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Desafio Abandono Noir Temporal │ Resultado

Olá, pessoas!

Chegamos ao fim do nosso desafio com 12 participantes que não permitiram que esse espaço se tornasse um lugar abandonado. Já outros dois ficaram perdidos em alguma viagem temporal por aí. Como, onde, quando, por quê? Jamais saberemos. A dúvida paira noir.

Não, eu não me canso desse trocadilho.

Vamos então à revelação das autorias:

Os contos O tempo depois do tempo e Um último suspiro de concreto foram eliminados do certame, já que seus autores não comentaram os demais contos.

Que a fúria de Gladiattore os alcance.


E agora, ao pódio:


Em terceiro lugar, com 8,23 de média, A Composição, do musical André Domingos Brizola, que deu uma pausa na sua eterna tarefa cinéfila para prestigiar nosso desafio.

A caminhada sob o sol a fazia suar. Estava acostumada com o peso do violoncelo, mas a irregularidade do chão deixava o trajeto mais atabalhoado do que recordava. Com pouco mais de cinco minutos de estrada resolveu que tinha que parar para descansar um pouco sob a sombra das árvores que ladeavam o caminho. Passou um lenço de papel pela cara, enxugando o que podia, e travou o olhar em uma casa grande, de paredes que um dia foram azuis. Dois pavimentos, afastada da estradinha por algo que fora um jardim, benefício que poucos ali tinham em suas residências. Muitas janelas, um arco de entrada suntuoso. A casa dos Magalhães.


Chegando ao segundo degrau do nosso pódio, com 8,32 de média, temos A segunda vida de Mike Brown, do onipresente Jorge Santos, que ousou ao misturar os três temas do desafio e conquistou a todos com o seu conto. Menos o Anderson, que andou andersando muito nos comentários desse desafio.

Quanto tempo procurei? Quando se dedica a vida à procura de algo, o tempo dilui-se. Perde-se nas ruas cheias de lixo da cidade que conhecia tão bem. Perde-se nos rostos sem respostas. Perde-se nas muitas dores que me assolavam o corpo e o espírito. Ele estava morto, mas não sabia. Era apenas uma questão de tempo. Deixei de procurar pistas na cidade, no prédio ou no apartamento, quando cheguei à conclusão de que o único sítio para procurar era no lugar mais negro e tumultuoso que conhecia: a minha própria mente.


E quem leva a medalha de ouro, com 8,72 de média, é o etílico Trago, do sempre atento Pedro Paulo, que trouxe o Noir para o alto do pódio. E assim o conto fica lá em cima, nas nuvens, noir!

Não, eu realmente não me canso desse trocadilho.

Seu esforço para se levantar reto apenas chamou mais atenção para a falta de naturalidade em seus movimentos. A rigidez em seus passos o levou numa marcha trôpega até o caixão. A roupa branca do cadáver da mãe, brilhante sob o sol, fazia seus olhos arderem, não conseguiu olhá-la diretamente, chegou até mesmo a afastar o rosto e levantar as mãos encardidas entre filho e progenitora. Acha que não a teria reconhecido se tivesse olhado para ela. O padre perguntou duas vezes se queria dar alguma palavra. Girou em torno de si mesmo, mirou a multidão, distinguiu rostos conhecidos que sentia não ver havia anos, embora o distrito fosse minúsculo e fossem as mesmas pessoas da sua infância. Sentiu-se de volta aos tempos da escola, trêmulo e gaguejando diante da turma… sentiu vergonha, baixou o olhar e deu de ombros, um sorrisinho desgraçado. Era o esperado, Johnny falava pouco e sorria sempre. Um sorriso sem alegria alguma, todo embaraço.


Abaixo a tabela geral de classificação:

Agradeço a todos que tiraram um pouco do seu tempo para participar do certame e fazer o Lume acontecer.

Conto com vocês. 🙂

Logo teremos outros desafios noir.

Nunca vou cansar, sério.

Nos vemos em breve.

E que a glória de Gladiattore nos acompanhe.


Bruno de Andrade

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