico de cada um do casal, e voltar para os xingamentos de Marisa. Acho que o conto ganharia em ritmo. Como título, talvez preferisse algo mais irreverente, como “Amor da porra”, que acho que teria mais a ver com a proposta de humor do conto que “Um nó intrincado”, que puxa mais pro poético. De todo modo, funciona tb. Parabéns pela premissa e pelo conto.
Caro Pablo.
Concordo com quase tudo que você disse (inclusive com o digladiando, que eu também achava que era com e), exceto com o título irreverente. “Amor da porra” está a um passo de virar título da Sessão da Tarde: “Um amor muito louco” ou “Um amor da pesada”.
Muito obrigada pelo seu comentário. Fico feliz que tenha gostado.
Miss Cartland.
Olá, Miss Cartland! Tudo bem?
Se você é Miss e não Msr então como sabe tanto sobre o amor profundo, lapidado, um tantinho desgastado e imperfeito dos casamentos duradouros? 😁
Gostei bastante do seu conto! Um cotidiano que não é chato! 👏👏👏👏 São poucos, viu!
O tema foi abordado com sucesso, ouso dizer que foi até subvertido, foi o oposto do esperado e chocantemente real. A escrita está sem defeitos. Um ótimo conto! Parabéns!
Boa sorte no desafio e até mais!
Querida Priscila.
Ah, apesar de eu mesma jamais ter me casado, tenho observado muito atentamente os casais mais ou menos felizes de minha convivência. Quis retratar aqui as coisas que percebi nos mais felizes. Um entendimento e aceitação do outro, a capacidade de se colocar no lugar do outro e a vontade de ajudar.
Fico feliz que tenha gostado!
Miss Cartland
Olá, querida Júlia Cartlanda, Cá estou eu às voltas com esse lindo nó intricado. Sim, lindo porque gostei deveras dele. Está redondinho ,esse seu conto. emoção na dose justa. Quando vi o tema “o amor” nem precisei refletir se a narrativa atingia o objetivo. Claro que sim. Dizer mais o quê? ah, já sei, parabéns pela sua bela história e domínio da linguagem. Reitero, gostei muito. abraços e muito sucesso no desafio.
Caro Fernando.
Fico imensamente feliz que tenha gostado desta minha história de amor não-romantico, embora muito verdadeira.
Obrigada pelo seu comentário.
Miss Cartland.
Olá,
Nossa, gostei muito do conto. Ótima ideia falar sobre esse amor mais casual, menos romantizado, do dia a dia. Os personagens são muito realistas, e a escrita é irreverente, muito boa. Nota 10.
Boa sorte!
Caro Felipe.
Muito agradecida pelo seu gentil comentário. Este amor do dia a dia é o que existe de verdade, o que vem depois do “felizes para sempre”.
Miss Cartland.
Olá *. Cometi o erro de ver primeiro o tema e só depois ler o conto. Assustado pelo pseudónimo, esperava um cliché banal, o típico boy loves girl, rapaz ama rapariga, mas deparei com um texto perfeito, pleno de realismo. O casal que caiu na rotina mas que bastou uma pequena chama para reavivar o amor que ainda os habitava. Nada há mais real do que isto. O amor esconde-se nos gestos demasiadas vezes repetidos, numa rotina que nos rouba a humanidade para nos transformar em máquinas de procedimentos diários. Vejo isto tudo no seu conto de uma linguagem simples e assertiva. Parabéns.
Caro Jorge.
Eu esperava ansiosa por seu comentário e estou feliz que tenha apreciado. E que meu pseudonimo tenha feito uma vítima.
Obrigada.
Miss Cartland.
Oi Miss Cartand!
Tudo bem?
Que texto sensacional! Eu adorei! É super bem escrito, atendeu muito bem ao tema e, muitas vezes, pessoas acham que, pelo fato de o tema ser “amor” há a necessidade de haver cenas melosas, melodramáticas, lugares comuns e clichês água com açúcar, mas, assim como você caracterizou muito muito bem o amor é sobre isso, algo que cabe no nosso cotidiano, que nem sempre é cheio de mágica e paixão, mas sempre permeado de cumplicidade e intimidade! Muito bem colocado mesmo!
Os personagens são muito bem construídos e tudo é muito verossímil. A maneira como você criou a dinâmica entre os dois não poderia ter sido de maneira mais certeira. Além do que os diálogos foram realmente bem construídos!
Parabéns pelo texto e boa sorte!
Querida Ana Luísa.
Muito obrigada pelo seu comentário.
Apesar de meu pseudônimo, tentei fugir dos clichês e retratar o amor de todo dia. Que bom que você gostou!
Miss Cartland.
Buenas, Miss Cartland!
O amor está no cotidiano, não é? Nos pequenos e grandes detalhes. Na tolerância, na irritabilidade, na normalidade e na loucura. Quando se ama, aceita-se quem a pessoa é,, por inteiro. Às vezes, mesmo amando a pessoa, é necessário se afastar. Outras vezes, não é. Neste tema, seria fácil cair no clichê da literatura: retratar tanto o começo quanto o fim do relacionamento, falar sobre amores do passado ou futuro, etc. Aqui, constrói-se algo óbvio, mas tão pouco visto ultimamente. O amor no cotidiano.
Todo relacionamento cai no marasmo, num momento. E, quando o casal é bom mesmo, busca sair disso, um ajuda o outro a escapar desta inércia.
A escrita está no ponto certo e a trama é muito agradável, um carinho na alma dos casados e uma lembrança para os solteiros, como eu, de que relacionamentos podem ser bons.
Parabéns pelo texto! Vamos que vamos.
Caro Fabio.
O amor é louco, muito mais louco que a paixão. A paixão é louca por alguns dias. O amor segue louco para sempre, se fingindo de normal e permeando a vida toda.
Relacionamentos podem ser bons. Tenha fé no amor!
Muito obrigada pelo seu comentário.
Miss Cartland.
Oi, Julia Sabrina Biana de Barbara Cartland, tudo bem?
Pronto! Já vão dizer que este conto é meu só pelo pseudônimo sabrinesco. Embora, eu não seja capaz de escrever um texto assim – inspirado no trivial do cotidiano e que acaba se revelando tão adorável.
Depois de 25 anos de casamento, muito se compartilhou, viveu, amou e detestou. Normal. E tem a parte anormal também, que é seguir mesmo assim, se amando.
O tom escolhido para a narrativa é leve, divertido, embora traga à tona a realidade de um casal.
As pequenas falhas foram já apontadas pelo Mauro. Nada que atrapalhe a apreciação da leitura.
Sim, o tema foi muito bem aproveitado e abordado com total sucesso.
Parabéns pela participação e boa sorte.
Querida Claudia.
Sim, eu vi que estão atribuindo a autoria desta narrativa a você. E eu me sinto muito honrada pela confusão! rsrsrs
Obrigada pelo seu gentil comentário!
Miss Cartland.
Oi Julia Sabrina Bianca de Barbara Cartland.
Quando adolescente, eu amava aqueles romances de banca de jornal, os famosos romances “florzinhas”, ou, como são chamados atualmente, os “harlequins”.
Mas o amor que você retrata aqui, apesar de seu pseudônimo, não é o amor idealizado entre pessoas surreais de tão boas, e sim, o amor real, cotidiano, o amor depois do “felizes para sempre”, o amor que paga boletos e tira manchas da toalha de mesa, o amor mal-humorado, o amor de TPM. Gostei da originalidade. Dificilmente se vai por este caminho quando o tema é amor.
Também gostei da ausência de pieguice e dos elementos que normalmente povoam textos de amor. Achei ousado falar de amor assim, sem falar diretamente. Os personagens não dizem “eu te amo”. Mas demonstram intimidade, cuidado e atenção com o outro. O “eu te amo” é substituído por um “me xinga”. O “eu também, meu amor” é substituído por uma torrente de palavrões. E tudo faz sentido.
Parabéns e boa sorte.
Kelly
Querida Kelly,
fico feliz que tenha gostado. Eu também tive um fraco por romances clichês. Temo que ainda tenha. Mas também aprecio histórias mais reais.
Obrigada pelo seu comentário.
Miss Cartland.
Oi, Julia Sabrina Bianca de Barbara Cartland!
Eu vou confessar uma coisa, sou o maior hater desses mandamentos da psicologia que vive pregando que é preciso botar para fora ou que todo mundo precisa fazer terapia. Me parecem uma uniformização da natureza humana, para mim é o equivalente a dizer que todo mundo precisa se confessar.
MAS no seu texto tudo funcionou. Talvez pelo fato de o marido conhecer a esposa e perceber (lá vai a chata da psicologia) que há algumas coisas reprimidas.
Aproveitamento do tema: total. Eu andei lendo os temas antes dos contos, por sorte no seu, li o conto antes do tema. E foi bom, pq o amor foi explorado na sua cotidianidade, na sua continuidade, e isso revelou que o amor quando vai se escondendo na mesmice pode ser reaceso com pequenas provocações.
Tudo o que disse é cafona, mas o amor romântico é bem cafona mesmo, né?
Escrita: bem escrito, bem revisado.
Enredo: foi sendo construído para uma reviravolta que, se não é de tudo surpreendente, vai nos levando para duas possibilidades ao menos: ou o final que tivemos ou uma revelação inesperada que colocaria fim no relacionamento ou revelaria algum segredo oculto. Uma escritora menos experiente teria usado esse último recurso acreditando na superioridade da surpresa. Por sorte a autora não caiu nessa armadilha que poderia ser fatal pelo limite de caracteres.
Impacto:
Parabéns pelo texto. É leve, de escrita madura e bem aproveitado. Gosto quando o conto pode ser usado futuramente pelo escritor fora do desafio. Não que seja esse o nosso objetivo, mas esse conto pode estar futuramente em uma coletânea.
P.S ela deveria ter virado o molho na cabeça do marido que no lugar de desligar o fogo, a chamou para fazer.
Caro Rangel,
coitado do Bento! Ele estava no alto da escada, mexendo na lâmpada e Marisa estava do lado do fogão, viajando nos pensamentos, por isso ele a chamou! kkkkkkk
Sim, eu quis falar do amor de todo dia, do amor arroz com feijão, que de tanto estar sempre lá, a gente até acha que não existe mais. A gente só percebe a paixão, que é barulhenta, que é intensa, que é aguda. Daí, quando a paixão aquieta, a gente acha que o amor não existe mais. Só que o amor é silencioso, é crônico e é feito de entendimentos mudos.
Muito obrigada pela leitura atenta e pelos ótimos comentários.
Miss Cartland
Oi Julia,
Estou de acordo com Ruth, a narrativa está tão incrível que nos transporta para dentro da história como se estivéssemos lá com os personagens!
O casamento é uma mistura de sentimentos, responsabilidades e conflitos entre o casal. E a rotina torna tudo isso pesaroso se o casal não tiver jogo de cintura para lidar com as diferenças, adversidades e as mesmices do dia a dia na vida de um casal. Adorei a briga, relatada de modo bem humorado!
Sucesso com o seu conto!
Querida Bruna,
que bom que gostou.
Muito obrigada pela sua leitura e comentário.
Miss Cartland.
Parece que o casamento de Marisa e Bento se tornou numa rotina entediante e eles resolveram xingar um ao outro.
Marisa quebrou as regras da boa educação e Bento revelou que era mesmo um marido preguiçoso.
Divertido e bizarro ao mesmo tempo, quando as frustrações não são reveladas, porque no dia seguinte,
a rotina se impõe novamente, e com certeza, depois de uma briga mesmo, de olho roxo, fazem as pazes e
terminam a tarde na cama, nus, entrelaçados, um nó intricado. Um conto divertido, bem escrito e é só.
Caro Antonio,
puxa, acho que, com você, errei o alvo totalmente. Que pena, me perdoe.
Não acredito em explicar o texto. Acho que é o mesmo que explicar piada: acaba totalmente com a graça. Penso que, quando acontece algo assim, de eu escrever uma coisa e o leitor entender o oposto, ou ignorar totalmente o subtexto e tudo o que botei nas entrelinhas, das duas uma: ou a “culpa” é minha ou simplemente não deu match literário. Como os demais comentários mostram que os outros leitores sentiram o amor entre Marisa e Bento, estou apostando na falta de match mesmo.
Só quero apontar que eles não resolveram só xingar um ao outro. Bento conhecia Marisa e quis ajudá-la a extravasar sua irritação. Também, Bento não é um marido preguiçoso. Ele só mentiu que não havia levado o lixo para fora para incentivar Marisa a botar a agressividade para fora. E, principalmente, eles jamais brigariam de deixar olho roxo, porque eles se amam. O tema do texto é amor.
Um conto bem escrito, bem pensado.
Tem uma articulação eficaz. Percebi que foi preparado, lapidado.
O tema ‘amor’ está ali (implícito?), sem menção direta, demonstrando que um conto é muito mais do que uma pequena história.
Trata do cotidiano de um casamento consolidado, da mesmice, da carência de novidade, do amor desarmado e desbotado, como dizia o padre Antônio Vieira.
Duas coisinhas:
Por que? [Por quê?]
‘digladiando consigo mesma’ [consigo significa ‘com si mesmo/a’, portanto dispensa o ‘mesma’, pela redundância].
Parabéns pelo conto !
Caro Mauro,
sim, o amor de que falei aqui é o amor no dia a dia. Não é o amor das improbabilidades, dos grandes gestos, o amor de CEOs e suas virgens anacrônicas. É o amor que a gente cresceu vendo em nossos pais.
Obrigada por sua leitura e seu comentário.
Miss Cartland.
É o amoooooor!!!!!!
Que delícia de texto!
Numa escrita livre, descompromissada, feita em linguagem coloquial e trazendo o leitor pra dentro de casa, o autor brilhou nesta criação. Quem leu o texto e não se sentiu ali, no cantinho da cozinha, vendo e ouvindo tudo? Agora, depois da garrafa de vinho, quando foram pro quarto, a imaginação fica por conta de cada leitor.
É admirável como o autor tem facilidade para narrar um “drama” tão corriqueiro, que povoa a existência de tanta gente (e por tantas vezes), com tanta competência. Não é tarefa fácil. Além da ambientação perfeita, há uma habilidade assustadora de “misturar” o pensamento de ambos (Marisa e Bento) e as falas (falas policiadas). Entre eles, havia um cuidado em não ofender, em não ferir. E que lindo quando os dois se permitem externar os “bichos” guardados! É, crescer dói…
Quem nunca fez um “rozovorofa”??????????
Querido autor, desejo uma cornucópia de inspiração para criar novos textos!
Parabéns, Julia Sabrina Bianca de Barbara Cartland! Adorei a junção das revistas (Julia, Sabrina e Bianca) e a cor-de-rosinha Barbara Cartland! Misericórdia!
Boa sorte no desafio!
Abração…
Querida Regina,
muito obrigada por sua leitura cuidadosa e pelo seu comentário tão gentil.
Fiquei feliz que tenha gostado e que tenha captado tudo o que quis dizer com minha história. Muita gente lê e cada um entende de acordo com seu próprio mundo e isto é ótimo. Mas, quando um leitor entende e se apropria tão bem do que eu quis dizer, isto me enche de alegria.
Mais uma vez, obrigada.
Beijos!
Miss Cartland