
Se você está lendo essa carta então finalmente estou a um passo de configurar a máquina do tempo! Pena que não terei mais tempo para aperfeiçoá-la. E é exatamente por isso que escolhi fazer a primeira experiência mandando essa carta para você, eu de dezesseis anos. Sei que é inteligente o suficiente para saber que não é nenhuma pegadinha e que sou realmente você do futuro.
Sim, nós conseguimos!
Chegamos além dos nossos maiores sonhos! Mas tudo na ciência tem o seu preço. As experiências que conduzi cobraram juros terríveis, levando minha juventude e saúde. Envelheci em poucos anos o que envelheceria em décadas e estou à beira da morte. Sem tempo nem condições de terminar meu experimento.
E isso me leva à intenção desta carta. Quando percebi o que estava acontecendo comigo e que era irreversível, depois de pensar muito, cheguei à conclusão que faria tudo diferente, se tivesse a oportunidade. Vê onde quero chegar? Eu não posso voltar atrás, mas você pode fazer tudo diferente.
Antes de decidir, precisa saber de alguns fatos.
Primeiro: consegui um enorme reconhecimento mundial. Minhas descobertas mudaram o mundo e serei referência em minha área por muitas gerações. Isso é o que conquistei com minhas escolhas.
Segundo: minha vida não se resume apenas ao trabalho. Conheci um homem incrível e vivemos uma história de amor muito melhor do que a que você lê nos livros agora. Temos uma filha maravilhosa que acabou de chegar na adolescência. E “eu” trocaria toda fama e reconhecimento para passar mais tempo com eles.
Terceiro: se eu conseguisse terminar meu experimento sobre a viagem no tempo, o mundo como o conhecemos hoje mudaria completamente, ainda não sabemos se para melhor ou pior. De qualquer forma, não poderei terminá-lo, ficará inacabado até outro cientista colocar as mãos no projeto.
Sei que as coisas não estão boas para você, agora, é difícil ser adolescente, nerd, feia e desajeitada. E tudo o que quer é que alguém reconheça o quanto você é incrível.
Posso te dizer que esse reconhecimento virá de qualquer forma, escolhendo continuar no planejado ou mudando tudo. Porque você é extraordinária e todas as pessoas que cruzarem seu caminho reconhecerão isso.
Você terá sucesso com o que decidir fazer!
Mesmo que escolha viver uma vida comum e longa, que ninguém nunca saiba do potencial que você tem para mudar o mundo.
Talvez sabendo o que sabe agora, essa vida comum não seja mais suficiente. Eu entendo. Até porque já colhi os louros do meu trabalho, vi meus sonhos se realizarem e sei o legado que deixarei. E você ainda não. Então seria injusto te privar de tudo isso. Só quero que saiba que o que for que decidir, entenderei.
Sempre tive a curiosidade de saber se Madame Curie faria tudo igual se soubesse como seria o seu fim. Parece que vou descobrir logo. Não o que ela faria, mas o que eu faria. No caso, você.
Uma última coisa, viva sua vida apaixonadamente cada segundo. Passe mais tempo com seu marido e sua filha. No final, é tudo que importa. Se decidir por sua carreira, deixe seu legado com determinação e coragem, e se decidir gozar uma vida longa junto de quem mais ama na vida, que seja com orgulho e sem arrependimentos.
Nosso futuro está em suas mãos, como sempre esteve.
Com amor,
Sua eu do futuro.
Tema: Carta
Olá, Eu do presente!
Victor, é você? Não! Não sou eu não. Depois dessa piada infame eu vou comentar o seu conto rs.
Eu gostei da história, embora eu não caracterize como um conto. O tema sugerido foi carta e você fez uma carta, literalmente. A história carece de personagens e enredo que o leitor possa seguir e se identificar, ficou superficial e, por vezes, um pouco confuso. A escrita é boa, demonstra domínio da língua portuguesa e não observei desvios gramaticais que pudessem atrapalhar a minha leitura. Gostaria de ler outros textos seus, preferencialmente os que caracterizamos como conto, espero vê-lo nos próximos desafios.
Sucesso pra ti, Victor! Digo, Eu do presente!
Boa sorte!
O conto narra a história de uma cientista que consegue inventar a máquina do tempo e destina uma carta para o seu eu do passado. O enredo é uma carta, o que ocasiona quase uma falta de enredo. Imaginei que haveria uma resposta do eu do passado para seu eu do futuro, com alguma reviravolta. Mas, não ocorreu. A narrativa é boa, a leitura fluiu muito bem. O tema foi bem executado. Não me impactou muito. Boa sorte no desafio.
O legal de temas que dizem respeito a estrutura da narrativa é que a história pode viajar pala lugares inusitados e, felizmente, ficção científica ganhou um espaço aqui. Adoro Questão de Tempo, um filme sobre viagem no tempo que vai falar sobre aproveitar melhor o tempo e aqui o objetivo é semelhante, falar sobre sucesso, orgulho e, quiçá, feminismo, mas sem desvalorizar a alternativa de um futuro mais pacato. O enredo carece de explosões, mas para o espaço de palavras, cumpriu muito bem a premissa.
Senti que este texto intencionou uma espécie de conto ao contrário, estruturado da mesma maneira que a carta da personagem: para trás. Então se conta uma história, de uma jovem menina que atinge o seu objetivo enquanto também constrói uma família e a alcança a felicidade, exceto pelo contraponto de uma morte prematura. A narração em primeira pessoa dá personalidade ao texto e, curiosamente, uma força à personagem, que redige sua carta com a firmeza de quem conseguiu o que quis e não tem vergonha ou medo de, mesmo assim, ter suas dúvidas. Eu acho que em termos de enredo, o conto se enfraquece um pouco, mas é bem escrito e tem impacto.
Olá, Eu do presente! Senti falta de alguma virada no seu conto-carta, que me soou um pouco a uma revisão da vida, sem muito frescor além do “devia ter feito isso ou aquilo”, como na música Epitáfio, dos Titãs. Digo, o conto funciona, é ok, mas não traz nada muito diferente, em termos de estrutura ou literário. De todo modo, uma carta é sempre um carta, carrega em si algo poético e reflexivo. Nesse caso, sobre o que fazemos da própria vida.
Olá, Eu do presente! Tudo bem?
Eu amo histórias de viagem no tempo! No caso na sua história só a carta viajou, mas é ainda melhor. O paradoxo temporal é sempre muito bom de se imaginar, e amei a menção a Madame Curie, sabe que eu fiquei pensando também eu fosse ela e soubesse que iria morrer daquele jeito, será que eu continuaria e seria famosa e mudaria minha área de estudo ou se deixava pra lá a fama e morreria de velhice… Difícil dizer… O ser humano quer fama e notoriedade, mesmo que custe a vida … Então, acho que a eu do passado não deu ouvidos para a eu do futuro e morreu na meia idade mesmo, mas famosa.
Gostei mais do que o conto me fez pensar do que do conto em si…. 🤷🏻♀️
Boa sorte no desafio e até mais!
olá, Eu do Presente, puxa, você envia a sua carta pra você mesma lá no futuro. Achei criativo, apesar de que já havia visto essa forma de contar histórias por aí. Gostei do conto, achei que a questão da máquina do tempo ficou meio paralela… será que precisava mesmo dela? Experimente gastar suas setecentas palavras sem falar nela. Acho que a narrativa ficaria mais redonda. Até porque o tema é a carta e não uma viagem no tempo. História bem contada, tudo no lugar. gostei. parabéns, Eu do Presente e um grande sucesso no nosso desafio.
Olá,
O texto se encaixa na proposta, afinal, é uma carta. Acho que a questão da máquina do tempo é que não se encaixa tão bem. Não acrescenta quase nada na história. Minha sugestão seria tirar essa questão e transformar em uma carta hipotética, acho que a impossibilidade de mudar o passado ampliaria o impacto do texto. A escrita é simples e o enredo é um pouco clichê, infelizmente não me empolgou. Mas não vi erros notáveis.
Bo sorte.
Olá Eu. Este foi um dos contos que mais me espantou no momento de conhecer o tema. Senti-me enganado, porque sempre pensei que fosse mais um conto sobre viagens no tempo. No entanto, tratava-se de algo muito mais prosaico e anacrónico: uma carta. Porque não uma mensagem ou um telegrama? No entanto percebo a intenção. Há uma ternura muito grande no conto. O sentimento de uma vida desperdiçada na carreira é levada aqui ao extremo: se ela não tem feito esse sacrifício, não poderia ter escrito ao seu eu do passado. Por outro lado, se o eu do passado lhe tivesse dado ouvidos, a viagem no tempo não teria acontecido, o que é, para mim, o grande paradoxo das viagens no tempo. Fora isso, o que na realidade não é nenhum problema do conto, fez-me relembrar do prazer que tinha ao receber cartas. O século XXI, com o seu imediatismo, fez com que a carta e esse mesmo prazer se tornassem anacrónicos. Em termos de linguagem, nada a apontar. A mesma é clara e consegue passar a mensagem, o que é, no fundo, o seu objetivo.
Oi Eu do presente!
Tudo bem?
Seu texto atendeu muito bem a proposta de carta e achei que foi escrito de maneira muito criativa!
O enredo de uma maneira geral me pegou bastante e foi um texto bem gostoso de ler. No entanto acredito que você poderia ter explorado esse tema de maneira mais aprofundada. O título e o pseudônimo são perfeitos, mas eu colocaria questões mais profundas e pessoais nessa carta de uma eu de hoje para uma eu do passado. A maneira como está tudo colocado parece muito raso, está meio parado em lugares comuns quando poderia estar tratando de questões mais profundas.
Está bem escrito e bem estruturado e de uma maneira geral me agradou bastante, mas como já pontuado, existe lugar para melhora.
Parabéns pelo texto e boa sorte!
Buenas, Eu-Presente.
O conto é correto, na escrita, na trama, na reflexão proposta. Por ser um tanto clichê (mensagens pra si mesmo, seja para o passado, seja para o futuro, literal ou não, já foi explorado em demasia em diversas mídias), e escrito em formato de carta (outra normalidade dentro da trama apresentada), acaba não tendo um brilho próprio. O tom da narrativa compensa um pouco, pois a escritora da carta consegue imprimir sua personalidade nas palavras.
Carisma na escrita é difícil de achar.
Outro pronto que pode incomodar alguns leitores, como me incomodou, é que não existe qualquer quebra de expectativa. Logo no início, cria-se uma imagem da trama e do desenvolvimento dela. É sempre prazeroso quando essa expectativa é quebrada. Isso não é um problema, em si, os leitores criam suas próprias idealizações. Se a proposta desejada foi alcançada, e está feliz com o resultado, tudo bem. O escritor não precisa convencer o leitor, não o tempo inteiro, pelo menos. Ele precisa tecer um bom conto que seja sua expressão e comunicação. Arte é isso, afinal.
Parabéns pelo texto! Vamos que vamos.
Oi, Eu do Presente, tudo bem?
O conto abordou o tema proposto, embora pudesse ser FC e se encaixaria bem também.
A narrativa está bem elaborada, contendo só pequenos deslizes como:
– chegar na adolescência > chegar à adolescência
No entanto, como se trata de uma carta, os possíveis erros de redação cabem ao personagem e não ao/à autor(a)
A remetente diz que respeitará as escolhas da “eu do passado”, mas tenta persuadi-la a dar mais importância à família do que à carreira. E aí também se dá conta de que para a adolescente tudo é desconhecido: a fama, as conquistas, o preço a pagar. Experiências só servem mesmo para quem as tem.
Parabéns pela participação e boa sorte!
Olá Eu do presente.
Interessante a ideia de mandar uma carta para si mesma. Gosto de historias de viagens no tempo, então, já comecei gostando.
Achei arriscada a ideia da cientista. E se, mudando suas escolhas, ela deixasse de conhecer o seu maor e não tivesse sua filha? E se a escolha por viver uma vida simples e comum trouxesse desdobramentos ainda piores?
Seu conto está bem escrito e bem conduzido e leva o leitor a uma serie de questionamentos.
Parabéns e boa sorte!
Kelly
Oi, Eu do presente!
Achei seu conto bem reflexivo, toca naquelas questões que geralmente fazemos quando vamos assumindo certa maturidade, embora que ache que a autora/autor do conto seja jovem.
Esse dilema entre viver mais tempo e com menos intensidade ou abrindo mão de alguns prazeres parece algo que necessite de máquina do tempo, mas não. Quando decidimos ter esse ou aquele estilo de vida, fumar ou não fumar, exercitar-se ou não, de certo modo estamos dialogando com nosso futuro.
Eu gostei de ler o seu conto, mas gostaria que fosse mais bem explorado em alguns pontos. No fim, me pareceu mais um aviso do tipo “olha, do jeito que está indo, você não vai curtir tanto a sua vida e vai acabar morrendo jovem deixando de lado as coisas que realmente importam”. A ideia de ser realmente um convite a reflexão me pareceu que ficou escondida, ainda que a narradora diga textualmente que aceitará as escolhas da jovem. Especialmente no fim: “Uma última coisa, viva sua vida apaixonadamente cada segundo. Passe mais tempo com seu marido e sua filha”.
Mas o seu texto tem muita coisa positiva e, pelos comentários aqui, levou muito gente para questões além do que está na superfície do texto.
A pessoa do futuro manda uma carta para ela mesma, quando adolescente, dizendo para fazer o que tem que fazer.
Não entendi mito bem esse enredo, parece que fica o dito pelo não dito, ou vice-versa.
Parece que a carta só informa que ela vai ter sucesso, portanto, desnecessária, já que não pede para mudar nada em seus planos para não mudar o futuro.
Acho que a máquina do tempo se tornou surreal e algo inútil. O tema Carta, abre possibilidades para enredos mais interessantes, confissão de crime,
de traição, de amor, uma carta de mister Hyde para doutor Jekyll, uma carta de Mary Shelley para o doutor Frankenstein, etc.
A meu ver, faltou melhores inspirações para realizar tema.
Olá, Sr Antônio! Estou respondendo porque o sr não entendeu meu enredo, embora eu achasse que tudo estava claro. A personagem do futuro informa a ela mesma do passado que por causa de seus experimentos científicos, ela foi contaminada e mesmo sendo uma jovem senhora e a filha ser ainda adolescente, ela está morrendo, até coloquei a Madame Curie na história, só para deixar isso bem claro. Então ela pede sim que o futuro seja mudado, mas ela não quer impor isso por causa de todo o sucesso que alcançou. De qualquer forma, não devo ter conseguido me expressar como queria, então obrigada pelo comentário.
Pois é, eu entendi que ela com 16 anos tinha uma filha. Não me dei conta que ela usava material radioativo para as experiências e que a contaminou e esse foi o motivo dela mandar a carta, tentar mudar alguma coisa, talvez não construindo a máquina, mas se não construísse, não receberia a carta do futuro. É o tal paradoxo temporal. Você escreveu um bom enredo, eu com minha lógica é que não entendi direito. Vou voltar no tempo e ler de novo para ver se merece uma boa nota. rsrrs
Dentro do desafio, o autor apresenta um texto que se encaixa no tema “carta”.
De início, percebe-se que a personagem/narradora é uma cientista que acaba de “configurar a máquina do tempo”. E o teste do equipamento consiste em enviar uma carta à própria personagem, quando ela estava com 16 anos de idade. Portanto, a máquina levaria o tempo ao passado.
Quando a personagem/narradora menciona Marie Curie, prontamente o leitor traça um paralelo com a trajetória da brilhante física/química polonesa e naturalizada francesa, que conduziu pesquisas pioneiras sobre radioatividade. Em 1934 morreu por anemia aplástica que se acredita ter sido contraída por sua exposição prolongada à radiação. Ela foi a primeira mulher a ganhar o Prêmio Nobel, sendo também a primeira pessoa e a única mulher a ganhá-lo duas vezes, além de ser a única pessoa a ser premiada em dois campos científicos diferentes. Portanto, acredito que a personagem da carta também tenha sido contaminada por algum componente da experiência.
Acredito que o tema foi cumprido. Quanto à escrita, cabe uma revisão cuidadosa na pontuação.
O conteúdo da carta reflete uma avaliação do trecho percorrido, as escolhas, os erros e acertos. Funciona como uma “pausa para balanço”.
Parabéns, Eu do Presente!
Boa sorte no desafio!
Abração…
Oi Eu do presente,
Linda reflexão. Nós temos que tomar grandes decisões ainda muito jovens, e muitas das vezes, não temos a maturidade e nem preparo emocional para assumir certas responsabilidades. Contudo, a vida é feita de escolhas e temos que fazê-las, arcando com as consequências, seja para o bem ou para o mal.
Que nunca desejou voltar no tempo para refazer tantas coisas e consertas alguns erros? Adorei o texto, bem escrito.
Sucesso com o seu conto!
Uma carta para um ‘eu’ do passado justificada pela criação científica da máquina do tempo pelo ‘eu’ do presente. Esse elemento (a máquina) não precisaria estar presente no conto, na minha opinião. O conto ganharia porque a imaginação não precisa vir justificada.
Por ser uma escrita de si e para si (a carta é sempre uma escrita de si, ainda que destinada ao outro), o leitor apreende características do narrador-personagem; nesse caso, uma mulher de meia idade, sutilmente frustrada e infeliz, disposta a mudar e perspectivar outro futuro para o seu passado. Dessa forma, o conto/a carta ganha tom de autoajuda. E no fim, se despede ‘com amor’, um amor próprio que talvez lhe falte no presente.
Depois dessa reflexão, acho que o texto mexeu um pouco comigo. rsrs
Valeu a leitura.