
A segunda vida de Mike Brown │ Jorge Santos
Capítulo 1 – Renascimento
O primeiro acordar foi diferente. Quase um renascer, uma ressurreição, no entender dos médicos. Demorei algum tempo até perceber que tinha acordado. Abri os olhos e fui imediatamente cegado pela luz daquilo que percebi ser um quarto de hospital. A enfermeira aproximou-se, falou comigo mas não conseguia descortinar uma palavra do que ela dizia. Estive um par de dias assim, a recuperar a minha ligação à vida, a cabeça a latejar de dor, os membros dormentes. Mas nada do que me tinha acontecido me importava. Apenas Vicky. A sua ausência era como uma sombra avassaladora no meu espírito. A primeira palavra que consegui pronunciar corretamente foi o seu nome. A falta de respostas iniciou o processo de luto que seria confirmado pelo médico alguns dias depois. Percebi que o milagre que me tinha feito sobreviver a uma bala na cabeça não fizera o mesmo por ela e que a sede de vingança seria a minha única companheira.
Regressei a casa precisamente três meses depois de ter acordado do coma. Quase seis meses depois do homicídio de Vicky. A minha memória era um livro completamente em branco que queria desesperadamente ler. A carpete da sala do apartamento, igualmente branca, tinha agora duas manchas vermelhas que alguém tinha tentado, sem êxito, tirar. Preferia assim. As marcas de sangue substituíam a minha memória e ganhei o hábito de dormir sobre a mancha de sangue de Vicky.
A falta de pistas que me indicassem o assassino intrigava-me. Não faltava quem quisesse ajustar contas comigo, mas quem ajustava contas costumava deixar a sua assinatura. Eu sei, porque tenho na consciência a minha quota-parte de vítimas, entre assassinatos e torturados. Desses, a minha memória não se esquece um único dia da minha existência. Durante grande parte da minha vida, carregar no gatilho teve o mesmo significado que o caixa do supermercado quando regista as compras do cliente.
Só abandonei essa vida quando a minha vida se transformou na companhia da Vicky, a única que realmente se importou comigo ao ponto de me mudar. Mas o passado acompanha-nos sempre, como uma sombra que se tornou invisível no dia da sua (nossa) morte.
Quanto tempo procurei? Quando se dedica a vida à procura de algo, o tempo dilui-se. Perde-se nas ruas cheias de lixo da cidade que conhecia tão bem. Perde-se nos rostos sem respostas. Perde-se nas muitas dores que me assolavam o corpo e o espírito. Ele estava morto, mas não sabia. Era apenas uma questão de tempo. Deixei de procurar pistas na cidade, no prédio ou no apartamento, quando cheguei à conclusão de que o único sítio para procurar era no lugar mais negro e tumultuoso que conhecia: a minha própria mente.
A Reditus surgiu como possível solução depois de ter tentado tudo, desde hipnose ao LSD. O nome significava “Regresso” em latim. Era uma droga experimental que tinha o preciso efeito que o nome sugeria. Compro uma caixa de 30 comprimidos, pagando o equivalente ao que tinha pago pelo apartamento. Contemplo a pequena caixa no armário da casa de banho. Reside ali a minha única esperança de felicidade.
Nessa mesma noite peguei num comprimido. Deitei-me no chão, no sítio de costume. Engulo. Fito o teto da sala. No lugar do candeeiro estão apenas duas lâmpadas. A Vicky tinha planos para ali. A Vicky tinha planos para tudo. Só a Vida é que não tinha planos para a Vicky.
Capítulo 2 – Mais um, menos um
Acordo numa cama. O cheiro é familiar. Tresanda a mofo. Pressinto alguém comigo na cama. Tento mover-me, mas o meu corpo não responde. Sou um mero espetador daquela memória. Alguém põe o braço no meu ombro. Vicky? Fico subitamente ansioso com a possibilidade de a rever. A voz grossa do meu irmão acorda-me para a realidade.
– Acorda, Mike. Estás atrasado para a escola. A mãe vai moer-te o juizo.
Levanto-me num salto e visto-me. Devia ter quinze anos na altura. O meu irmão devia ter os seus vinte anos e já trabalhava na fábrica. Era o meu herói. A figura mais parecida com um pai que conheci. A nossa mãe passava pouco tempo em casa, consumida por dois empregos que precisava ter para pagar as contas.
Vou para a escola em passo de corrida, sabendo o que ia acontecer a seguir. O que sempre acontecia: professores a reclamar do atraso e os colegas a interromper a aula por tudo e por nada. Eu pertencia a esse grupo, ao grupo que se estava a borrifar positivamente para tudo. No intervalo, os dois grupos da zona Norte e da zona Sul ficavam separados no recreio, como sempre a implicar uns com os outros, o que dava invariavelmente em luta. Uma vez por outra, um de nós era suspenso, outras vezes íamos parar às notícias. Eu tinha o meu grupo. Agora, graças ao Reditus, estava a ali. Era bom revê-los, nem que fosse numa recordação. Hoje, só um está vivo. Eu.
Depois da escola fomos fumar para trás da escola, num terreno baldio. As raparigas e as provocações da malta da Zona Norte eram os nossos temas de conversa favoritos. Já era noite quando voltei para casa. Notei imediatamente que algo de grave se passava. Quando vivemos em bairros complicados como aquele onde vivia, adquirimos um sexto sentido para o perigo, mesmo nas pequenas coisas. O meu irmão mudara de roupa. Não ia sair com a namorada. Vi-o tirar a navalha de onde a costumava esconder. Sabia o que aquilo significava.
– Não digas nada à mãe. – Disse, batendo a porta à saída. O meu coração acelerou. Sabia o que ia acontecer. Devia avisá-lo, mas a recordação não passava de um filme. Não conseguia interferir. Mesmo assim, o meu eu da altura abriu a porta e desatou a correr pela ladeira abaixo. Sabia onde se encontravam. Sabia onde lutavam. Se na escola as duas zonas da cidade eram rivais, fora dela a guerra era real. Corri o mais depressa que podia. Os pulmões ardiam, mas eu não parava. A fábrica abandonada tinha luzes e carros parados. Ouvia gritos. Localizei o meu irmão. Dois rapazes tinham-lhe segurado os braços. Um terceiro brandia uma navalha.
Acordei empapado em suor. Feliz por não ter de assistir à morte do meu irmão pela segunda vez.
Capítulo 3 – O Céu e o Inferno
O efeito da Reditus era não linear. Todos os dias tinha recordações de épocas diferentes da minha vida. Na sua maioria, uma longa série de erros e de equívocos. O facto de ainda estar vivo era um milagre. Não havia sentimento de culpa nem ressentimento, nem mesmo ao rever o último olhar suplicante da primeira pessoa que matei. Não senti nada quando premi o gatilho e vi o seu corpo caindo no chão. Bem diferente foi o sentimento que tive quando tive de internar a minha mãe no hospício. Não havia outro remédio: ela estava doente e eu nunca fui pessoa de me prender a quem quer que fosse. Mãe é mãe, dizem. Mas eu sou um monstro de egoísmo. Mesmo assim, senti um baque no fundo da minha alma ao vir embora daquele edifício cinzento de onde ela se despedira de mim num pranto incontrolável. No entanto, não chorava por mim, mas pelo meu irmão, de quem nunca superara a perda.
Revi o dia em que conheci a Vicky. Apareceu na minha vida casualmente. Era empregada de um bar onde costuma ir. Tinha um sorriso contagiante, mas não era o tipo de mulher que me enchia o olho. Não tinha o rosto de estrela de cinema nem o corpo de uma prostituta. Era uma pessoa normal, que tinha tido, tal como eu, uma vida complicada. Não escondi dela quem eu era e ela disse que já tinha namorado criminosos. Perguntei-lhe na cama o que a prendia a mim, ela respondeu-me que por baixo de camadas de porcaria eu tinha um coração puro. Em comparação, outros homens que tinha conhecido só tinham porcaria no coração.
“Queres que eu mude?”, perguntei.
“Conseguias?”
Abanei a cabeça. Sou o que sou, não vou mudar, nem mesmo pela mulher que amo.
O dia do nosso casamento em Miami foi estranho. Os últimos dias de felicidade. Ela estava grávida de quatro meses. Quando regressámos teve um aborto espontâneo e nunca mais pensou em ter filhos.
Capítulo 4 – O penúltimo comprimido
Faltavam apenas dois comprimidos e ainda não tinha conseguido o que queria – reviver o dia da morte dela, da nossa morte. Comecei a perder a minha fé, a cabeça a arder. Tomei o penúltimo comprimido da caixa.
Acordei do lado dela. Ela levantou-se. Parecia fria e distante. Não reconheci este dia, mas já tinha acontecido antes não me lembrar. Continuei a estranhar o seu comportamento, agia como se fossemos estranhos um para o outro. E eu agia como se isso fosse natural. Ao longo do dia foi cada um para seu lado. Só regressei a casa ao final do dia. Levava o almoço do restaurante chinês. Pousei o saco na mesa da cozinha. Ela chegou depois. Pousou as chaves no prato que havia junto à porta. A seguir ouvi a porta do quarto a abrir-se, um tiro e o som familiar de um corpo que caía no chão. Saí da cozinha. O corpo de Vicky jazia no chão, o sangue jorrava ainda do pescoço e o corpo estava em convulsões. Um rapaz de cabelo tricolor olhou para mim, apontou a pistola para a minha cabeça e carregou no gatilho.
Capítulo 5 – O morto
“Sabes, a vida é feita de memórias. Mesmo para quem não tem memória.”, disse eu. O som da minha voz ecoou no pavilhão da mesma fábrica abandonada onde tinha visto o meu irmão ser morto. À minha frente tinha o rapaz de cabelo tricolor, amarrado a uma cadeira, a boca tapada com fita adesiva. Não devia ter mais de vinte anos – a idade que eu tinha quando matei pela primeira vez. Estava em pânico. Não só pela visão da arma que eu tinha na mão como pelo caixão aberto que tinha por trás de mim.
Tirei do bolso o frasco vazio de Reditus.
“Eu usei isto para chegar até ti. Revi a minha vida de canalha. Não me arrependi de nenhum momento, mesmo daqueles que te fariam vomitar. Cada comprimido fazia com que viajasse no tempo. No penúltimo soube o que precisava saber. Isso ditou a tua sentença de morte. Estás a ver aquele caixão? Já dei ordens para que amanhã de manhã o venham buscar. Não pode ser aberto e já tem sítio para ser enterrado – numa campa sem nome que vai continuar incógnita até ao final dos tempos, porque os canalhas como nós não merecem ser recordados.”
Apontei a pistola à cabeça do rapaz. Ele suava e olhava-me em pânico.
“Vês? Isto é aquilo que os outros sentem quando os matas. No final só fica o medo e o cheiro a merda daqueles que se borram todos. Percebes? O medo cheira a merda.”
“No final sobrava um comprimido. Tomei esse último na esperança de rever mais uma noite na cama com a Vicky. Já te disse que nunca tive nenhuma mulher como ela? Eu não a merecia, sabes?”
“Foi a pior decisão que tomei na vida. No dia que revivi tudo se tornou claro. Os últimos dias tinham sido muito tensos na nossa relação, mas só nesse dia eu tive a certeza de que ela tinha outro homem. Vi-os a sair de um motel, aos beijos. Eu fiquei completamente doido – ela era tudo para mim. Não tenho medo de homem nenhum, mas não conseguia lidar com o medo de que ela me abandonasse, nem conseguia lidar com a própria traição. Também não tinha coragem para a matar eu próprio. Por isso te contratei. Para nos matar aos dois. No fim, portei-me como um autêntico covarde.”
“Agora só tens de completar o teu contrato”, segredei-lhe ao ouvido.
Desatei-lhe as mãos e tirei-lhe a fita adesiva da boca. Ele permaneceu mudo e calmo. Por fim levantou-se. Passei-lhe a arma para a mão dele, que tremia bastante.
“Tens de te acalmar, rapaz. Não queres falhar, pois não? Respira fundo. Toma.”, disse eu, passando-lhe uma garrafa de whisky. Ele bebeu um trago. Via-se que não estava habituado. Fez sinal de me dar a garrafa. Eu recusei. Para onde ia não precisava dela. Deitei-me no caixão.
“Não te esqueças de fechar a tampa.”
(Estranhas últimas palavras, pensei…)
Ele, ainda incrédulo com toda a situação, guardou a garrafa no bolso e apontou a pistola para a minha cabeça. Houve uma pausa, um segundo de hesitação. Havia agora no olhar dele uma calma assassina que me era familiar e me deixava saudades. Só então premiu o gatilho.
Olá, Mike!
Certamente esse é um dos melhores contos neste desafio. O texto cria um suspense que consegue prender a atenção do leitor e o final tem um plot triste que surpreende bastante. Notei alguns desvios de pontuação, mas não comprometeram a fluidez do texto.
Boa sorte!
Com certeza o melhor que eu li até aqui! Teve uma abordagem um tanto criativa com a viagem do tempo, mas os elementos do Noir estão todos ali. Prende o leitor do início ao fim, pela incógnita gerada. Interessante o plot twist do final, mas acho que poderia ter tomado um desfecho melhor. Me soou um pouco inverossímil ele ter encomendado o próprio assassinato.
Boa sorte?
Olá, Mike.
Resumo: assassino acorda dum coma e passa a rememorar, com auxílio de uma droga, seu passado – a infância, os crimes, sua saudosa Vicky…
Comentários: baita conto! O segundo, se não me engano, em primeira pessoa. O que foi uma escolha consciente e precisa! Carece de alguma revisão aqui e acolá. Há palavras que certamente são de uso mais comum ao português português (e não ao português brasileiro), mas isso não atrapalha absolutamente nada, por óbvio. Há frases lapidares: “A Vicky tinha planos para ali. A Vicky tinha planos para tudo. Só a Vida é que não tinha planos para a Vicky”; “Um terceiro brandia uma navalha”; “Sou o que sou, não vou mudar, nem mesmo pela mulher que amo”; “numa campa sem nome que vai continuar incógnita até ao final dos tempos, porque os canalhas como nós não merecem ser recordados”.
Contra talvez todos nossos colegas do LUME, eu EXALTO a mudança de tempo verbal no parágrafo que se inicia com “A Reditus surgiu…”. Não só não está errado, como é, pra mim, funcional e, mais ainda, BEM BONITO!!
Caramba, percebo que não anotei críticas ao texto, além de, como já dito, alguma incorreção aqui e acolá numa ou noutra ortografia.
Pra finalizar, que desfecho!! Plot twist sutil, bem colocado, surpreendente mesmo, e totalmente condizente com a característica do personagem.
Parabéns, meu caro! Meus parabéns! E boa sorte!!
Gostei deste. Ao início, confesso que nem tanto, achei que tinha feito do gênero noir o personagem, imprimindo nas palavras e na caracterização uma certa artificialidade na busca pelo tema do desafio. A divisão em capítulos também não agradou, fragmentou o texto de uma maneira que me pareceu desnecessária. Mas, levados em conta esses pontos que avaliei como negativos, a narrativa flui envolvendo o leitor na busca do personagem ao tempo que, para além do tratamento demasiadamente preocupado com a caracterização que permeia a escrita, fica sendo montada uma situação em que o leitor é mesmo pego de surpresa. Não se encerra como uma narrativa de vingança comum, o clímax tem um impacto maior e mais satisfatório.
Um assassino toma comprimidos que o levam ao passado para entender quem mandou matar a amada.
Gostei muito. O conto atende ao tema Noir e viagem no tempo e tangencia o Lugares abandonados.
A escrita é correta e segura. Se há algum erro, não encontrei. A história é bem contada e envolvente. O final foi interessante, bem pensado.
Não mudaria nada na história.
Até agora, é meu favorito.
Parabéns e boa sorte.
Olá Mike. Tudo bem? Gostei do seu conto, que tentou abarcar os três temas do desafio. Não tenho a certeza de que ter sido bem sucedido, mas creio que ficou um todo minimamente coerente. Em termos de linguagem, não tem erros de maior à exceção de um ou outro problema de pontuação que poderia ter sido melhorado. Aconselho sempre uma revisão cuidada neste tipo de desafios.
EMA (Escrita, Método, Adequação)
E: Texto denso e curioso, de linguagem lusitana, mas fácil de entender. Escrever no tempo presente nem sempre é fácil, pois se cria armadilhas no desenvolvimento. Mas a divisão por capítulos contornou bem esse detalhe.
M: Textos de viagem no tempo geralmente são confusos de propósito, e se o autor(a) não cuidar, pode ficar confuso demais. Aqui está bem conduzido e pelo que pude entender, o capítulo 1 seria o presente, enquanto o restante representa o passado, certo? Pois ele sobrevive à sua própria morte encomendada por si mesmo. Não há um fim propriamente dito. Traz um gosto amargo na boca de algo não resolvido, mas creio ter sido a intenção inicial.
A: Viagem no tempo através da consciência? Vale. Está dentro do tema. Podia ser mais literal? Podia. Mas o suspense compensa.
Nota: 8,5
Salve, Mike.
Conto que aborda um sobrevivente de tentativa de homicídio que, sem memória, tenta retraçar suas recordações com a ajuda de uma medicação, para saber o que houve com sua amada assassinada.
Com relação à parte gramatical acho que tenho que me abster de analisar mais profundamente, porque creio estar diante de um texto em português de Portugal, já que “carregar no gatilho” e usar artigo no início de frase antes de um nome próprio (“A Vicky tinha planos para ali”), não são habituais no português brasileiro. Talvez uma revisão em “Só abandonei essa vida quando a minha vida se transformou”, para não ficar repetitivo, e mudaria o termo “quota-parte”, que é comum no linguajar empresarial, e aqui torna-se algo feio.
A trama não é original e, como em inúmeros enredos que vão para o lado do confronto do personagem contra si mesmo, há o segredo a ser revelado no final. Isso não é uma crítica, é apenas uma constatação. E a narração em primeira pessoa, a investigação de um crime, todo o clima noir, indica que há algo a ser descoberto. Mas a opção por deixar uma revelação extra, com o último comprimido, acrescentou um tom de frescor à história. Gostei.
No geral é um conto bem ajustado, bem redigido e que atende plenamente ao tema noir do desafio (e, vá lá, com boa vontade e cabeça aberta pode até se encaixar no tema temporal tbém…).
Bom, é isso. Boa sorte no desafio!
Apenas para esclarecer meu comentário anterior, compreendi que o protagonista não matou a esposa diretamente, mas mandou matar.
Mike Brown, provavelmente um assassino de aluguel, acaba desmemoriado por ter sofrido uma tentativa de assassinato, o que acaba sobrando para sua esposa Vicky, morta na ocasião. Por causa de uma bala na cabeça, ele entra em coma e consegue sobreviver, mas precisa saber quem foi o autor do crime para ter a sua vingança e, para tanto, ele recorre a um remédio que o faz reviver momentos do passado. O português de Portugal, às vezes, me causa estranhamento no uso de alguns termos, mas nada que impeça a compreensão da narrativa. A leitura corre bem, agradável, em primeira pessoa, embora todo o fechamento do conflito proposto, saber quem matou a esposa somada a questão da falta de memória, acabe não causando aquele impacto pretendido, uma vez que a desconfiança de um clichê por vir é grande. O diferencial aqui não é o fato do protagonista matar o ente querido, e não lembrar depois, mas o fato de querer morrer no processo. O arremate foi bom, fazer com que o contratado terminasse o serviço mal feito. No geral, eu gostei da leitura. Desejo sorte no certame, meu caro.
A SEGUNDA VIDA DE MIKE BROWN- É a história de um assassino que é baleado e acorda no hospital sem conseguir lembrar o que aconteceu. Saindo do hospital, ele toma um certo comprimido para poder lembrar quem atirou nele e matou sua namorada. Ele acaba descobrindo que a namorada o traiu e resolve contratar outro assassino para matar ele e a namorada. Parece que Mike se arrependeu da vida que levava, dos assassinatos por encomenda, da traição da namorada e resolveu acabar com a vida.
O primeiro capitulo é escrito no tempo verbal passado, o segundo começa no tempo verbal presente e depois volta ao passado. Parece algo sem importância, mas o correto em qualquer redação, ficção ou não, é escrever num só tempo verbal. Deve-se evitar palavras repetidas na mesma frase, ou no mesmo parágrafo. O ideal é seguir as regras da literatura. Dedicar um tempo para revisão do texto, corrigir erros e aperfeiçoar as frases.
Não é errado localizar a história em outro pais que não seja o Brasil, como é o caso deste conto que se passa em Miami e o personagem é Mike Brown, nome comum nos EUA. Alguns escritores famosos ambientam suas histórias em países que não é o dele, como é o caso do norte-americano Dan Brown e a escritora britânica, Agatha Christie.
Como a história se passa em Miami, deveria ter, em algum momento, feito uma descrição referente a esse lugar para dar uma autenticação maior na ambientação.
Homem viaja no tempo na tentativa de compreender sua própria história.
O narrador em primeira pessoa é um defunto, o que me causou muito estranhamento, já que os mortos não contam histórias. Sugiro racionalizar o uso de pronomes possessivos e revisar os tempos verbais.
Olá, Anderson. Sugiro uma releitura do texto, porque o narrador não está morto – sobreviveu a uma tentativa de assassinato. Quanto ao resto das sugestões, vou analisar, mas creio que está, também neste capítulo, errado.