Tocada │ Mauro Dillmann

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Maria mora com o pai. Ela chegou para brincar no domingo, com passos desequilibrados, depois de uma caminhada de três quilômetros. Não é a visita mais esperada por mamãe. Os olhos de Maria correm desconfiados. Mesmo com os pés inchados, montamos casinha na figueira. Café doce, bolacha, manteiga e nata com açúcar. Comeu demais, vomitou. No fim da tarde, ela voltou para casa alisando a barriga. A essa hora, seu pai já dormia. Dessa vez, escapou daquele toque.

Tema: Violência

18 comentários em “Tocada │ Mauro Dillmann”

  1. JOWILTON AMARAL DA COSTA

    O conto narra a história de uma menina que vai visitar o oat e acabamos descobrindo que ela é abusada. O enredo é simples com uma informação que dá uma grande reviravolta na história. Tem um bom impacto e a narrativa é boa. Boa sorte no desafio

  2. Anna Carolina Gomes Toledo

    O texto consegue causar aquela sensação desconfortável de presenciar uma cena chocante e ter que absorver tudo de uma vez. Para mim, microcontos criam impactos justamente quando são assim, já que não há espaço para desenvolver mais. Aqui a violência choca pela franqueza e desesperança. Sinto que não funcionaria com 700 palavras… Mas se não há limite mínimo, fez uma decisão certeira.

  3. Olá, Lia!

    Embora a história seja muito curta, consegue imprimir bastante emoção e se encaixa perfeitamente com o tema violência ao escrever sobre abuso contra menor. O autor demonstra bastante domínio da escrita e como transmitir a mensagem para o leitor, mesmo a história sendo considerada um microconto. Certamente é um dos destaques desse desafio. Parabéns!

    Sucesso pra ti!

    Boa sorte!

  4. Por uma coincidência triste, mais um texto sobre abuso de menor, avizinhado com o seu correspondente. Este é curto o bastante para caber em um parágrafo, mas sucede em contar uma história se apoiando na força da sugestão e insinuação do que vem antes e do que vem depois, enquanto contempla a temática proposta.

  5. Olá, Lia! gostei da ousadia de escrever um microconto, enquanto uns reclamaram do limite de 700 palavras e outros esgarçaram até onde puderam esse limite (sim, houve contos com exatas 700 palavras). No entanto, um microconto deve ser de uma precisão cirúrgica. Não entendi o que a caminhada de 3 quilômetros tema ver com o tema. Se não tem diretamente a ver, não vejo necessidade de existir. Fiquei confuso com o narrador tb. Quem é? Pq num dado momento fala-se que “montamos casinha na figueira”, mas tb se fala em seu pai, sua mãe (aliás, tb não entendi por que Maria não é a visita mais esperada de sua mãe – coitada de Maria!).

  6. Fernando Dias Cyrino

    caramba, que conto forte, Lia Lafuente. a violência está por trás de cada palavra… e a menina, ufa, pelo menos naquele dia escapou… Puxa, parabéns. gostei muito.

  7. Olá, Lia! Tudo bem?
    Estou em um empasse. Não nego de forma alguma a qualidade do seu conto, nem seu impacto. Está muito bem escrito, cada palavra muito bem pensada para dar o efeito desejado. O tema foi abordado com maestria. O conto choca, incomoda e nos enche de indignação. Porém… Não é um conto curto, é um micro conto. E por que tenho que frisar isso? Porque esse impacto, essa potência, só é sustentada nos micros, em contos curtos, onde é preciso algum desenvolvimento, é muitíssimo mais difícil causar o mesmo impacto. Entende que seu micro acabou tendo vantagem sobre os outros? Será que sua história seria tão impactante com um maior desenvolvimento? Então… Não vou te dar a nota que daria se esse fosse um desafio de micros.
    Boa sorte no desafio e até mais!

  8. Este conto deveria estar na categoria de “muito curto”. É impactante, até mesmo pela dimensão do texto. Cada frase tem vários sentidos. Cada palavra conta e, dessa forma, o texto tem ganha uma crueza ainda maior. O título diz muito de uma realidade infelizmente frequente. Não é fácil o poder de síntese. Parabéns.

  9. Buenas, Lia!

    É eficiente na hora de impactar. Mas o tema depende da história por detrás da visita de Maria. Tudo fica nas entrelinhas, no campo das ideias. Qualquer abuso é repugnante, mas quando acontece com uma criança, principalmente através das mãos que deveriam protegê-la, desperta uma revolta natural. É uma violência, sim, apesar da sutileza. Porém, a ideia por detrás do texto é um tanto apelativa, além de ser pouco criativa/original.

    Outra questão que me incomodou um pouco foi o fato de ser um microconto, algo que foge um pouco da proposta do desafio, que é de contos curtos. Não existe um grande desenvolvimento da trama e dos personagens. Microcontos são eficientes na hora de impactar, enquanto a tarefa é mais difícil em contos curtos, pois exige certo desenvolvimento para funcionar.

    Não sei, fiquei num impasse aqui: gostei ou não gostei?

    Parabéns pelo texto! Vamos que vamos.

  10. Ana Luísa M. Teixeira

    Oi Lia!
    Tudo bem?

    Estou sem palavras.
    Que conto sensacional! Com poucas palavras você conseguiu abordar o tema maravilhosamente de uma maneira sutil e certeira!
    Muito bom mesmo! Nenhum tipo de erros, sério, continuo sem palavras, não tenho nenhuma crítica. Ainda estou impactada.

    Parabéns pelo conto sensacional e boa sorte!

  11. Oi Lia Lafuente.

    Um conto curtinho, curtinho mas que entregou tudo.
    Perfeito, coisa de mestra.
    Em pouquíssimos caracteres você criou uma Maria triste, assustada, criança desprezada, abusada. A narrativa direta e sem firulas torna o enredo ainda mais brutal.

    Parabéns e boa sorte no desafio.
    Kelly

  12. Oi, Lia Lafuente,

    Que conto! É uma aula de concisão. Mas não só isso, é um texto que mostra a força da narração, do fato por si, sem estender em explicações e adjetivos. Já conseguimos intuir como esse pai é abusador, nojento, cruel, doente e só o que se disse sobre ele foi “seu pai já dormia” e que Maria morava com ele.
    Muito bom!
    Único ponto que me pegou foi que era uma narrador em primeira pessoa, e fiquei me perguntando como ela ficou sabendo que quando Maria chegou em casa o pai dormia e não teve o toque?
    De qualquer modo, achei que o tema violência foi bem abordado, suas palavras carregam sensibilidade e denúncia.
    Parabéns pelo conto!

  13. Antônio Stegues Batista

    Em poucas palavras a autora escreve, e descreve, um abuso infantil dos muitos que ocorrem no seio de famílias. Um texto curto, escrita simples, uma história dramática, bruta, sem firulas, sem encantos, sem enfeites, como aquele que diz; “Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá”.

  14. Oi Lia Lafuente,

    Texto curto, mas que relata um tema tão pesado, incômodo e repugnante. Parabéns pela sua coragem!
    Sucesso com o seu conto!

    1. Olá,
      O conto alcança o objetivo e atende ao tema, com uma história subentendida. O problema é que não é um conto curto e sim um microconto, entoa foge da proposta do desafio.
      Boa sorte.

  15. Conto dramático, um drama de uma infância roubada. Um conto tão curto com uma mensagem tão grande.
    O tema ‘violência’ está muito evidente.
    Nossa, fiquei pensativo depois da leitura.
    Parabéns!

  16. Claudia Roberta Angst

    Olá, Lia, tudo bem?
    Um microconto que diz tudo em pouco espaço. Não precisaria de uma vírgula a mais. Tudo está bem claro, com pistas sobre o estado tristemente interessante da menina – “passos desequilibrados”, “pés inchados”, “vomitou”, “alisando a barriga” – além do próprio título = Tocada. E a primeira frase do conto já revela a origem do drama = “Maria mora com o pai”, e mais adiante o preconceito enfrentado por quem deveria se solidarizar – “Não é a visita mais esperada por mamãe”. Todos querem fechar os olhos para tal violência, crime impensável.
    O tema foi abordado com eficiência, precisão e tristeza.
    Não encontrei deslizes de revisão.
    Parabéns pela participação no desafio e boa sorte.

  17. Regina Ruth Rincon Caires

    Com apenas 78 palavras, Lia Lafuente elaborou um conto que retrata talvez a maior violência que pode ocorrer contra uma criança. Maior que a morte literal, eu acredito. Falo da morte em vida.

    A leitura é aflitiva, desperta sensação de repulsa. Em um contar tão sucinto, que parece impossível conter uma história tão densa. Mas ela está lá, o drama com todas suas dores.

    Nas entrelinhas, no silêncio, o autor transmite a tragédia. E o leitor a assimila. Um diálogo silente.

    Quanto significado há, dentro do contexto, nestas palavras.
    “Mesmo com os pés inchados…”
    “Comeu demais, vomitou.”
    “… alisando a barriga.”

    E quanta dor existe neste contar:
    “… escapou daquele toque.”

    No texto encontramos a ingenuidade de uma criança que brinca na figueira com Maria, e a condescendência criminosa da mãe da criança (não consegui decifrar se elas são mãe e irmã de Maria).

    Até agora, este é o texto mais chocante que li neste Desafio.

    Parabéns, Lia Lafuente! Que texto denso!

    Boa sorte no desafio!

    Abração…

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