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Fraturas do Tempo │ Antonio Stegues Batista

Nas férias de verão de 1998, Lydia resolveu visitar sua amiga Janice em Vila do Castelo.

A casa se localizava num bosque, próximo da cidade. Elas se sentaram na varanda para tomar um chá e apreciar a brisa fresca da mata.

Janice tomou um gole e depositou no pires sobre a mesa.

— Está do seu gosto? –  se referia ao chá de hortelã.

— Muito bom. E Vicente?

— Ah! Meu marido deve estar encerrado na oficina. Depois que se aposentou resolveu ser inventor, passa o dia no porão trabalhando numa invenção dele. Disse que está construindo uma máquina para viajar no tempo. Acredita numa coisa dessa?

— Decerto estava brincando.

Janice fez uma pausa e olhou ao redor. Num tom de mágoa, disse: – Já estou cansada de morar aqui.

— Mas, é uma bela casa. O lugar é aprazível, muito verde, ar puro.

— Eu gostava daqui. Amigos vinham nos visitar, mas aos poucos Vicente foi ignorando a todos. Se dedicou somente ao seu invento.

— Ainda não vi a Charlene. Deve estar grande.

— Está morando com meu pai. E você? Como está? Casou?

— Estou fazendo faculdade de arquitetura. Tive uma companheira. Terminamos faz pouco tempo.

 — Nos últimos tempos o que eu mais tenho feito é ler e assistir filmes na televisão para me distrair.

— Compreendo.

Acabou de tomar o chá, colocou a xícara sobre a mesa.

— Quer mais um pouco?

Lydia não chegou a responder. Um relâmpago ofuscou seus olhos, uma pressão no corpo e ela perdeu a consciência.

Quando voltou a si, descobriu que estava num cômodo cheio de vasos, ânforas, caixotes, fardos de couro e rolos de tecidos. Janice estava ao seu lado.

— O que aconteceu? Que lugar é esse? – indagou Janice, olhando ao redor.

— Estou tão confusa quanto você.

Lydia aproximou-se da porta e espiou por uma fresta. Do outro lado havia uma rua calçada com pedras, casas de adobe, lojas de comércio, pessoas em seus afazeres diários.

 Janice olhou por cima do ombro dela.

— Já vi aquele prédio em algum lugar. – disse ela, apontando para a fachada azul de uma construção com uma entrada em arco, as laterais com figuras de leões em baixo-relevo. Pensou alguns instantes. — Acho que estamos na Babilônia. Aquele prédio de lajotas azuis é o templo da deusa Istar. Eu vi a imagem do prédio restaurado na internet.

Lydia soltou um risinho nervoso.

— Jura? Será que é cenário de filme?

— Não é, não. Parece que viajamos no tempo.

─ Não podemos sair com essas roupas!

Janice vasculhou os caixotes e cestos, até que encontrou mantos de fino tecido.

— As mulheres usam véus. Vamos cobrir a cabeça e esconder parte de nossas roupas.

Saíram para a rua, misturando-se aos transeuntes.

— Veja aquele prédio do outro lado do rio.

Lydia olhou para a direção indicada e viu uma construção com camadas sobrepostas, escadarias, folhagens, túneis, salas e jardins com fontes cristalinas.

 — Se não me engano são os Jardins Suspensos. E aquele é o santuário de algum deus – apontou para o zigurate no lado oposto.

Quatro blocos quadrados se elevando uns sobre os outros com o templo do deus no ápice. Cada plataforma com várias escadarias e pequenos templos com estatuas de vários deuses.

— Não sei como viemos parar aqui. Isso é o passado, Lydia!

— Alguma coisa está acontecendo.

Soaram trombetas pela cidade. As pessoas começaram a correr em todas as direções procurando abrigo. Portas e janelas foram trancadas. Soldados surgiram de suas casernas e se reuniam em batalhões.

— Vamos subir- disse Janice.

E correu escada acima. No patamar da segunda escadaria, elas pararam por um momento para tomar fôlego. Dali conseguiram ver uma parte da cidade e da margem do rio. O exército invasor atacava Babilônia por terra e água. Navios de guerra carregados de soldados aproximavam-se das docas. A cavalaria, precedida pela infantaria, esperava ao Norte, enquanto fogueiras eram acesas ao pé dos portões.

As duas mulheres seguiram subindo as escadas do templo, fugindo dos combates nas ruas. O barulho ficou para trás quando chegaram ao topo do prédio. 

 — Vamos nos esconder ali. – disse Lydia. Ela abriu a porta e entrou. Janice a seguiu. No santuário, o sacerdote estava fazendo sexo com a sacerdotisa sobre a mesa das oferendas. O homem olhou para elas, furioso pela interrupção.

Janice e Lydia fugiram. Na plataforma, sem combinação prévia, cada uma correu para um lado, como baratas tontas, rindo da situação, apesar do perigo logo abaixo.

 O relâmpago e uma nova viagem às reuniu novamente.

Agora estavam numa sala escura.

— Voltamos? – disse Lydia, olhando ao redor. Em algum lugar soaram vozes em seguida voltou o silêncio.

— Essa não é minha casa- respondeu Janice num sussurro. Ela seguiu para um dos corredores mal iluminados e Lydia a seguiu. Na parede havia um pôster com a imagem de uma casa em cima de uma colina, ao lado um bando de pássaros pretos pousados numa estrutura de ferro. Passando por uma porta aberta, viram um homem de cabelos compridos com uma faca na mão. Diante de um espelho, fazia gestos como se fosse esfaquear alguém. Janice segurou o braço da amiga e fez sinal para não fazer barulho. Seguiram adiante pisando leve. Chegaram a uma sala onde uma mulher tomava banho. Através do vidro opaco do box, via-se o perfil dela.

— Temos que avisá-la. –sussurrou Janice — Aquele sujeito vai matá-la.

Elas se aproximaram do chuveiro. Súbito, uma voz trovejante soou das sombras:

— Cut! What The hell! Get out of there. Go away. Go away.

Lydia entendia o idioma inglês, pegou Janice pelo braço e saiu depressa. No corredor esbarrou em Antony Perkins que deixou cair a peruca. Enquanto ele se agachava para pegá-la, Janice e Lydia voltaram ao quarto escuro onde o relâmpago as pegou novamente e lançou através de uma das portas do Tempo.

Despertaram no chão de terra batida, uma cozinha simples, com um fogão à lenha, moveis rústicos, forro coberto de picumã. Janice e Lydia trocaram um olhar confirmando que estavam razoavelmente bem. Não havia nada o que dizer, tudo era estranho e imprevisível. A casa parecia deserta. A porta dava direto para uma rua sem calçamento, num corredor de casas com arquitetura colonial, algumas bem antigas, sem pintura, outras de tijolo à vista.

Um grupo de pessoas rodeavam um homem sentado nos degraus da igreja. Lydia e Janice se aproximaram com o intuito de descobrir onde estavam.

O homem vestia uma túnica puída, calçava sandálias poeirentas, tinha cabelos e barba comprida. Enquanto falava com voz branda, firme e pausada, seus olhos se detinha por um instante no rosto de cada uma daquelas pessoas humildes que o ouviam, incutindo a força da fé que o movia, dando conselhos para que cultivassem suas virtudes e andassem no caminho reto do Senhor.

Seu olhar pousou sobre Lydia e Janice, figuras estranhas, destoando com suas roupas colorida naquele meio. Achou que eram seres celestiais enviados para observá-lo.

Disse: — Tenho andado por essas terras, nesses tempos de estio, com os campos secos coalhados de carcaças de gado. Ando por entre cactos e pedras, pisando em serpentes e escorpiões.  O que tenho feito é obedecer ao Senhor, orar, meditar, apertar o cilício nos meus flancos e andar por esse mundo pregando a Palavra, dando conselhos. Levando a esperança a esse povo que sofre. – fez uma pausa e concluiu: — É hora de ir mais longe.

Ele se levantou, pegou o cajado, desceu as escadas.

Alguém perguntou: — Aonde vai, Conselheiro?

— No rumo de Canudos. – respondeu, pisando firme na estrada. Alguns o seguiram, outros voltaram às suas casas e a seus afazeres. De vez em quando espiavam aquelas duas mulheres estranhas sentadas nos degraus da igreja. A certa hora já não estavam mais ali.

Após a perda de sentidos, acordaram numa campina amarela-pardacenta. Não muito longe avistaram uma casa à sombra de um grupo de ciprestes. O sol baixava no horizonte.

— Será que voltamos ao nosso tempo? – perguntou Lydia. Era uma pergunta retórica.

— Vamos ver se tem telefone naquela casa para a gente chamar um taxi.

Era uma casa construída na técnica enxaimel. Tinha um celeiro e um galinheiro nos fundos.

— Não temos outra alternativa – sussurrou Janice e ergueu a mão para bater na porta. Uma voz soou atrás delas.

— Boa noite!

O homem usava uma roupa de camuflagem e carregava uma espingarda de dois canos ao ombro.

— Boa noite – responderam as mulheres

— Me chamo Oto Schneider Bucholtz. Sou o dono da casa. Saí para caçar, mas não encontrei nenhuma perdiz. Sorte delas.

Por sua vez, Janice explicou

— Me chamo Janice e esta é minha amiga, Lydia. Estávamos numa excursão e nos perdemos. Queria saber se o senhor pode emprestar o telefone para eu chamar um taxi.

— Infelizmente o telefone está estragado. – ele fez pequena uma pausa e ajuntou: — Logo vai estar completamente escuro e a temperatura está caindo. Se quiserem podem passar a noite aqui. Minha esposa ficará encantada com a visita de vocês. Vamos entrar.

A sala era decorada com objetos antigos e modernos. Sobre uma escrivaninha de madeira de ébano com detalhes em marfim, estava um busto de Nefertiti ao lado de um monitor touch screen. Numa parede havia um quadro de Albert Bierstadt, na parede oposta uma pintura de Zdzislaw Beksinki. Deitado numa cadeira Luís XV, um cãozinho da raça pinscher, dormitava. Ele ficou alerta quando eles entraram.  Ao lado estava uma mesinha com um frasco de vidro conectado a um aparelho. Dentro do pote um cérebro flutuava num líquido azulado junto com um par de olhos. Os globos oculares estavam conectados ao cérebro pelos nervos óticos.

Oto colocou a espingarda num suporte sobre a lareira e apresentou:

— Esta é minha esposa, Berenice, que eu chamo de Nice, e aquele é o Thor.

Ele se aproximou do frasco com o cérebro.

— Nice, temos visitas.

O par de olhos abriu as pálpebras e olharam para as duas mulheres. Estas, ficaram meio confusas, olhando de Oto para o cérebro, do cérebro para Oto.

— Elas se chamam, Lydia e Janice. – disse o homem ao cérebro de Nice, como se falasse realmente com uma pessoa.

 — Olá! Sejam bem-vindas – disse uma voz fina saindo do aparelho conectado ao cérebro. — Estão atrasadas. Nada é coincidência. Todas as realidades existem. Tudo que é possível de acontecer, acontecerá.

— Berenice é muito inteligente – disse Oto com orgulho. — Era professora de física. Gostava de ler, mas agora eu que leio para ela.

— Vocês também gostam de ler? – perguntou o cérebro de Nice.

— Gosto de ler os contos do Edgar Alan Poe. – respondeu Janice. Lydia olhou para ela achando que Janice estava sendo irônica.

Oto explicou:

— O corpo dela morreu, mas consegui preservar o cérebro, fonte de sua essência. Fiquem à vontade, vou fazer um café para nós.

Quando ele saiu, Janice apoiou-se no ombro de Lydia e sussurrou:

— Você acha que é real ou um truque?

— Acho que o velho é ventríloquo.

A voz do cérebro, disse:

— Nem tudo é o que parece ser quando o ser deixa de ser…

 Janice considerou que Nice estava caduca ou bêbada mergulhada naquele álcool. Levantou-se e foi olhar um documento emoldurado pendurado na parede. Era um certificado que concedia um prêmio a Oto pelo relevante serviço prestado à Ciência Médica e Conhecimento Humano. Havia também algumas fotos dele junto a uma mulher, provavelmente a esposa, Berenice.

Nice comentou:

— José Saramago disse que a velocidade do tempo é de 60 minutos por hora.

Não conseguindo suportar aqueles olhos que a fitavam, Lydia aproximou-se de Thor.

— Que cachorrinho lindo! – disse e levou a mão na cabeça do pinscher para acaricia-lo, mas o animal não permitiu e tentou mordê-la.

Por instinto, Lydia retirou a mão e deu um passo para trás, pisou na bolinha de borracho do Thor, perdeu o equilíbrio e se chocou com a mesinha. O frasco desabou, espatifando-se no chão. O cérebro de Nice rolou pelo assoalho. Os olhos se desprenderam, ficaram pendurados na borda da mesa por seus fios condutores de visão, num olhar estrábico.

Alertado pelo barulho, Oto assomou à porta e ao ver a esposa no chão, (o que restava dela) soltou um grito de angustia, caiu de joelhos e pegou o órgão cinzento nas mãos enquanto os raios elétricos dos neurônios se apagavam um por um.

Ele olhou com ódio para as duas mulheres embaraçadas com a situação e depois ergueu o rosto para a espingarda no suporte.

Janice e Lydia, percebendo a intensão do homem, correram para fora. Continuaram correndo pela campina até perder as forças. Se esconderam numa depressão do terreno, longe da casa, enquanto a noite caia.

Na escuridão veio o conhecido relâmpago e a viagem no tempo.

Voltaram à casa de Janice.

— Voltamos! – exclamou Janice, com a respiração acelerada.

Lydia respirou fundo.

— Só espero que aquelas viagens tenham parado

Quando ela acabou de falar, soou um estouro sob a casa. O assoalho estremeceu. Janice arregalou os olhos e correu para o porão.

O aposento continha uma mesa de trabalho, um armário com ferramentas, alguns caixotes e no centro da peça estava uma máquina estranha, um conjunto compacto de peças e mecanismos que emitia um zumbido.

Vicente estava caído no chão, de barriga para baixo.  O lado esquerdo dele estava escuro, a pele vermelha, a roupa chamuscada. Janice inclinou-se e procurou pelos sinais vitais. Ergueu-se, olhou para Lydia, consternada.                  

— Ele não respira. Vicente morreu.

Pálida, levou as mãos ao rosto sufocando um lamento. 

Diante dos olhos das duas mulheres, o corpo de Vicente começou a desaparecer lentamente.

— Essa máquina deve ser a causa desses fenômenos. – disse Janice.

 Ela desligou a energia elétrica e pegou um martelo para destruir o aparelho.

— Talvez a máquina o traga de volta, Janice.

— Ele estava morto. Se eu não destruir isso podemos ser mandadas para qualquer lugar novamente e talvez nunca mais voltar.

Janice quebrou alguns componentes eletrônicos, inclusive uma pedra de metal incrustrada no painel.

Com a destruição da máquina, as viagens temporais cessaram.

— Acho que você não precisa contar nada para ninguém.- disse Lydia.

— Não vou contar. Se contasse ninguém iria acreditar. Se alguém perguntar vou dizer que Vicente me abandonou. Ele não era o pai de minha filha e ela não gostava dele, portanto, não vai ficar triste com o sumiço de Vicente. Nem eu, porque já não o amava.

No fim das férias, Lydia voltou para a capital. Conseguindo uma bolsa de estudos, foi estudar na Itália. Ao se formar, voltou ao Brasil, e arranjou emprego numa construtora.

***

Em 2007 a avó de Lydia faleceu. Como ela era única herdeira, em 2008 ela decidiu vender a casa. Saiu de São Paulo e viajou para Vila do Castelo, tratar da venda do imóvel. Na ocasião, resolveu visitar Janice.

Atravessou o rio pela balsa e dirigiu o carro pela avenida central. Estacionou o veículo no meio-fio e entrou no bosque. Seguiu pela mesma trilha daquele dia, dez anos atrás. 

Chegando na clareira, notou que ela havia diminuído de tamanho, o mato começava a tomar conta do lugar. A casa tinha aspecto de abandono. O azul das paredes estava esmaecido e manchado por mofo e limo. Ervas daninhas circundavam o prédio.

 Lydia avençou pelo meio das touceiras de capim que chegava até os joelhos, baixou a cabeça para não roçar nos galhos de uma árvore seca e retorcida.  Depois de alguns passos no meio daquela vegetação selvagem que se transformara a clareira, chegou finalmente à entrada da casa.

Não havia nada lá dentro, apenas pó e folhas secas. Que fim teve Janice? Será que ainda mora com os pais? Essas eram as perguntas que passavam pela cabeça de Lydia.

Ela se assustou quando uma mulher surgiu do corredor. Usava um vestido branco que contrastava com aquele lugar sombrio. As duas ficaram imóveis se olhando, tentando entender se eram reais ou fantasmas. Saindo do seu mutismo provocado pela surpresa, Lydia aproximou-se e falou:

 — Janice? O que aconteceu com a casa?

— Sou a Charlene.

— Ah! Tá. Não te reconheci. Vocês são bem parecidas.   Eu achava que Janice ainda morava aqui.

— Não. A mãe morreu faz cinco anos.

— Lamento muito. Tivemos umas aventuras bizarras.

— Ela me contou.

— O que você está fazendo aqui, nessas ruinas?

— Eu me mudei para Vila do Castelo faz poucos dias e resolvi visitar esse lugar onde passei minha infância. Estou pensando em reformar a casa.

— Vai reformar? Que coincidência. Eu sou arquiteta. Se precisar…

***

Ligia acordou em sobressalto. Não conseguindo mais dormir, levantou-se, abriu a porta e saiu para a sacada. Olhou os prédios escuros, as ruas desertas iluminadas pela luz dos postes e letreiros neon. Um estranho silêncio pairava sobre tudo. Para além da cidade não havia nada, só escuridão. Acima do horizonte, a imagem da lua rodeada por um halo luminoso, era estranha. Seria um portal para outro mundo?

11 comentários em “Fraturas do Tempo │ Antonio Stegues Batista”

  1. Felipe Lomar Darbilly

    Uma premissa interessante, mas uma história confusa e truncada. Muitos diálogos extensos e expositivos de mais, difíceis de ler. Lembra a música “Eu nasci há dez mil anos atrás” a pare que eles começam a viajar no tempo. O final também é confuso e muito aberto.
    Boa sorte!

  2. O texto me parece uma boa ideia desenvolvida com indecisão, enveredando-se por vários cenários que se pretendem como subtramas, mas acabam como distrações. Apesar disso, não se perde que os personagens não são muito mais do que o conjunto de ações imediatas pelas quais tentam sobreviver à sequência bizarra de acontecimentos, o que evita o estabelecimento de uma conexão entre leitor e protagonistas. O desfecho, embora dê continuidade à linha do tempo original, mais parece mais um salto temporal aleatório, o que encerra o texto – este sendo uma abordagem legítima do tema de viagem no tempo e, até, de lugares banadonados – sem a coesão que se espera da finalização de uma história.

  3. Olá, Spock. Td bem?

    Resumo: um homem cria uma máquina do tempo. Sua esposa e uma amiga têm uma série de aventuras pelo passado. Quando retornam, parece que as coisas estão deslocadas no espaço-tempo.

    Comentários: é um texto interessantíssimo. O desfecho é sutil e elegante. A história remete-nos a momentos da História, num tipo de “De Volta para o Futuro” (pelo que sei, não vi) ou “Dr. Who”. Isso é bem legal. Mas talvez o número de cenários visitados que o autor resolveu mostrar tenha se excedido um pouco.

    E esses parágrafos de uma linha? hahah

    Eu vi que alguns criticaram essa reação quase de normalidade que as protagonistas expressam durante as viagens: — Jura? Será que é cenário de filme? / — Não é, não. Parece que viajamos no tempo. / ─ Não podemos sair com essas roupas! Uma decisão interessante não se preocupa em ficar justificando, e elas meio que aceitam…”. Eu gostei. Não sei se foi intencional do autor, mas pareceu que ele queria dar essa tonalidade mesmo ao conto.

    Há alguns importantes erros de revisão, como a separação, em uns 3 ou 4 trechos, por meio da vírgula, de sujeito e predicado: “A voz do cérebro, disse”, “Estas, ficaram meio confusas”…

    O narrador, vez ou outra, faz intervenções desnecessária: “Essas eram as perguntas que passavam pela cabeça de Lydia”. Nós já sabíamos disso.

    Estranhei muito esse trecho do diálogo final: “— Lamento muito. Tivemos umas aventuras bizarras”. Essa referência às aventuras aparece muito rapidamente num diálogo em que se mencionava a morte da mãe da amiga.

    Apesar das ressalvas, é um texto gostoso de ler e que agrada bastante. Sorte no desafio!

  4. Conto bem escrito. Gostei da história da viagem no tempo de Lydia (Ligia?) e Janice, assim como as referências de momentos ocorridos na história ou em filmes clássicos.

    A minha crítica é em relação à constante mudança de cenários. Acredito que você teve muitas ideias boas para viagem no tempo, mas não conseguiu escolher entre uma ou outra e colocou todas no conto, o que comprometeu o desenvolvimento da história.

    Boa sorte no desafio!

  5. Duas amigas viajam pelo tempo.

    É uma boa ideia, mas faltou explorá-la melhor.
    Pouco se mostra de Janice e de Lydia. Quem são? E Ligia, esse personagem estranho que aparece no último parágrafo? Foi tudo um sonho de Ligia? Mas, para isso ficar interessante, precisaríamos entender um pouco melhor quem são elas para compreender o que representam. Caso contrário, fica a impressão de que fui enganada. Não é uma sensação boa.

    Os flashes no tempo são aleatórios, não parecem ter um propósito na narrativa. Os diálogos parecem estranhos dentro do contexto. Os personagens são transportados no tempo e não reagem como era de se esperar: com desorientação, desespero, histeria, choque. Ao contrário, elas riem, procuram taxi (pra que?), conversam… Soa estranho.
    E o fim coroa a estranheza toda com a aparição de Ligia, que eu não entendi…

    Mesmo assim, é uma boa participação. Desejo boa sorte no desafio.

  6. Olá, Sr Spock. Saudações cordiais do planeta Terra. Depois de ler pela segunda vez o seu conto, fico com a mesma certeza que tive da primeira vez: a ideia é interessante, mas falta consistência na narrativa. Parece ser uma viagem por diversas realidades, como se as personagens fossem transportadas para dentro de um televisor e alguém se divertisse a fazer o “zapping” dos canais. O problema é que esta é apenas uma das possibilidades. Como não há pistas, o leitor fica sem saber e perde o interesse pelo texto. Não tenho problemas em ler um texto com o arco narrativo aberto, mas tem de haver uma coerência na forma como a história é contada, o que creio não ter acontecido aqui. O exemplo maior é o parágrafo final. Quem é Lígia?? Penso que esta personagem que não sabe onde está personifica o leitor depois de ler este texto. Que, volto a dizer, parte de uma premissa interessante cujo potencial se diluiu no texto.

  7. EMA (Escrita, Método, Adequação)
    E: Entendi a premissa. Mas somente do meio para o fim é que tudo passa a fazer maior sentido. Mesmo numa história fantástica, precisamos ter algo com que possamos nos conectar. Os diálogos, infelizmente, não transmitiram isso. As mulheres viajaram no tempo! E em seus diálogos isso pareceu algo comum, até triste e depressivo. A correria se justifica, mas careceu de emoção.
    M: A estrutura inicial é muito interessante, mas a falta de certas descrições deixaram os diálogos um tanto confusos. Às vezes eu tinha que voltar para ver quem estava falando. Novamente, o problema não está na história, que até é bem interessante, mas pareceu muito mais uma narração de eventos do que uma aventura em si. Quando o final dá a entender que tudo não passou de um sonho, chegou a dar um aperto no coração (esse é o maior calo dos leitores – serem feitos de bobos). Sei que não foi a intenção, mas é quase uma desculpa sem coerência para tudo o que aconteceu, dá a sensação de perda de tempo. Procure evitar isso.
    A: Tirando esses problemas, é uma boa história. Só falta mais emoção, pois a recompensa existe ao terminamos a leitura – o famoso retorno às origens e o que aconteceu dali em diante. Claro, se tudo isso não for apenas um sonho…
    Nota: 7,5

  8. Afonso Luiz Pereira

    A proposta é muito interessante, sem dúvida, lembrou-me aquele antigo seriado oitentista “O Túnel do Tempo” em que dois cientistas eram enviados para testemunhar fatos marcantes do passado. No entanto, a primeira coisa que me ocorreu quando acabei de ler “Fraturas do tempo” foi o dinamismo excessivo da narrativa. Há muitas cenas de ação, correria, mudança brusca de cenário, de perspectiva e isso é muito bom quando a proposta se pauta na ação e aventura, mas, perdoe-me a sinceridade, me pareceu faltar um conflito mais significativo para conduzir toda a trama das duas amigas que, acidentalmente, acabam viajando no tempo por conta da invenção do marido de uma delas.

    O enredo é um retalho de cenas temporais sem conexão entre si, a não ser o caos em que as duas acabam sendo vítimas. Em cada pulo temporal não dá tempo de se criar o desenvolvimento, a tensão entre os personagens e tudo corre muito rápido. Até mesmo quando as duas, na primeira distorção temporal, em que se descobrem na antiga cidade da babilônia, não há espaço para o assombro daquela situação insólita. Tudo parece a coisa mais normal do mundo. Não consegui entender, também, dentro do contexto, a cena do filme psicose em meio às viagens involuntárias no tempo sem que as duas amigas percebessem se tratar de um set de filmagem. De qualquer forma, a experiência é válida por uma leitura de entretenimento descompromissada assim, como bem disse o André Domingos, do mesmo jeito que gostamos de um filme de ação da sessão da tarde. Sorte no certame, caro autor.

  9. Andre Domingos Brizola

    Salve, Spock.
    Conto sobre duas amigas que são transportadas pelo tempo graças ao efeito de uma máquina do tempo construída pelo marido de uma delas.
    Inicialmente, em uma primeira leitura, algumas coisas me chamaram a atenção por necessitarem de uma revisão mais apurada, como em “assistir filmes na televisão”, que pede a preposição antes de “filmes”, e “uma nova viagem às reuniu”, que não precisa do acento indicador de crase. E existem outros pontos a serem corrigidos, como algumas frases sem ponto final, por isso digo que o texto merece uma revisão mais apurada.
    Com relação à trama trata-se de uma clássica aventura através da história, em que as personagens são enviadas, contra sua vontade, por tempo e espaço, passando por diversas peripécias dignas do próprio Iznogud, o grão-vizir criado pelo genial René Goscinny. E, assim como Iznogud, as duas amigas não perdem tempo com o fascínio, o medo, ou o desespero de se verem em uma situação que é, aparentemente, irremediável. Não, as duas se metem em fugas e confusões onde quer que passem, assim como os melhores filmes da Sessão da Tarde.
    É um conto divertido, mas que perde um pouco o foco por conta de algumas menções despropositadas (como o sexo entre sacerdote e sacerdotisa, por exemplo) e alguns eventos sem explicação (como a perda de sentidos antes de acordar na campina amarela). E, na conclusão do conto, o nome da personagem de Lydia torna-se Ligia. É a mesma personagem? Ligia sonhava com Lydia e Janice? Sinceramente, achei esse último parágrafo desnecessário.
    Bom, é isso. Boa sorte no desafio!

  10. Antonio Stegues Batista

    ………………………………………………………………………………………….
    FRATURAS DO TEMPO
    Um homem constrói uma máquina do tempo e por descuido, lança duas mulheres nas fraturas do tempo, metaforicamente falando. Primeiro elas vão parar em Babilônia, na Mesopotâmia, cerca de 4 mil anos atrás, quando a cidade existia. Consultei a Wikipédia para ter uma ideia do local. Elas chegam no dia em que a cidade está sendo invadida por um exército estrangeiro.
    Dali são arremessadas para um lugar onde tem um homem com uma faca na mão, uma mulher tomando banho e pelas pistas, além de Antony Perkins e o pôster, o dia em que Alfred Hitchcock está rodando o seu famoso filme, Psicose, com os atores Anthony Perkins e Janet Leigh (novamente consultei a wiki) no ano de 1960.
    Em seguida, vão parar (consultei a Wikipédia só pra ter uma ideia da época) no ano de 1893, quando Antonio Conselheiro ainda andava peregrinando pela Bahia.
    Na terceira e última (assim penso eu) viagem, Janice e Lydia vão parar num lugar e data indeterminada, não sei se futuro ou passado. Ali elas têm um encontro bizarro.
    Gostei do argumento, da estrutura. Não encontrei grandes erros. Achei uma boa ideia. Para entender bem alguns detalhes, tive que fazer algumas pesquisas na internet.

  11. Amigas viajam no tempo.

    A escrita é boa, correta, mas o enredo não me agradou. Achei a viagem no tempo despropositada, aleatória. A explicação do porquê a viagem ocorreu até veio (marido inventor de porão), mas soou-me igualmente despropositada e gratuita. Enfim, pareceu-me (subjetiva e injustamente, confesso) que o autor cumpriu tabela: escreveu um conto sobre o tema e participou do desafio.

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