
Dois minutos. 120 segundos. Fração ínfima de uma hora. Não me importo com a contagem dos minutos, já me bastam tantos outros momentos desperdiçados. É como se eu não tivesse vivido esse período de tempo, entre a partida e a chegada. Mas o coração conta as batidas. Ainda conta.
Não me permito desistir. Não agora. Nunca. Talvez seja tempo demais, mas gosto da ideia do “nunca mais”. Sempre considerei repulsivos aqueles que se deixam abater. Isso me faz pensar em gado entregue, em gente ressentida. Recuso-me a cavar nostalgias.
Queria dizer algo bonito, mas as palavras permanecem intocadas, esquecidas, quase inexistindo. Poesia combinaria bem com esta hora. Ou não. Imagino o entardecer jogando sombras sobre o dia que se foi. Sempre apreciei o momento em que o colorido das horas vai se aquarelando. Pronto, fiz poesia. Detestei.
Ainda me sinto com esperanças. Desde que o sono venha, me puxando para dançar, ficarei bem. Então, tudo será esquecido: a espera, as dúvidas e qualquer arrependimento. Será outro dia que se foi, um desejo de breve reencontro.
Não sei mais quem sou. Desconheço. Prosa ou poesia, não sou este corpo. Nem carne, nem ossos. Não é preciso ter olhos para me decifrar, nem para prever meu destino. Descanso instinto e receio. Desarmo todas as defesas e renuncio a reservas. O vazio me invade como onda, atravessa pele, inaugura sensações. É o avesso do que já vivi, algo que nem sei nomear.
Há um presente que teimo em desembrulhar, papéis que se rasgam e arranham minhas entranhas. Desaponto-me, julgava que o hoje fosse meu e já o vejo perdido. Sinto um entontecer repentino… Caio, mas não tenho onde pousar.
Pessoas desfilam em minha mente. Tantas, enfileiradas, cumprimentando umas às outras, acenando promessas, dizendo muitas bobagens. Minha terapeuta sugere que eu escreva um diário. Acho a ideia engraçada, um tanto infantil, como assim escrever um diário nesta altura da vida? Meu querido diário, hoje eu quis matar alguém… ou não fui eu?
Talvez eu esteja delirando. O mais provável é isso acontecer. Os pensamentos e lembranças se misturam em um coquetel venenoso. Falo comigo e eu mesmo me contrario. Não rio.
A escuridão nunca me assustou. Ao contrário, lido bem com a queda de luminosidade, perambulo na penumbra com prazer. As sombras trazem uma aura romântica a todos os cenários. Há pessoas, conheço muitas, que se agitam quando o dia vai perdendo o brilho, e o entardecer se espalha no céu. Estejam fazendo o que for, se levantam e ligam todas as luzes da casa. Sim, todas! Como se fossem velas em velórios. Eu não. Pensei ter luz própria. Vejo, agora, que isso é uma mentira.
Não sou poesia. Nem luz. Por isso apago.
Escuro, vazio, apertado. Este lugar é inapropriado a qualquer permanência. Tenho medo? Nem a estas paredes confesso.
Sempre me desagradaram os aumentativos, palavras abafadas, pesadas nos sons. Encantam-me mesmo as coisas miúdas, delicadas: florzinha, velinha, anjinho. Nada que rime com provação. Entre uma caixinha de música ou isso aqui, o que alguém escolheria?
O som do silêncio. O ar rareando, o escuro total. Nada mais. Arranho o revestimento da tampa pesada, selada, feita para durar. Em vão. Quebrei mais duas unhas, mas elas continuarão a crescer. Alguém me disse isso um dia. Um dia… quando? O tempo está extinto, morto. Como pensam que também estou.
Tema: Terror
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O conto narra devaneios sobre os medos do autor. O texto é mais uma prosa poética do que um conto. Não há personagens desenvolvidos, nem trama ou uma história de começo, meio e fim. Está muito bem escrito, cheio de belas construções frasais. Também acho que o tema terror passou raspando e olhe lá. Boa sorte no desafio.
Uma das notícias mais aterrorizantes que vi aleatoriamente numa rede social foi o de um alpinista em cavernas apertadas ficar preso entre as rochas e não poder ser resgatado. Morreu preso, vendo o corpo definhar, com a família por perto se comunicando e ciente da impossibilidade de resgate. O evento se tornou meu novo pesadelo e sinto que o conto aqui pode referir a esse tipo de terror.
Confesso que o tom demasiadamente poético é lindo, mas não me encanta tanto assim, talvez eu seja meio tosca para isso e precise de mais prosa para apreciar. O personagem delirando nos últimos momentos é intenso e faz perder o fôlego, a solidão aparente torna tudo ainda mais assustador. Talvez a linearidade poderia ter sido mais explorada para criar uma tensão, sinto que a situação não se agrava até chegarmos ao final sem um clímax e o terror, para mim, pede um marco final.
Apesar da constante rejeição à poesia, esse texto parece mais uma poesia proseada, com uma cadência admirável e um vocábulo bem escolhido. Apesar dessas qualidades, enquanto conto sai perdendo, dá voltas e não apresenta uma história, reserva sua revelação ao final, mas a surpresa deixa um amargo de pensar que se soubéssemos desde o começo, teria sido melhor e, assim, apenas uma visão em retrospecto permite ao leitor associar texto e tema. Não acho que é inválido, mas acho que os parágrafos espiralando na mente do personagem mais desgastam do que constroem, mesmo que, até no desgaste, pareça esculpir.
Olá,
Então, acho que há muitas formas de escrever terror. Não precisa ser tradicional para atender ao gênero. O problema é que, se tratando de conto, precisa haver impacto. As divagações são bonitas, mas diluem esse impacto. Não me senti aterrorizado no final, não teve sofrimento. E aí acho que não alcancou o adjetivo, pelo menos comigo. A pessoa viva presa no caixão também é um lugar comum do gênero, o que torna previsível e tira ainda mais o impacto.
Boa sorte!
Caramba, Lelê do Açude, com um nome desses tão delicado e me traz esse conto tão pesado. Estava achando que se trataria mais de um monólogo sobre a solidão, a melancolia e no final me chega o terror com todas as suas garras, aliás, com todas as suas unhas quebradas… Puxa, que forte ficou. Bem, isto tudo para dizer que está muito bem escrito (adorei as brincadeiras com a poesia), que me envolveu e quando vi estava contemplando aquele caixão de madeira feita para durar. Parabéns, gostei muito da sua história. Sucesso no desafio.
Oi, Lelê, tudo bem?
Terror ou não terror? Eis a questão do conto aqui apresentado. Uns dirão que não é terror porque não se sentiram apavorados durante a leitura. Outros afirmarão que o terror está inserido na situação do narrador/personagem. Terror psicológico, talvez. Sim, vou aceitar essa versão.
Não encontrei lapsos de revisão, mas esses podem ter sido bem enterrados e escapado aos meus olhos.
O tom poético conduz toda a narrativa, o que torna misterioso o enredo. Que morte é essa? Da poesia ou de alguém? Bom, o narrador diz que fez poesia, mas detestou. Acho que deve ter detestado mais a falta de versos e ar no seu derradeiro momento.
Parabéns pela participação e boa sorte.
Buenas, Lelê!
Um monólogo sobre a morte que se aproxima. Reflexões da vida que viveu, sem revelar de fato o que se viveu. Gosto desse tipo de abordagem. São pensamentos profundos e despertam reflexões no leitor. Meu problema com este texto é o tema. Sim, alguns vão aliviar por causa da beleza do texto, outro vão ter uma visão ampla de que a morte sempre é um terror. Eu já penso que o terror está na abordagem, não na situação. Uma vez, fiz uma oficina literária que a proposta era criar dois contos com a mesma premissa, mas com gêneros diferentes. Mesmos personagens, mesmas situações, mas abordagem diferente. E é incrível como uma história de terror pode virar drama mudando a narrativa. Vejo este conto como um belo exemplo: é romântico demais.
Quando cheguei no final e vi o tema, na primeira leitura, fiquei confuso. Tentei ler de novo e, mesmo forçando, não enxerguei as características do gênero no texto. O mais próximo que ele se encaixaria seria o terror psicológico, que exige um mergulho profundo na psique do personagem, tudo num aspecto sombrio. Mas, pra isso, precisaria de um desenvolvimento mais tradicional, algo além de um monólogo. Sei lá, o conto é belíssimo, em estrutura e narrativa, mas o tom romântico me impede de enxergá-lo como um conto de terror. No final das contas, se este conto fosse publicado como um drama, funcionaria da mesma forma. Acho que isso explica bem a sensação que tenho quanto a isso. Mas isso é uma cisma de um amante do terror, não é algo também que vai impactar tanto na avaliação.
Parabéns pelo texto! E vamos que vamos.
Olá. Este é um texto de uma poesia extrema sobre o momento da morte. Adequa-se perfeitamente ao tema, mesmo que disso apenas se desconfie na última linha, o que não tira qualidade ao texto. Apenas tenho problemas com textos nos quais mesmo depois da última linha e após várias re-leituras continuo com dúvidas quanto ao que o autor quis comunicar. No seu texto isso quase aconteceu, mas a forma como é escrita agarra o leitor e faz com que tente descodificá-lo.
A imaginação é algo tão fantástico que consegue extrair das palavras de um texto, significados infinitos. Palavras que “emitem” até o som nostálgico de um fado, ou que trazem o encantamento das “coisas miúdas” eternizadas por Manoel de Barros, e tudo isso num zás-trás. Para um leitor, é possível ler “no meio do caminho tinha uma pedra” e só absorver que cabe o cuidado de desviar-se dela para não sofrer com um “trupicão”, mas existem aqueles que dão a essa pedra um significado tão alargado, podendo até mesmo escapar da intenção primeira do autor. Acho que a imaginação do leitor é um recipiente onde pode caber (ou não) o conteúdo de um texto. E, neste texto, “lutei” com esse conteúdo, misericórdia…
Se o “iminente finado” não queria fazer poesia, deve ter partido bem contrariado. O texto é permeado de poesia, e é de uma qualidade surpreendente. A prosa é poética.
Embora seja de teor mórbido, o autor repele “cavar nostalgias”. Mas a leitura não oferece outro caminho. E, embora tenha um narrar levemente irônico, o trajeto (para mim) foi sombrio, agoniado. Menino, quase senti o “entontecer repentino”!
Texto brilhantemente escrito, o autor tem pleno domínio da escrita, enredo bem construído, e o desfecho fica por conta do leitor. Será que trata da morte literal? Será que todo “finado” sente isso quando é colocado na “terra”? Será a morte de um escritor? A morte da poesia? A morte do texto escrito por humano?
Parabéns, Lelê do Açude! Esse pseudônimo tem cheirinho de Ceará (ou dessas bandas)…
Boa sorte no desafio!
Abração…
Oi Lelê do açude.
Um conto que me trouxe muitas sensações distintas. Meu primeiro comentário é que este também é um conto para ser sentido, mais do que compreendido. A escrita é belíssima e irretocável.
Fiquei perdida durante boa parte da leitura, mas perdida de uma maneira muito prazeiroza, seguindo as palavras, e só consegui entender do que se tratava a narrativa no final mesmo.
Reli, então e as coisas foram adquirindo sentido novo.
Daí, vi o tema. E fiquei dividida. Senti o drama da situação, mas não medo ou tensão. Não senti terror. O protagonista tampouco parece ter ficado aterrorizado. Ele parece mesmo conformado com sua sina. Por isso a sensação de drama se sobrepôs ao terror.
Parabéns e boa sorte.
Kelly
Oi Lelê!
Tudo bem?
Gostei muito do conto! Minha opinião sobre a temática do terror (bem como textos de humor ou contos sensuais, por exemplo) é que não é necessário que tenha sangue, seja absolutamente grotesto ou nada assim (há quem goste, sem dúvida), mas para mim o que você criou aqui é excepcional. Terror na medida certa.
Uma vez li que o conto mata por nocaute. Conta um trecho muito curto da vida de maneira concisa e precisa, e isso é percepctível em seu texto.
Bem escrito, inteligente e incômodo da maneira certa que a literatura tem que ser.
Não encontrei nenhum erro de revisão nem gramatical.
Gostei muito mesmo!
Parabéns pelo conto e boa sorte!
Comecei a ler o conto e chegando ao meio, pensei, isso é poesia, não tem história!
Meu comentário vai ser esse. Eis então que vem a reviravolta, o impacto.
A mulher está num caixão, enterrada e viva”.
Na própria divagação dela há uma pista do que aconteceu; ”(…) eu quis matar alguém…ou não fui eu?”
Creio que o Nunca Mais é uma referência ao Corvo, de Edgar Alan Poe, o mestre do Terror.
Parece que o conto é uma versão de A Queda da Casa de Usher, de Poe,
na visão de Madeline, irmã de Roderick, que foi enterrada viva.
Gostei.
Enganei você, não é mesmo? Pois, então, o destino também me enganou. Sigo debaixo de camadas de esquecimento.
Veja bem, meu caro Antonio, não sou uma mulher. “Falo comigo e eu mesmo me contrario. Não rio.” Não que isso tenha alguma importância agora, mas…
Obrigado pelo seu comentário.
Eu também achei que o personagem era mulher! Tô chocada! Mas com certeza a autora é mulher e isso refletiu na narrativa. Muito interessante isso!
Por que um homem não pode gostar de diminutivos? Não pode apreciar poesia (detestei fazer) ou o entardecer? As unhas dos homens também se quebram… e confesso que as minhas estavam um pouco compridas mesmo. Enfim… Homem ou mulher, binário ou não, agora na minha atual situação, isso não tem a menor importância.
Olá, Lelê!
Conto muito bem escrito, o que demonstra ser de um autor experiente. Confesso que demorei para entender o significado de algumas passagens, por causa do teor poético do texto, mas o último parágrafo conseguiu responder as dúvidas que eu tinha sobre o caminho que a história estava seguindo. Concordo com um dos comentários que faltou pesar mais no terror, mas isso não tira o mérito da leitura ser interessante, um tanto incômoda e, até mesmo, curiosa. Parabéns pelo conto!
Sucesso pra ti!
Boa sorte!
Entendo que para você, meu caro Victor, o que sucedeu comigo não tenha sido muito aterrorizante. Mas creia-me, amigo, o ocorrido foi deveras apavorante, um terror ao qual não consegui sobreviver. Caso contrário, eu não estaria aqui, conversando com você, do além… Se é que existe isso de pós-morte, mas se não existe, onde estou? Fiquei confuso!
Lelê, tudo bem?
Um conto cheio de imagens bonitas, reflexões interessantes. Há bastante sutileza na narrativa.
A escrita é primorosa. Sugere muito e revela apenas o necessário.
Eu fiquei pensando aqui se seria um terror soft (não sei se isso existe). Porque embora a situação seja mesmo impactante, não me angustiou, não me causou medo, asco, nem me incomodou. Ter deixado para esclarecer no final foi um acerto para a beleza da narrativa, mas acabou escapando um pouquinho do terror. Ao menos para mim.
Irei voltar a esse conto depois para entender melhor o começo, talvez esteja aí uma chave que eu tenha perdido.
Parabéns pelo texto, belíssimo! Tenho certeza de que será um dos destaques no desafio.
Não sei se terror soft existe, prezado Rangel, mas se existe, não foi o que aconteceu comigo. Fica lá na minha posição, nas circunstâncias derradeiras que me cercavam e diz que está soft, suave, leve… Ah, se soubesse o que passei! Tanto passei que fiz a passagem. E aqui estou, tentando alertar almas ainda encaixadas em seus corpos. Não confie em ninguém… vai que ao invés de uma caixinha de música, ganhe um… bom, deixemos o mau agouro para lá. Siga a luz, onde estiver. Aqui, ainda estou aguardando alguma iluminação…
Um conto bem escrito, pensado, estruturado.
Tem uma opção por frases curtas desde o início. Um recurso que pode ser usado com parcimônia, mas entendo ser uma opção ou estilo de escrita para esse conto.
Há uma repetição da imagem do entardecer.
Narrado em primeira pessoa, tem um tom de carta em algum momento.
Fiquei por um tempo sem saber o gênero do narrador, até aparecer “eu mesmo”. Gosto de textos quando não tem a possibildade de reconhecer o gênero do narrador-personagem (mas é difícil, né?).
Tem um final muito bom !
Parabéns!
Pois saiba, caro Mauro, que o entardecer tende a se repetir todos os dias… e a sua imagem dura alguns minutos. Minutos esses que se transformaram em pura agonia, quando só pude imaginar o sol se pondo, o dia findando, e você me acusa de reprissar o ocaso solar? Tudo aconteceu tão lentamente na minha imaginação e que terror! Mas já passou, como o dia eu também virei escuridão.
Olá, Lelê!
Tudo bem?
Seu conto é muito incômodo… Eu li e não estava entendendo nada, estava chato pra caramba, aí no final eu entendi tudo e voltei e reli, aí sim, tudo faz sentido e o conto se transforma em pura poesia de terror! Muito bom! Gostei bastante! Parabéns por conseguir enganar assim o leitor, mas talvez não queiram ter o trabalho de reler e se deliciar com o conto depois, então foi uma escolha bem arriscada.
Boa sorte no desafio e até mais!
Desculpe-me pelo incômodo, cara Priscila, mas imagine só a minha situação. Quase ouse dizer que incomodada ficava a sua avó, mas encontrei com a minha dias desses, noites dessas, sei lá, o tempo é tão impreciso aqui, e não quero sucitar o mau humor de ninguém. Incômodo, chato pra caramba, também senti tudo isso, só que de uma forma mais visceral, entende? E depois, nada senti. O que é bom, não é mesmo? Pelo o que me ocorreu, deu para perceber que assumo muitos riscos, não apenas em deixar revelações para o final. Quem não arrisca, não petisca. Quem arrisca demais, pode não viver mais.
Olá, Lelê! Gostei da sutileza com que se tratou o tema do terror, que facilmente descamba para clichês de gênero. Da referência à Amália Rodrigues (que não chega a todos, mas quem pescar, pescou), de não entregar tudo (fiquei torcendo para que não explicitasse o caixão depois de “Entre uma caixinha de música ou isso aqui, o que alguém escolheria?”, e não explicitou. Ponto! Só fiquei sem entender o título e o início do conto. Dois minutos seria o tempo que o narrador está no caixão?
Sofrer com sutileza, eu tentei. O terror é que não foi nada sutil comigo e trouxe todos os clichês do desespero. Nem a voz de Amália Rodrigues me deu alento, era delírio, últimas fagulhas de uma mente em deterioração.
Títulos não têm a menor importância, meu caro. E talvez os inícios não justiquem os fins, só os meios mesmo.
Dois minutos foi o tempo que o meu coração e o meu cérebro conseguiram contar, depois entregaram os pontos à loucura derradeira.