Romeo and Juliet │ Jowilton Amaral

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Entramos sorrateiramente no sítio. Eu segurava a arma. Rendemos o casal dentro do quarto, os amarramos na cama e os amordaçamos. Minha vontade era voar no pescoço do sacana e da vadia dele. Contudo, tínhamos que seguir com o plano. Uma caixa de som WiFi tocava uma seleção de músicas antigas.  Plínio me olhava da cadeira de rodas. O rosto macilento e os olhos em brasa. Mesmo assim, muito debilitado, conservava a beleza de tempos felizes. Ele era o amor da minha vida.

— Escuta, Jana, escuta, vai começar a nossa música, a música que dançamos pela primeira vez, na calourada — Plínio disse. A febre aumentara, ele parecia em delírio.

— Minha nossa, tem quanto tempo isso? — Perguntei

“A love struck Romeo, sing the streets a serenade…”

— Trinta e dois anos. Lembro do meu coração disparado. Também fiquei envergonhado, não queria pagar mico.

— Pagar mico é não dançar agarradinho com quem a gente gosta — falei e segurei em sua mão ossuda, com as minhas enluvadas.

“… Juliet, the dice was loaded from the start, and I bet, then you explosed in my heart…”.

—  Por que você se casou com esse escroto?

— Porque você casou primeiro com essa puta.

Olhamos para a cama, onde estavam meu ex-marido e a mulher de Plínio.

A guitarra e a voz de Knopfler uniram-se ao som da chuva e tudo pareceu como um sonho triste.

“… When you can fall for chains of silver, you can fall for chains of gold…”

— Ela estava grávida da Nati.

“… Ah, Juliet, When we made love you used to cry. You said: I love the stars above. I’ll love you till I die…

— Depois que você casou, não tinha porque eu também não casar — queria contar a verdade, que ele era o pai do meu filho. Não contei.

Não tínhamos nada de santos. Durante a universidade fomos nós que os traímos, nos apaixonamos loucamente e nunca assumimos nosso amor, apesar das desconfianças de todos. Eu até terminei por um tempo, esperando que Plínio fizesse o mesmo. Ele não fez. Acovardou-se.  

Plínio casou com a piranha e logo depois eu me amarrei com o maldito. Começaram os abusos e a violência e, ainda assim. fiquei dezoito anos casada. O dinheiro me segurava. Sempre gostei de dinheiro. O cachorro era rico. Plínio era muito mais.

Após o divórcio, embora querendo muito me livrar daquela vida infeliz, entrei em depressão. Sentia-me mal, suja, fedida, como se a vida houvesse cagado em cima de mim, e por mais que eu puxasse a descarga, a podridão continuava a me cobrir. Havia dias que eu me odiava tanto que preferiria estar morta. Pensei em suicídio. Faltou coragem. Passei a me ferir. Pequenos talhos, nas coxas, com minhas unhas afiadas, perto da virilha.

Não via o Plínio há muitos anos, até que recebi seu telefonema. Encontramo-nos. Ele me falou da morte da Nati, da doença dele — que era visível —, da traição que estava acontecendo, dos encontros secretos no sítio dele. Continuava o mesmo dramático. No entanto, o sofrimento dele me abocanhou. Conversamos por horas a fio. Planejamos naquele mesmo dia a nossa vingança e redenção. Fizemos amor pela última vez.

Passei a arma para Plínio. Ele levantou-se da cadeira de rodas sem muito esforço e alvejou os traidores, desfigurando seus rostos.

Seus olhos viraram fogueiras. Não consegui conter as lágrimas. Ele sentou-se novamente, baixou a cabeça, respirou fundo e virou-se para mim com uma expressão branda e resignada. Eu sabia o que deveria fazer. Tirei os frascos de dentro da mochila. Entreguei um para ele e fiquei com outro.

“… You and me, babe, how about it?”.

Brindamos e viramos de uma vez o líquido. O efeito aconteceu em poucos segundos. A dor começou pelo estômago. Lancinante! Respiração entrecortada. O ar não chegava aos pulmões. Boca espumando. Mais dor. Os olhos dele arregalados começaram a perceber que comigo nada acontecia. Eu apenas o olhava sofrer. A agonia durou menos de dois minutos.

  Desamarrei o casal e retirei da cena tudo que pudesse insinuar a presença de outra pessoa.

Duplo homicídio seguido de suicídio por envenenamento. Meu filho seria o    único herdeiro de Plínio.

 Encostei a porta do quarto, saí caminhando pelos fundos.

 Ainda chovia.

Tema: Policial

20 comentários em “Romeo and Juliet │ Jowilton Amaral”

  1. Olá, Uiliam!

    Rapaz, que história foi essa? Gostei do conto, mas acho que você não abordou exatamente o tema policial, mesmo criando uma história surreal de crime. Não gostei muito dos estrangeirismos, pois acho que poderiam ser substituídos sem ter muita interferência no sentido do texto. A escrita é fluída, com alguns desvios gramaticais, mas que não atrapalharam a minha leitura de um modo geral. O problem mesmo é que o English está too much, man. Gostaria de ler outros textos seus e espero vê-lo nos próximos desafios.

    Sucesso pra ti!

    Boa sorte!

  2. Olá, Biu! (já q é Uiliam) Gosto de adjetivos que fujam do óbvio, como “macilento”. Acho que a música entremeada vai pontuando e ritmando bem o conto. É um conto que, para ser melhor apreciado, precisa de uma segunda leitura, o que depende de um leitor com essa disposição. Assim como filmes policiais de grandes reviravoltas, para ver se há pontas soltas. Algumas me pareceram: por exemplo: por que Jana quereria voar no pescoço do ex se eles já não tinham uma relação? (faria mais sentido o Plínio ficar irado). O conto termina com “Ainda chovia”, mas a referência a chuva não aparece antes. Senti falta da reação do casal pego em flagrante. A morte da Nati (alguém supostamente jovem) joga o leitor fora do conto, e dispersa, pois ficamos curioso de saber mais sobre isso. Mas entendo q foi colocado para que Plínio não tivesse mais herdeiros. Além disso, fiquei me perguntando: como Jana provaria para a Justiça que Plínio era o pai de fato de seu filho, e, assim, ser seu herdeiro. Entre “Fizemos amor pela última vez” e “Passei a arma para Plínio” há uma passagem de tempo que talvez fosse interessante pontuar no texto, para evitar confusão na leitura. Apesar dessas pontas soltas, gostei bastante do conto. Parabéns!

  3. Que reviravolta! O uso da primeira pessoa foi muito bem aproveitado, do tipo que as próprias palavras usadas delineiam uma personalidade para a narradora, ao passo que apresentam a situação e a história passada de todos envolvidos. Achei que o recurso da letra da música entremear a narração foi mais uma distração e só funcionou no último verso “eu e você. O que acha?”, mas, fora isso, a narrativa é bem conduzida com emoção, personalidade e habilidade. Sobre o tema, tenho uma crítica: temos uma cena de crime, mas nenhuma investigação, nenhum policial. Torna a abordagem ambígua, enfraquece um pouco ao meu ver, mas não põe o conto a perder neste certame.

  4. jowilton amaral da costa

    O texto narra a história de Jana e Plínio, que se reencontram para tramar morte de seus cônjuges. A trama é bem elaborada e tem um final que de certa forma impacta. A narrativa é segura e a leitura flui sem entraves. Jana foi bem construída, mesmo num conto curto. Achei que se adaptou bem ao tema policial. Boa sorte no desafio.

  5. Anna Carolina Gomes Toledo

    Olá! Gostei bastante da ideia de dar uma roupagem de triller policial para um contexto de Romeu e Julieta. O romance e o tom de desesperança se encaixaram bem com o desfecho que se apropria bem da expectativa criada pela história já conhecida para deturpar o final. Gosto de como escreve e como brinca com quem lê. Senti a letra meio solta na história, talvez eu gostaria mais se a conhecesse gostasse dela tanto quanto do roteiro de teatro.

  6. Olá, Uilian! Tudo bem?
    Achei bem legal o seu conto! Que espertinha essa Jana, heim! Armou tudo direitinho!
    Não sei pq mas não achei o conto policial não… Talvez seja desconhecimento de obras do gênero mesmo… Não tinha que ter um policial, detetive participar, ou qualquer um tentando desvendar um crime pra ser policial? De qualquer forma não vou tirar notas por isso.
    A letra da música, na minha opinião, ficou sobrando, podia ter usado as palavras a mais pra aprofundar mais a história. Mas o conto é muito legal, gostei! O título e o pseudônimo foram muito criativos!
    Boa sorte no desafio e até mais!

  7. Olá. Gostei do seu conto. Um remake da velha história de Shakespeare, versão Sherlock Holmes. O amor transforma-se num cenário de crime. Love Kills, cantava Freddie Mercury. Aqui temos um exemplo disso. O amor mata. Neste caso, o amor ao dinheiro. Só não percebo como é que ela vai provar que o filho é dele depois do pai falecido. Mas isso é um pormenor que não tira qualidade ao texto. Em termos de linguagem não achei erros. É simples e direta. O autor soube manter o suspense, o que é essencial num texto policial. Achei apenas que o final era excessivamente previsível. Esperava que ela simulasse a sua própria morte e depois acordasse, para surpreender o leitor, mas isso iria contra a utilização do narrador na primeira pessoa. Já tentei relatar a experiência de morte na primeira pessoa, para ser bastante criticado neste grupo.

  8. Fernando Dias Cyrino

    Ei, amigo, que legal essas referências cheiquesperianas no seu texto. Gostei disso e achei a história interessante. Começo então com os parabéns. Pelo meu “cheiquesperianas” que aqui repito, deve já ter reparado que não sou daqueles que curtem os entrecortes em outra língua. Coisa antiga e já me encrespava, adolescente, com os Beatles cantando Michelle, ma belle… Bem, é o de menos. Bom vocabulário, domínio da arte de contar história e como o conto é um policial, vai gerando a tensão… deixando crescer no ambiente da leitura o suspense. Gosto disso. Não observei erros no uso do idioma seu domínio do português é bem legal. O final ficou bem bom, sabe? Foi surpreendente para mim o fato de ela não ter tomado o veneno. E me enganou inclusive na frase da dor crescente que começou pelo estômago… Achei que se tratasse da dor na narradora. Ponto para você. Bem, é isto, amigo. Abraços e boa sorte no desafio.

  9. Ana Luísa M. Teixeira

    Olá Uiliam!
    Tudo bem?

    Gostei muito do texto! Achei o enredo muito interessante e a escolha de colocar a música ao fundo, seguindo os passos dos personagens foi muito enriquecedor para o texto.
    O conto atende muito bem ao tema. A fluidez do texto e a construção dos personagens foram muito bem elaboradas.

    Mudaria as seguintes passagens:
    “Minha vontade era voar no pescoço do sacana e da vadia dele.” – “minha vontade era voar nos pescoços do sacana e da vadia dele”
    “Começaram os abusos e a violência e, ainda assim. fiquei dezoito anos casada.” – aqui tem um ponto a mais, mas acredito que tenha sido um pequeno problema de revisão ou de digitação. Está absolutamente perdoado.

    Parabéns pelo texto boa sorte!

  10. Buenas, Uiliam!

    O conto brinca com referências, como o envenenamento romântico de Romeu e Julieta e os clichês dos clássicos da literatura policial. A leitura é tranquila, sem muitos entraves, o que é consequência de uma boa escrita. A trama não possui qualquer ambição de brilhar, ela é bem simples e linear, até previsível (depois da dica de que a narradora amava dinheiro, ficou fácil prever a traição no final). Isso é bom, pois o leitor tem uma jornada tranquila, sem qualquer surpresa ou entrave. Mas também é ruim, pois acaba caindo no esquecimento com facilidade.

    Agora, o maior problema deste conto parece ser a adaptação ao tema escolhido. Se o tema fosse “crime”, estaria totalmente adequado. Mas não é. Um conto policial exige certos elementos que faltam neste texto, como a presença de uma figura de autoridade policial ou semelhante, como um investigador privado, além do crime, de uma investigação e do clima de suspense. É um tema difícil de escrever no limite do desafio. Colocar apenas o crime no conto, pra mim, não é o suficiente para torná-lo uma obra do gênero policial. O tema não é um fator tão grande na minha avaliação, então não se preocupe, haha.

    O conto vale a leitura.

    Parabéns pelo texto e participação! Vamos que vamos.

  11. Oi Uiliam,

    Quando li o título do conto, realmente pensei que fosse narrar um romance parecido com o original. Contudo, o desfecho foi surpreendente.
    Gostei de você ter relacionado ou baseado o conto com uma música, e mesmo não a conhecendo, deu para captar o contexto.
    Confesso que não me identifiquei com a sua forma de escrever e algumas falas dos personagens ficaram bem confusas.
    Sucesso com o seu conto.

  12. Felipe H. F. Rodrigues

    Oi Uiliam! Então, gostaria de dizer primeiramente que gostei muito da história, acho que você amarrou bem os fatos e teve um desfecho interessante. Por ser um conto e por eu já ter visto o tema, admito que já esperava uma reviravolta, mas o título pra mim despistou esse final, então achei bom. Concordo com algumas avaliações de que algumas informações foram excessivas, e senti falta de um ar de mistério que compõe o gênero policial. A música eu não conhecia, mas foi bom ler escutando ela, deu um contexto bacana para a cena, no mais, desejo sucesso pra ti!

  13. Olá,
    Sou suspeito para falar, pois sempre fui fã do Mark knopfler e dos dire Straits. Achei legal um conto inspirado em uma música deles.
    Quanto ao tema, não sei se está 100% adequado. Policial, normalmente, contém uma investigação. Aqui há uma narrativa de crime, mas sem esses elementos de suspense e ocultação dos fatos que são comuns ao gênero. A história é densa e bem elaborada, mas achei a escrita um pouco truncada. Me embolei um pouco com alguns diálogos e tive que reler. Acho que poderia ser escrito de uma forma mais clara. No mais, a reviravolta no final ficou boa. A história combinou muito bem com a letra e o tema da música. Para mim não tem problema ser em inglês.
    Boa sorte.

  14. Oi, Uiliam, tudo bem?

    Vou usar os critérios do último desafio para tecer alguns comentários.

    Aproveitamento do tema:
    Aqui eu tenho algumas dúvidas. Não sei dizer se, de fato, está adequado. Quando se fala em gênero policial, a imagem que nos surge é: “quem está mantando?”, “por que se está matando?”, “qual o segredo por detrás dessas mortes?”. Aqui não encontrei esses elementos.
    Do jeito que ficou, para ser policial, deveria vir como uma revelação/conclusão no final de outra narrativa.
    É possível, claro, subverter os gêneros, mas acho que não é policial.

    Enredo:
    Eu gostei da história. Gostei da música de inspiração. O estilo de escrita me agrada. Quanto a música, vi que gerou polêmica, mas tenho opinião diferente de todos os comentários. Discordo de quem acredita que termos estrangeiros atrapalham, mas também discordo de quem disse que a música era importante no entendimento. Eu vejo só como se tivesse pegado a música e feito um conto inspirado nela, mas que se explica sozinho de qualquer forma. Ela funciona como um acessório à narrativa e, por isso, ficou ok. Acho, inclusive, que ela poderia ser mais empregada até. Deixando que a letra da música preechesse algumas lacunas. Ok, aí teríamos o problema do inglês, mas na sua escolha não me pareceu problemático.

    Escrita:
    Bem escrito e bem revisado. Parabéns!
    Talvez falte apenas uma maturidade que não está relacionado a estar correto ou errado. É apenas uma vontade de explicar o que não é necessário nesse gênero de escrita.
    Exemplo:”Desamarrei o casal e retirei da cena tudo que pudesse insinuar a presença de outra pessoa”. Se pulasse da agonia do suicida para “Duplo homicídio seguido de suicídio por envenenamento. Meu filho seria o único herdeiro de Plínio”. Talvez até essa parte do filho herdeiro pudesse ser suprimida, mas aqui realmente é uma informação que não seria inferida por todes.

    Impacto:
    No geral gostei.

  15. antonio stegues batista

    Embora o título remeta a Romeu e Julieta, o conto não é uma versão da história de Shakespeare, só o final é parecido. Um casal, teve um relacionamento amoroso, mas casaram com pessoas diferentes, que por sua vez, se tornaram amantes. Plinio e Jana resolvem matar os cônjuges e se suicidar depois. Somente Plinio toma o veneno e morre. Essa reviravolta é impactante, porém há alguns fatos obscuros na história, na questão da doença de Plinio e o filho de Jana. A escrita é clara e firme. Não entendo inglês, portanto não entendi a letra da música. Incluir outro idioma no texto pode ser feito, desde que seja incluído a tradução, mas num conto as frases se tornam supérfluas e desagradáveis que por si só se explicam. O tema foi alcançado porque houve um crime. Mesmo assim, achei a história bem interessante.

  16. Um conto com muitos elementos e vários personagens, o que parece difícil de construir. Está bem amarrado, cuidadoso.
    Confesso que reli. Finaliza com “ainda chovia” e fui buscar a chuva anteriormente.
    O texto está bem escrito na língua e a escolha pela norma culta fica bem evidente na colocação pronominal (“encontramo-nos”).
    Particularmente, não apreciei o estrangeirismo na letra da música. E a letra é fundamental no texto, remetendo ao título e ao clima do conto.
    Sobre o tema, policial, acredito que está perfeito.
    Parabéns !

  17. Claudia Roberta Angst

    Olá, Uiliam, tudo bem?
    O tema proposto foi desenvolvido com sucesso.
    Há muita informação em um texto tão curto, o que não chega a ser ruim, mas um pouco de mistério também não faria mal. Em alguns momentos senti que o(a) autor(a) me dava explicações demais e que eu nem precisava me esforçar para procurar sinais ocultos. Quando fui chegando ao final, imaginei que poderia ter alguma reviravolta, o que não me surpreendeu. Entendi a motivação da narradora, mas não encontrei uma razão plausível para o primeiro ato criminoso: vingança e rendenção? Não me convenceu muito. Live and let die.
    O conto está bem escrito e não encontrei falhas na sua revisão.
    Parabéns pela participação no desafio e boa sorte!

  18. Oi Uiliam.

    Não partilho da opinião do Anderson, sobre estrangeirismos e referências musicais. Eu não conhecia esta música, mas fiz uma busca simples, e fiquei conhecendo. O que, certamente, enriqueceu a experiência da leitura. Porém, se eu estivesse com preguiça ou desinteressada a respeito da referência, seria possível compreender a história perfeitamente bem, mesmo sem conhecer a canção. Mas, concordo com ele, de que isso é um risco. Eu, particularmente, gostei.

    Sobre a história, achei bem interessante. Você desenvolveu uma ótima narrativa no pouco espaço que tinha. Ficou tudo bem amarradinho, todos os detalhes muito bem explorados. Novamente, gostei.

    O único ponto que me soou estranho foi a frase “Ela estava grávida da Nati”. Tá certo que isso diz mais sobre minha leitura do que sobre sua escrita. Mas eu fiquei pensando quem raios era Nati e como a moça podia estar grávida dela. Não ria, mas eu só consegui entender direito na segunda leitura.

    Parabéns pela ótima participação e boa sorte.

    Kelly

  19. Regina Ruth Rincon Caires

    A parte mais prazerosa da avaliação é, sem dúvida, a leitura. E a parte mais instigante é a pesquisa para que, como leitora, eu consiga compreender o texto na sua integralidade. Afinal, tenho minhas limitações (e não são poucas). Este conto exigiu isso.
    Numa primeira leitura já fui fisgada pela elaboração perfeita da trama, um texto policial escrito com muito requinte. Falo do requinte da crueldade e do requinte da narrativa. A trama é construída de modo que a atenção do leitor não se desvie , não fuja do roteiro, não perca o fio. E o desfecho é surpreendente.
    “Googlei” a música, ou melhor, a tradução da música (sou uma nulidade em idiomas). Ouvi “Romeo and Juliet” na voz de Knopfler, mas gostei mais com The Killers, e li a letra todinha. Não conhecia.
    O texto é muito interessante, o autor nos apresenta os nomes dos executores/mentores do crime (Jana/Plínio), e os executados são nominados como animais “menores” ou designações cruas (cachorro/piranha, escroto/puta).
    Percebe-se que o autor tem muito domínio dos passos da narrativa. Impressionante como Jana participa de toda a trama e, no final, fica totalmente excluída de qualquer suspeita de participação em qualquer investigação futura. O trecho das “mãos enluvadas” pode passar despercebido ao leitor, mas o autor foi cuidadoso. É fundamental na sustentação da trama.
    Terminada a leitura, fiquei com a sensação de ter enveredado por uma história que, dentro do tema policial, envolve amor, sonhos, traição, decepção, dores, vingança e morte. Exatamente o que envolve um crime passional. O epílogo é um primor.
    Parabéns, Uiliam! Parabéns pela técnica de construção do conto. Isto exige muito exercício de escrita.
    Boa sorte no desafio!
    Abração…

  20. Autor, não gosto quando trazem idioma do qual não tenho pleno domínio ou (o que talvez tenha aparecido aqui na forma de música) referências as quais não julgo bem aproveitadas. Fico com a sensação de que algo me escapou. Se eu pudesse lhe dar uma sugestão seria: pense mil vezes antes de trazer um idioma estrangeiro ou uma referência para seus textos. Está no Brasil? Então escreva em português, escreva fácil. Quanto ao aproveitamento do tema, se lhe foi imposto (sorteado), julguei bom.

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